quinta-feira, 31 de março de 2011

Rádio OnBoard - Edição de Melbourne



FELIPE MACIEL


Está no ar a 107ª edição da Rádio OnBoard!

Fábio Campos e Ron Groo estiveram ao meu lado participando dos comentários relativos ao primeiro GP do ano, que terminou com mais uma vitória do Vettel.

Pilotos que chegaram chegando, pilotos que continuam decepcionando, regras que surpreenderam ou deixaram de surpreender... tudo isso nesta edição que avalia o Grande Prêmio da Austrália de 2011.


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A ROB retorna na próxima semana, com as expectativas para a etapa subsequente, de Sepang. Até lá.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Vale a pena apostar em Petrov?



ANDERSON NASCIMENTO


Vitaly Petrov conseguiu um inesperado e excelente resultado no GP da Austrália, que marcou a abertura do Mundial de Fórmula 1. O rótulo de piloto pagante começou a cair por terra assim que o piloto russo recebeu seu primeiro troféu na categoria, em seu primeiro pódio e o único até agora de seu país na F-1.

Em Melbourne, Petrov fez uma corrida consistente, sem erros (ou se teve não comprometeu sua corrida) e mostrou que pode ser ele o piloto que conduzirá a equipe durante o ano na ausência de Robert Kubica. Nick Heidfeld que foi contratado para este posto foi um fiasco em sua corrida de estreia na Renault.

Petrov nunca foi um piloto de encher os olhos e raramente (para não dizer nunca) foi considerado um potencial campeão por onde passou. Sempre enfrentou dificuldades, amargando resultados ruins em comparação com seus companheiros de equipe. No ano passado errou muito, passou pelo risco de ser demitido, visto que a Renault enrolou até onde deu para renovar seu contrato, que contou com um belo dinheiro de seu país para que ele pudesse ser fechado, isso ninguém há de negar.

[caption id="" align="aligncenter" width="809" caption="Mesmo após o 3º lugar na Austrália, Petrov ainda segue contestado"]Vitaly Petrov Renault[/caption]

Mas ninguém pode negar também que Vitaly amadureceu e o GP da Austrália não foi sua primeira amostra disso. No ano passado, quando impediu por diversas vezes uma ultrapassagem de nada mais, nada menos que Fernando Alonso, o russo já mostrava que não era mais o piloto das corridas iniciais na F-1. Correu grande parte da corrida em Abu Dhabi sob a pressão de um bicampeão que era o candidato com mais chances de levar o título naquele momento. Não errou, segurou uma Ferrari atrás de si e fechou o ano como um dos protagonistas. O que ele fez em Albert Park é uma continuação de quem já aprendeu basicamente como lidar com coisa de pilotar um carro de F-1.

O GP australiano provou ao longo de sua história que costuma ser uma etapa atípica comparada as demais provas do ano. Por isso, talvez seja cedo demais para transformar o resultado de Petrov na Austrália em uma marca que deve ser seguida durante toda a temporada. Sem tirar seus méritos pela conquista do terceiro lugar, mas o russo pode terminar 2011 com o mesmo baixo desempenho no geral da temporada passada e, por conta disso, perder a vaga na Renault.

Isolando o resultado deste último domingo, fica fácil dizer que Petrov possui um potencial que merece ser explorado e que ele pode voltar a conduzir a Renault a bons feitos novamente. Mas, analisando o contexto e toda a sua carreira como piloto, apostar no garoto pode não ser uma das tarefas mais fáceis e talvez bastante ingrata.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Os lados bons e os lados ruins



ANDERSON NASCIMENTO


O GP da Austrália de Fórmula 1 marcou a estreia do campeonato de 2011 e deixou várias impressões sobre como será o restante da temporada. Impressões ruins e impressões boas, essas não foram muitas, infelizmente.

Para começar, vimos um Sebastian Vettel dominante no sábado e no domingo. Sem cometer erros e com um carro fenomenal nas mãos não poderia ter saído da Austrália com a sua terceira vitória consecutiva na categoria. Saber que Vettel pode ser um dos melhores pilotos da história da F-1 é uma ótima notícia, porém, não é nada animador ver que seu talento pode tirar a competitividade pelo título neste ano. Se a Webber não acordar, a Ferrari não arrumar seu carro e a McLaren não crescer ainda mais, Vettel levará o bi com uma mão nas costas e plantando bananeira.

A Ferrari foi uma das impressões ruins deste fim de semana. O carro é mediano, no mínimo. Fernando Alonso só conseguiu chegar em 4º lugar porque é Fernando Alonso. Ele não poderia ter feito melhor do que fez e mesmo que estivesse se aproximando de Vitaly Petrov nas voltas finais dificilmente ganharia a posição do piloto russo. O carro vermelho foi uma tremenda decepção.

[caption id="" align="aligncenter" width="530" caption="Vettel venceu com facilidade em Melbourne"]Sebastian Vettel vitória pódio[/caption]

E se o carro batizado em homenagem ao seu país teve desempenho deprimente, imagine tendo a bordo um piloto em fase ruim e de performance apagada. Foi assim no caso de Felipe Massa. Já adiantei, por opinião própria, que Massa não tem o talento nem a capacidade para bater o seu companheiro asturiano, ainda mais com Alonso tendo a equipe toda trabalhando a seu favor. Dizer que o brasileiro pode superar o espanhol é algo de quem é patriota demais. Ontem seu talento só apareceu quando lutou pela posição com Jenson Button, que tinha um carro visivelmente melhor que o seu. Do resto, lembrou muito o piloto que andou em 2010.

Mark Webber foi outra decepção. Terminou a prova, desceu do carro com a cabeça baixa e aparentemente carrancudo. Com o carro que tem nas mãos e pela motivação de correr em casa podia ter chegado no pódio com facilidade. Mas Webber é experiente e a etapa australiana pode ter sido apenas m deslize para alguém que promete brigar pelo título.

Pelo lado ruim ainda temos a asa traseira móvel. Ainda está cedo para dizer se realmente este aparato irá trazer os resultados esperados, mas a etapa australiana mostrou que ele serviu muito mais para deixar a corrida artificial do que mais emocionante. Ela não facilitou tanto as ultrapassagens e seria dispensável na corrida de ontem. Vamos ver se na Malásia, onde a reta em que ela poderá ser usada é mais longa.

Mas, o GP da Austrália reservou quatro boas surpresas. A maior dela, na minha opinião, foi o desempenho maravilhoso de Vitaly Petrov. Para quem acompanhou o primeiro ano dele na Fórmula 1 se espantou com o que o russo conseguiu fazer ontem. Conduziu sua Renault como se fosse um piloto veterano na categoria sem cometer erros que influenciassem seu desempenho e por diversas vezes correndo na mesma batida do campeão Lewis Hamilton. Um terceiro lugar muito especial para Petrov e seu país.

