FÁBIO ANDRADE
Reginaldo Leme diz: “a nova Fórmula-1, que não tinha sido tão nova assim na abertura do mundial, agora deu as caras - ...”
Corte para imagem da câmera onboard do carro de Mark Webber, que vai perdendo várias posições antes da primeira curva.
As imagens seguem, e a edição escolhe a colisão entre Alonso e Hamilton, uma fritada de pneus de di Resta e o salto de Petrov para ilustrar a fala de Reginaldo Leme, que continua de onde havia parado:
“... e promete muita ação nas dezessete etapas seguintes.”
As 59 paradas de boxes são citadas, como também o KERS e a asa móvel, agora com imagens que de fato ilustram o texto que é declamado pelo comentarista na reportagem. Não se explica como funcionam essas traquitanas, nem se isso é relevante e muito menos se faz sentido dentro da dinâmica histórica da F-1. Mas ok, ok, é o Jornal Nacional, que possui suas questões de relevância, suas idiossincracias quanto ao tempo de exibição das matérias e a missão de “mostrar aquilo que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo, naquele dia, com isenção, pluraridade, clareza e correção”, como William Bonner repete 3674 vezes em JN - Modo de Fazer. E é lógico que enquanto um desequilibrado entra numa escola atirando em dezenas de crianças a Fórmula-1 não se configure como o prato principal de uma edição do JN.
Mas enfim, não é do JN que quero falar. Ou na verdade é, mas não especificamente dele. É que o começo da matéria guarda um paralelismo importante com o atual momento da categoria máxima do automobilismo. Nos primeiros segundos da matéria levada ao ar na segunda-feira, enquanto Reginaldo Leme fala da nova Fórmula-1, a imagem que acompanha a fala do veterano jornalista é a de um carro perdendo posições. E quando Reginaldo segue dizendo que a temporada promete mais emoção, o que o telespectador vê? 1) uma batida frívola entre dois campeões mundiais que resultou em uma dupla canetada sem sentido por parte dos comissários 2) Paul di Resta travando o dianteiro esquerdo e 3) Petrov saindo da pista e sendo arremessado pra cima por uma irregularidade no gramado que rodeia a pista de Sepang.
Onde está a real emoção nesses três lances?
Eis a cara da temporada de 2011 até aqui, com seus pneus feitos de papel, seu turbinho elétrico e suas asas que se abrem, mas não fazem voar. A impressão é de que nada parece ser o que realmente é. Quer dizer, nada além da incontestável qualidade da dobradinha Red Bull-Vettel até aqui.
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4 comentários:
Fábio,
É verdade, no momento a certeza absoluta é que Vettel segue a passos largos rumo ao bicampeonato.
abs
essa edição foi por causa dos acidentes, o pessoal adora ver acidente! menos os fatais, embora tenha alguns carniceiros que gostem disso também... eu só ia achar essa temporada boa se a Williams estivesse bem, mas não está...
É bem cedo pra falar isso, mas o Vettel deve conseguir seu bicampeonato esse ano. Meu receio é de que essa "nova" F1, que tanto empolgou o GB e a maioria dos torcedores, pelo que notei, se torne cada dia mais cheia de regras estranhas e artificiais em busca de ultrapassagens. Seja com pneus, asas móveis, KERS, chuva, atalhos na pista... enfim. Meu receio é que a FIA com o aval dos torcedores e das equipes continuem inventando coisas na tentativa de camuflar o verdadeiro problema da falta de disputas nas corridas: esses tilkódromos. Pra mim isso foi uma tentativa de tapar o sol com a peneira. Ah, vamos fazer uma corrida mais caótica... tirar aquela fila indiana dos últimos anos pra esconder o verdadeiro problema que são esses autódromos acelera-freia. Po, não tem uma curva de alta! O cara sai da pista e contorna no asfalto... perde no máximo 2, 3 segundos... enfim. Espero que essas mudanças parem por aí, que pra mim, já estão até demais. Estão acertando na aerodinâmica dos carros mas pecando em todo o resto; na minha opinião! Abs! Tou aguardando o ROB Malásia e Pre-China! Bora... amanhã ja começa China negada!
Nova F1 não me deixou muito contente não... Tá muito artificial.
Ajudou, claro, em pista meia boca. Mas como vai ser em lugar legal?
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