segunda-feira, 28 de março de 2011

Os lados bons e os lados ruins



ANDERSON NASCIMENTO


O GP da Austrália de Fórmula 1 marcou a estreia do campeonato de 2011 e deixou várias impressões sobre como será o restante da temporada. Impressões ruins e impressões boas, essas não foram muitas, infelizmente.

Para começar, vimos um Sebastian Vettel dominante no sábado e no domingo. Sem cometer erros e com um carro fenomenal nas mãos não poderia ter saído da Austrália com a sua terceira vitória consecutiva na categoria. Saber que Vettel pode ser um dos melhores pilotos da história da F-1 é uma ótima notícia, porém, não é nada animador ver que seu talento pode tirar a competitividade pelo título neste ano. Se a Webber não acordar, a Ferrari não arrumar seu carro e a McLaren não crescer ainda mais, Vettel levará o bi com uma mão nas costas e plantando bananeira.

A Ferrari foi uma das impressões ruins deste fim de semana. O carro é mediano, no mínimo. Fernando Alonso só conseguiu chegar em 4º lugar porque é Fernando Alonso. Ele não poderia ter feito melhor do que fez e mesmo que estivesse se aproximando de Vitaly Petrov nas voltas finais dificilmente ganharia a posição do piloto russo. O carro vermelho foi uma tremenda decepção.

[caption id="" align="aligncenter" width="530" caption="Vettel venceu com facilidade em Melbourne"]Sebastian Vettel vitória pódio[/caption]

E se o carro batizado em homenagem ao seu país teve desempenho deprimente, imagine tendo a bordo um piloto em fase ruim e de performance apagada. Foi assim no caso de Felipe Massa. Já adiantei, por opinião própria, que Massa não tem o talento nem a capacidade para bater o seu companheiro asturiano, ainda mais com Alonso tendo a equipe toda trabalhando a seu favor. Dizer que o brasileiro pode superar o espanhol é algo de quem é patriota demais. Ontem seu talento só apareceu quando lutou pela posição com Jenson Button, que tinha um carro visivelmente melhor que o seu. Do resto, lembrou muito o piloto que andou em 2010.

Mark Webber foi outra decepção. Terminou a prova, desceu do carro com a cabeça baixa e aparentemente carrancudo. Com o carro que tem nas mãos e pela motivação de correr em casa podia ter chegado no pódio com facilidade. Mas Webber é experiente e a etapa australiana pode ter sido apenas m deslize para alguém que promete brigar pelo título.

Pelo lado ruim ainda temos a asa traseira móvel. Ainda está cedo para dizer se realmente este aparato irá trazer os resultados esperados, mas a etapa australiana mostrou que ele serviu muito mais para deixar a corrida artificial do que mais emocionante. Ela não facilitou tanto as ultrapassagens e seria dispensável na corrida de ontem. Vamos ver se na Malásia, onde a reta em que ela poderá ser usada é mais longa.

Mas, o GP da Austrália reservou quatro boas surpresas. A maior dela, na minha opinião, foi o desempenho maravilhoso de Vitaly Petrov. Para quem acompanhou o primeiro ano dele na Fórmula 1 se espantou com o que o russo conseguiu fazer ontem. Conduziu sua Renault como se fosse um piloto veterano na categoria sem cometer erros que influenciassem seu desempenho e por diversas vezes correndo na mesma batida do campeão Lewis Hamilton. Um terceiro lugar muito especial para Petrov e seu país.

[caption id="" align="aligncenter" width="535" caption="Petrov conseguiu o primeiro pódio seu e da Rússia na F-1"]Vitaly Petrov[/caption]

Uma boa outra surpresa foi a Williams. “Mas, perai?!”, talvez você se espante. “A Williams nem terminou a prova!”. Bem, é verdade. Mas o tempo que Rubens Barrichello permaneceu na pista sem errar nos deu uma bela perspectiva da Williams para o restante do ano. Depois que o piloto brasileiro se recuperou do incidente na primeira curva que o colocou na brita, o FW33 lhe deu a possibilidade de andar mais rápido do que todos os que estavam na sua frente. Ele poderia, quem sabe, com uma boa estratégia ter chegado na 5ª ou 6ª posição. Pastor Maldonado também estava indo bem até ser traído pelo carro. Se os ingleses conseguirem resolver o problema de confiabilidade do bólido, não tenho dúvida de que esse poderá ser a melhor temporada dos últimos anos da Williams.

As duas boas surpresas restantes foram a McLaren e a Sauber. A primeira conseguiu se recuperar de uma pré-temporada muito ruim, ainda que acredite que muitas críticas foram exageradas neste período. Lewis Hamilton terminou em segundo em uma corrida consistente. Jenson Button, mesmo punido, terminou na 6ª posição. Os ingleses são os mais próximos de bater a Red Bull de Sebastian Vettel. Já a Sauber colocou o estreante Sergio Perez e o japonês Kamui Kobayashi na zona de pontuação. Infelizmente os dois foram desclassificados, pois o carro infringiu o regulamento técnico da FIA. Mas, o que se deu para ver é que o C30 é um modelo acertadinho e que consome bem pouco pneu comparado aos demais carros do grid.