[caption id="" align="aligncenter" width="535" caption="Petrov conseguiu o primeiro pódio seu e da Rússia na F-1"]Vitaly Petrov[/caption]

Uma boa outra surpresa foi a Williams. “Mas, perai?!”, talvez você se espante. “A Williams nem terminou a prova!”. Bem, é verdade. Mas o tempo que Rubens Barrichello permaneceu na pista sem errar nos deu uma bela perspectiva da Williams para o restante do ano. Depois que o piloto brasileiro se recuperou do incidente na primeira curva que o colocou na brita, o FW33 lhe deu a possibilidade de andar mais rápido do que todos os que estavam na sua frente. Ele poderia, quem sabe, com uma boa estratégia ter chegado na 5ª ou 6ª posição. Pastor Maldonado também estava indo bem até ser traído pelo carro. Se os ingleses conseguirem resolver o problema de confiabilidade do bólido, não tenho dúvida de que esse poderá ser a melhor temporada dos últimos anos da Williams.

As duas boas surpresas restantes foram a McLaren e a Sauber. A primeira conseguiu se recuperar de uma pré-temporada muito ruim, ainda que acredite que muitas críticas foram exageradas neste período. Lewis Hamilton terminou em segundo em uma corrida consistente. Jenson Button, mesmo punido, terminou na 6ª posição. Os ingleses são os mais próximos de bater a Red Bull de Sebastian Vettel. Já a Sauber colocou o estreante Sergio Perez e o japonês Kamui Kobayashi na zona de pontuação. Infelizmente os dois foram desclassificados, pois o carro infringiu o regulamento técnico da FIA. Mas, o que se deu para ver é que o C30 é um modelo acertadinho e que consome bem pouco pneu comparado aos demais carros do grid.

Corrida chata e a F-1 não promete ser muito diferente de 2010. As novidades pareceram ser furadas e todo o empenho em busca de mais competitividade pode ter efeito inverso com só um piloto, de azul e vermelho, correndo na frente.

domingo, 27 de março de 2011

Em meio as novas regras, Vettel vence na Austrália



FÁBIO ANDRADE


Sebastian Vettel fez 2011 começar da mesma forma que 2010 terminou. O alemãozinho guiou sozinho, foi pouco ameaçado por Lewis Hamilton e teve vida sossegada no GP da Austrália. Vitaly Petrov também começou a atual temporada como terminou a última: na frente de Fernando Alonso, mas agora sem o chilique do bicampeão depois da bandeirada. Ao contrário, Petrov dessa vez foi saudado pelo primeiro pódio de sua carreira e de um russo na Fórmula-1. A Ferrari deu pro gasto mas decepcionou; Webber, idem, e assim, com um jeito de algo que não saiu muito bem como o esperado, desenrolaram-se as 58 voltas da corrida em Melbourne.




[caption id="" align="aligncenter" width="493" caption="Na primeira de 2011 Vettel protagoniza a mesma cena da última de 2010"][/caption]

Depois da bandeirada Luís Roberto e Reginaldo Leme repetiram algumas vezes que a corrida foi “aquém”. A Fórmula-1 prometeu show de ultrapassagens e muitas novidades, mas aparentemente ficou devendo. Em parte porque o velho problema da artificialidade está matando o espectador de raiva, em parte porque sempre que se espera algo com exagerado alarde há o risco da frsutração.



A estrela da transmissão

Em corridas como o GP da Austrália de 2011 normalmente o líder passa quase em branco. Porque não há motivos para passar muitas voltas com o RB7 de Vettel sozinho em primeiro plano na tela. Há mais coisas acontecendo no meio do pelotão que merecem atenção. Talvez a estrela da transmissão da corrida fosse Felipe Massa, mais lento do que seus pares nas primeiras voltas e pólo gerador do maior ponto de tensão do primeiro quarto da corrida australiana. Talvez a estrela da transmissão fosse Jenson Button, primeiramente em disputa com Massa, depois em disputa com meio mundo por causa da punição com uma passagem pelos boxes por ter cortado caminho. Mas a estrela da transmissão foi o gráfico de velocidade, aceleração, freio, KERS e asa móvel.




[caption id="" align="aligncenter" width="493" caption="Massa e Button até foram centro das atenções, mas quem apareceu mesmo foi o gráfico"][/caption]

Não houve trecho de cinco minutos de transmissão em que ele não aparecesse. E ele ofuscou todos os 22 pilotos que davam voltas no Albert Park.



Os boxes, de novo, no centro das atenções

Uma das melhores coisas da temporada passada foi a queda da importância dos pit stops. Eles não deixaram de ser fundamentais para o andamento da corrida e para a estratégia das equipes, mas não foram tão decisivos para o entendimento das corridas. A maioria das provas se resolveu na pista e com acontecimentos de pista. Mesmo em Monza, por exemplo, quando a parada mais eficiente da Ferrari resolveu o GP da Itália a favor de Alonso, foi fácil para o espectador médio compreender o que se passava. Parece que esse tempo prazeroso de assistir as corridas durou apenas uma temporada.


O desgaste dos pneus Pirelli vai voltar a dificultar o entendimento das corridas. Em primeiro lugar pela quantidade de paradas. Em Melbourne boa parte dos pilotos realizou três entradas nos boxes. É um volume de paradas difícil de ser acompanhado e memorizado por quem está acompanhando a corrida. Ficou mais fácil esquecer se fulano já usou pneus macios ou duros, ou pior, ficou mais fácil embaralhar tudo isso e se perder na linha narrativa da corrida. A grande quantidade de paradas também possibilitou o aparecimento de uma pergunta que andou sumida, pelo menos do meu repertório, em 2010: “como que esse piloto foi aparecer nessa posição, nesse momento, assim do nada?”




[caption id="" align="aligncenter" width="493" caption="Prometeram show, não cumpriram e ainda dificultaram o entendimento da corrida"][/caption]
A corrida, cadê?

Pela primeira vez em um ano de Blog F-1 vou me permitir um texto que não fale longamente de detalhes e detalhes da corrida, até porque, como os comentaristas da Globo falaram no fim da prova, ficou a sensação de que o GP da Austrália ficou “aquém”. Mas não foi a corrida que ficou abaixo do esperado, a F-1 que simplesmente não ofereceu ao espectador o que foi prometido. Os recursos introduzidos pela FIA ficaram num grande vazio carecendo de sentido. E a enorme expectativa gerada desaguou num mar de sonolentos bocejos quando, na madrugada mal dormida, todo mundo ligou a televisão e constatou que, cada vez mais, a F-1 vai se parecendo com corrida de vídeo game. E não é para ver um simulacro de corrida que se acorda às três horas de uma manhã de domingo.



