FELIPE MACIEL
A chuva não é um personagem muito comum nos GPs da Malásia. Mas no ano passado Bernie Ecclestone resolveu correr o risco de dar a largada mais tardiamente, numa displicente provocação a São Pedro, que sempre ataca no final da tarde nessa época do ano.
Nós tivemos em 2009 uma meia corrida em pista seca que foi de tirar o fôlego. Sim, no seco a Fórmula 1 fez um show, que ironicamente teve de ser interrompido pela chuva.
A perda de luz natural causou o encerramento do GP, mas o fator gerador da paralisação da corrida na verdade foi a própria chuva. Uma tempestade desceu com toda força, tornando as condições inguiáveis para qualquer piloto.
Ou seja, chuva na Malásia tem potencial de sobra para congelar a prova, ao invés de colaborar com o espetáculo. Se vai haver relargada depois ou não, é outra história.
E nessa história entra a pequena minimização do risco tomado pelos dirigentes, que determinaram o começo da prova 1h antes em relação à última temporada, quando a etapa iniciada às 15h locais foi interrompida na 31ª das 56 voltas.
Em 2010, as luzes vermelhas se apagam às 16h em Sepang. E a meteorologia já espera água. Resta-nos torcer para que não seja outro dilúvio. A F-1 se submete ao risco de repetir o vexame graças à atuação financeira da FOM, que visa um lucro forçado abrindo mão do horário ideal e pondo em jogo o andamento da prova.
A pista de Kuala Lumpur não é tida como um local especial para ultrapassagens, mas tem a brilhante capacidade de alternar corridas monótonas com grandes lances, como esse ocorrido em 2008, numa disputa de 3.
O velho circuito do Tilke apresenta largura até exagerada para colaborar com as disputas. Retas principal e oposta bem longas, trajetória de curvas suavemente arredondadas, desenhadas numa época em que não lhe exigiam tantos cotovelos. Eu diria que o irmão mais novo de Sepang é Xangai; são traçados que possuem certas semelhanças mas você nunca sabe se deve esperar um belo GP ou uma madrugada sonolenta.
Algo me faz estar otimista para a 12ª edição do Grande Prêmio da Malásia. Não sei se motivado pela corrida da Austrália ou por esta previsão de chuva - afinal, um possível banho bem dosado na pista não nos deixaria motivos para reclamar...