quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O coerente ponto de vista da Lotus Cars



FELIPE MACIEL



As últimas declarações de Gerard Lopez e Eric Boullier esclareceram as reais intenções do Grupo Lotus ao buscar participação na Fórmula 1 - de forma muito mais sincera que Tony Fernandes.

Primeiro as considerações de Lopez, diretor do Grupo Genii Capital, expondo a inexistência de relação da clássica escuderia da F-1 com a estratégica entrada da montadora Lotus na categoria e 2011.
Nós discutimos com a Proton e a Lotus um número de projetos fora da F-1, e nós temos feito isso por um ano e meio. Para o Grupo Lotus faz muito sentido. O resultado disso, até onde sabemos, não acho que nós e o Grupo o Lotus podemos reivindicar como extensão ou continuidade da equipe do Sr. Chapman.

Acho que a reinvindicação feita pelo Grupo Lotus é bem simples, que é um time de corrida com a marca Lotus ligado ao Grupo Lotus, que fabrica carros de rua. E é isso. Não tem nada a ver com a equipe Lotus do passado, que não é o caso da 1Malaysia Racing [empresa de Tony Fernandes]. E é ai que existe a confusão, nem o Grupo, nem nós, nem eles podem realmente reivindicar aquilo.

Gerard Lopez



Ele deixa claro que o investimento nas diversas modalidades automobilísticas é uma questão iniciativa do grupo que almeja vender seus carros de rua, sem qualquer ar pretensioso de se exaltar como o resgate da história da finada equipe consagrada pelos títulos, carros e grandes pilotos de Colin Chapman.

E quem finalmente resolveu se manifestar é o chefe da Renault Eric Boullier, tocando na ferida de Fernandes.
Existem muitas pessoas envolvidas nesta discussão. A única coisa que eu sei é que a Proton decidiu investir e ser patrocinadora do nosso time. Isso nos faz ser o representante oficial da Lotus. Você pode tentar ser chamado de Team Lotus, mas, no final, existe apenas um time com o apoio da Proton, que, portanto, representa a Lotus Cars.

Se eu posso encontrar alguém na Inglaterra que se chama Richard Ferrari, eu posso comprar os direitos de usar o nome dele, essa é uma situação estúpida. É muito ruim para os fãs, pois [o time de Fernandes] é falso. Falar para os fãs sobre a herança da Lotus é errado. Se você se chama Lotus e você fabrica carros, então este é o único nome oficial. É isso.

Eric Boullier



Este é o argumento mais incisivo de toda esta celeuma.

Seria um grande favor à F-1 se não houvesse mais Lotus alguma no grid, mas se eu pudesse escolher indicaria a Lotus Renault como a vencedora desta birra interminável. A postura de Tony Fernandes diante da equipe é um triste incômodo. Um homem que quis lançar uma escuderia e, em vez de se dar ao trabalho de escolher o próprio nome, foi buscar o direito de usar algo com o qual não mantinha a menor relação.

Como levar a sério um homem que chega na primeira temporada dizendo sonhar com a 80ª vitória do time. Na nona corrida disputada, manda estampar um emblema de GP500 na carenagem do carro. Quanta cara-de-pau...



Em nada me agrada esse sujeito invocar o passado da Lotus para promover a própria equipe que nada tem em comum com a verdadeira Lotus, a não ser um nome comprado. Seria o mesmo que o Paulo Maluf comprar o nome Tyrrell e lançar uma equipe de Fórmula 1 posando de campeão do mundo. Ora, amigo, a história não se compra! A história não pode ser posta à venda!

É uma boa hora para cortar as asinhas do Tony Fernandes antes que essa sua esperteza vire moda; e espaço para novas equipes no grid é o que não falta.



A Lotus Cars ao menos é sincera e reconhece seu lugar. A Lotus Cars é a Lotus Cars; não é uma fraude. Ela pode usar o nome Lotus porque sempre se chamou Lotus, desde que Colin Chapman a criou.

Se o Fernandes quer manter uma escuderia, seria de bom grado se não se aproveitasse da história gloriosa de quem trabalhou para ser grande na F-1, e fosse capaz de determinar um nome próprio para sua equipe.

Existe nítida diferença entre o que é legal e o que é justo. Tony tem o direito legal de usar o Team Lotus, mas como nessa história alguém vai sair ganhando e outro alguém irá perder, prefiro torcer pelo que considero mais justo: o lado menos pior do confronto reside na honestidade da Lotus Cars ao querer apenas fazer publicidade de seus carros com o único nome que ela possui.

3 comentários:

marcos disse...

bem isso pr amim não faz diferença, ma spelo visot, acho que teremos lotus renault e one malasya... Mas podia ser pior, já pensou duas Ferraris? Seria um pesadelo!

Voaridase disse...

O problema é que a questão não se resume a isso: Bahar está a tentar ganhar o acesso ao nome "Team Lotus", e se já repararam nas fotos da fábrica do "Group Lotus" aparecem carros de F1 da JPS, entre outros.

A "Group Lotus" acredita ter sido responsável pelo sucesso da equipa de F1 dos anos 70 e 80, quando na realidade era uma entidade totalmente diferente.

Renato Breder disse...

Curiosas declarações...

É sabido que havia a 'Lotus Cars' e a 'Lotus Racing' (se não me engano nos nomes...). A primeira, comprada pela malaia Proton, nunca esteve envolvida em competições automibilísticas. Agora quer entrar na F1. A segunda é a responsável pela existência do glorioso Team Lotus de Colin Chapman. A Lotus Cars, até onde sei, não tinha/tem o direito ao uso do nome TEAM LOTUS, que era 'propriedade' de David Hunt. Mas, temos que reconhecer, a Lotus Cars é de fato Lotus.

Agora, o pessoal da Lotus Cars querer passar a impressão que não desejam reinvindicar o legado do Team Lotus, ou serem ligados à sua história, é balela: basta ver o layout proposto para o carro da temporada de 2011, o preto-e-dourado usado pelo legítimo Team Lotus nos anos 70 e 80...

Quanto à equipe de Tony Fernandes (dando uma de Galvão Bueno, "a equipe do..."), sempre soubemos que era um time inteiramente novo - mérito deles, por isso! - que adquiriu o direito de se auto-denominar LOTUS. Até onde sabemos, tudo isso às vistas do Grupo Lotus e com sua permissão, ou pelo menos sem a sua intervenção... Antes podia e agora não? A exposição da Lotus na temporada de 2010 foi muito boa, chamou a atenção da cúpula do Grupo Lotus... Muito esquisita essa história... a famosa guerra de egos também está por trás disso...

Me simpatizei com a 1Malaysia (a Lotus de 2010)... só não consigo me simpatizar com esse nome!!

um abraço.