Grande Prêmio da Austrália, resultado após 58 voltas:

sábado, 26 de março de 2011

Vettel quebra recorde da pista e arrasa rivais na Austrália



FÁBIO ANDRADE


O resultado do treino classificatório do GP da Austrália não foi surpresa, até porque todos os participantes de bolões e apostas do mundo inteiro devem ter apostado no mesmo nome. A pole position de Sebastian Vettel foi uma mera questão de esperar o treino acabar. A surpresa foi a facilidade com a qual o atual campeão aniquilou os rivais no Albert Park. Quem também surpreendeu foi a McLaren, que conseguiu ser competitiva, pelo menos em comparação com a Ferrari. Porque a Red Bull já entra na primeira corrida de 2011 um patamar acima tanto de Maranello como de Woking.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Vettel foi soberano em Melbourne"][/caption]

No outro extremo da tabela a Hispania reiniciou sua via crucis, se arrastando pela pista e ficando a 10 segundos do tempo da pole. Para o time espanhol o tempo não parece ser um remédio. Com a volta do fator dos 7% - que exclui do grid pilotos que fiquem mais de 7% acima do tempo da melhor volta da sessão - a Hispania deve ficar fora de boa parte das largadas, como ficará amanhã. Em breve é bem possível que a Fórmula-1 volte a ter 22 carros.



Heidfeld decepciona logo no Q1

Além da Hispania, Nick Heidfeld foi a grande nota triste da primeira parte do treino. O piloto alemão, que substitui o acidentado Robert Kubica, ficou com um indigesto 18º lugar e só participou do Q1 em Melbourne. O resultado de Heidfeld é ainda mais decepcionante porque a Renault parece ter um pacote competitivo entre as médias e porque o outro piloto da grife francesa, o russo Vitaly Petrov, chegou até o Q3 e conseguiu o sexto posto. E na mitologia que acompanha os pilotos da F-1 atual, seria lógico que Heidfeld conseguisse uma posição melhor do que a de Petrov.


Porém, como lógica nem sempre tem a ver com os carrinhos que dão voltas, uma pergunta pode tornar o 18º lugar de Heidfeld ainda pior do que ele já é: Kubica faria tão feio?


Já o Q2 acabou bem cedo para Rubens Barrichello. O brasileiro da Williams rodou ainda no início da segunda parte da classificação, depois de pôr as rodas esquerdas na grama. Preso na velha caixa de brita, Barrichello, que normalmente consegue avançar até o Q3, ficou com o 17º lugar.




[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="Ironicamente, Barrichello, o mais experiente piloto do grid, larga em posição pior do que a do companheiro de equipe estreante"][/caption]
A McLata volta a ser McLaren

A McLaren assustou os fãs com a pré-temporada repleta de problemas técnicos e indícios de pouca confiabilidade no MP4/26, além da aparente falta de velocidade demonstrada pelo novo carro nos testes de inverno. Mas em Melbourne o que era calhambeque voltou a andar como Cadilac e o time parece ter feito um ótimo proveito dos 15 dias a mais de preparação que o adiamento do GP do Bahrein proporcionou. Há quem fale em blefe, mas nem faria sentido uma equipe andar tão mal só para fazer cena numa era de testes tão raros. O concreto mesmo é que Hamilton e Button têm nas mãos um carro para tumultuar a briga pelos primeiros lugares, briga que segundo os prognósticos da pré-temporada seria polarizada entre Red Bull e Ferrari.



Ferrari sem ritmo e Vettel sobrando

A pré-temporada indicou que a grande briga nesse início de ano seria entre Red Bull e Ferrari, nessa ordem. Mas, num paralelo quase perfeito em relação a 2010, o pretenso favoritismo da equipe italiana se desfez ao fim do primeiro treino classificatório. Sem falar nos sustos vividos por Felipe Massa. O brasileiro da Ferrari só garantiu lugar no Q2 no último instante da primeira parte do treino, quando já estava em 18º. Depois, já no Q3 rodou de forma estranha ao sair dos boxes, em baixa velocidade.




[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="A Ferrari decepcionou e Massa larga apenas em oitavo"][/caption]

Em nenhum momento do treino a Ferrari esteve próxima da Red Bull. Na verdade, ninguém esteve próximo de Vettel, mas a McLaren tanto trouxe mais incômodo aos austríacos que Hamilton se colocou entre Vettel e Webber. A primeira Ferrari só aparece na quinta posição com Alonso, enquanto Massa, seis décimos mais lento do que o espanhol, larga do oitavo lugar no domingo. Faltou ritmo de classificação ao carro italiano em Melbourne.


Ritmo de classificação é o que não falta para a Red Bull desde 2010. Pole position já pode ser incorporado como sobrenome dos carros projetados por Adrian Newey, sobretudo porque a equação Newey + Vettel quase sempre é igual a show. Foi isso que o que ficou demonstrado na classificação do GP da Austrália. Vettel pulverizou o antigo recorde da pista, que datava de 2004, quando os carros corriam sem restrições aerodinâmicas e com motor V10 também sem limitação de potência. A antiga marca, de 1min24seg125 pertencia a Michael Schumacher e foi baixada em quase seis décimos: 1min23seg529.


O adversário mais próximo do alemãozinho é Hamilton, que ficou a intermináveis sete décimos da pole. Todo o restante do grid, inclusive o companheiro de Vettel, Mark Webber, ficou pelo menos um segundo acima do tempo da pole. Uma volta arrasadora que abre a perspectiva de que McLaren e Ferrari terão de trabalhar muito para alcançar a velocidade do time que já tinha o melhor carro do grid em 2010.


Segundo o Weather Channel, não há previsão de chuva para Melbourne no horário do GP da Austrália. A largada para as 58 voltas da corrida acontecerá às 3 da manhã de domingo pelo horário de Brasília. A partir da meia noite a Rádio Onboard apresenta seu programa pré-race, ao vivo.



Grid de largada para o Grande Prêmio da Austrália:

sexta-feira, 25 de março de 2011

Nos primeiros treinos, Red Bull e McLaren lideram



ANDERSON NASCIMENTO


A Fórmula 1 enfim começou. Os treinos livres 1 e 2 já ocorreram no circuito de Albert Park em Melbourne, na Austrália. Surpresas aconteceram, mas ainda é cedo para dizer se continuarão a ser surpresas durante o ano. Vamos começar lá por baixo então, analisando os que não foram bem nos dois treinos.

A Hispania segue a ser a piada da categoria. Sequer mostrou um carro pronto e disponível para que Vitantonio Liuzzi ou Narain Karthikeyan pudessem ir para a pista e fazer algumas voltas de instalação. No segundo treino livre, o que consta na tabela é que Liuzzi andou apenas uma volta, o que é óbvio não ser nada suficiente para avaliar alguma coisa em relação ao desempenho do F111. Não tenho dúvidas de que a regra dos 107% será mais uma grande inimiga da escuderia espanhola neste ano. Estaria para apostar até mesmo que nenhum de seus carros consiga largar neste domingo.

