quarta-feira, 27 de abril de 2011
As alterações na pista de Abu Dhabi
O traçado do circuito de Abu Dhabi não é dos melhores para a realização de ultrapassagens. A dificuldade é tanta que mesmo a motivação de se tornar campeão da Fórmula 1 ao fazê-la, somadas ao carro da frente ser bem mais lento e guiado por um piloto novato, enquanto que atrás está um bicampeão à bordo de uma potente Ferrari, não são suficientes.
Para tentar facilitar essa façanha que é ultrapassar em Abu Dhabi, os organizadores do autódromo resolveram fazer uma série de alterações em algumas curvas do circuito. As curvas 5, 6, 7, 9, 13 e 14 são os alvos das modificações.
Um alargamento das chicanes seria realizado nas curvas 5, 6 e 7, possibilitando assim que os pilotos tenham mais facilidade ao realizar ultrapassagens e mais espaço para tentar alguma manobra sem temer o muro de contenção.
O interessantes está por conta da curva 9 onde uma inclinação reforçada, denominada de ‘banking’, será feita para que os pilotos possam ter mais velocidade e assim se aproveitarem de quem entrar ou especialmente sair dela de maneira mais lenta.
[caption id="" align="aligncenter" width="550" caption="Atente as curvas que estão sendo ateradas"][/caption]
As curvas 13 e 14 tendem a se tornar uma única curva. Isso porque os organizadores e responsáveis pelo autódromo entendem que seja melhor um melhor fluído entre os carros na parte final da pista. As últimas curvas são bem travadas e estreitas o que dificulta muito a realização de trajetórias distintas a fim de conseguir superar o carro que está a frente.
Acredito que essa série de mudanças não trarão benefícios muito grandes para aqueles que buscam ultrapassar. As dificuldades poderão ser amenizadas, mas ainda existirão e muito no autódromo do Oriente. O que deverá mesmo ajudar nas ultrapassagens são a utilização da asa traseira móvel e também o desgaste acentuado dos pneus Pirelli. Quem sabe aí Fernando Alonso consiga superar Vitaly Petrov.
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terça-feira, 26 de abril de 2011
Memória Blog F-1: Ímola e o retrato de uma época
Oito anos é muito tempo? “Depende” é uma resposta relativa para quase toda pergunta, mas no caso da Fórmula-1 dá para dizer que sim, oito anos é muito tempo. Nesse tempo, de 2003 para cá, por exemplo, a categoria marchou para o oriente, excluiu o GP de San Marino do calendário e, com isso, acabou com algumas marcas tradicionais inspiradas pela corrida no Autódromo Enzo e Dino Ferrari. Se há oito anos o fim do mês de abril era tradicionalmente a data da prova em Ímola, hoje os últimos 15 dias do quarto mês do ano não fazem referência a nenhuma corrida específica. E se era Ímola quem sempre abria a “temporada europeia”, hoje esse ofício também já não cabe a uma corrida em particular. No ano passado o primeiro gp europeu foi o da Espanha, nesse ano será o da Turquia, num autódromo que fica do lado asiático de Istambul.
Também algo que não se pode ver mudou com o passar do tempo. O som dos carros. Se em 2003 vivíamos o auge dos motores V10 e seu berro estridente e ensurdecedor, hoje estamos sob a ditadura dos V8 com giros limitados. Foi um processo gradual, mas o som dos F1 mudou bastante. Antes era também no ouvido que se sentia que aqueles eram carros desenvolvidos sem muitas restrições, sejam elas orçamentárias ou de potência. Não por acaso os motores BMW que empurravam as Williams beliscavam os 20 mil giros. Hoje a cavalaria sob a carenagem está domada, e não é coincidência que isso tenha acontecido na mesma época em que os gastos e o desenvolvimento aerodinâmico também estejam meio enjaulados. Os carros já não repetem o grito esgoelado de anos atrás.
Mas um dos aspectos mais interessantes do regulamento vigente na Fórmula-1 em 2003 era a dinâmica das sessões classificatórias. Cada piloto tinha apenas uma volta rápida para tentar a pole position, logo, a tv conseguia acompanhar e construir cada pole, em cada corrida. E o telespectador, salvo se estivesse dormindo no sofá, tinha referências imagéticas e podia VER onde o piloto X ganhava ou perdia tempo. Não era obrigatoriamente uma informação dada pelo sistema de cronometragem como hoje. Hoje o enfoque sobre a classificação mudou graças a volta do sistema tradicional em que vários pilotos vão para a pista ao mesmo tempo, mas parte do problema reside na preferência da transmissão em focar apenas o terço final das voltas dos favoritos à primeira fila na atualidade.
Então, matemos as saudades de Ímola, - por mais que as corridas por lá fossem um tédio com tantas chicanes instaladas - dos motores V10, da volta da pole na íntegra e de Michael Schumacher enquanto rei soberano das pistas com a pole do alemão no GP de San Marino de 2003:
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sábado, 23 de abril de 2011
Os reflexos de um início ruim
ANDERSON NASCIMENTO
O péssimo início de temporada da Williams já ultrapassou os prejuízos esportivos dentro do campeonato da Fórmula 1 e ganhou dificuldades extras como a possível saída de Sam Michael, chefe da equipe, e de problemas financeiros com a queda das ações da equipe na bolsa de valores.
[caption id="" align="aligncenter" width="530" caption="Em 2010 a situação foi promissora, mas o início de 2011 as coisas não andam tão bem assim"][/caption]
A situação como se sabe não é das melhores. Depois de três etapas, a Williams só conseguiu completar uma corrida no último final de semana no GP da China. Este é o pior início de temporada da escuderia inglesa e com certeza isso não iria se refletir somente dentro das pistas. As declarações de Adam Parr à imprensa revelaram que há uma grande insatisfação por parte dos dirigentes. Deu a entender também que Parr não vê mais a chefia de Sam Michael como algo que venha a acrescer ao time, visto que ele já possui uma longa data de trabalho na equipe e uma mudança talvez seja necessária.
O jornal inglês “The Guardian” afirmou que as ações da Williams caíram cerca de 27% em apenas um mês. Algo muito ruim para uma equipe que recentemente apelou para o dinheiro do petróleo venezuelano afim de fechar o orçamento para a temporada.
A crise dentro das pistas tem tido grandes consequências dentro da estrutura da equipe. Até agora o trabalho dos dirigentes vem sendo espetacular em conseguir manter a Williams em um certo progresso, mesmo sem vencer desde a temporada 2004. Isso não é nada promissor para uma escuderia que é uma das mais bem-sucedidas da história da Fórmula 1 e vem perdendo ano após ano prestígio e a “credibilidade” de marcas e empresas que resolvem ingressar na categoria.
