FÁBIO ANDRADE
Há exatos seis anos, num 5 de março, também num sábado, a primeira atividade oficial da temporada de 2005 tinha início em Melbourne. Eram os treinos livres para o GP da Austrália, em Albert Park. Os treinos classificatórios vinham em novo formato, com a posição de largada sendo decidida depois de duas voltas rápidas cujos tempos seriam somados. A bizarrice em questão era parte do pacote de mudanças de uma Fórmula-1 que queria ver se conseguia, enfim, trazer alguma surpresa ao fim da corrida, algo diferente de uma dobradinha da Ferrari comandada por Michael Schumacher.
A outra novidade de 2005 eram os pneus. Estavam proibidas as trocas durante as corridas. Esse pacotão de novidades, junto às mudanças que a F-1 já havia implantado em 2003, eram tentativas de oxigenar a competição e de introduzir uma maior imprevisibilidade às corridas. O alvo lógico de tudo isso era o conjunto imbatível da Ferrari, que, não por acaso, aplicou sovas históricas na concorrência nos anos anteriores às mudanças de regulamento.
Em 2003 a coisa quase deu certo. A Ferrari não veio com um carrão invencível e McLaren e Williams embolaram a briga. Na última corrida, em Suzuka, Kimi Raikkonen chegou com condições de desbancar o então pentacampeão Schumi, mas a condução sólida e a vitória de Rubens Barrichello garantiram o título mais apertado de Schumacher em seus anos de glória em Maranello.
No treino classificatório para o GP da Austrália de 2005 a nova regra para a classificação somada à chuva que caiu sobre Albert Park gerou um grid de largada, no mínimo, estranho. Giancarlo Fisichella sagrou-se pole, apenas pela segunda vez numa carreira que já tinha nove anos na F-1. Na primeira fila, ao lado de Fisichella, estava o outro italiano, Jarno Trulli, com a improvável Toyota. A seguir vinham Mark Webber com a Williams, Jacques Villeneuve com a Sauber e David Coulthard com a novata Red Bull. A primeira Ferrari só aparecia na sexta fila, e com Rubens Barrichello, na 11ª posição. Schumacher completou apenas uma das duas voltas rápidas a que tinha direito e largou no 18º lugar.
Nas 57 voltas da corrida no domingo, Fisichella foi soberano. Perdeu a ponta apenas quando precisou fazer seu pit stop para reabastecer o R25. Venceu com autoridade fazendo com que, por pouco tempo, desse para acreditar que a Itália finalmente deixaria de ter pilotos atuando apenas como coadjuvantes. Infelizmente para o Físico, a vitória em Melbourne foi uma chuva de verão. Nas três corridas seguintes, (Malásia, Bahrein e Ímola) o italiano seria vítima de três abandonos. Afastado da liderança do mundial, restou a Fisichella o papel de escudeiro de Fernando Alonso na briga pelo título.
Mas a corrida ainda teve mais. O próprio Alonso foi um dos destaques. Depois de partir da 13ª posição, o espanhol cruzou a linha de chegada num excelente terceiro lugar, atrás de Rubens Barrichello. Também em grande forma, o brasileiro completou a corrida em segundo.
Já Schumacher parou na 42ª volta. Ao tentar negociar uma ultrapassagem com Nick Heidfeld, o alemão da Ferrari exagerou. Em perseguição ao alemão da Williams, Schumacher tirou Heidfeld do traçado e o obrigou a pisar fora do traçado. Ao sair da pista, Heidfeld ficou com a direção comprometida e acertou o F-2005 do heptacampeão. O abandono de ambos foi um presságio tanto para a Williams como para a Ferrari. Para os italianos, foi indício do ano complicado que viria. Para os ingleses, selou um longo período de espera por vitórias. Desde o triunfo na última corrida de 2004 - com Juan Pablo Montoya no GP do Brasil - a Williams não vence mais na Fórmula-1.
1 comentários:
Corridas na Austrália sempre são maravilhosas. E esta não foge a regra.
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