FÁBIO ANDRADE
Na F-1 2010 “ficou impossível ultrapassar”, segundo Fernando Alonso. Para Martin Withmarsh, chefe da equipe McLaren “ficou muito ruim”. E logo depois de sua primeira corrida em 2010 a Fórmula-1 já mudou de ideia sobre si mesma.
Não é mau negócio lembrar que a temporada desse ano foi esperada como uma das mais espetaculares dos últimos anos por um rosário de motivos que o leitor já deve conhecer e que não cabe enumerar aqui mais uma vez. E a expectativa era justificável porque 2010 tem mesmo ingredientes para se converter numa grande temporada. Mas bastou uma corrida, a primeira e única corrida até aqui, destoar da expectativa de grande show, para que o mundo da Fórmula-1 apresentasse o velho comportamento de manada.
Desde o último domingo que vozes de pilotos e dirigentes ecoam pelos jornais, todos recriminando o que se viu no GP do Bahrein pela (relativa? Suposta?) monotonia da prova. De Schumacher a Coulthard, de Patrick Head a Bernie Ecclestone, quase todo mundo tinha o que dizer e quase sempre havia um microfone por perto pra captar. O discurso ora era mais radical, ora era mais moderado, mas o pano de fundo se manteve: é preciso mudar a F-1 para torná-la mais palpitante. Não se sabe o que é preciso mudar, só se sabe que mudar é preciso.
Falou-se muito na questão dos pneus e das paradas dos boxes. A fabricante Bridgestone produziu compostos resistentes o suficiente para que a maioria dos pilotos optasse por realizar apenas uma parada no Bahrein, mesmo sob calor intenso. Para alguns isso tornou a corrida mais modorrenta e, portanto, pipocaram sugestões para obrigar os pilotos a executar, no mínimo, duas paradas obrigatórias para troca de pneus. E isso, é bom lembrar, é uma tentativa de aumentar as ultrapassagens na pista: obrigando os pilotos a entrarem mais vezes no pit lane.
É de absurdas contradições como essa que se nota que a F-1 possui mais do que problemas esportivos ou da esfera da engenharia/física que impedem as ultrapassagens. A F-1 enfrenta uma crise que, mesmo contando com equipes famosas e um elenco estelar de pilotos, não cessa porque o problema maior não é resolvido: as entidades responsáveis por cuidar da categoria e os próprios integrantes dela se perdem, se afobam, se atropelam ao menor sinal de que alguma medida não vai dar certo, de que alguma coisa não sairá como o esperado. Todos se deixam envolver pelo tal comportamento de manada sem ao menos esperar por duas ou três corridas para tirar conclusões mais definitivas.
Se a categoria precisa mesmo de mudanças alguns pontos são cruciais na hora de planejá-las. O ponto mais essencial talvez seja a adoção de um compromisso de longo prazo quanto ao regulamento. As mudanças sucessivas e radicais nas regras da F-1 dificultam o estudo de medidas para aperfeiçoamento da competição. Outro ponto é o delicado compromisso entre segurança e capacidade de frenagem. Por mais que a aerodinâmica tenha sido reduzida com a nova configuração dos carros em vigor desde 2009 é difícil pensar em ultrapassagens com freios que conseguem reduzir a velocidade dos bólidos de 300 para 50 km/h em 100 metros. Outras questões adjacentes como a dos difusores também precisam ser trabalhadas, mas com seriedade e calma. Sem os atropelamentos de uma manada ameaçada em fuga para algum lugar seguro.
10 comentários:
o grnade problema de quem comanda a F1 é achar que só tem um problema. Em 2009 acharam que eram os pneus sulcados; em 2010, o reabestecimento. Mas não dá enquanto tiver pistas que parecem kartódromos gigantes, como Bahrein. E essa obrigação de trocar pneu, se isso fosse retirado a gente veria alguém fazendo uma estratégia kamikaze de não parar pra trocar pneus. Berger venceu em uma corrida assim no México! Acho que todo mundo sabe o que mudar, as pistas by herman tlike, mas ninguém vai tirar...
Cncordo, Fábio. Não há estabilidade nos regulamentos técnico e desportivo há tempos, as mudanças têm sempre um quê de emergenciais, não há pausa para reflexão.
Concordo com quase tudo que foi falado, principalmente a questão do regulamento, que deve ter o compromisso de tempo determinado, e dos freios também. Porém, mudando os freios, vão novamente mexer no regulamento....