Se alguma atitude não for tomada e mudanças mais radicais não forem feitas não é de se esperar que Frank Williams e companhia consigam aguentar as ruins consequências por muito tempo. O final pode ser mais uma daquelas vendas de uma equipe para uma montadora qualquer que resolva despejar muito dinheiro, mas que entre com pouca vontade em manter o espírito das corridas na escuderia.
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quinta-feira, 21 de abril de 2011
Rádio OnBoard - Edição de Xangai
Na companhia dos notáveis amigos Fábio Campos e Ron Groo, falamos do GP da China, onde Sebastian Vettel não conseguiu repetir seu domínio exercido nas corridas anteriores. Outros pilotos que andavam devendo fizeram boas atuações nessa movimentada prova chinesa.
Estaremos de volta dentro de duas semanas, com as expectativas para o início da fase européia do Mundial 2011. Até a próxima!
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Enfim, um GP da China empolgante
ANDERSON NASCIMENTO
O GP da China reservou emoções que não esperávamos. Foi sim a melhor etapa da Fórmula 1 até aqui em 2011, onde vimos muitas ultrapassagens e muita estratégia. Aliás, esses dois foram os principais fatores que decidiram a corrida. Era como se a estratégia fosse utilizada para alcançar o carro a frente e a ultrapassagem, obviamente, para ganhar a posição.
Mark Webber foi o grande piloto da corrida, não que Lewis Hamilton também não tenha sido, mas é que se talvez o australiano tivesse avançado para o Q2 no treino classificatório de sábado, seria ele e não o inglês que acabaria com a hegemonia de Sebastian Vettel. Sair de 18º e terminar em 3º foi muito mais do que acertar na estratégia e triunfar nas brigas por posições. Houve muita motivação ali, e acredito que ela cresceu demais por conta da Red Bull tê-lo usado como cobaia nos treinos livres. Só ele e não Vettel.
Hamilton, depois de tanto criticar sua equipe, pode colher os frutos do trabalho competente e eficiente de seus mecânicos para consertar um carro que apresentou problema instantes antes de alinhar no grid. Um bom desempenho do piloto inglês, mas melhor ainda da equipe prateada, sempre profissional e sempre eficiente o bastante.
[caption id="" align="aligncenter" width="570" caption="Uma corrida animada e cheia de ultrapassagens"][/caption]
Foi bacana também notar que a Mercedes não está tão ruim como no ano passado e ver Nico Rosberg liderando várias voltas durante a corrida e duelando de igual para igual com Red Bull e McLaren me fez acreditar ainda mais na hipótese de que só falta um carro em melhores condições para que Rosberg seja um grande piloto. Michael Schumacher também começa a mostrar que está melhor do que antes, mas é inevitável não compara-lo com a sua época dourada e não sentir ao menos uma ponta de frustração quando ele termina numa oitava colocação.
Jenson Button apareceu como um forte candidato à vitória depois da largada. Ganhou a posição de Vettel sem muita dificuldade e também sustentou a ponta por um bom tempo. No entanto, seu favoritismo começou a se desfazer da mesma maneira como os pneus. Errou nos boxes e perdeu a posição para Vettel. Não foi rápido e nem poupou os compostos suficiente o bastante para conseguir arrancar alguma vantagem. Button esteve diferente ontem, em algumas situações irreconhecível.
Ali entre os brasileiros não há muito o que dizer. Felipe Massa fez uma boa corrida e terminou à frente de Fernando Alonso é verdade. Aliás, essa comparação é uma daquelas insistências em querer colocar Massa em um lugar onde ele não está: acima de Alonso. Sem parcialidade, mas é fato que em nenhum fator importante o brasileiro bate o bicampeão espanhol. Duas corridas significam pouco para começar a dizer que Massa está melhor do que seu companheiro, ou pior, de achar que ele é melhor que o asturiano.
[caption id="" align="aligncenter" width="570" caption="A Red Bull errou na estratégia e Vettel perdeu a chance de vencer novamente"][/caption]
Já Rubens Barrichello conseguiu terminar sua primeira corrida na temporada e enfim poder analisar qual é o real potencial do FW33 e onde é que ele se posiciona em relação aos demais modelos. Terminar em 13º não foi um resultado ruim, mas está muito aquém do que era esperado da Williams neste início de temporada. Muito trabalho precisará ser feito e muitas mudanças deverão acontecer nos carros de Frank Williams.
Para fechar, vale ressaltar o desempenho da Lotus. Não foi nada surpreendente, mas a equipe malaia continua evoluindo e conseguiu neste fim de semana colocar Heikki Kovalainen na 16ª colocação, a frente de Pastor Maldonado e Sergio Perez, por exemplo.
Agora é aguardar longos dias até o GP da Turquia, onde é esperado uma Ferrari mais forte por conta das mudanças que deverão ser implementadas no bólido e uma Red Bull que tenha enfim um KERS sem problemas para colocar a serviço de seus pilotos.
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domingo, 17 de abril de 2011
A vitória quase como punição
FÁBIO ANDRADE
Na China, o vencedor não foi exatamente aquele que errou menos, afinal, Lewis Hamilton não fez uma corrida absolutamente impecável. Tanto é assim que o britânico perdeu posições para Sebastian Vettel e Felipe Massa depois da primeira rodada de pit stops. Vettel quase foi o mesmo deus virtuoso que fora em Melbourne e Sepang, exceto pela largada ruim e pelo KERS ainda vacilante da Red Bull. Aliás, no caso do alemãozinho, dá para dizer que ele foi tão perfeito em Xangai como nas duas outras corridas. O diferente no GP da China foram as estratégias. Nem todo mundo partiu com a mesma tática para as 56 voltas da corrida, e com ritmos de corrida muito próximos, a imprevisibilidade foi a marca da terceira etapa do mundial de 2011.
A maioria dos carros de ponta partiu para três paradas. Vettel, Massa e Alonso - este último apagadíssimo durante toda a corrida - optaram por visitar os boxes duas vezes. A estratégia de Vettel e Massa deu certo, eles eram os líderes ao final de todas as janelas de pit stops. O que tornou o fim da prova imprevisível foi o comportamento dos pneus. E foi para isso que eles se tornaram mais voláteis em 2011.
O comportamento da borracha, que, na visão desse escriba, gerou corridas “artificiais” na Austrália e na Malásia, dessa vez fez do GP da China a prova mais interessante sob piso seco em muito tempo. Talvez porque muitas posições foram decididas em brigas diretas na pista e não nos boxes. Mesmo com ultrapassagens “concretizadas” no pit lane, ficou claro o que acontecia, e isso facilitou muito o entendimento da corrida, como eu defendi em diálogo com o @marciokohara no Twitter. Não foi como na Austrália, em que pilotos sumiam e surgiam em posições diferentes repentinamente, complicando o entendimento da corrida.