Pit sto carros Fórmula 1 Albert Park

Um pouco acima, mas não tão convincente ficou a Marussia Virgin. Timo Glock e Jérôme D’Ambrosio conseguiram completar várias voltas, mas ficaram muito longe das marcas dos primeiros colocados. No treino 1, os dois ficaram a mais de 8 segundos de distância do melhor tempo marcado por Mark Webber. No treino 2, o desempenho melhorou um pouco, mas ainda foram 6 segundos mais lentos do que a melhor volta de Jenson Button. Se a equipe anglo-russa não correr contra o tempo para ajustar seus problemas correrá um sério risco de também ser engolido pela regra dos 107% neste início de temporada e para mim seria uma bela punição por teimarem em não utilizar o túnel de vento mesmo depois do fracasso do carro do último ano.

Confesso que a Lotus foi a minha grande decepção neste primeiro contato dos carros com a temporada 2011. A performance dos três pilotos que foram para a pista foi fraca e teve até Karun Chandhok acertando o muro e destruindo a frente do T128 logo na primeira volta. É cedo ainda para prognosticar alguma coisa, mas tive aquela sensação de que os veremos no fundo do grid de novo, mas tomara que seja só impressão.

Na parte intermediária da tabela, comparando os dois treinos livres, as surpresas ficaram por conta de Rubens Barrichello, Nico Rosberg e Sergio Perez. O piloto da Williams alcançou a 5ª colocação no primeiro treino superando as duas McLarens. No segundo teste, Barrichello foi o 9º com um tempo 1s426 acima da marca do líder. Nico Rosberg tratou de provar que a Mercedes pode ser uma força que lutará por vitórias neste ano. Logo de cara alcançou a 4ª posição, ficando atrás somente de Mark Webber, Sebastian Vettel e Fernando Alonso. No treino posterior, conquistou a 10ª melhor marca, mas viu seu companheiro Michael Schumacher ser o 6º. Já Sergio Perez foi surpresa no segundo treino com uma bela 8ª marca.

A Ferrari viu um bom desempenho somente com Fernando Alonso, que tentou de todas as maneiras andar no ritmo da Red Bull. Felipe Massa, saiu da pista, fritou pneu e não conseguiu um tempo expressivo em nenhum dos treinos.



Diante de tantas suspeitas, a McLaren foi para a pista nesta madrugada para mostrar que não está tão ruim assim como todos imaginam. É verdade que no treino 1 ambos os carros prateados ficaram a mais de um segundo e meio do tempo de Mark Webber. Porém, na segunda parte conseguiram o 1-2 liderado por Jenson Button. Os tempos foram muito próximos com uma diferença de apenas 0s935 do primeiro para o sétimo colocado.

A Red Bull liderou com folga o primeiro treino livre colocando quase um segundo no tempo da Ferrari de Alonso. Webber cravou a melhor marca em sua última volta e desbancou seu companheiro de equipe. O que deu pra perceber é que os taurinos podem estar mais rápidos do que no ano passado e ainda mais superiores aos seus adversários.

Na virada de hoje para sábado, acontece o último treino livre antes que o treino classificatório, marcado para às 3 horas no horário de Brasília mostre enfim o que realmente os bólidos estão rendendo neste início de ano.

Novidades poderão deixar corridas caóticas



ANDERSON NASCIMENTO


Por ser a etapa de abertura da temporada 2011 da Fórmula 1 e por ainda as equipes não entenderem exatamente o comportamento dos pneus Pirelli em um circuito com temperatura maior do que nos testes na Espanha, o GP da Austrália pode ser confuso e caótico. Essa mesma opinião é compartilhada pelo atual campeão Sebastian Vettel. Para ele a corrida terá muitas variáveis. “Teremos muitas paradas nos boxes para cada carro. Com 24 deles na pista, serão muitas mesmo”, declarou.

A estratégia será fundamental para que os pilotos consigam lutar pelo título ou ao menos fazerem uma boa temporada neste ano. A etapa australiana promete levar os carros a realizarem de duas a três paradas, algo que será decidido pelas equipes e seus pilotos que julgarão se compensará permanecer na pista com compostos desgastados e assim optar por dois pits, ou se será melhor correr com pneus mais inteiros durante a prova toda e realizar três paradas. O que é fato é que realmente surpresas poderão acontecer e uma certa confusão poderá se formar com equipes pequenas liderando certos momentos da corrida enquanto que as grandes poderão lutar por posições no fundo do grid.

Renault mecânicos pit stop R31

Vettel afirmou que teme pelo fato de que o carro mais veloz não saia vitorioso e que a decisão das etapas fique demais nas mãos da estratégia e na habilidade de conduzir o carro na base de um baixo desgaste de pneus.
“Torço para que a base do esporte não mude e que o mais veloz ainda saia vencedor. Estamos aqui para descobrir isso. Na pilotagem em si não vai mudar muita coisa, mas acho que a corrida será mais caótica pelo excesso de pit stops.”

Sebastian Vettel


Como Kamui Kobayashi afirmou dias atrás, é possível vermos já na Austrália uma Virgin ou Hispania disputando posições com uma Red Bull calçada com pneus bem mais degradados. Não fica difícil imaginar então que o número de ultrapassagens durante as corridas se tornará bem maior do que nos últimos anos, visto que a diferença de desempenho entre pneus gastos e novos é muito grande. A preocupação é se elas não irão se tornar artificiais e constantes em exagero a ponto de tirar todo o seu brilhantismo.

Além dos compostos Pirelli, a asa traseira móvel e o KERS também vieram para auxiliar no aumento do número de ultrapassagens. Pelo que vemos o exército para cumprir essa missão é bem amplo. Mas precisaremos saber se todas essas armas não deixarão as corridas caóticas ao invés de emocionantes.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Rádio OnBoard - Edição de pré-temporada



FELIPE MACIEL


No ar a edição número 106 da Rádio OnBoard!

Ron Groo, Fábio Campos e eu chegamos a mais uma grande bateria de apostas para o que vem por aí. Neste programa, levantamos nossas análises sobre o que foi visto na pré-temporada na dura tentativa de antever o que está por vir no que se refere ao nível de competitividade de cada um.


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A rádio está ligada e ao vivo durante os treinos livres 1 e 3! Acompanhe por aqui. No mesmo endereço, entraremos novamente ao vivo na madrugada de sábado para domingo, a partir da 0h, no programa Pre Race que antecede a largada da primeira corrida do ano! Te esperamos lá...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Você é a favor ou contra uma greve de pilotos na F-1?



FELIPE MACIEL


Essa não se ouve todo dia. Partiu de Sebastian Vettel o anúncio da insatisfação dos pilotos que pode desembocar numa greve em protesto ao excesso de botões no volante. É bem verdade que a Fórmula 1 vem acumulando botões nessa era moderna, mas nesta temporada, com o KERS e principalmente a asa traseira móvel, os competidores estão sendo obrigados a tirar o olho da pista por alguns décimos de segundo que seriam suficientes para sofrer eventuais acidentes.

Sebastian chegou a comparar a questão a um motorista que guia falando ao celular.
Muitos dos pilotos concordaram que é um problema de segurança. O que importa é que nós estamos unidos, e se todos concordarmos em fazer alguma coisa, nós podemos ser muito poderosos. Podemos até dizer ‘ok, então não vamos correr.

