Foi um GP diferente. Corrida tensa, muito tensa, do início até o final. Definida não no braço, porque o traçado não ajuda, mas sim na estratégia. Foi isso... um GP extremamente estratégico.
A largada correu bem, com o duelo interno da Brawn, no qual Barrichello pulou em primeiro, superando Button na primeira curva. Vettel embarreirou Massa, tirando com competência a importância de seu KERS, mas não foi o bastante para evitar a ultrapassagem. O ferrarista assumiu a terceira colocação, o que lhe permitiu visualizar o alemão em seu retrovisor durante praticamente toda a corrida.
Na saída da variante, o strike. Alonso assustou Rosberg, que jogou Trulli para o lado de fora, que perdeu o controle do carro, que atravessou a pista no meio do bolo e provocou o choque com os pilotos da Toro Rosso, além de Adrian Sutil. Fim de prova para os quatro.
O safety car foi acionado e, logo quando retornou aos boxes, Fernando Alonso partiu para cima de Webber na reta principal. O australiano jogou duro com o espanhol, que ainda assim chegou a superá-lo, mas foi surpreendido pelo bote do Mark por dentro da curva 1, numa excelente manobra.
Quando as trocas de pneus se iniciam, Jenson Button para uma volta antes de Barrichello e coloca bastante gasolina. Rubens faz um pit stop mais rápido, seguindo a estratégia original.
A inteligente mudança de planos do Button seria a única chance de vitória no GP. A tática da Brawn era de 3 paradas porque seu desempenho seria maximizado, conforme apontam os dados da simulação, portanto os números estavam a favor do Barrichello, que àquela altura duelava indiretamente contra o companheiro. Enquanto isso, Massa e Vettel se dirigiam aos boxes na mesma volta e retornavam à pista sem alteração de ordem. A briga sem ataques entre os dois tinha sequência.
O troféu de vencedor começou a mudar de mão durante a segunda perna da corrida do Rubinho, quando seu rendimento caiu sensivelmente em relação ao do Button. Após a corrida, Ross Brawn não pôde esconder a decepção: "Para nós, a estratégia de três paradas sempre foi a mais rápida, principalmente pelo uso dos pneus macios. Mas o que foi estranho e decepcionante foi o segundo trecho de Rubens com os macios foi... muito lento, mais lento do que antes", disse, desgostoso com o desempenho do brasileiro.
Barrichello ainda teria sua terceira parada antecipada em algumas voltas, em função do alto tráfego à sua frente. O que não poderá servir como desculpa para a derrota, uma vez que até a simulação de fim de prova da Brawn já revelava Button em primeiro na conclusão da etapa espanhola.
Jenson não deixou a peteca cair, foi veloz a todo momento, virando o jogo e assegurando a quarta vitória em cinco corridas. A moral do Rubinho, que era razoável, agora caiu inclusive no conceito do patrão. Este, por sua vez, sabe da ameaça da Red Bull, que por enquanto corre sem KERS e difusor mas a situação poderá mudar dentro de algumas semana. Primeiro piloto às vezes é preciso...
O pega entre Massa e Vettel teve como vencedor o Webber. Numa estratégia surpreendente, o australiano surgiu em terceiro e abocanhou o pódio. Para a felicidade do Sebastian, a Ferrari aprontou mais uma das suas. Num pit stop 1s mais rápido que a parada do alemão, a escuderia italiana devolveu Felipe à pista com menos combustível que o necessário.
O RB5 trabalhou bem com os compostos duros, elevando a pressão do Vettel sobre o Massa, que defendeu a posição com todas as forças, até levantar o pé na reta dos boxes e deixar não só o piloto da RBR passar como também o anfitrião Fernando Alonso, que possuía uma desvantagem de 16 segundos.
Felipe marcou os primeiros pontos no Mundial levantando o pé, se arrastando pela pista na bem-sucedida tentativa de evitar a pane seca. Cruzou a linha de chegada a pouco mais de 1s do Nick Heidfeld. Nico Rosberg também pontuou. Hamilton não.
Torna-se difícil tirar outra conclusão: Button é o favorito do campeonato.
A tabela agora tem Button-41, Barrichello-27, Vettel-23, Webber-15,5. Nos construtores: Brawn-68, Red Bull-38,5, Toyota-26,5.
Felipe Massa jogou a toalha, reconheceu que título em 2009 não vem mais. Hamilton fez o mesmo. Essa é a Fórmula 1 atual, tão diferente da de 2008. Mas se há algo que não muda na categoria é a presença do tradicionalíssimo Grande Prêmio de Mônaco, nas nobres ruas de Monte Carlo. Dentro de duas semanas, a F-1 estará lá, no fim de semana mais luxuoso e lucrativo da temporada.
GP da Espanha:
1°. Jenson Button (ING/Brawn), 1h37min19s202 (66 voltas)
2°. Rubens Barrichello (BRA/Brawn), a 13s056
3°. Mark Webber (AUS/Red Bull), a 13s924
4°. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), a 18s941
5°. Fernando Alonso (ESP/Renault), a 43s166
6°. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 50s827
7°. Nick Heidfeld (ALE/BMW), a 52s312
8°. Nico Rosberg (ALE/Williams), a 1min05s211
9°. Lewis Hamilton (ING/McLaren), a 1 volta
10°. Timo Glock (ALE/Toyota), a 1 volta
11°. Robert Kubica (POL/BMW), a 1 volta
12°. Nelsinho Piquet (BRA/Renault), a 1 volta
13°. Kazuki Nakajima (JAP/Williams), a 1 volta
14°. Giancarlo Fisichella (ITA/Force India), a 1 volta
Abandonaram
Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari), volta 18, mecânico
Heikki Kovalainen (FIN/McLaren), volta 8, mecânico
Jarno Trulli (ITA/Toyota), volta 1, acidente
Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso), volta 1, acidente
Sebastien Bourdais (FRA/Toro Rosso), volta 1, acidente
Adrian Sutil (ALE/Force India), volta 1, acidente
Melhor volta:
Rubens Barrichello (BRA/Brawn), 1min22s762