[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Em Xangai várias brigas na pista facilitaram a compreensão da corrida"][/caption]
Jogo de erros
A corrida não necessariamente precisa ser contada tendo em vista os erros e acertos de pilotos e equipes, porque o GP da China foi mais do que isso. Mas chama a atenção, por exemplo, o caso da Red Bull e de Sebastian Vettel. O líder do campeonato teria vida mais fácil se largasse bem, mantivesse a ponta, abrisse distância e pudesse administrar o consumo dos pneus no fim da prova. Se as coisas acontecessem dessa forma, Vettel teria vencido fácil o GP da China, mas o KERS começou a fazer falta no RB7 e é incrível que uma equipe com a grife Adrian Newey de qualidade ainda sofra tanto com um dispositivo já dominado por todas as concorrentes. E mesmo que tivesse largado com o dispositivo e mantido a ponta, Vettel não teria a vida mansa das duas primeiras provas, pois o RB7 não apresentou um ritmo forte o suficiente para abrir grande vantagem sobre as McLaren.
A McLaren também vacilou, sobretudo na primeira ronda de pit stops. Button se atrapalhou e quase estacionou o MP4/26 na vaga errada, a da Red Bull. Perdeu a posição para Vettel, que ganhou, graças ao melhor trabalho de pits, o lugar de Hamilton. Não fosse o novo comportamento dos pneus, que deixaram Vettel com menos rendimento no final, a McLaren pagaria caro pelos erros. Se ainda estivéssemos na Era Bridgestone, Vettel teria relativa tranquilidade para administrar a vantagem de cinco segundos no fim da corrida.
[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="As duas McLaren largaram bem, mas o GP da China ainda teria muitos líderes"][/caption]
Para dar a dimensão da imprevisibilidade da corrida, pelo menos meia dúzia de pilotos liderou ao menos uma volta da prova: Vettel, Button, Hamilton, Rosberg, Massa e Alonso, só entre os que eu consegui lembrar. Para dois desses que lideraram em Xangai e para Mark Webber, o GP da China teve um significado pessoal e extremamente particular.
Para Webber foi a redenção depois da péssima classificação de ontem. E o australiano, que foi cornetado por mim e chamado pejorativamente de “barrichello”, redimiu-se em grande estilo: largando do 18º oitavo lugar - como Barrichello em sua primeira vitória em 2000 - apresentou um ritmo de corrida fortíssimo, para chegar ao pódio.
Felipe Massa fez em Xangai sua melhor apresentação desde 25 de julho de 2010. Dentro das limitações do carro da Ferrari, o brasileiro fazia uma ótima corrida, com um bom segundo lugar até pouco depois da volta 40. Uma pena que seus pneus não tenham resistido e ele tenha cruzado a meta apenas uma posição a frente de Alonso. Sem querer bancar o Galvão Bueno, mas na China, Massa esteve muito melhor do que o fodão das Astúrias.
E Hamilton, enfim, tirou de Vettel a exclusividade nas vitórias em 2011, justamente depois de o britânico ter polemizado sobre o jejum de vitórias na McLaren. O triunfo, nesse caso, veio como um cala-boca, quase uma punição divina da equipe-mãe, que criou o garoto para o sucesso. Foi como se mamãe chegasse pacientemente para o filhinho afoito e ansioso e dissesse aquele “ta vendo?” que só as mães sabem dizer.
[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Festa da equipe McLaren pela vitória de Hamilton. Time não vencia desde o GP da Bélgica em agosto do ano passado"][/caption]
E o menino Hamilton, de olhos marejados, do alto do pódio, olhou pra baixo e viu sua equipe, sem ressentimentos, sorridente, refeita das palavras duras ditas ainda anteontem, lhe saudando. Deve ter agradecido. Mães menos pacientes lhe dariam umas palmadas.
Grande Prêmio da China, resultado após 56 voltas:
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sábado, 16 de abril de 2011
Ausência de KERS no RB7 é a única chance da McLaren em Xangai
FÁBIO ANDRADE
Ninguém viu a pole de Sebastian Vettel em Xangai, afinal, de uns tempos pra cá, a transmissão televisiva se desdobra e se esmera em tentar mostrar apenas o trecho final de cada volta rápida de cada piloto. Logo, a pole de Vettel não tem uma imagem, não tem uma escorregada, uma travada de pneu, uma abanada, nada que a torne imageticamente memorável. Mas acredite, a pole do alemãozinho hoje foi, como em Melbourne, uma barbada.
[caption id="" align="aligncenter" width="418" caption="A cena mais comum desse início de temporada: Vettel, dedo em riste, fazendo sinal de número um"][/caption]
Vettel fez 1min33s706 ainda na sua primeira tentativa do Q3. Deixou Jenson Button 715 milésimos distante. De forma coincidente ou não, Vettel também humilhou os adversários em Melbourne numa condição de baixa temperatura, como acontece nesse fim de semana no GP da China. Já na Malásia, onde as temperaturas sempre são altas, a diferença entre o alemãozinho e as McLaren foi menor.
Se Vettel segue mitando com três poles em três corridas, Mark Webber também continua com uma escrita, porém, bem mais incômoda: o australiano está, logicamente, perdendo de três a zero para Vettel em classificações e sai da classificação em Xangai com uma desvantagem gritante: larga da 18ª posição, depois de só disputar o Q1. Em entrevista após a sessão classificatória, Webber admitiu que sobrou confiança e faltou velocidade. Se é senso comum dizer que Vettel é o novo Schumacher, já está claro com quem Webber, esse canguru com cada vez mais pinta de segundão, se parece.
Os Outros
A Red Bull corre uma categoria única, a parte, em outra esfera de competitividade, ainda que essa verdade só faça sentido, por enquanto, para Vettel. As outras equipes correm atrás, no sentido amplo da palavra. Nico Rosberg surpreendeu com a Mercedes, colocou-se em quarto e, na invariável rotina, bateu Michael Schumacher por muito. A Ferrari apresentou ligeira melhora, com Fernando Alonso e Felipe Massa dividindo a terceira fila. Mas a McLaren continua sendo a única equipe que parece ter forças para chegar perto da Red Bull. Button e Hamilton, exatamente os perseguidores mais próximos de Vettel na tabela de pontos, largam imediatamente atrás do alemãozinho e podem se aproveitar daquele que pode ser o único ponto fraco do RB7: a ausência do KERS. Se o carro do alemãozinho alinhar para a largada sem o dispositivo, Button e Hamilton terão uma chance rara de poder superar Vettel e tentar a vitória no GP da China.