Não significa necessariamente que nós iremos fazer a greve. Antes nós tentaremos achar uma solução com a FIA primeiro.

Sebastian Vettel


Pensando cá com meus "botões" (ops, não resisti), fica difícil sentir firmeza nessa que parece uma pseudo pressão sobre os dirigentes da F-1. A declaração do Vettel lembrou aquele velho ditado - cão que ladra não morde.

Se fosse para armar um protesto, deveriam fazê-lo antes de começar a temporada, ameaçando se ausentarem da primeira corrida. Se tentarem conversar após GPs serem disputados, ficará evidente que é possível correr e lidar com este pequeno incômodo.

Falar em greve de pilotos na F-1 soa absurdo, curioso, engraçado, improvável. Eu até simpatizaria com a ideia, desde que ela fosse na raiz do problema. E o problema é a visão que a FIA e a FOM criaram da categoria. Ela não é mais vista como uma competição propriamente dita, mas como mero espetáculo a ser vendido.

Se a Fórmula 1 é encarada como circo pelos dirigentes, nós continuamos sendo a plateia, mas os pilotos são feitos de palhaço. A partir do momento em que se cria uma regra como a da asa móvel, favorecendo o piloto que busca a ultrapassagem e menosprezando o direito do adversário à frente se defender com as mesmas armas, força-se uma situação de injustiça entre dois competidores que deveriam receber tratamento igualitário do regulamento.

Volante F1


A tal asa traseira móvel é o exemplo máximo de artificialismo lançado pela FIA em todos esses anos. Os pilotos (e também o público!) deveriam expressar seu desprezo à implementação desse artifícios espetaculosos e zelarem para que as noções de esporte voltem a ditar as regras da categoria.

Mas os pilotos são incapazes de se mobilizar para contestar a essência da regrinha que acrescentou um polêmico botão em seu painel. Eles insinuam protesto por medo de desviarem o olhar da pista, fazerem uma lambança qualquer e levarem um puxão de orelha do chefe pelos danos causados ao carro da equipe.

Os pilotos da F-1 corre em circuitos de mais elevado padrão de segurança que se possa imaginar. Correm em carros que são aprovados num crash test altamente rigoroso. Numa categoria onde fatalidades não ocorrem há mais de 15 anos - tempo correspondente a um quarto de sua história.

Se botões no volante são um ponto negativo na megaestrutura de segurança que blinda a Fórmula 1? Sim, até são. Mas se esta é a única razão para pilotos falarem em greve nos dias de hoje, é algo para se lamentar. Está se iniciando um processo de neurótica busca por espetáculo a todo custo, e as características de um esporte de verdade podem se perder se ninguém combater a natureza das ideias que se tornam mais comuns a cada ano que passa. São os esportistas que devem lutar pela preservação de um esporte livre de regras esportivamente sem nexo.

Quando dois botões de booster habitam o volante de F-1, algo está muito errado. Portanto, caros pilotos, tratem de argumentar contra a causa do problema, ao invés de apenas reclamarem de suas consequências.

sexta-feira, 18 de março de 2011

O colorido da Pirelli



ANDERSON NASCIMENTO


A Pirelli apresentou nesta sexta-feira o esquema de cores que serão usados nos pneus para a identificação de cada tipo dos compostos. A fornecedora exclusiva da Fórmula 1, que tem como missão para esta temporada trazer mais emoção dentro das pistas, colocou 6 tipos de pneus para serem usados durante a temporada.

As cores estarão na descrição P Zero e no logotipo da empresa italiana, que com os compostos em movimento dará a tonalidade em toda a sua lateral.

Para os compostos de chuva intensa, a Pirelli optou pela cor laranja, enquanto que para os intermediários, as descrições serão pintadas com a cor azul claro. Com a cor vermelha estará os pneus slicks supermacios, que são definidos pelas equipes como de pouca duração e por isso, não deverá ser bem aceito durante a temporada, ao menos se os italianos resolverem deixa-lo mais resistente, o que acho difícil.



Os pneus macios estarão representados pelas cores amarela, enquanto que os médios serão pintados de branco e os duros de prata. Para quem acompanhar pela televisão ou mesmo olhar de longe para estes dois últimos tipos de compostos pode se confundir em definir qual é qual. Mas, como a Pirelli optará em não escolher ambos os pneus para uma mesma etapa, os problemas não devem ser dos maiores.
Estamos muito animados com a perspectiva de retornar à F1 pela primeira vez em 20 anos, e estamos com o objetivo de ser um parceiro proativo e colorido na F1. Assim, quer melhor maneira de simbolizar isso do que uma seleção de logotipos coloridos da Pirelli nas laterais? Eles permitirão a ambos os públicos, tanto ao vivo, quanto na televisão, dizer em poucas palavras quais são cada um dos compostos, que será de conhecimento vital para definir uma estratégia de corrida nesse ano.

Paul Hembery, diretor de esportes da Pirelli

Para as primeiras etapas da Fórmula 1, na Austrália, Malásia e China, a Pirelli escolheu levar os compostos duros e macios, além dos de pista molhada.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Memória Blog F-1: Austrália 2008



FÁBIO ANDRADE


Apenas sete dos 22 carros que largaram receberam a bandeirada do GP da Austrália em 16 de março de 2008. A corrida foi uma das mais confusas e divertidas do histórico recente da Fórmula-1 e serviu como aperitivo para uma temporada igualmente divertida.


A prova foi marcada pelo fim do uso do controle de tração. O GP da Austrália de 2008 era a primeira corrida sem o uso do dispositivo desde 2001. Por coincidência ou não, o Albert Park assistiu a um festival de erros e rodadas aos quais o espectador da F-1 não estava acostumado, sobretudo quando os erros eram cometidos por pilotos considerados de ponta.


Apesar da quantidade de abandonos e do alto número de baixas, a McLaren teve uma corrida tranquila. O time terminaria a prova com uma dobradinha não fosse um Safety Car fora de hora que atrapalhou a vida de Heikki Kovalainen. Já Lewis Hamilton correu sem sustos e assegurou a vitória na primeira corrida do ano em que seria campeão.


Mas foi o inusitado o que marcou a primeira corrida de 2008. Segue o compacto do excelente GP da Austrália daquele ano, uma bela forma de matar a saudade dos carrinhos dando voltas na tv nas manhãs - ou madrugadas - de domingo:



Parte 1:


Parte 2:


Parte 3:

sábado, 12 de março de 2011

Sem crescer nem um pouco



ANDERSON NASCIMENTO


Imaginava-se que a Hispania começaria a temporada 2011 da Fórmula 1 diferentemente do que começou a temporada 2010. Dois pilotos contratados e um carro tão esperado estava por vir. Não aguardado por alguma possibilidade de alto desempenho, mas para revelar como seria o fracasso dessa vez. Em 2010, o F110 foi ao Bahrein pela primeira etapa do campeonato sem ao menos ter percorrido uma volta sequer. Agora em 2011, as coisas pareciam mudar, mas continuam a mesma.

