Barcelona é uma das pistas onde é mais difícil ultrapassar em toda a Fórmula-1. Esse já é um dado sedimentado, tradicional, quase folclórico que ronda o GP da Espanha. Não foi assim, porém, na primeira corrida por lá, em 1991. O GP da Espanha daquele ano foi uma prova movimentada, para não dizer que foi histórica e uma das mais marcantes daquele mundial. No futuro, o mesmo será dito do GP de 2011 em Montmeló? Certamente não, porque apesar da boa briga com Hamilton no fim, Vettel venceu de novo, e essa é a quarta vitória do alemãozinho em cinco corridas. Mas esse GP da Espanha talvez seja lembrado por trazer de volta a tensão e a disputa verdadeira por posições numa F-1 que estava cada vez mais próxima do vídeo game.
[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="A disputa de posição voltou à ordem do dia depois de ser extinta nas últimas três corridas"][/caption]
Os 4655 metros de curvas de raio longo são um desafio para as ultrapassagens. A turbulência gerada pelo carro que vai a frente é um veneno para quem vem atrás, e é provável que justamente isso tenha feito do GP da Espanha de 2011 uma corrida um pouco próxima das outras provas de 2010. As ultrapassagens até aconteceram, mas sem o ritmo atropelado de Sepang, Xangai e Istambul, as três etapas anteriores. As ultrapassagens se sucederam depois de algum ritual, perseguição, tensão, espectadores roendo unhas no sofá de casa e nas arquibancadas. Seria uma pobreza de espírito dizer que a corrida foi chata porque nela não houve o ritmo frenético das últimas três. Aos que pensaram nisso, talvez seja preciso aprender a “sentir” as corridas de uma forma diferente. Ver ultrapassagens sendo arquitetadas volta a volta é tão ou mais bacana do que a ultrapassagem em si.
Esse efeito foi conseguido em Barcelona muito provavelmente por causa das características da pista. A última curva do traçado tem o dom de afastar carros que passaram a volta toda bem próximos uns dos outros e isso dificultou a eficácia da asa móvel, como ficou mais do que provado na briga entre Vettel e Hamilton nas últimas voltas. A pista da Catalunha, normalmente criticada por dificultar as ultrapassagens, dessa vez ajudou as manobras a fazer um pouco mais de sentido.
Os espanhóis em festa durante 20 voltas
A corrida teve vários personagens em destaque: Button e a recuperação depois da largada ruim; Heidfeld e a bela corrida depois de largar em último; Webber apático chegando em quarto depois de largar na pole e Massa como um espectro vagando pela pista sem muito objetivo. Mas três pilotos moveram as principais emoções da corrida: Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e Fernando Alonso.
Hamilton imprimiu uma implacável perseguição contra Vettel no final da corrida. Se a Red Bull é imbatível nas classificações, em ritmo de corrida Barcelona viu acontecer o mesmo que já se passara em Xangai: os rivais conseguiram acompanhar de perto os carros do time austríaco. Com destaque para o bom rendimento da McLaren, sobretudo com pneus duros. O segundo e o terceiro lugares do time britânico estão longe de serem ruins, dada supremacia da Red Bull no campeonato até aqui.
[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Hamilton até chegou perto, mas Vettel segurou a vitória em Barcelona"][/caption]
Vettel foi competente como sempre, primeiro por despachar Webber logo na largada. E depois não só ele foi competente, mas também sua equipe, que vem merecendo notas 10 consecutivas pelo trabalho de box preciso. É importante salientar que a Red Bull é uma equipe que vence em conjunto, porque não é só Vettel que extrai tudo do carro, o time corresponde com estratégias corretas e pit stops extremamente eficientes. Essa soma de trabalhos competentes resultou na ultrapassagem sobre Alonso, concretizada no velho estilo Schumacher de vencer os rivais na parada de boxes. Daí para frente foi aproveitar o bom ritmo do carro e seguir para a vitória.
[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Quarta vitória em cinco corridas e Vettel segue firme na liderança do campeonato"][/caption]
Se Vettel ultrapassou Alonso na volta 18 num lance meio imaterial, sem imagens, numa manobra que leva pelo menos duas voltas para se concretizar e nem sempre é compreendida por todos os espectadores, o espanhol ganhou a ponta na largada diante dos olhos de todos. E que largada fez o bicampeão, deixando três oponentes para trás antes da primeira curva. Em seu país e diante de sua torcida, Alonso fez os espanhóis presentes no Circuito da Catalunha comemorarem com um urro coletivo comparável ao que acontece em Interlagos em caso de pole ou vitória de brasileiro. O festejo foi tão intenso que chegou a todos que assistiam pela tv via sinal de satélite, misturado ao som dos motores rasgando as curvas da pista catalã. Enquanto do lado de fora do autódromo milhares de espanhóis protestavam contra as medidas do governo para enfrentar a crise econômica, dentro do circuito outros milhares se esqueceram dos problemas para comemorar com seu ídolo durante pouco menos de 20 voltas.
[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Alonso pulou na ponta na largada..."][/caption]
[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="... e o público espanhol rejubilou nas arquibancadas"][/caption]
Grande Prêmio da Espanha, resultado após 66 voltas:
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2 comentários:
Pois é... E nem precisou do tal DRS pra isto.
Gostei:
Do Alonso, deu um presente a torcida liderando de forma espantosa as primeiras voltas. Não tem carro pra metade daquilo...
E vamos ser sinceros, o publico espanhol só existe porque Alonso o formou.
E também gostei dele se ferrando depois...
Gostei também do Button... Foi muito bem.
Não gostei do Webber, nem das Williams...
E fiquei decepcionado com o Hamilton... Queria que ele fosse pra cima do Vettel... Nem que fosse pra tomar toco ou abandonar a prova.
E Vettel, mostrou que além de bom é maduro já... Evitou uma briga desnecessária com o Alonso porque sabia que hora ou outra a Ferrari mostraria sua natural fragilidade.
Foi uma corrida nota 7, muito melhor que as anteriores.
Vettel tá acabando com a graça desse campeonato, vai ser dificil alguém tirar o titulo dele. vamos pensar já em 2012...rs
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