Caso contrário, será mais um passeio de Vettel, já que o RB7 tem mostrado que, além de rápido, é também um carro confiável.
A largada do GP da China ocorre na madrugada de sábado para domingo, às quatro da manhã, com transmissão ao vivo da Tv Globo. Não há previsão de chuva para as 56 voltas da corrida.
Grid de largada para o Grande Prêmio da China:
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sexta-feira, 15 de abril de 2011
Quase tudo na mesma
ANDERSON NASCIMENTO
A Red Bull, ou melhor, Sebastian Vettel segue soberano, líder e intocável lá na frente. Agora, nem mesmo nos Treinos Livres a turma de trás do alemão consegue bate-lo. Os treinos desta quinta e sexta-feira mostraram que a Red Bull segue forte e bem a frente das adversárias. Há quem diga que a McLaren brigará de igual para igual com os taurinos neste fim de semana, mas vale lembrar que os ingleses ainda procuram equilibrar adequadamente o carro para que Lewis Hamilton ou Jenson Button dificultem a vida de Vettel.
Mark Webber ficou bem perto de alcançar a primeira colocação no primeiro treino, mas ainda assim, ficou 0s6 atrás de seu companheiro. Os dois sobraram e ficaram quase 2 segundos de distância da melhor volta de Hamilton, o terceiro colocado. No segundo Treino Livre, a McLaren permaneceu ali entre os líderes, mas desta vez somente atrás de Vettel e por uma diferença bem pequena.
Button é quem vem me surpreendendo por ter melhorado em performance tanto nos treinos livres quando nos classificatórios. Não existe mais aquela discrepância entre seu desempenho e o de seu companheiro. Aliás, um dos motivos de Button ter deixado precocemente a disputa do título na última temporada foi suas ruins posições de largada etapa após etapa.
Descendo um pouco mais na tabela de tempos vemos uma surpreendente Mercedes, demonstrando alguma melhora com Nico Rosberg. Creio que seja mais o piloto do que o carro, neste caso, mas o 4º lugar bem próximo do tempo de Vettel no segundo treino serve como algum refresco. Michael Schumacher terminou com o 5º melhor tempo.
Ali no meio, no pelotão intermediário vemos as duas Ferraris. Não é possível perceber se estarão mais fortes para a etapa chinesa ou se estarão bem atrás de McLaren e, especialmente, da Red Bull. Novas soluções para os carros estão sendo estudadas pelos engenheiros da equipe, mas não devemos esperar uma melhora espantosa comparando com o GP da Malásia. Foram pouco menos de uma semana e não se dá para melhorar muito um carro neste curto espaço de tempo.
Lá no fundo já deu para perceber que a Marussia Virgin corre o risco de ficar com a última posição no Mundial de Construtores novamente, isso se a Hispania não fechar as portas antes do término do campeonato. Foi até hilária uma das imagens dos boxes da equipe anglo-russa em que um mecânico martelava literalmente o bólido de Timo Glock. Já a Hispania conseguiu um resultado animador com Vitantonio Liuzzi que foi para a pista, em um certo momento, e fez apenas uma volta cronometrada, mas que foi suficiente para que o italiano superasse Glock.
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quinta-feira, 14 de abril de 2011
Rádio OnBoard - Edição de Sepang
Na companhia do Ron Groo e do Fábio Campos, debatemos os principais tópicos que se destacaram no GP da Malásia, como desgaste de pneus, ultrapassagens, disputas de pista, acidentes e punições.
No final de semana que se avizinha, estaremos ao vivo no link de sempre, comentando o GP da China a partir das 19h do sábado. Até a próxima!
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Ninguém mais confia no canguru?
ANDERSON NASCIMENTO
Realmente, pelo que vimos nos dois primeiros GPs do ano, Mark Webber está devendo. Devendo em desempenho e talvez devendo também em motivação, visto que era esperado muito mais gana do piloto australiano devido este ser seu último ano de contrato com a Red Bull e, como já dito pelos dirigentes da equipe dos energéticos, só depende dele uma renovação ou uma dispensa e, assim quem sabe, uma aposentadoria.
Recentemente, o cockpit de Webber foi associado ao nome de Lewis Hamilton para a temporada 2012. Tudo não passou de especulação, mas deu para perceber através dela e dos comentários e análises que foram feitas após a notícia de que o “piloto canguru” não é mais tão confiável como aquele das vitórias e da candidatura ao título do ano passado. O rendimento caiu e mesmo que pareça que ele esteja forte, como eu mesmo disse aqui no blog semana passada, o australiano encontra dificuldades em chegar ao menos próximo ao ritmo de Sebastian Vettel, o homem que é usado imediatamente como parâmetro em relação a sua performance.
[caption id="" align="aligncenter" width="565" caption="2011 é o ano decisivo para Webber na Red Bull"][/caption]
Li ontem que aquele mesmo jornal que adora soltar “notícias” especulativas afirmou que a Red Bull estaria interessada em trazer Nico Rosberg para a próxima temporada, afim de substituir Mark Webber. Não sei se realmente vale a pena debater sobre o assunto, pois talvez não se trate de algo sério, mas o que vale a pena ser debatido é a baixa confiança e a insatisfação que os dirigentes da Red Bull podem estar tendo com seu piloto número 2, assim como no caso da especulação envolvendo Hamilton.
Christian Horner, chefe da Red Bull, declarou que apesar de Vettel ter vencido as duas primeiras corridas do ano e despontado como principal concorrente ao título, descartar Mark Webber da disputa não é algo correto a fazer. Mas sabemos que talvez isso signifique muito mais um apoio moral do que realmente confiança de que o australiano possa repetir o feito de 2010.
Ainda é cedo para falar e não quero aqui dar “bola fora” e errar em algum prognóstico, mas que Webber precisará correr de maneira incrível durante o restante da temporada para assegurar sua vaga na equipe das latinhas no próximo ano, isso ele irá ter que fazer mesmo.
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terça-feira, 12 de abril de 2011
Deu no Jornal Nacional
FÁBIO ANDRADE
Reginaldo Leme diz: “a nova Fórmula-1, que não tinha sido tão nova assim na abertura do mundial, agora deu as caras - ...”
Corte para imagem da câmera onboard do carro de Mark Webber, que vai perdendo várias posições antes da primeira curva.