Se é pra mudar o regulamento de vez, la vão meus pitacos:
1 - freios menos eficientes
2 - não limitar número de pit-stops
3 - proibir a telemetria durante as corridas (treinos ok)
4 - proibir o uso do radio durante as corridas.
Com os itens 3 e 4, seria o piloto que avaliaria as condições da corrida e do carro e veria se é interessante ou não uma ultrapassagem.... e daí, acredito que teríamos mais ultrapassagens...
Mas resumindo... Acho que é muito cedo pra dizer se 2010 vai ser bom ou ruim....
Um dos maiores problemas das ultrapassagens para alem dos pneus são os difusores duplos que emitem demasiada turbulencia para o carro que vem atras, acho que estes deviam ser proibidos.
Grande Abraço!
Kimi_Cris
É realmente uma contradição, querem melhores corridas mas indicam que vão fazer mais paradas. E obrigatórias.
A verdade é que ninguém sabe o que fazer e nem tem idéias de por onde começar.
Uma sugestão? Acabem com os tilkódromos e com os superfreios.
O que tá estragando a F1 pra mim:
Difusores gerando muita turbulência, freios muito fortes pros caras poderem freiar em cima da curva e os malditos Tilkódromos...ah! e o Bernie...kkkkkkkkkkk
Abraço!
A anos que tudo que se tenta com as novas regras e é a própria FIA que aceita que sejam burlados ou que as novas regras realmente não vai totalmente no problema.Algumas só para se ter uma idéia.
regra: foi proibir o controle de tração e a solução das equipes controle da tração pelo acelerador.
regra: os carros não mais poderiam ter apliques na carroceria, ela aceitou o difusor e também aceitou que os apliques fossem para a frente e a traseira.
regra: proibido o abastecimento, ai ela mesmo complicou, É OBRIGATÓRIO USAR DOIS TIPOS DE PNEUS. ESSA AS EQUIPES NEM PRECISARAM BURLAR NADA A FIA JÁ TINHA FEITO O ESTRAGO.
Tudo até agora o mais importante e criminoso com a F1,foram que as pista maravilhosas foram sendo retiradas e em seus lugares entraram áreas asfaltadas que não permitem ultrapassagens, que nem podem ser chamadas de pista, isso tudo só visando um lucro desenfreado.
Não lembro onde li, mas lembro bem do tema: Sir. Frank Willians matou a charada - o problema não é os freios ou a aerodinâmica, muito menos os difusores, estes fatores até colaboram mas o principal responsável pela falta de ultrapassagens são os circuitos! tikódromos são naturalmente chatos. Se pusermos mais retas longas e curvas de alta com certeza teremos mais emoção (e menos segurança!?), porque Spa, Monza e Interlagos costumam não ser tão chatas? acho que é porque não são tikódromos.
Sim Humberto, concordo. As pistas Tilke e sua rotina de reta longa + freada forte + cotovelo + reta longa + chicane estão longe de proporcionar o aumento das ultrapassagens. Mas esse é um problema que eu não vejo resolvido a curto prazo. Hermann Tilke construiu aotódromos em Tigres Asiáticos e outros recantos do grande capital como Abu Dhabi, lugares de onde a F-1 dificilmente se retirará nos próximos anos. São locais dispostos a "se colocar" no mapa, e a F1 é um belo veículo para isso. Esses países, via de regra asiáticos, estão, teoricamente, mais motivados a pagar os preços cobrados pelo tio Bernie para sediar um GP. Coisa que uma França, por exemplo, não faz tanta questão.
Por isso penso que o aumento de ultrapassagens na F1, se é mesmo tão necessário, deve ser cuidadosamente estudado no que diz respeito a alterar o comportamento do carros para incluir o impoderável na corrida com mais frequencia. Porque os tilkódromos dificilmente sairão do calendário para o retorno de clássicos europeus, infelizmente.
Então, apesar de concordar com você e com lord Frank, acho que, analisando friamente, é mais fácil mexer nos carros. Mas com um estudo sério, feito com calma e adotado com um compromisso de longevidade. Regulamento que muda todo ano, definitivamente, não ajuda.
concordo com tudo o que foi dito, fizeram o maior barulho quiseram arrumar mais só estragaram o que não estava quebrado, tem muita coisa que precisa ser melhorado, esta muito dificil de se ultrapassar o unico momento de emoção na corrida foi na largada e nem teve grande motivos só a ultrapassagem de fernando alonso no massa o que eu duvido que teria acontecido se o massa tivesse largado bem, esperamos que em melbourne seja melhor para o bem de todos que gostam da categoria.
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