Já era hora de alguém dar um basta no domínio da Brawn GP, e a chuva veio para ajudar.
As primeiras voltas do GP da China foram lideradas pelo safety car, ainda assim havia carro escapando na pista.
Sutil, Rosberg e Alonso trataram de realizar pit stop no período que antecedia a largada, e logo que o Mercedão tomou o rumo dos boxes, a Red Bull de Vettel e Webber foi abrindo vantagem antes da primeira parada, quando Button assumiria a ponta.
Rubens Barrichello entregaria a posição para o companheiro ao perder o controle do bólido. O rendimento do brasileiro neste GP foi decepcionante, mas ele explica a situação: "Após 20 voltas, a roda traseira não freava. Três discos brecavam, mas um não. Foi uma nova experiência: passei todo o freio para trás e começava a brecar no meio da reta para aquecer. Com isso, o ritmo foi embora, o carro chicoteava e o Button passou. Só voltou ao normal no pit stop, mas já era tarde".
Mais atrás, os pegas se sucediam. Hamilton deixava Raikkonen para trás, escapava, passava o finlandês novamente, e completava o ciclo escapando de novo, e por aí vai. Os últimos campeões do mundo se viram por diversas vezes na pista.
Massa apresentou um desempenho bastante sólido, superando um a um, incluindo Lewis e o Raikkonen. Com a estratégia de primeira perna longa, podendo optar por parar apenas uma vez, Felipe pulou para terceiro com a entrada do safety car, porém foi vitimado pela pane elétrica que lhe tirou as chances de pódio.
O carro de segurança atuou em função dos pedaços espalhados na pista por Trulli e Kubica no instante da batida. O italiano, que vinha lento, lento e perdia várias posições, se surpreendeu ao ver o polonês subir em sua traseira, retirar seu aerofólio e danificar a barbatana do TF109. Foi obrigado a se retirar. Robert teve de trocar o bico para permanecer no GP.
A Brawn precisou realizar o pit stop de ambos os pilotos numa só volta, Vettel recuperou a ponta para não mais perder. Mais tarde, os carros marca-texto cairiam de rendimento, logo Webber deixaria Button para trás numa falha do britânico. O australiano chegou a perder a posição novamente, mas tratou de passá-lo em seguida.
As trapalhadas dos pilotos eram notáveis. Bourdais rodou da pista pra grama, da grama pra pista, da pista da grama, dentre outras escorregadas. Terminou a prova dizendo que uma corrida sob tais condições não deveria acontecer.
Nelsinho Piquet também deixou a desejar. Em seu ponto mais baixo, danificou o bólido ao atingir uma placa de sinalização. Flavio Briatore mal pôde esconder sua irritação desta vez.
Quando o trilho se formava, Rosberg foi o primeiro a arriscar o uso dos pneus intermediários. Barrichello tentou uma manobra diferente, mantendo os compostos biscoitos usados. A chuva retornou por algum tempo, atrapalhando as novas estratégias, no entanto não durou muito.
Por fim, Sebastian Vettel concluiu seu segundo pódio com sua segunda vitória, mais uma vez saindo da pole. Fez pela Red Bull a mesma façanha promovida na Toro Rosso, dando ao time o primeiro triunfo. Agora, com direito a dobradinha energética, já que Webber foi segundo. Button chegou ao pódio, seguido por Rubens em quarto. Kovalainen cruzou a linha à frente de Lewis Hamilton. Glock, em mais uma boa prova aquática, foi o sétimo. Buemi, que chegou a tocar no Vettel e danificar a asa dianteira, faturou um pontinho. Ao Alonso, sobrou a posição dos bobos. Raikkonen fechou o GP em décimo, concretizando a infelicidade ferrarista, que volta mais de duas décadas no tempo para relembrar a última vez que deixou de pontuar nas três provas iniciais de um campeonato.
Não fosse a aquaplanagem de Adrian Sutil, a Force India poderia fazer de Maranello a única escuderia sem pontos no Mundial. O jeito é pensar na próxima etapa, que costuma marcar a recuperação de Felipe Massa na temporada.
Os dois pilotos da Red Bull sempre andaram bem sob chuva; enfim chegou o dia deles. A dobradinha da RBR manda um alerta à Brawn: quando os carros do Newey estiverem equipados com o difusor double deck, deverão dar trabalho até mesmo em pista seca.
A tabela segue tendo Jenson na ponta. Button-21; Barrichello 15; Vettel-10; Glock-10; Webber-9,5; Trulli-8...
Entre os contrutores: Brawn-36, Red Bull-19,5; Toyota-18,5...
O circo se dirige à Sahkir, no Bahrein, para voltar a disputar uma prova sem chuva. Dentro de uma semana tem mais.
Classificação:
1. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), 1h57min43s485 (56 voltas)
2. Mark Webber (AUS/Red Bull), a 10s970
3. Jenson Button (ING/Brawn), a 44s975
4. Rubens Barrichello (BRA/Brawn), a 1min03s704
5. Heikki Kovalainen (FIN/McLaren), a 1min05s102
6. Lewis Hamilton (ING/McLaren), a 1min11s866
7. Timo Glock (ALE/Toyota), a 1min14s476
8. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso), a 1min16s439
9. Fernando Alonso (ESP/Renault), a 1min24s309
10. Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari), a 1min31s750
11. Sébastien Bourdais (FRA/Toro Rosso), a 1min34s156
12. Nick Heidfeld (ALE/BMW), a 1min35s834
13. Robert Kubica (POL/BMW), a 1min36s853
14. Giancarlo Fisichella (ITA/Force India), a 1 volta
15. Nico Rosberg (ALE/Williams), a 1 volta
16. Nelsinho Piquet (BRA/Renault), a 2 voltas
17. Adrian Sutil (ALE/Force India), a 6 voltas
Não completaram:
Kazuki Nakajima (JAP/Williams), 43/abandono
Felipe Massa (BRA/Ferrari), 20/abandono
Jarno Trulli (ITA/Toyota), 18/corrida
Volta mais rápida:
Rubens Barrichello (BRA/Brawn), 1min52s592 (42ª volta)