As imagens seguem, e a edição escolhe a colisão entre Alonso e Hamilton, uma fritada de pneus de di Resta e o salto de Petrov para ilustrar a fala de Reginaldo Leme, que continua de onde havia parado:
“... e promete muita ação nas dezessete etapas seguintes.”
As 59 paradas de boxes são citadas, como também o KERS e a asa móvel, agora com imagens que de fato ilustram o texto que é declamado pelo comentarista na reportagem. Não se explica como funcionam essas traquitanas, nem se isso é relevante e muito menos se faz sentido dentro da dinâmica histórica da F-1. Mas ok, ok, é o Jornal Nacional, que possui suas questões de relevância, suas idiossincracias quanto ao tempo de exibição das matérias e a missão de “mostrar aquilo que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo, naquele dia, com isenção, pluraridade, clareza e correção”, como William Bonner repete 3674 vezes em JN - Modo de Fazer. E é lógico que enquanto um desequilibrado entra numa escola atirando em dezenas de crianças a Fórmula-1 não se configure como o prato principal de uma edição do JN.
Mas enfim, não é do JN que quero falar. Ou na verdade é, mas não especificamente dele. É que o começo da matéria guarda um paralelismo importante com o atual momento da categoria máxima do automobilismo. Nos primeiros segundos da matéria levada ao ar na segunda-feira, enquanto Reginaldo Leme fala da nova Fórmula-1, a imagem que acompanha a fala do veterano jornalista é a de um carro perdendo posições. E quando Reginaldo segue dizendo que a temporada promete mais emoção, o que o telespectador vê? 1) uma batida frívola entre dois campeões mundiais que resultou em uma dupla canetada sem sentido por parte dos comissários 2) Paul di Resta travando o dianteiro esquerdo e 3) Petrov saindo da pista e sendo arremessado pra cima por uma irregularidade no gramado que rodeia a pista de Sepang.
Onde está a real emoção nesses três lances?
Eis a cara da temporada de 2011 até aqui, com seus pneus feitos de papel, seu turbinho elétrico e suas asas que se abrem, mas não fazem voar. A impressão é de que nada parece ser o que realmente é. Quer dizer, nada além da incontestável qualidade da dobradinha Red Bull-Vettel até aqui.
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segunda-feira, 11 de abril de 2011
Um novo rumo
ANDERSON NASCIMENTO
Depois de um longo tempo, o Blog F-1 voltou a mudar de cara e mais do que isso mudou sua maneira de apresentar seu conteúdo e assim dar continuação a um projeto que existe desde 2007 e que foi idealizado por Felipe Maciel.
O novo formato visa deixar o Blog F-1 com mais jeito de blog, como um modelo de opinião e não como um site informativo. Foi necessário, devido a nossa disponibilidade de tempo e desejo de tornar os textos mais leves e argumentativos, que as mudanças fossem realizadas e assim o blog pudesse ter mais conteúdo para o leitor, conteúdo esse mais atípico nos sites e blogs pela internet. O novo layout é mais simples e por isso nos permite concentrar ainda mais em seu conteúdo, nos textos e nos assuntos que analisaremos. O nosso caro amigo Felipe Maciel deixará de fazer parte da equipe de editores do Blog F-1 depois de quase 4 anos à frente do blog, desde 2007. Depois de tanto tempo, certamente ele fará falta por aqui.
No entanto, apesar de tantas mudanças existem algumas coisas que permanecerão no blog para exatamente se enquadrar no estilo opinativo e menos “engessado” de seu novo formato. A Rádio OnBoard continuará a fazer parte do conteúdo do blog. Sempre que novas edições forem pintando, ela será postada para que você que sempre acompanhou os programas da rádio por aqui possa continuar com essa mesma rotina. Além disso, os quadros Memória F-1 e Dupla de Equipe também permanecerão, o último agora realizados por mim e pelo amigo Fábio Andrade.
Esperamos que você que sempre esteve por aqui possa continuar a fazer parte deste espaço com opiniões, críticas, sugestões e tudo o que for para ajudar a melhorarmos cada vez mais o Blog F-1.
Esperamos também que consigamos alcançar mais pessoas apaixonadas por Fórmula 1 e que também queiram dividir suas opiniões com a gente através dos comentários e começar a fazer parte dessa nova casa. Enfim, esperamos que vocês gostem e que o Blog F-1 continue a fazer o mesmo sucesso de sempre.
domingo, 10 de abril de 2011
Soberano, Vettel vence na Malásia e amplia vantagem
FÁBIO ANDRADE
A chuva rondou o autódromo de Sepang, ameaçadora, mas apesar da tempestade que as nuvens negras do horizonte sugeriam, o máximo que se viu durante o GP da Malásia foram uns pingos esparsos, insuficientes para mudar a história da corrida. Melhor para Sebastian Vettel, que depois de duas corridas, duas poles e duas vitórias já possui uma vantagem de 24 pontos sobre Jenson Button, o concorrente mais próximo na contagem dos pontos.
Sem a chuva e com o fortíssimo calor equatorial da Malásia os pneus Pirelli finalmente cumpriram a promessa de se consumirem rapidamente. Dos 16 pilotos que completaram a prova, 13 fizeram três paradas ou mais. A grande degradação e os diferentes estágios de conservação dos pneus entre carros próximos propiciaram as brigas por posição, mas o primeiro lugar esteve impavidamente sob controle de Vettel e da Red Bull durante toda a corrida.
Chove não molha
Houve uma época em que os Renaults apavoravam as outras equipes nas largadas. No biênio 2005/2006 esse era um dos grandes trunfos da equipe para terror das adversárias - primeiro a McLaren e no ano seguinte a Ferrari. Os carros do time gaulês tinham o mais eficiente sistema de largada do grid e revertiam posições inconvenientes no grid com as largadas perfeitas, em que papavam várias posições.
Nick Heidfeld e Vitaly Petrov trouxeram de volta essa lembrança na largada de Sepang. Heidfeld ganhou quatro posições na partida, saltando de sexto para segundo. Petrov pulou da oitava para a quinta posição, enquanto as McLaren perderam terreno. Ninguém, no entanto, sofreu tantas perdas de posições como Mark Webber, que despencou do terceiro para o décimo lugar.
Durante o primeiro terço da corrida, com as posições relativamente assentadas, pilotos, equipe e câmeras olhavam para o céu. Como é típico da Malásia, a chuva sempre surge como possibilidade e de fato alguns pingos foram denunciados pelas câmeras onboard dos carros e por conversas de rádio entre pilotos e equipes. Mas o grande temporal de fim de tarde não veio, passou ao largo da pista, e a corrida seguiu rumo ao primeiro round de pit stops.