A equipe de José Ramon Carabante apresentou seu novo modelo ontem, no penúltimo dia de testes coletivos em Barcelona. O F111 tinha exatamente os traços revelados semanas atrás em fotos, incluindo os apelativos e bem humorados pedidos de patrocínios. Além disso, era esperado que o carro fosse para a pista já nesta sexta-feira, visto que muito tempo foi perdido e pouco restava para testar o carro. Mas, a escuderia espanhola anunciou que não treinaria nem na sexta, nem no sábado. O motivo: amortecedores e componentes presos na alfândega. Conclusão: começarão 2011 da mesma maneira que iniciaram 2010, testando o carro somente na estreia.



Não há nada contra em trabalhar discretamente, lutar contra as dificuldades financeiras e poucos recursos e ser uma equipe pequena. Mas na Hispania, nada disso se aplica, somente o fato de ser pequena, ou melhor, minúscula. Não há seriedade na equipe de Carabante e o que cada vez menos parece é que eles estão na Fórmula 1 para competir de verdade. Triste isso. Triste ver que a categoria cedeu um lugar para um time qualquer, montado no quintal de uma mansão espanhola e longe de qualquer oportunidade de ser vencedora ou de ao menos ter dignidade.

As outras estreantes do ano passado trabalham com mais afinco e com mais compromisso em seus projetos de médio a longo prazo. A Lotus é o exemplo mais perfeito disso. A Marussia Virgin, apesar de não andar no mesmo ritmo da rival verde e amarela, evolui na confiabilidade do carro e pretende sair do fundo do grid assim que a oportunidade em alguma corrida pintar. Mas na Hispania os dias que passam só são um adiamento da extinção que ninguém sentirá falta.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Memória Blog F-1: Austrália 1996



FÁBIO ANDRADE



Quando a Fórmula-1 saiu de Adelaide para Melborune houve quem ficasse sentido. Afinal, o traçado já era tradicional para a categoria, sobretudo porque tinha um caráter especial por encerrar as temporadas de 1985 a 1995. A pista já havia se tornado um marco e a mudança da sede do GP da Austrália de Adelaide para Melbourne também implicou na alteração da posição da corrida australiana no calendário. De última, a prova passou a ser a primeira e durante anos outra tradição se fez: as temporadas da F-1 não necessariamente começam na mais simples das pistas: o Albert Park está longe de ser um traçado trivial.


O circuito tem características de pista de rua, tal como Adelaide. Muros próximos, ondulações na pista e sujeira, muita sujeira. O Albert Park, como o nome sugere, é um parque e não um autódromo. Não sedia atividades automobilísticas durante o ano. Portanto não há trilho, não há área emborrachada e a pista normalmente se encontra cheia de detritos nas primeiras atividades. Leva tempo até que as condições de aderência sejam boas.


Mas quando o circo desembarcou por lá para a primeira corrida, realizada em 10 de março de 1996, os assuntos predominantes eram outros. O grande destaque do grid naquela altura, com dois títulos pela Benetton, cometera a loucura de trocar um time vencedor por uma lenda que se arrastava nas pistas. Michael Schumacher iria estrear pela Ferrari, numa das contratações mais caras da história do esporte até então. Na Williams o burburinho era por conta do retorno de um sobrenome mítico para a F-1: era a primeira corrida de Jacques Villeneuve, filho do lendário Gilles, na categoria. O canadense fora campeão da CART em 1995 e chegava para provar que é possível sim ser campeão dos dois lados do Atlântico.


Na classificação o impensável aconteceu. Villeneuve, estreando na F-1, cravou a pole position. A Williams comandou a primeira fila com Damon Hill em segundo. A segunda fila era vermelha, com Eddie Irvine em terceiro e Schumahcer em quarto.



Na corrida o canadense manteve a grande forma. Largou e manteve a ponta, enquanto Hill perdeu posições para as duas Ferraris. Mas logo a corrida foi interrompida pelo incrível acidente de Martin Brundle na terceira curva, ainda na primeira volta. Apesar de plasticamente impressionante, a batida não fez vítimas, mas causou a interrupção da corrida. De acordo com o regulamento da época, foi convocada uma nova largada com as posições originais do grid.


Na nova partida Villeneuve novamente segurou a primeira posição, enquanto Hill tomou mais cuidado com as Ferraris. Os dois carros da Williams logo dominaram a corrida e sumiram a frente das rossas.


Pouco depois da 30ª volta Schumacher abandonou com problemas nos freios. Mas isso em nada repercutiu na briga pela vitória, já que eram os carros da Williams que lideravam. Na primeira bateria de pit stops, Hill ganhou a posição de Villeneuve, mas por pouquíssimo tempo. Numa sequência de tirar o fôlego, os dois pilotos de Mr. Frank disputaram a primeira posição de forma aberta. Villeneuve, com uma volta a mais de aquecimento de pneus, recuperou a liderança, deixando incrédulos os espectadores da corrida e até mesmo o narrador da tv inglesa, o inoxidável Murray Walker.


Na 34ª volta, porém, a sorte de Villeneuve começou a mudar. A escapada na primeira curva do circuito possivelmente danificou o carro, que começou a apresentar um vazamento de óleo poucas voltas depois. Sem condições de guiar na condição máxima, Villeneuve esteve muito perto de vencer em sua primeira corrida de F-1, mas teve de abrir passagem para a vitória do companheiro de equipe. Hill venceu, mas esteve à sombra - coisa que, venhamos e convenhamos, foi quase uma marca da carreira do filho de Graham Hill - de Villeneuve naquele fim de semana do primeiro GP da Austrália em Melbourne.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Acabam-se as vagas: Liuzzi fecha com a Hispania



FELIPE MACIEL


Uma vaga pouco disputada foi finalmente fechada a 2 semanas da abertura do campeonato. A disputa era discreta, tímida, fraca. Parece que quase ninguém estava disposto a gastar os tubos para pegar um carro da HRT, ao mesmo tempo em que a equipe precisava de um competidor experiente para amenizar o efeito de um indiano de talento limitado que pagou pela outra vaga.

Vitantonio Liuzzi era o favorito e assegurou a posição. O seu desespero para se manter na F-1 lhe rendeu o posto de piloto titular na pouco promissora escuderia espanhola, que sequer pôs o carro novo na pista. O italiano se queimou no ano passado, quando decepcionou após ganhar a grande oportunidade na ascendente Force India. Suprimido pelo desempenho abaixo da crítica, o bom kartista optou por se submeter a uma posição desprivilegiada no grid. Mas o que ele acha que ganha com isso?



Ao fraquejar numa boa equipe, um piloto praticamente assina seu atestado de afastamento da Fórmula 1. Relegado no grid, a cobiça pelo primeiro bólido que aparecer em sua frente serve apenas para adiar o momento do fim de sua participação na categoria. As chances de Liuzzi voltar a um bom time são mínimas.


