FÁBIO ANDRADE
As páginas e as notícias quentes (ou requentadas) dos dias de hoje referem-se à Lotus apenas para falar sobre a peleja que envolve o direito de usar esse nome clássico da Fórmula-1 na próxima temporada. A história de um dos times mais famosos da história do automobilismo se resume hoje, nas seções hard news da imprensa, a uma briga jurídica difícil de entender e que não traz absolutamente nada de aproveitável para o espectador além de uma confusão que parece não ter fim.
Há 30 anos, porém, falar de Lotus era quase sempre sinônimo de algo com caráter positivo. O fundador do time, o mítico Colin Chapman, foi talvez o maior gênio que a F-1 teve do lado de fora dos cockpits. Revolucionou o modo de projetar carros na categoria como nenhum outro projetista foi capaz de fazer e pôde contemplar o auge da história de sua equipe. Chapman morreu em 1982, antes de ver o ocaso da Lotus. Na verdade, Chapman nem chegou a ver a lenta agonia de um dos maiores times de F-1 de todos os tempos.
Detroit 1987
O GP dos Estados Unidos de 1987 marcou a última vitória da Lotus na F-1. O carro já não ostentava o lendário preto e dourado John Player Special de outros tempos e sim o monocromático amarelão dos cigarros Camel. Sem a pintura clássica se foi parte do encanto da Lotus.
Desde o último título de pilotos conquistado em 1978 a Lotus vivia uma seca que em 1987 completava nove anos. Como parte da tentativa de permanecer como um time de respeito, desde 1985 a Lotus apostava no ainda coadjuvante Ayrton Senna. Até aquele GP dos EUA o brasileiro havia dado cinco vitórias ao time. Junto com um triunfo de Elio de Angelis no GP de San Marino de 1985, a equipe havia tido, até então, seis vitórias em dois anos. Foi bem mais do que a única vitória da Lotus no período negro entre 1979 e 1984, quando o mesmo de Angelis venceu o GP da Áustria de 1982. Apesar da falta de constância e da clara desvantagem em relação às equipes dominantes da época (Williams e McLaren), a Lotus dava sinais de ser um time em reconstrução.
Só que a vitória de Senna em Detroit em 1987 foi a última do time. A pista americana, montada nas ruas da cidade que ostentava orgulhosamente o título de capital do automóvel, era super travada e detestada pelos pilotos. Senna já vencido por lá em 1986 pela própria Lotus e venceria novamente em 1988 já pela McLaren.
O vídeo abaixo registra a corrida, a última vitória da Lotus na Fórmula-1:
Depois disso, entretanto, o mergulho da Lotus rumo ao desaparecimento foi fatal. Ao final do ano Senna transferiu-se para a McLaren e nem mesmo a chegada de um tricampeão como Nelson Piquet foi capaz de reverter o quadro. Daí em diante a Lotus agonizou e finalmente desapareceu, em 1994. Agora o nome do time reaparece nessa briga jurídica em que nenhuma das partes, ao olhar desse blogueiro, tem o direito de se apresentar como herdeira de um dos maiores legados do esporte a motor em todos os tempos.
2 comentários:
Eu pouco me lembrava desta corrida, mas o curioso é saber que depois que a F1 parou de correr em Detroit, a cidade meio que caiu em decadência... Coincidência eu sei, mas...
[...] This post was mentioned on Twitter by Fórmula 1 Brasil, La Cancha Sports Bar and Charles Tuma , João Henrique. João Henrique said: RT @f1brasil: Memória da Fórmula 1: Lotus e o GP dos Estados Unidos de 1987 http://migre.me/2Zf5q #f1 [...]
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