Com pouco mais de 10 voltas completadas começaram as paradas nos boxes. Como aconteceu na Austrália, praticamente todos os pilotos optam pelos pneus macios na primeira metade da corrida, já que os duros não rendem tão bem e não duram tanto a ponto de serem uma alternativa vantajosa.
As posições se mantiveram praticamente inalteradas, à exceção da demora da Ferrari no pit stop de Felipe Massa. Prejudicado, o brasileiro ainda foi pescar um quinto lugar no final da prova.
Senna e Prost?
Galvão Bueno lembrou da curiosa declaração de Lewis Hamilton semanas atrás, quando o britânico se referiu à sua rivalidade com Fernando Alonso citando a briga entre Ayrton Senna e Alain Prost. De fato, Hamilton e Alonso viveram uma relação acalorada quando dividiram ao meio a equipe McLaren, tal como os dois campeões do passado. Os titãs de hoje se encontraram, mas Alonso não fez jus ao cerebral professor Prost. Na disputa com Hamilton o espanhol calculou mal o espaço e avariou a asa dianteira de sua Ferrari ao tocar com o McLaren do inglês, que teve muita sorte de não ter o pneu furado.
Petrov também fez das suas. Com os pneus desgastados, escapou da pista, passeou na grama e foi catapultado por um salto no terreno. Voltou pra pista pousando desengonçado como um pelicano. O impacto do retorno ao solo fez quebrar a barra de direção do Renault, que felizmente já estava em baixa velocidade próximo da lateral da pista.
Se Petrov não completou a prova, Heidfeld honrou a Renault com o terceiro lugar, o segundo pódio consecutivo do time que parece finalmente ter voltado a acertar o projeto de um carro. Segue a pergunta: o que Kubica estaria fazendo guiando o R31?
Vettel 100%
As duas vitórias em duas corridas e a inconstância dos adversários já fazem de Vettel o homem a ser caçado em 2011. Seus 50 pontos contra os 26 de Button quase configuram a vantagem simbólica de uma vitória. Ainda é cedo para falar em favoritismos plenos, mas o RB7, ainda que sem a margem absurda de superioridade demonstrada em Melbourne, é o grande carro do momento, mesmo continuando a não usar o KERS. A falta do sistema de recuperação de energia cinética pode complicar a vida dos pilotos da Red Bull na hora das ultrapassagens - como ficou claro em vários momentos do GP da Malásia com Mark Webber, que precisou recuperar terreno depois da má largada - mas não parece ser um grande problema quando se larga da frente. É isso que ensinam as duas vitórias de Vettel.
Grande Prêmio da Malásia, resultado após 56 voltas:
sábado, 9 de abril de 2011
Vettel rouba pole de Hamilton na Malásia
FÁBIO ANDRADE
A cada coelho tirado da cartola, Sebastian Vettel se parece mais com Michael Schumacher. Como assim qual Michael Schumacher? Isso não é pergunta que se faça, caro leitor. É lógico que falo aqui do Mega-Schumi, uma espécie de super-herói, um Super Homem vestido de vermelho cuja kryptonita foi uma aposentadoria de três anos. Vettel se parece com esse Schumi. Ok, a analogia já foi feita diversas vezes, mas não falo da semelhança entre os alemães no âmbito da obstinação, do “ser multivitorioso” que Schumacher foi e que Vettel caminha para ser. Falo de uma característica quase esquecida do heptacampeão, um detalhe, é verdade, algo sobre o qual quase ninguém se debruçou: as voltas voadoras no último minuto de classificação, a velocidade precisa e a precisão cirúrgica, a pole roubada quando o adversário já sentia o gostinho doce na boca. “Com o melhor carro é fácil”, dirá o mais incauto. Concordo, mas o RB7 não deu em Sepang o show que havia dado em Melbourne.
A Hispania vai, a Williams fica
Não é nada para ser comemorar, afinal, a Hispania deve terminar a corrida algumas voltas atrás do líder, mas ao menos o time vai ter o direito de largar para as 56 voltas do GP da Malásia. Dessa vez o time coube na cota de 7% com cerca de um segundo de folga. O tempo limite para largar é de 1min43s516. Narain Karthikeyan, o último, cravou o tempo de 1min42s574.
O que definitivamente ninguém irá comemorar é a (falta de) performance da Williams. O time de Grove fez uma pré-temporada classificada como promissora, mas aí vem a temporada real e lembra a todos que os testes de inverno nunca permitem a real avaliação do potencial dos carros. Com algum otimismo, esperava-se que a Williams brigasse com Mercedes e Renault pelo posto de “melhor depois das três”. Mas a realidade da equipe britânica é bem mais dura: Pastor Maldonado ficou com o 18º posto, fora da classificação ao final do Q1. Rubens Barrichello avançou para o Q2 com alguma dificuldade e não passou do 15º lugar.
Vettel hoje o Schumacher de ontem
Michael Schumacher abandonando o treino ao fim do Q2 enquanto Nico Rosberg consegue pular para o Q3. Já virou rotina e a história repetiu-se em Sepang, com direito à feição preocupada de Ross Brawn ao fim da transmissão, com a face voltada para o nada e balançando a cabeça em sinal negativo. O mundo dá voltas.
Quem também deu muitas voltas em Sepang foi Lewis Hamilton. O campeão de 2008 foi quem mais andou na classificação desse sábado. Foram 19 voltas, a melhor delas em 1min34s974. Isso depois de, no Q2, Jenson Button ter cravado 1min35s569, dando à McLaren não o status de favorita - pois o RB7 ainda é o grande carro do ano - mas de equipe desafiante na briga pela pole em Sepang.
Com sua volta abaixo de 1min35s, Hamilton tinha então grandes chances de ser o pole, já que o inglês foi o primeiro a virar na casa de 1min34s. Hamilton poderia sim ser o pole, não fosse o fato de Sebastian Vettel ainda estar em volta rápida. E o mundo todo já aprendeu que a combinação Adrian Newey + Vettel + sessão classificatória é quase um sinônimo de pole para o guri alemão.
E assim se fez, Vettel cravou mais um pole, a 17ª em 63 corridas disputadas, um aproveitamento de cerca de 27% em classificações. É importante sublinhar: para cada 4 sessões classificatórias Vettel foi pole em pelo menos uma. É uma frequência notável se comparada, por exemplo, com o número de poles de Fernando Alonso, bicampeão e reconhecidamente uma referência entre os melhores pilotos dos últimos anos. O espanhol tem 20 poles em 158 disputados, uma média de 12% de aproveitamento. É óbvio que são carreiras com desenhos e trajetórias diferentes, pois enquanto Vettel queimou etapas e muito velozmente chegou a uma equipe top, Alonso passou por um período de maturação mais extenso desde sua estreia na F-1, em 2001, até disputar de fato um título, em 2005. Mesmo assim, é de impressionar a precisão do alemãozinho na voltas voadoras, quando todas as grandes qualidades de um piloto são evocadas em seu nível máximo.