Corrida chata e a F-1 não promete ser muito diferente de 2010. As novidades pareceram ser furadas e todo o empenho em busca de mais competitividade pode ter efeito inverso com só um piloto, de azul e vermelho, correndo na frente.

6 comentários:

Ron Groo disse...

Discordo. Acorrida não foi chata e se o campeonato for como foi em 2010 estamos no lucro.

Marcelonso disse...

Anderson,

Foi uma corrida morna, algumas brigas do meio para trás, mas na frente neca!

Red Bull sobrando, sem KERS, e ainda por cima dizendo que andou para o gasto! Será?

Webber reclamou do carro, investigam o chassi. O carro "comia pneu como se fosse uma Ferrari..."

Massa é bom piloto é verdade, mas que nem ele tem uns trezentos e trinta e dois. Não tira da manga, e nem vai tirar. A pachecada que me desculpe, mas podem esquecer, a chance dele foi em 2008.

Ferrari fez trocentos e tantos milhões de metros em testes, o carro está preparado, está assim, está assado dizia a equipe.
Chegando na corrida foi o modelo que mais consumiu pneus, putz! Quem era o engenheiro que estudava os dados o Almir?

Para finalizar, penso diferente do Groo. Se o campeonato for assim já era...

abs

Renato Breder disse...

Anderson,

também discordo em alguns pontos. Não achei a corrida chata. Foi uma boa corrida.

Não consigo (honestamente) entender essa busca maluco-obssessiva por ultrapassagens na F1. Claro que deve haver ultrapassagens, não sou louco! Mas nem nos tempos de Caracciola, Nuvolari, Varzi ou Fangio, Moss, Hawthorn ou Graham Hill, Stewart, Jack Brabham, etc, etc havia ultrapasagens ocorrendo a todo instante! Isso - ultrapassagens a todo instante - me parece mais uma característica de automobilismo estadunidense, principalmente NASCAR e IRL... ainda mais nas corridas em ovais!!! Se nessas corridas não ocorrerem ultrapassagens (muitas!!!), aí sim você pode afirmar com todas as letras em maiúsculos que a corrida terá sido CHATA! Faça um paralelo com o futebol (odeio esse tipo de coisa, mas...): imagine um jogo de Copa do Mundo terminando com um placar de 52 a 46, por exemplo... deve ser uma gigantesca porcaria de partida de futebol com um placar desses, não é verdade? Às vezes, há 0x0 melhores que partidas com muitos gols!

O que 'Tio' Bernie parece querer é que a F1 seja um "ESPETÁCULO' de ultrapassagens - mesmo que artificiais: KERS, DRS, pneus que se deterioram rápida e bruscamente, chuva artificial, etc - abrindo mão da qualidade de tal espetáculo... ele está ERRADO!!!

Se um carro é muito superior aos outros, ele deve vencer as corridas de ponta a ponta: mérito para a equipe (pilotos, engenheiros, mecânicos). Se o carro for ruim, que tente melhorar. E há uma "estratificação tecnológica" na F1, quase imutável... não é imutável, mas leva tempo para as mudanças (vide a própria Red Bull). Em 1988 e 1989, pra citar apenas 2 anos, a McLaren de Senna e Prost dominou tudo: treinos qualificatórios, GPs, etc... e não vejo ninguém dizer que aquilo era uma porcaria... muito pelo contrário... talvez porque havia um brasileiro envolvido: Senna...

Enfim, eu particularmente gosto da F1, nunca torci, não torço e nunca torcerei por qualquer equipe ou piloto, mas continuarei gostando da F1... às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos...

Putz, meu comentário ficou gigante, desculpe...

Aliás, gostei do campeonato de 2010, e se o desse ano for parecido será bom... e a Mercedes também foi uma decepção no GP da Austrália, pelo menos pelo que andaram falando de si mesmos...

um abraço.

William disse...

A corrida foi boa. Ferrari decepcionou, Red Bull prevaleceu, Mclaren andou dentro das expectativa e Rubinho, enquanto esteve na pista, mostrou bom trabalho

marcos disse...

pro nivel de Albert Park foi chata, mas no nivel geral da F1 foi boa. Mas poderia ser melhor. mas tudo bem quem sabe Na Malásia os pneus duram menos e a sasa movel é mais eficaz...

rubinho disse...

Massa não estará nunca na lista dos 20 maiores pilotos da história.
Ele sabe disso. Precisa ser forte para se manter na categoria no próximo ano.
Uma forma de fazer isso é bater o companheiro de equipe.
F1 tem duas competições distintas para este tipo de piloto.
A mais importante é a comparação com outro piloto com o mesmo equipamento.
Já tinha ficado pra trás na largada.
Teve a oportunidade de equiparar na corrida.
Se tivesse deixado o Button ultrapassá-lo logo, manteria uma boa diferença para Alonso e pouparia equipamento para mantê-lo longe.
Quando perdeu a posição não teve carro para segurar Alonso. Este sim, poupou equipamento para a disputa com Massa e o restante da corrida.
Depois, acho que pensou na bobagem que cometeu e se desmotivou.
Oportunidades como a que ele teve não devem se repetir com frequencia durante o ano.
Naquela hora, com um carro inferior, a disputa era com Alonso e não com Button.
Alonso não faria o que ele fez.