O talento de Tonio já instigou há alguns anos, mas hoje não resta dúvida de que se trata de apenas mais um campeão da F3000 que ficou na promessa. Liuzzi não tem mais nada a oferecer na Fórmula 1, mas seus serviços ajudarão de alguma forma uma equipe pequena que precisa de um condutor rodado para se desenvolver. A parceria é interessante para a Hispania; ao Liuzzi restou apenas o status de piloto de F-1 como figurante inexpressivo do fundão.

A menos, é claro, que o F111 surpreenda as expectativas e lhe garanta boas diversões ao longo da temporada. E é bom que ele se divirta bastante, porque sua passagem pela categoria não tem muito a se prolongar.

terça-feira, 8 de março de 2011

Equipes voltam a testar em Barcelona



ANDERSON NASCIMENTO


No primeiro dia da última bateria de testes coletivos antes do início da temporada da Fórmula 1, a Red Bull voltou a dominar e a mostrar que as rivais terão que correr atrás novamente neste ano. Mark Webber cravou o melhor tempo – 1min22s544 - de todo o dia que não contou com o trabalho de algumas equipes no circuito catalão, como a Ferrari e a Williams. Mas, mesmo assim, o time dos energéticos andou no ‘calibre’ e deverá muito provavelmente começar à frente nas primeiras corridas da temporada.



A McLaren testou no período da manhã sem apresentar muitas novidades, visto que mostrava o mesmo desempenho abaixo do esperado que vinha tendo nos últimos testes. Porém, no período da tarde, a equipe conseguiu andar bem com Jenson Button que colocou o MP4-26 na segunda posição na tabela de tempos no final do dia. Além disso, o que também chamou atenção na equipe inglesa foi a nova invenção que os engenheiros adaptaram no carro. Trata-se de uma saliência um tanto ousada no bico do carro, algo esteticamente nada bonito.

A Toro Rosso que vinha surpreendendo com a velocidade dos últimos testes sofreu com problemas no STR6, especialmente na parte da manhã. No final das contas, fechou o dia com o oitavo melhor tempo tendo Sébastien Buemi no comando do carro.

Luiz Razia e Davide Valsecchi tiveram a oportunidade de hoje testarem o T128 da Lotus. Os pilotos reservas da equipe se revezaram entre as duas sessões de testes, Valsecchi pela manhã e Razia pela tarde. O italiano completou 50 passagens, mas não empolgou muito, apesar de ter feito um bom testes. Já o brasileiro correu no período da tarde e só ficou com a décima melhor marca de todo o dia, contabilizando 29 voltas.



Nico Hulkenberg e Paul di Resta pela Force India, Nick Heidfeld e Vitaly Petrov pela Lotus Renault, Jérôme D’Ambrosio pela Marussia Virgin e Sérgio Pérez pela Sauber foram os demais pilotos que foram para a pista no autódromo catalão. O mexicano, aliás, havia conseguido a impressionante marca de 1min21s176, que seria a melhor marca do dia, no entanto, a direção dos treinos confirmou que o piloto cortou a chicane e seu tempo foi assim anulado.

Amanhã (09), algumas equipes retomam seus trabalhos e outras irão testar seus bólidos pela primeira vez nesta última rodada de testes antes do GP da Austrália.

Confira a classificação da sessão desta terça-feira em Barcelona:
1º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), 1min22s544 ( 97 )
2º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 0s366 ( 74 )
3º. Vitaly Petrov (RUS/Lotus Renault), a 0s393 ( 27 )
4º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 1s573 ( 90 )
5º. Nick Heidfeld (ALE/Lotus Renault), a 2s191 ( 20 )
6º Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 2s495 ( 38 )
7º. Davide Valsecchi (ITA/Team Lotus-Renault), a 2s862 ( 50 )
8º. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), a 3s460 ( 48 )
9º. Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes), a 3s486 ( 31 )
10º. Luiz Razia (BRA/Team Lotus-Renault), a 4s179 ( 29 )
11º. Jérôme D'Ambrosio (BEL/Marussia Virgin-Cosworth), a 9s516 ( 57 )

sábado, 5 de março de 2011

Memória Blog F-1: Austrália 2005



FÁBIO ANDRADE



Há exatos seis anos, num 5 de março, também num sábado, a primeira atividade oficial da temporada de 2005 tinha início em Melbourne. Eram os treinos livres para o GP da Austrália, em Albert Park. Os treinos classificatórios vinham em novo formato, com a posição de largada sendo decidida depois de duas voltas rápidas cujos tempos seriam somados. A bizarrice em questão era parte do pacote de mudanças de uma Fórmula-1 que queria ver se conseguia, enfim, trazer alguma surpresa ao fim da corrida, algo diferente de uma dobradinha da Ferrari comandada por Michael Schumacher.


A outra novidade de 2005 eram os pneus. Estavam proibidas as trocas durante as corridas. Esse pacotão de novidades, junto às mudanças que a F-1 já havia implantado em 2003, eram tentativas de oxigenar a competição e de introduzir uma maior imprevisibilidade às corridas. O alvo lógico de tudo isso era o conjunto imbatível da Ferrari, que, não por acaso, aplicou sovas históricas na concorrência nos anos anteriores às mudanças de regulamento.


Em 2003 a coisa quase deu certo. A Ferrari não veio com um carrão invencível e McLaren e Williams embolaram a briga. Na última corrida, em Suzuka, Kimi Raikkonen chegou com condições de desbancar o então pentacampeão Schumi, mas a condução sólida e a vitória de Rubens Barrichello garantiram o título mais apertado de Schumacher em seus anos de glória em Maranello.


No treino classificatório para o GP da Austrália de 2005 a nova regra para a classificação somada à chuva que caiu sobre Albert Park gerou um grid de largada, no mínimo, estranho. Giancarlo Fisichella sagrou-se pole, apenas pela segunda vez numa carreira que já tinha nove anos na F-1. Na primeira fila, ao lado de Fisichella, estava o outro italiano, Jarno Trulli, com a improvável Toyota. A seguir vinham Mark Webber com a Williams, Jacques Villeneuve com a Sauber e David Coulthard com a novata Red Bull. A primeira Ferrari só aparecia na sexta fila, e com Rubens Barrichello, na 11ª posição. Schumacher completou apenas uma das duas voltas rápidas a que tinha direito e largou no 18º lugar.


Nas 57 voltas da corrida no domingo, Fisichella foi soberano. Perdeu a ponta apenas quando precisou fazer seu pit stop para reabastecer o R25. Venceu com autoridade fazendo com que, por pouco tempo, desse para acreditar que a Itália finalmente deixaria de ter pilotos atuando apenas como coadjuvantes. Infelizmente para o Físico, a vitória em Melbourne foi uma chuva de verão. Nas três corridas seguintes, (Malásia, Bahrein e Ímola) o italiano seria vítima de três abandonos. Afastado da liderança do mundial, restou a Fisichella o papel de escudeiro de Fernando Alonso na briga pelo título.