Michael Schumacher não era um prodígio apenas no sábado, era dominador também nos domingos, e assim construiu seu império de títulos. Para chegar às sete taças contou com a incrível eficiência da Ferrari em seus melhores anos, algo que a Red Bull deu a impressão de que ia aprender a fazer, sobretudo depois do desempenho acachapante da equipe austríaca no GP da Austrália há 15 dias. Em Sepang, entretanto e pelo menos até agora, não se viu aquele domínio absurdo que Vettel exerceu sobre a concorrência no Albert Park. A pole foi conquistada com uma dose maior de suor na Malásia, o que pode sugerir que a McLaren vem mais forte sob forte calor e em pistas com curvas de alta em sequência, características mais presentes em Sepang do que no Albert Park.
A largada para o GP da Malásia será às 5 da manhã de domingo, com transmissão ao vivo pela TV Globo. Segundo o Weather Channel, há 60% de chances de chover durante toda a extensão da corrida, e a chuva pode vir forte e acompanhada de trovoadas. Caso a possibilidade se confirme, será a primeira experiência com os pneus de chuva da Pirelli - que não agradaram os pilotos devido à baixa aderência - em corrida.
Grid de largada para o Grande Prêmio da Malásia:
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Webber ganha força antes da corrida na Malásia
ANDERSON NASCIMENTO
Pelo que deu pra perceber já nas duas primeiras sessões de treinos livres para o GP da Malásia é que Mark Webber não está tão mal assim. Por isso, é sempre válido aquele lembrete de que ainda é muito cedo para se constatar definitivamente o rumo das equipes e pilotos para durante o ano. O que deu a entender no seu fraco desempenho na Austrália é que Webber não corre e nunca correu bem em casa.
É difícil afirmar que ele poderá bater Sebastian Vettel neste fim de semana, mas o que o australiano demonstrou nesta madrugada passada aqui no Brasil levantou um tom bem otimista para ele. Era visível que sua frustração por ter ido tão mal comparado ao seu companheiro no GP realizado em sua terra natal. Assim que Webber saiu do carro sua insatisfação ficou evidente.
[caption id="" align="aligncenter" width="700" caption="Mark Webber foi o melhor nas duas primeiras sessões de treino"][/caption]
No entanto, o piloto do carro número 2 não é muito de ficar se queixando sem motivos e também não costuma aparecer à público para dar sua cara a tapa. Foi apenas a primeira corrida e Webber sabe mais do que ninguém as condições que o RB7 lhe dá para poder brigar por vitórias. Comparando com Vettel, pode ser que o veterano não esteja psicologicamente tão bem. O atual campeão vem de um momento de consagração e de tomar um novo fôlego depois de conquistar seu primeiro título mundial; o garoto está se divertindo. Já Webber, pode-se dizer que está com a corda no pescoço na Red Bull. Se não fizer um bom campeonato pode dar adeus ao time taurino no final da temporada e talvez perder sua maior chance de realizar o sonho do título.
Treinos Livres
Com respeito aos treinos livres, não teve como não notar o tamanho da superioridade da Red Bull, ou melhor de Webber, especialmente na primeira sessão. O australiano colocou mais de 1s6 em cima do segundo colocado Lewis Hamilton. Algo assustador, de fato. Porém, a tabela de tempo nos treinos livres pode não significar tanta coisa. A diferença muito provavelmente não está girando neste tamanho todo e para salientar ainda mais a dúvida de desempenho dos carros no primeiro treino, o vencedor do GP da Austrália foi apenas o 17º.
Na segunda sessão, Webber impôs novo domínio e fechou novamente na frente. A diferença foi praticamente nula, mas o piloto da escuderia austríaca bateu o tempo de Jenson Button por apenas 0,005s. Hamilton e Vettel também apareceram bem próximos, dando a forte impressão de que as duas equipes, McLaren e Red Bull deverão duelar pela vitória caso a corrida aconteça em circunstâncias normais (sem chuva).
Confira os tempos do Treino Livre 2:
1°. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), 1min36s876 (24 voltas)
2°. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 0s005 (30)
3°. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 0s134 (23)
4°. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 0s214 (30)
5°. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 1s212 (26)
6°. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 1s213 (31)
7°. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 1s689 (25)
8°. Nick Heidfeld (ALE/Renault), a 1s694 (16)
9°. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 1s707 (27)
10°. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari), a 1s970 (31)
11°. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Cosworth), a 2s092 (25)
12°. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth), a 2s311 (30)
13°. Vitaly Petrov (RUS/Renault), a 2s391 (17)
14°. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), a 2s522 (29)
15°. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 2s727 (34)
16°. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 2s749 (31)
17°. Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes), a 2s933 (28)
18°. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), a 3s239 (31)
19°. Timo Glock (ALE/Virgin-Cosworth), a 3s990 (24)
20°. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Renault), a 5s014 (19)
21°. Narain Karthikeyan (IND/Hispania-Cosworth) a 6s321 (15)
22°. Vitantonio Liuzzi (ITA/Hispania-Cosworth), a 7s115 (14)
23°. Heikki Kovalainen (FIN/Lotus-Renault), a 8s010 (4)
24°. Jérome D'Ambrosio (BEL/Virgin-Cosworth), Sem tempo
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Chuva e pneus serão decisivos na Malásia
ANDERSON NASCIMENTO
A Red Bull pode não encontrar um caminho tão fácil para vencer desta vez. O GP da Malásia deverá apresentar fatores que colocarão as equipes em um maior equilíbrio, mesmo que alguns pilotos afirmem que a aerodinâmica é mais importante em Sepang e, por isso, os austríacos poderão levar ainda mais vantagem.
O que vale como defesa da afirmação de que Sebastian Vettel ou Mark Webber não terão facilidade neste próximo fim de semana é o forte calor, ou se ele não ocorrer, a chuva que promete vir no domingo durante a corrida. Se em condições normais a estratégia nesta temporada será uma questão bastante importante para a conquista dos melhores resultados, em situações atípicas uma boa estratégia é fundamental. Engenheiros e pilotos terão muito mais trabalho em conseguir encontrar a melhor saída.
Desse modo, não se pode descartar uma surpresa no pelotão da frente, no pódio ou quem sabe vencendo a corrida. A temporada teve apenas uma etapa e suas certezas ainda são poucas e pequenas demais para definir exatamente que a Red Bull estará tão forte como esteve com Vettel em Melbourne agora em Sepang. Por isso, mesmo que seja difícil de imaginar não descartaria uma vitória de uma equipe mediana debaixo de chuva ou em um calor que exija quatro paradas da maioria dos carros.
