FÁBIO ANDRADE
O resultado do treino classificatório do GP da Austrália não foi surpresa, até porque todos os participantes de bolões e apostas do mundo inteiro devem ter apostado no mesmo nome. A pole position de Sebastian Vettel foi uma mera questão de esperar o treino acabar. A surpresa foi a facilidade com a qual o atual campeão aniquilou os rivais no Albert Park. Quem também surpreendeu foi a McLaren, que conseguiu ser competitiva, pelo menos em comparação com a Ferrari. Porque a Red Bull já entra na primeira corrida de 2011 um patamar acima tanto de Maranello como de Woking.
[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Vettel foi soberano em Melbourne"]
[/caption]
No outro extremo da tabela a Hispania reiniciou sua via crucis, se arrastando pela pista e ficando a 10 segundos do tempo da pole. Para o time espanhol o tempo não parece ser um remédio. Com a volta do fator dos 7% - que exclui do grid pilotos que fiquem mais de 7% acima do tempo da melhor volta da sessão - a Hispania deve ficar fora de boa parte das largadas, como ficará amanhã. Em breve é bem possível que a Fórmula-1 volte a ter 22 carros.
Heidfeld decepciona logo no Q1
Além da Hispania, Nick Heidfeld foi a grande nota triste da primeira parte do treino. O piloto alemão, que substitui o acidentado Robert Kubica, ficou com um indigesto 18º lugar e só participou do Q1 em Melbourne. O resultado de Heidfeld é ainda mais decepcionante porque a Renault parece ter um pacote competitivo entre as médias e porque o outro piloto da grife francesa, o russo Vitaly Petrov, chegou até o Q3 e conseguiu o sexto posto. E na mitologia que acompanha os pilotos da F-1 atual, seria lógico que Heidfeld conseguisse uma posição melhor do que a de Petrov.
Porém, como lógica nem sempre tem a ver com os carrinhos que dão voltas, uma pergunta pode tornar o 18º lugar de Heidfeld ainda pior do que ele já é: Kubica faria tão feio?
Já o Q2 acabou bem cedo para Rubens Barrichello. O brasileiro da Williams rodou ainda no início da segunda parte da classificação, depois de pôr as rodas esquerdas na grama. Preso na velha caixa de brita, Barrichello, que normalmente consegue avançar até o Q3, ficou com o 17º lugar.
[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="Ironicamente, Barrichello, o mais experiente piloto do grid, larga em posição pior do que a do companheiro de equipe estreante"]
[/caption]
A McLata volta a ser McLaren
A McLaren assustou os fãs com a pré-temporada repleta de problemas técnicos e indícios de pouca confiabilidade no MP4/26, além da aparente falta de velocidade demonstrada pelo novo carro nos testes de inverno. Mas em Melbourne o que era calhambeque voltou a andar como Cadilac e o time parece ter feito um ótimo proveito dos 15 dias a mais de preparação que o adiamento do GP do Bahrein proporcionou. Há quem fale em blefe, mas nem faria sentido uma equipe andar tão mal só para fazer cena numa era de testes tão raros. O concreto mesmo é que Hamilton e Button têm nas mãos um carro para tumultuar a briga pelos primeiros lugares, briga que segundo os prognósticos da pré-temporada seria polarizada entre Red Bull e Ferrari.
Ferrari sem ritmo e Vettel sobrando
A pré-temporada indicou que a grande briga nesse início de ano seria entre Red Bull e Ferrari, nessa ordem. Mas, num paralelo quase perfeito em relação a 2010, o pretenso favoritismo da equipe italiana se desfez ao fim do primeiro treino classificatório. Sem falar nos sustos vividos por Felipe Massa. O brasileiro da Ferrari só garantiu lugar no Q2 no último instante da primeira parte do treino, quando já estava em 18º. Depois, já no Q3 rodou de forma estranha ao sair dos boxes, em baixa velocidade.
[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="A Ferrari decepcionou e Massa larga apenas em oitavo"]
[/caption]
Em nenhum momento do treino a Ferrari esteve próxima da Red Bull. Na verdade, ninguém esteve próximo de Vettel, mas a McLaren tanto trouxe mais incômodo aos austríacos que Hamilton se colocou entre Vettel e Webber. A primeira Ferrari só aparece na quinta posição com Alonso, enquanto Massa, seis décimos mais lento do que o espanhol, larga do oitavo lugar no domingo. Faltou ritmo de classificação ao carro italiano em Melbourne.
Ritmo de classificação é o que não falta para a Red Bull desde 2010. Pole position já pode ser incorporado como sobrenome dos carros projetados por Adrian Newey, sobretudo porque a equação Newey + Vettel quase sempre é igual a show. Foi isso que o que ficou demonstrado na classificação do GP da Austrália. Vettel pulverizou o antigo recorde da pista, que datava de 2004, quando os carros corriam sem restrições aerodinâmicas e com motor V10 também sem limitação de potência. A antiga marca, de 1min24seg125 pertencia a Michael Schumacher e foi baixada em quase seis décimos: 1min23seg529.
O adversário mais próximo do alemãozinho é Hamilton, que ficou a intermináveis sete décimos da pole. Todo o restante do grid, inclusive o companheiro de Vettel, Mark Webber, ficou pelo menos um segundo acima do tempo da pole. Uma volta arrasadora que abre a perspectiva de que McLaren e Ferrari terão de trabalhar muito para alcançar a velocidade do time que já tinha o melhor carro do grid em 2010.
Segundo o Weather Channel, não há previsão de chuva para Melbourne no horário do GP da Austrália. A largada para as 58 voltas da corrida acontecerá às 3 da manhã de domingo pelo horário de Brasília. A partir da meia noite a Rádio Onboard apresenta seu programa pré-race, ao vivo.
Grid de largada para o Grande Prêmio da Austrália: