FÁBIO ANDRADE
Quando a chuva começou a cair na tarde do dia 28 de março em Melbourne faltavam alguns minutos para o início do GP da Austrália. A direção de prova então teve tempo hábil de considerar a pista do Albert Park como oficialmente molhada, e as equipes calçaram os pneus intermediários nos carros. Eis a diferença de qualidade entre aquela corrida e o GP da China.
Não que a prova disputada em Xangai tenha sido exatamente ruim, mas o chove-não-molha das 20 voltas iniciais deu um caráter de gincana televisiva ao grande prêmio chinês e culminou numa entrada de Safety Car que se não pode ser taxada de artificial foi, no mínimo, intencional.
Chove-não-molha
Jenson Button, evidentemente, foi o nome da corrida, mais dele falamos depois. O britânico não foi o grande destaque da largada. Foi Fernando Alonso o grande nome, para o bem e para o mal. Pulou na frente depois de largar muito melhor do que todo mundo, mas queimou a largada, sob o olhar atento do diretor de prova Charlie Whiting. Inevitável punição ao espanhol, que acabou lucrando ao final da corrida com o 4º lugar.
Seguiu-se então a sequência maluca do chove-seca-volta-a-chover. A princípio vários pilotos correram para os boxes, aproveitando o safety car acionado pela rodada de Vitantônio Liuzzi ainda na 1ª volta, e calçaram os pneus intermediários. Minutos depois, porém, percebeu-se que a pista não estava molhada o suficiente e os que haviam trocado os pneus retornaram aos boxes para nova troca, agora pelos slick. Poucos se arriscaram a permanecer na pista com pneu para asfalto seco quando esse primeiro chuvisco caiu. Não é coincidência que um dos que correram esse risco tenha vencido.
Button, esse injustiçado
É consenso: um campeão precisa de estrela. É aquele diferencial, também chamado de sorte, que costuma ajudar muito em momentos de necessidade. Michael Schumacher, aquele campeão que se aposentou em 2006, tinha (tinha!) a tal estrela. Lewis Hamilton teve estrela para ser campeão no último minuto do mundial de 2008. E, quem diria, Jenson Button tem também a sua.
Mas o caso de Button em 2010 é muito particular. O atual campeão tem sido agraciado com a sorte, mas falar apenas de sorte costuma dar um ar de acaso às vitórias. E as duas de Button até aqui não são fruto do mero acaso. O piloto da McLaren venceu na Austrália e agora na China porque arriscou pesado nas duas ocasiões. Voltasse a chover em Melbourne ou em Xangai, justamente na hora errada, e Button certamente estaria em situação complicada. Mas deu tudo certo e é só agora que entra a tal história de “ter estrela”: quem disse que sorte não faz parte do jogo?
Mas certamente não era essa a impressão que se tinha do atual campeão há 7 ou 8 anos. Depois de aparecer como grande revelação do automobilismo britânico, Jenson foi caindo de produção, a ponto de sua carreira ser dada como acabada poucos anos depois. Depois do surgimento do fenômeno Lewis Hamilton, a Inglaterra simplesmente se esqueceu de Button. Foi irônica a retomada da imagem de grande piloto que aconteceu com Jenson em sua terra natal no ano passado. Ficou no ar uma certa noção de que era preciso corrigir uma injustiça na comparação Hamilton X Button.
Essa impressão foi tão forte que se irradiou e hoje é comum escutarmos a transmissão de tv ressaltar o talento, a suavidade na pilotagem e a “precisão cirúrgica” de Button. Nada como um título mundial para mudar os conceitos.
O Safety Car como apito
Voltando ao GP da China, o risco assumido não só por Button mas também por Rosberg e Kubica, entre outros, teve um efeito colateral: existiam duas corridas sendo disputadas, já que os pilotos que haviam parado duas vezes para trocar e re-trocar os pneus encontravam-se quase uma voltas atrás. E aí a chuva resolveu cair em definitivo.
Foi quando Nico Rosberg, então líder da corrida, escapou próximo à curva inclinada de Xangai. Button não perdoou e assumiu definitivamente a ponta.
Simultaneamente, Jaime Alguersuari teve o bico de seu carro avariado e espalhou pequenos detritos na pista. Foi a deixa para a direção de prova intervir grosseiramente na história da corrida acionando o Safety Car de forma questionável.