A Renault mostrou que pode andar bem, a Williams também possui um carro que deixou os torcedores otimistas apesar do problema de confiabilidade do KERS e do câmbio. Além disso, a Sauber é outra equipe que pode se dar muito bem se as coisas não ocorrem dentro dos conformes.
- Como funcionam os pneus de chuva
Um vídeo mostra exatamente como funciona os pneus para pista molhada. É legal ver no vídeo abaixo como os desenhos dos pneus influenciam muito no trabalho de eliminar a água e fazer com que o carro se estabilize nas melhores condições possíveis.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Rádio OnBoard - Edição Pré-Malásia
FELIPE MACIEL
Está no ar a edição número 108 da Rádio OnBoard!
Um tema melancólico nos leva Fábio Campos, Ron Groo e eu a comentar a etapa de Interlagos da Copa Montana desse final de semana, onde um grave acidente vitimou o piloto Gustavo Sondermann, que não resistiu.
Falamos também sobre a Fórmula 1, que chega a Sepang para disputar a segunda corrida do Mundial 2011. Além disso, levantamos um tópico de boa discussão, sugerida por nosso ouvinte, a respeito dos principais nomes da F1 atual.
Neste fim de semana tem corrida, portanto tem programa ao vivo Pre Race, a partir das 20h do sábado. Te esperamos lá!
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Uma volta na asa de um Fórmula 1
ANDERSON NASCIMENTO
Jenson Button experimentou correr em um carro de turismo utilizado na V8 Supercars em um evento realizado pela Vodafone na semana do GP da Austrália de Fórmula 1. O piloto da McLaren gostou da experiência e também andou com a máquina de sua categoria e nos permitiu belas imagens e bons sons de sua McLaren.
No vídeo abaixo, a camera está colocada na asa dianteira do carro de Button que nos permite uma volta repleta de adrenalina e de imagens atípicas da nossa rotina em ver corridas. Vale a pena assistir!
sábado, 2 de abril de 2011
McLaren: a mais próxima da Red Bull
ANDERSON NASCIMENTO
A Red Bull sem sombra de dúvidas sobrou com Sebastian Vettel na etapa de abertura da temporada 2011 da Fórmula 1 na Austrália. No treino classificatório e também na corrida, os austríacos provaram que possuem sim um carro que trará muita preocupação aos adversários. No entanto, era esperado que o principal rival dos taurinos, pelo menos neste início de campeonato, fosse a Ferrari do bicampeão Fernando Alonso e do motivado Felipe Massa. Mas Melbourne mostrou que é a McLaren quem mais se aproxima de ameaçar a soberania da Red Bull na categoria.
Jenson Button declarou nesta semana que acredita muito no potencial do MP4-26 depois do que ele rendeu no primeiro GP do ano. Disse ainda que o carro tem um grande potencial a ser extraído e que isso irá colaborar muito para que os ingleses possam fazer frente à equipe taurina.
Claramente, os Red Bulls são rápidos, a pole de Sebastian, mostrou isso a todos. Mas, em ritmo de corrida, nós já estamos muito mais perto deles nesta fase da temporada do que no ano passado. Eu sei que você pode dizer que a Red Bull não estava usando KERS, que coloca um casal de décimos em seu bolso, mas eu não acho que estejam tão melhores como você pôde ter visto no sábado. Eu acho que há uma enorme quantidade de potencial inexplorado em nosso carro.
Jenson Button
[caption id="" align="aligncenter" width="809" caption="Na Austrália, a McLaren rendeu bem mais do que o esperado"][/caption]
O MP4-26 nasceu cheio de inovações e prometendo trazer tendências e quem sabe de repente triunfar logo de cara sobre a Red Bull. Mas os testes coletivos na Espanha revelaram outra coisa. O carro estava cheio de problemas, distante de apresentar uma boa performance e com sérias dificuldades em sua confiabilidade. Isso levou a McLaren a mexer, mexer e remexer no carro antes da estreia do campeonato. E as modificações, aliadas ao pulso firme de Martin Whitmarsh ao fazer cobranças em cima de toda a equipe técnica, surtiram o efeito desejado.
Lewis Hamilton conseguiu terminar a prova na 2ª colocação mesmo enfrentando o problema no assoalho do carro e obrigando assim o inglês a tirar o pé. Se não fosse isso, talvez Vettel conseguisse ver mais do que apenas retardatários em seu retrovisor. Já Button andou bem também e se não tivesse cometido a besteira de ultrapassar Felipe Massa onde não devia e depois acabar sendo punido poderia ter alcançado um resultado melhor do que uma 6ª posição.
A realidade é que a McLaren, apesar de todos os problemas expostos na pré-temporada, conseguiu dar a volta por cima em pouquíssimo tempo e agora tem um carro um tanto atraente nas mãos. A primeira vez que a equipe fez uma simulação de corrida com o novo carro foi exatamente na primeira etapa do Mundial. Prova essa de que há muito mesmo ainda para evoluir no MP4-26. Pode ser que o seu desempenho seja tão forte quanto o RB7 depois de algum tempo.
Pode-se dizer sem receio que o MP4-26 ainda é um carro cru. O difusor utilizado no carro na Austrália era feito de titânio, visto que não houve tempo para que ele fosse fabricado de fibra de carbono. Com um difusor mais leve e algumas outras modificações que não foram concluídas como deveria pela falta de tempo, a McLaren pode andar ainda mais próxima da Red Bull já na Malásia.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Massa, chicane ambulante
FÁBIO ANDRADE
Ok, ok. Felipe Massa já começou 2011 do mesmo que terminou 2010: devendo na comparação entre o seu desempenho e do companheiro Fernando Alonso. O desempenho de Massa no Albert Park reacendeu a enxurrada de críticas e prognósticos de que esse é o último ano do brasileiro na Ferrari, mas, ao mesmo tempo, revelou um piloto que, se ainda não consegue render o mesmo que rendia em 2008 e 2009 - suas melhores temporadas - ao menos foi bastante aguerrido em sua luta com a poderosa McLaren de Jenson Button, pelo menos no primeiro round da batalha de 11 voltas entre os dois.
Button terminou a corrida dizendo que “Massa é o piloto mais difícil de ultrapassar” na Fórmula-1 atual. Não deixa de ser um elogio, mas quem não deve estar gostando dessa história é Jarno Trulli. O título de “chicane ambulante” era a única distinção do italiano no grid.