Oito anos é muito tempo? “Depende” é uma resposta relativa para quase toda pergunta, mas no caso da Fórmula-1 dá para dizer que sim, oito anos é muito tempo. Nesse tempo, de 2003 para cá, por exemplo, a categoria marchou para o oriente, excluiu o GP de San Marino do calendário e, com isso, acabou com algumas marcas tradicionais inspiradas pela corrida no Autódromo Enzo e Dino Ferrari. Se há oito anos o fim do mês de abril era tradicionalmente a data da prova em Ímola, hoje os últimos 15 dias do quarto mês do ano não fazem referência a nenhuma corrida específica. E se era Ímola quem sempre abria a “temporada europeia”, hoje esse ofício também já não cabe a uma corrida em particular. No ano passado o primeiro gp europeu foi o da Espanha, nesse ano será o da Turquia, num autódromo que fica do lado asiático de Istambul.
Também algo que não se pode ver mudou com o passar do tempo. O som dos carros. Se em 2003 vivíamos o auge dos motores V10 e seu berro estridente e ensurdecedor, hoje estamos sob a ditadura dos V8 com giros limitados. Foi um processo gradual, mas o som dos F1 mudou bastante. Antes era também no ouvido que se sentia que aqueles eram carros desenvolvidos sem muitas restrições, sejam elas orçamentárias ou de potência. Não por acaso os motores BMW que empurravam as Williams beliscavam os 20 mil giros. Hoje a cavalaria sob a carenagem está domada, e não é coincidência que isso tenha acontecido na mesma época em que os gastos e o desenvolvimento aerodinâmico também estejam meio enjaulados. Os carros já não repetem o grito esgoelado de anos atrás.
Mas um dos aspectos mais interessantes do regulamento vigente na Fórmula-1 em 2003 era a dinâmica das sessões classificatórias. Cada piloto tinha apenas uma volta rápida para tentar a pole position, logo, a tv conseguia acompanhar e construir cada pole, em cada corrida. E o telespectador, salvo se estivesse dormindo no sofá, tinha referências imagéticas e podia VER onde o piloto X ganhava ou perdia tempo. Não era obrigatoriamente uma informação dada pelo sistema de cronometragem como hoje. Hoje o enfoque sobre a classificação mudou graças a volta do sistema tradicional em que vários pilotos vão para a pista ao mesmo tempo, mas parte do problema reside na preferência da transmissão em focar apenas o terço final das voltas dos favoritos à primeira fila na atualidade.
Então, matemos as saudades de Ímola, - por mais que as corridas por lá fossem um tédio com tantas chicanes instaladas - dos motores V10, da volta da pole na íntegra e de Michael Schumacher enquanto rei soberano das pistas com a pole do alemão no GP de San Marino de 2003:
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3 comentários:
era uma pista que gostava, e mesmo mutilada, fazia boas corridas...era bom quando o início da temporada europeia ea em San Marino e o fim era em Monza. Agora só a tradição do fim da temporada européia está mantida. pelo menos isso,né?
A temporada de 2003 foi a melhor temporada de F-1 que eu assisti (acompanho F-1 desde 2000), os circuitos eram muito legais, existia muita tradição envolvida e muita liberdade para as equipes. Também foi o ano em que ví pilotos como Kimi Raikkonen brilharar pela primeira vez, além de Juan Pablo Montoya que, na minha opinião, teria sido campeão uma hora ou outra se não tivesse abandonado a F1 tão cedo, além é claro, do meu ídolo Michael Schumacher, piloto que considero o melhor de todos os tempos.
Mas algumas peculariedades fizeram do ano de 2003 um ano muito especial para o esporte: foi o último ano em que vimos as 3 equipes mais tradicionais da história da F-1 disputando ponto a ponto uma temporada, e dalhe ponto a ponto, porque chegar a 3 corridas do final com Schumacher (Ferrari), Montoya (Williams) e Raikkonen (Mclaren) com 72, 71 e 70 pontos, respectivamente, fez deste final de campeonato o mais eletrizante que eu já assisti, crieo que essa foi a primeira e a única vez que isso aconteceu na história da F-1 justamente com essas três equipes.
Mas a classificação mesmo foi um show a parte neste ano, o modelo de apenas uma volta sem tráfico, que pode ser acompanha por completo, foi genial. Naquele ano, aconteceu muito de pilotos errarem na volta lançada e terem que tirar o prejuízo durante a corrida, além de que todo mundo via tudo ao vivo. Lamento muito não terem mantido esse modelo de qualificação.
É, Marcão, mas nem se sabe por quanto tempo, né? Há uns anos me lembro de umas conversas sobre tirar o GP da Itália de Monza, de que a área de escape da Curva Grande não era muito segura. Felizmente esses rumores desapareceram.
Não digo que foi a melhor, mas seguramente foi uma melhores da década passada, Lucas. Eu também gostava desse sistema de classificação usado em 2003, mas prefiro o atual. A vantagem maior do sistema antigo era poder ver a volta de cada piloto. Ao mesmo tempo o treino ficava um pouco arrastado por obrigar todo mundo a ver as voltas dos carros da rabeira.
Enfim, o atual e o usado em 2003 são meus sistemas de classificação favoritos.
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