sábado, 9 de abril de 2011

Vettel rouba pole de Hamilton na Malásia



FÁBIO ANDRADE


A cada coelho tirado da cartola, Sebastian Vettel se parece mais com Michael Schumacher. Como assim qual Michael Schumacher? Isso não é pergunta que se faça, caro leitor. É lógico que falo aqui do Mega-Schumi, uma espécie de super-herói, um Super Homem vestido de vermelho cuja kryptonita foi uma aposentadoria de três anos. Vettel se parece com esse Schumi. Ok, a analogia já foi feita diversas vezes, mas não falo da semelhança entre os alemães no âmbito da obstinação, do “ser multivitorioso” que Schumacher foi e que Vettel caminha para ser. Falo de uma característica quase esquecida do heptacampeão, um detalhe, é verdade, algo sobre o qual quase ninguém se debruçou: as voltas voadoras no último minuto de classificação, a velocidade precisa e a precisão cirúrgica, a pole roubada quando o adversário já sentia o gostinho doce na boca. “Com o melhor carro é fácil”, dirá o mais incauto. Concordo, mas o RB7 não deu em Sepang o show que havia dado em Melbourne.



A Hispania vai, a Williams fica

Não é nada para ser comemorar, afinal, a Hispania deve terminar a corrida algumas voltas atrás do líder, mas ao menos o time vai ter o direito de largar para as 56 voltas do GP da Malásia. Dessa vez o time coube na cota de 7% com cerca de um segundo de folga. O tempo limite para largar é de 1min43s516. Narain Karthikeyan, o último, cravou o tempo de 1min42s574.


O que definitivamente ninguém irá comemorar é a (falta de) performance da Williams. O time de Grove fez uma pré-temporada classificada como promissora, mas aí vem a temporada real e lembra a todos que os testes de inverno nunca permitem a real avaliação do potencial dos carros. Com algum otimismo, esperava-se que a Williams brigasse com Mercedes e Renault pelo posto de “melhor depois das três”. Mas a realidade da equipe britânica é bem mais dura: Pastor Maldonado ficou com o 18º posto, fora da classificação ao final do Q1. Rubens Barrichello avançou para o Q2 com alguma dificuldade e não passou do 15º lugar.



Vettel hoje o Schumacher de ontem

Michael Schumacher abandonando o treino ao fim do Q2 enquanto Nico Rosberg consegue pular para o Q3. Já virou rotina e a história repetiu-se em Sepang, com direito à feição preocupada de Ross Brawn ao fim da transmissão, com a face voltada para o nada e balançando a cabeça em sinal negativo. O mundo dá voltas.



Quem também deu muitas voltas em Sepang foi Lewis Hamilton. O campeão de 2008 foi quem mais andou na classificação desse sábado. Foram 19 voltas, a melhor delas em 1min34s974. Isso depois de, no Q2, Jenson Button ter cravado 1min35s569, dando à McLaren não o status de favorita - pois o RB7 ainda é o grande carro do ano - mas de equipe desafiante na briga pela pole em Sepang.


Com sua volta abaixo de 1min35s, Hamilton tinha então grandes chances de ser o pole, já que o inglês foi o primeiro a virar na casa de 1min34s. Hamilton poderia sim ser o pole, não fosse o fato de Sebastian Vettel ainda estar em volta rápida. E o mundo todo já aprendeu que a combinação Adrian Newey + Vettel + sessão classificatória é quase um sinônimo de pole para o guri alemão.


E assim se fez, Vettel cravou mais um pole, a 17ª em 63 corridas disputadas, um aproveitamento de cerca de 27% em classificações. É importante sublinhar: para cada 4 sessões classificatórias Vettel foi pole em pelo menos uma. É uma frequência notável se comparada, por exemplo, com o número de poles de Fernando Alonso, bicampeão e reconhecidamente uma referência entre os melhores pilotos dos últimos anos. O espanhol tem 20 poles em 158 disputados, uma média de 12% de aproveitamento. É óbvio que são carreiras com desenhos e trajetórias diferentes, pois enquanto Vettel queimou etapas e muito velozmente chegou a uma equipe top, Alonso passou por um período de maturação mais extenso desde sua estreia na F-1, em 2001, até disputar de fato um título, em 2005. Mesmo assim, é de impressionar a precisão do alemãozinho na voltas voadoras, quando todas as grandes qualidades de um piloto são evocadas em seu nível máximo.



Michael Schumacher não era um prodígio apenas no sábado, era dominador também nos domingos, e assim construiu seu império de títulos. Para chegar às sete taças contou com a incrível eficiência da Ferrari em seus melhores anos, algo que a Red Bull deu a impressão de que ia aprender a fazer, sobretudo depois do desempenho acachapante da equipe austríaca no GP da Austrália há 15 dias. Em Sepang, entretanto e pelo menos até agora, não se viu aquele domínio absurdo que Vettel exerceu sobre a concorrência no Albert Park. A pole foi conquistada com uma dose maior de suor na Malásia, o que pode sugerir que a McLaren vem mais forte sob forte calor e em pistas com curvas de alta em sequência, características mais presentes em Sepang do que no Albert Park.


A largada para o GP da Malásia será às 5 da manhã de domingo, com transmissão ao vivo pela TV Globo. Segundo o Weather Channel, há 60% de chances de chover durante toda a extensão da corrida, e a chuva pode vir forte e acompanhada de trovoadas. Caso a possibilidade se confirme, será a primeira experiência com os pneus de chuva da Pirelli - que não agradaram os pilotos devido à baixa aderência - em corrida.



Grid de largada para o Grande Prêmio da Malásia:

2 comentários:

Ester disse...

Espero que chova! Acho que essa corrida de Sepang vai ser melhor do que o esperado!
Boa corrida a todos!

Bruno disse...

Uma piada do minuto: Mark Webber entra na sala da diretoria de sua equipe e desabafa:
- olha, assim não posso continuar correndo!
- Mas, Webber, já esqueceu “Red Bull te dá asas”!?
- É, mas eu também preciso de kers!