A ampla vantagem de Button, Rosberg e da turma da frente foi, logicamente, desfeita pelo carro-madrinha. A bandeira amarela possibilitou a aproximação de todos num único bloco, e aí Hamilton pôde dar seu show e Alonso recuperar-se do drive-through imposto no início da corrida.
Os desempenhos paralelos
Além da chuva, compuseram o pano de fundo do GP da China o rendimento abaixo da crítica da Red Bull, de Felipe Massa e de Michael Schumacher.
Sebastian Vettel e Mark Webber se perderam na tática errada adotada pela equipe enquanto a chuva não decidia com que intensidade cairia. Esses pequenos desencontros podem pesar na hora da contagem final de pontos.
Felipe Massa esteve apático na pista. Não lembrou em nada as boas performances de Melbourne e Sepang, quando foi destaque. Chegou a ser ultrapassado por Alonso na entrada dos boxes, de forma pouco convencional. Mas esse é o primeiro resultado realmente ruim do brasileiro até aqui.
Michael Schumacher se implodiu na pista. Vettel, Hamilton, Sutil, Alonso, e Massa o ultrapassaram, alguns mais de uma vez, enquanto o alemão tentava se entender consigo mesmo. O heptacampeão está irreconhecível, e deve lidar novamente com críticas da imprensa do mundo.
9 comentários:
Esqueceram do Petrov que deu um passão no alemão, este é aposentado em atividade. O piloto com o maior salário do grid não pode jamais fazer um papelão desses. Medíocre foi a corrida dele. Ainda bem, torço para o fracasso dele por muitos motivos, mas o principal é mostrar que a idade pesa e que não venham tentar desenterrar, Ralf, Villeneuve dentre outros, o único que ainda tem condições de pilotar é o Rubens que nunca parou.
Vocês poderiam comentar sobre as corridas de todos os brasileiros ?
Queria muito saber oq vcs acharam do massa , do rubinho, do de grassi e até do senna !
Foi merecida a vitória de Button. Na minha opinião ele vai brigar com Vettel e Alonso pelo título. Posso até estar me precipitando, mas vejo Rosberg como um candidato que corre por fora, pois é o piloto mais regular até o momento e é digno de respeito.
Greg, mesmo não sendo da equipe do Blogf-1 eu comento para você a corrida dos brasileiros:
Massa foi horrivel, Bruno Senna fez o que pode, Di Grassi fez o que não podia e Rubinho foi só o Rubinho mesmo...
Abraço.
Naminha opiniao de m*** se a frrari continuar errando nas estrategias e Massa ficar apatico esse vai ser o ultimo ano do Massa na ferrari pois o sutil ta vindo forte o petrov tambem e ficar errando toda hora nao da ,Roomm agora fala a verda o Alonso foi traira na hora de entrar nos boxes ali o massa perdeu umas duas posiçoes e muitos pontos .Chume,,,,Chume deve ter se arrependido de ter voltado ,Buton e seu engenheiro ta sendo o mestres das estrategias no campeonato , Cade REDBULL ?no mais otima corrida mas ficar acordado ate as 4 é soda ,,,,,PO MASSA VAMO ACORDAR E DA UM ESPORRO NO ALONSO AQUELE TRAIRA .
Alonso deu uma tesoura voadora linda no Massa, que costuma se perder em quase toda chuva. O Hamilton tmb deu uma linda tesourada no Vettel do mesmo jeito do Alonso... A melhor corrida que eu já vi nos últimos anos! Pra ser perfeita pra mim só faltou a vitória do Hamilton, pilotagem quase ao nível do Senna! pra ser do mesmo nível só faltou ganhar... mas desse jeito o muleque vai longe!
ah sim.. esqueci só de um detalhe: o Hamilton pegou a manha de ultrapassar em uma curva em "S", que a câmera filmava os carro por trás... foi muito show! O bixo passou uns 3 ou 4 vezes ali! Brilhante!
Um banho de chuva. Estratégia de não trocar os pneus dá certo e Jenson Button vence na China.
Pinheirinho é divulgador cultural é maranhense, a partir de Brasília. - E-mail: pinheirinhoma@hotmail.com
Belissimo texto, Fábio. Não pude ver a race, perdi a corrida maluca de novo (foi a msm coisa com Melbourne).
obs: aproveitando pra falar pra vcs aki do Blog F1 que eu voltarei a blogosfera. Não mais no BFI e (infelizmente) também não no GPSeries. Volto num blog q não será sobre automobilismo (embora eu queira falar lá de vez em qdo sobre). Aguardem... hehe
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