Mas a corrida ainda teve mais. O próprio Alonso foi um dos destaques. Depois de partir da 13ª posição, o espanhol cruzou a linha de chegada num excelente terceiro lugar, atrás de Rubens Barrichello. Também em grande forma, o brasileiro completou a corrida em segundo.


Já Schumacher parou na 42ª volta. Ao tentar negociar uma ultrapassagem com Nick Heidfeld, o alemão da Ferrari exagerou. Em perseguição ao alemão da Williams, Schumacher tirou Heidfeld do traçado e o obrigou a pisar fora do traçado. Ao sair da pista, Heidfeld ficou com a direção comprometida e acertou o F-2005 do heptacampeão. O abandono de ambos foi um presságio tanto para a Williams como para a Ferrari. Para os italianos, foi indício do ano complicado que viria. Para os ingleses, selou um longo período de espera por vitórias. Desde o triunfo na última corrida de 2004 - com Juan Pablo Montoya no GP do Brasil - a Williams não vence mais na Fórmula-1.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Toro Rosso deverá aparecer como grande surpresa em 2011



ANDERSON NASCIMENTO



A Toro Rosso pode pintar neste início de campeonato da Fórmula 1 como a grande surpresa de 2011. A equipe demonstrou nos testes coletivos, especialmente os últimos realizados em Barcelona, que possui um carro acertado, veloz e que dificilmente é apenas enganação, até porque os italianos não precisam disso.

Lewis Hamilton disse que o carro é “ridiculamente rápido” e vários outros pilotos engrossaram o coro rasgando elogios aos bólidos da irmã caçula da Red Bull. Jaime Alguersuari afirmou que a equipe tem condições de buscar os pontos em todas as corridas com ambos os carros, o que já seria uma evolução muito boa para quem terminou mal a temporada passada. Mas, será que este é o ano em que a equipe mantida pelas latinhas de energéticos também começará a despontar como uma grande força?



Aparentemente, assim que o STR6 foi lançado, o carro tinha um estilo muito conservador e era difícil imaginar que poderia render frutos tão significativos nesta pré-temporada onde vários times apostaram em mudanças até expressivas para tentarem sair à frente das rivais. Talvez os engenheiros da equipe priorizaram o casamento entre carro e pneus Pirelli mais do que mudanças aerodinâmicas mais expressivas no bólido. Este também está sendo o grande trunfo da Red Bull, já que Adrian Newey conseguiu descobrir até onde pode neste início de trabalho na temporada como funciona a performance dos compostos italianos.

Muitos jornais e periódicos esportivos já apontam a Toro Rosso como um time que deverá fazer muito mais do que apenas marcar alguns pontos durante a temporada. O suíço ‘Blick’ declarou que o STR6 “ é um carro maravilhoso”. Já outros jornais publicaram que a possibilidade da equipe ter colocado pouco combustível nos carros para os testes em Barcelona é pouco provável, visto o grande ânimo e satisfação que os resultados deixaram para a equipe.

Parece que a hora dos italianos seguirem o caminho que a Red Bull trilhou por todo este tempo que esteve na Fórmula 1 chegou. Com muitas informações técnicas vinda da irmã campeã já era de se esperar que um dia a equipe de Jaime Alguersuari e Sébastien Buemi poderia fazer mais do que andar entre as mais frágeis equipes medianas do grid. Os primeiros passos já foram dados.

terça-feira, 1 de março de 2011

O Efeito Pirelli, parte 2



FÁBIO ANDRADE


Na altura do primeiro post desse blog com o título “O Efeito Pirelli”, há pouco mais de um mês, a Fórmula-1 encontrava-se em dúvidas sobre a viabilidade e as reais consequências das mudanças anunciadas pela nova fabricante de pneus. A Pirelli prometia então reduzir a vida útil dos pneus para promover mais paradas nos boxes e corridas supostamente mais movimentadas. A ideia era aumentar o número de paradas de uma para duas e potencializar a probabilidade de ultrapassagens e brigas entre pilotos com tipos de borracha diferentes. Depois dos primeiros testes de inverno os pilotos já começaram a emitir opiniões sobre os novos pneus, e a maioria deles trata o assunto em tom de apreensão.


O desgaste que a Pirelli prometera em janeiro - que, em tese, possibilitaria completar a corrida com duas paradas - parece ser bem maior e, consequentemente, deve fazer com que as provas se desenrolem com um número ainda maior de pit stops. Segundo o campeão Sebastian Vettel, “com 16 ou 17 voltas os pneus estão completamente destruídos”. Segundo Vettel, faz pouca diferença adotar um estilo conservador na condução para poupar os calçados dos carros: “após um determinado momento o pneu está acabado e não há mais o que fazer” - afirmou. Vettel foi seguido por Adrian Sutil que prevê muitas paradas durante as corridas de 2011: “certamente teremos que trocar os pneus várias vezes por prova”.



O clima de insatisfação mais exacerbado foi percebido na fala do bicampeão Fernando Alonso. O espanhol criticou severamente os pneus Pirelli pela curta vida-útil que ficou demonstrada nos testes. Segundo Alonso, “as estratégias de corridas contarão com três, talvez quatro paradas, e não gosto disso. É como se tivéssemos um pênalti a cada meia hora de jogo”.


Em que pese um possível exagero da parte de algumas das estrelas do show, a série de reclamações dos pilotos em relação ao consumo dos pneus sugere que a opção da Pirelli por pneus de desgaste mais alto foi tomada visando o chamado “show”. O que nem sempre é ruim. Para lembrar um evento recente, o último GP do Canadá foi divertidíssimo justamente porque a borracha foi consumida de forma anormal e obrigou os pilotos a irem mais vezes aos boxes e as equipes a reformularem a estratégia. Apesar de ter sido divertido, a corrida ganhou ares de loteria, o que reforça a percepção de que quase toda medida visando o tal “show” carrega consigo uma dose de artificialidade.



Sob chuva, outro problema

Se no piso seco o alto desgaste é o problema preocupa com o asfalto molhado entra em cena outro comportamento indesejável, sobretudo do ponto de vista dos pilotos. Os testes de Barcelona há cerca de 10 dias contaram com momentos de piso molhado e as equipes puderam usar os pneus intermediários e de chuva da Pirelli.



Nessas circunstâncias o comportamento mais curioso notado pelos pilotos foi a falta de aderência e a consequente durabilidade dos compostos da Pirelli. Segundo Heikki Kovalainen, “os pneus parecem novos mesmo depois de um longo trecho, entretanto a aderência é bastante precária”. O efeito colateral dessa nova característica foi diagnosticado por Sebastian Vettel: “com os Bridgestone sabíamos claramente o momento de mudar de pneus de chuva para intermediários e assim por diante. Já com os pneus desse ano teremos que perceber esse momento durante as corridas”.