[caption id="" align="aligncenter" width="600" caption="Vettel precisa marcar apenas um ponto - chegar em 10º - em Suzuka para ser o mais jovem bicampeão da história (Foto: Getty Images)"][/caption]
Vettel venceu o GP de Cingapura com tranquilidade, chegando a abrir mais de um segundo por volta em relação ao segundo colocado no início da corrida. O segundo colocado é o outro grande vencedor simbólico da prova e quem sabe até da temporada: Jenson Button.
Afinal, quando Button foi anunciado como companheiro de equipe de Lewis Hamilton na McLaren, poucos apostavam que o campeão de 2009 pudesse fazer medo ao campeão de 2008, por vários motivos: 1) porque Hamilton era considerado “mais piloto” 2) porque Hamilton estava em casa na “sua” McLaren 3) “porque Button só foi campeão porque tinha o carro que era, disparado, o melhor em 2009”. Depois de duas temporadas, quem diria, a comparação entre Button e Hamilton não é tão óbvia como se podia imaginar.
Button raramente se envolve em acidentes. Hamilton frequentemente se enrosca com outros pilotos e acaba sendo punido, como nesse GP de Cingapura. Em compensação, Hamilton se arrisca mais, costuma fazer mais ultrapassagens e quase sempre se classifica melhor do que Button, que não é muito célebre por conseguir alto desempenho em uma única volta. Prova disso é que o piloto do carro número 4 já não crava uma pole position desde o GP de Mônaco de 2009 e, logicamente, nunca largou da posição de honra como uma McLaren, enquanto Hamilton cravou uma pole nesses dois anos, em Montreal no ano passado. Um dos pontos mais fortes de Button é a leitura precisa de corridas confusas, com chuva e/ou Safety Car. Não por acaso foi sob essas condições que ele conquistou suas quatro vitórias no time de Woking em dois anos. No mesmo período, Hamilton venceu apenas uma corrida a mais do que Button.
[caption id="" align="aligncenter" width="600" caption="O 2º lugar em Cingapura garantiu a vice-liderança do mundial a Button (Foto: Getty Images)"][/caption]
A nuvem de dados e constatações acima revela dois pilotos com perfis muito diferentes, quase opostos. E o estilo de um não se sobrepôs com muita preponderância sobre o do outro, pelo contrário, essa soma de estilos tão diferentes resultou em quantidades de vitórias semelhantes para cada um, com ligeira vantagem para Hamilton. No fim das contas, é o resultado da tabela de pontuação que conta, e nela Hamilton levou vantagem em 2010, quando terminou o mundial em quarto, com 240 pontos, contra 214 de Button, que ficouem quinto. Em 2011, faltando cinco provas para o fim da temporada, Hamilton é o quinto colocado no mundial e já abandonou a disputa pelo título, enquanto Button é o vice-líder e único piloto que tem chances matemáticas (e apenas matemáticas) de superar Vettel.
Não é pouca coisa. O discurso majoritário, o senso comum que norteava as discussões sobre a dupla da McLaren na pré-temporada de 2010 pressupunha um massacre de Hamilton sobre Button. O fato de o campeão de 2009 chegar até aqui como o único desafiante de Vettel (ainda que o título do alemãozinho seja, a essa altura, o mais certo de todos os tempos e que as chances de Button sejam meramente matemáticas) o transforma, de certa forma, num dos campeões simbólicos de 2011. Sobretudo na comparação com seu companheiro de equipe, um piloto com uma das carreiras mais meteóricas da história da Fórmula-1, rapidamente apontado como genial, e depois taxado de genioso. Button, ao contrário, já vinha de uma carreira mediana de quase uma década quando chegou à McLaren e jamais causou o mesmo impacto que Hamilton. Mas poucos esperavam que depois de duas temporadas as imagens projetadas por cada um dos pilotos da McLaren fossem tão distintas: a audácia e a agressividade de Hamilton, louváveis anos atrás, hoje são vistas como defeito; a suavidade e a calma de Button, vistas em outros tempos como falta de ritmo, hoje são consideradas valiosas virtudes.
[caption id="" align="aligncenter" width="600" caption="Mais uma vez envolvido em acidentes e punições, restou a Hamilton dar show para chegar em 5º em Cingapura (Foto: Getty Images)"][/caption]
Button e Hamilton representam duas formas diferentes de tentar alcançar um objetivo, são quase dois modos distintos de ver o mundo. Matematicamente, ambos têm sido semelhantes, mas os resultados, digamos, “subjetivos” da dupla da McLaren têm sido enormemente diferentes. Cada um projetou para o mundo imagens absolutamente distintas. Hamilton causa mais impacto, sem dúvidas, mas Button vem provando que a lenda de que é preciso ter fama de mau para ter sucesso na Fórmula-1 não é completamente verdadeira. O que basta é sair-se melhor do que seu companheiro de equipe.
Sobre Sebastian Vettel, esse blogueiro se pronunciará daqui a dois domingos, quando ele for bicampeão mundial de Fórmula-1 em Suzuka, no GP do Japão. Porque em Cingapura, Vettel correu uma corrida em que o único competidor era ele, e tão somente ele. Sua esfera de competitividade esteve anos-luz acima da dos demais. Quem venceu a corrida disputada pelos outros 23 carros na noite cingapuriana foi Button.
Grande Prêmio de Cingapura, após 61 voltas:
1º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), 1h59min06s537
2º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 1s737
3º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 29s279
4º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 55s449
5º. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 1min07s766
6º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 1min51s067
7º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 1 volta
8º. Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes), a 1 volta
9º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 1 volta
10º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 1 volta
11º. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Cosworth), a 1 volta
12º. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), a 1 volta
13º. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth), a 1 volta
14º. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), a 2 voltas
15º. Bruno Senna (BRA/Lotus Renault), a 2 voltas
16º. Heikki Kovalainen (FIN/Team Lotus-Renault), a 2 voltas
17º. Vitaly Petrov (AUS/Lotus Renault), a 2 voltas
18º. Jerome D’Ambrosio (BEL/Marussia Virgin-Cosworth), a 2 voltas
19º. Daniel Ricciardo (AUS/Hispania-Cosworth), a 4 voltas
20º. Vitantonio Liuzzi (ITA/Hispania-Cosworth), a 4 voltas
21º. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari), + 6 voltas
22º. Jarno Trulli (ITA/Team Lotus-Renault), + 13 voltas
23º. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), + 32 voltas
24º. Timo Glock (ALE/Marussia Virgin-Cosworth), + 51 voltas
4 comentários:
Discordo diametralmente: o nome do jogo é corrida e não poupança.
Odeio quem fica pensando em economizar equipamento.
Bundão ele.
Mas nem acho que o Button poupou, acho que ele deu tudo mesmo. O problema é que nada é suficiente pra se aproximar de Vettel nesse padrão de pilotagem em que ele está.
Essa temporada que a McLarem fez pouca frente pra RBR, o Buttom se mostrou mais eficiente em relação a pontos ganhos e corridas equilibradas e tal. O Hamilton foi o responsável pelas maiores e melhores disputas nessa temporada. O público que gosta de corrida de verdade gosta de ver briga, roda a roda... toques, chega pra lá e etc. Isso o Button proporciona em raríssimos momentos. O Hamilton cada prova é uma briga, disputa... encontrão. Fico com esse tipo de piloto e não com o mais eficiente ou politicamente correto dirigindo.
Afinal de contas: se a McLarem tivesse carro pra brigar de igual pra igual com red bull, quem voce gostaria de ver brigando com Vettel? eu, com certeza o Hamilton!
Abs
Não sei se é uma questão de preferir. O estilo do Hamilton é mais "sedutor" mesmo, costuma agradar mais os fãs de corridas, mas acho que há muito de admirável no jeito de pilotar do Button.
Não quero entrar na questão do preferir porque sou muito contrário a alguns traços de personalidade do Hamilton e não sei se consigo fazer uma análise fria, isenta disso.
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