FELIPE MACIEL
Seria até mais fácil provar o que está demonstrado neste post usando apenas as proporções matemáticas de cada sistema de pontuação. Mas como a análise feita com dados concretos são mais inteligíveis e aceitáveis, façamos a comparação da classificação da F-1 após os 3 primeiros GPs de 2010 com os modelos de pontuação anteriores. Logo chegaremos à conclusão de que o formato que confere 25 pontos ao vencedor apresenta muito mais semelhanças com seu predecessor que supervalorizava a regularidade.
À esquerda está representado o revolucionário 25-18-12-10-8-6-4-2-1. No canto superior direito, seu antecessor 10-8-6-5-4-3-2-1. Já na parte inferior direita, surge o distinto 10-6-4-3-2-1, que deixou de existir ao fim de 2002, quando a FIA desandou a fazer regras infelizes.
Atualmente, Felipe Massa lidera o campeonato sem ter vencido nenhuma corrida. Vettel, Alonso e Button subiram ao topo do pódio uma vez cada um, mas na tabela são superados pela regularidade do brasileiro, que soma 2 pódios contra 1 de cada vencedor de GP.
Caso vigorasse o sistema vigente até o ano passado, nada mudaria entre eles. Na verdade, a única alteração seria a perda de posição de Button para Rosberg, que no momento se encontram empatados.
Já em comparação com o bom e velho 10-6-4, tudo se inverte. Vettel e Alonso sobem para a ponta, deixando Massa em 3°. Button, mesmo terminando uma corrida em 7° e outra em 8° (ou seja, não pontuaria em duas provas), estaria empatado com o Felipe, que por sua vez ostenta abandono zero, 100% dos GPs na zona de pontuação e dois pódios.
A conclusão é óbvia: a ampla diferença de pontos no novo modelo de pontuação induz os espectadores a acreditar que a vitória está mais valorizada do que nos últimos anos. Ledo engano.
Quando a FIA desistiu de lançar o sistema 25-20-15 para implementar o 25-18-15, ela não potencializou vantagem alguma ao vencedor. Ela apenas criou uma desvantagem para o 2° colocado. Mas para o 3° lugar, o 4°, o 5° ou o 6° é como se o sistema de pontuação não tivesse sido alterado, uma vez que a mudança de proporção de pontos para essas posições é desprezível.
Finalmente, esqueça esse papo de que o formato de pontos inaugurado em 2010 privilegia a vitória. Ele está aí para disparar o número de pontos na temporada agradando a espectadores médios e a patrocinadores, além de ampliar a chance de equipes inferiores pontuarem. Essa Fórmula 1 "democrática" foi uma mera invenção da FIA após a debandada das montadoras e a entrada de equipes que não possuíam orçamento à altura.
Pena que questões de momento provocam mudanças que desfiguram toda a história da categoria. Agora qualquer moleque com 4 ou 5 anos de F-1 pode se gabar por ter mais pontos que o Ayrton Senna.
11 comentários:
As mudanças foram poucas. Mas acho que este estilo de pontuação parece ser a melhor.
Interessante post, Felipe, mas também acho esse sistema melhor. Vocês fizeram uma ótima análise, baseada nos dois últimos sistema de pontuação, e pelo menos com base nesses três GPs, a dos anos 1990 se mostrou mais vantajosa para valorizar a vitória..
Mas acredito que só o tempo, com mais GPs feitos, dirá se esse sistema é o "melhor" para valorizar a vitória ou não :).
Mas é bom lembrar, que somada ao número de pontos, obviamente, a regularidade sempre foi um fator-chave para a conquista do campeonato, até mais que as vitórias. Vide em 2008, que Hamilton foi campeão mesmo com menos vitórias do que Massa... Além de Kimi em 2007... Não tenho tantos anos de experiência acompanhando a Fórmula 1, mas acredito que é extremamente importante valorizar a vitória, até também ajuda bastante na busca por ultrapassagens. Mas, como todos sabem, regularidade é fundamental para se definir um campeonato, se não perde a graça...rs.
Vejam 2009: Button garantiu um bom número de vitórias, o que lhe garantiu ter "gordura" acumulada para o segundo semestre do campeonato. Quando perdeu a regularidade e a Brawn não se mostrou mais como o melhor carro do grid. Mas ter um sistema de pontuação que valoriza a regularidade é bem melhor que aquela ideia maluca do Bernie de deixar que as equipes faltassem GPs, e o campeão fosse o piloto que tivesse mais vitórias, kkk! Totalmente sem noção!!!
Ok, mas apesar de tudo, não para negar que é muito mais divertido ver os pilotos brigando ferrenhamento por vitórias até o final do campeonato, do que simplesmente vê-los acomodados com a "gordura" acumulada no início do campeonato! kkkkkkk
E acima de tudo, é sempre bom ver pilotos combativos (com segura, obviamente), brigando até o fim da corrida por ultrapassagem, por menor que seja a diferença de pontuação entre a posição que ele está agora, e a que está para ser alcançada! Rs :)
Mais uma vez, parabéns pelo post! Abraços!
Penso que na pontuação ela não está ruim, para valorizar ainda mais a vitória, poderia ter um descarte de três corridas, ai sim o piloto poderia arriscar com uma tranquilidade.
Essa tranquilidade que deu o primeiro título ao Senna.
Buscar posições com uma garantia do descarte essa sim é que faz toda a diferença.
Felipe,
Sou daqueles que não simpatizam muito com toda essa fartura de pontos,isso vai distorcer as estátistica de mais de meio século da F1.
Por outro lado,sempre achei que a vitória merecia maior valorização, 12 pontos para o primeiro já teria ficado de bom tamanho,o resto ficaria como estava.
Quanto a Massa,ele vem comendo pelas beiradas,somando pontos em pistas em que tinha um retrospecto fraco,ainda está devendo uma atuação convincente,sua liderança é circustancial.
Esse ano o campeonato tem tudo para terminar nas mãos de Vettel,a não ser que os grandes consigam achar o caminho das pedras que Newey encontrou.
abraço
Eu acho que o que deveria ter sido feito, já há muito tempo, era um trabalho contínuo de equalização dos pontos. E não sei se concordo de se estender a pontuação até o 10º lugar, mas me lembro de uma análise feita pelo Daniel Médici, no blog dele, sobre isso (ou foi o Daniel Gomes?) e ele chega a uma interessante conclusão: foi a F1 dos anos 80, com 200.000 carros no grid e só 6 pontuando.
Acho que p/ resolver isso, ser justo historicamente, equaliza. E se fosse equalizar o Prost e o Senna iam lá p/ estratosfera hehe
Mesmo que o novo sistema de pontuação, em comparação ao seu antecessor, não mude a ordem da classificação, continuo com a opinião que ele alterou as disputas por posições na F1 (o que é bem claro!). Não estou querendo dizer que ele estimulou ultrapassagens ou briga por vitórias.
Um OITAVO, NONO ou DÉCIMO lugares, a alguns anos atrás, eram irrelevantes! Do ponto de vista histórico não há como se comparar resultados simplesmente. Por mais espírito competitivo que um piloto tivesse, tanto fazia para ele chegar em 8o, 9o ou 10o! Não marcaria pontos!
O "espírito" da corrida era outro (se ele estivesse em 7o, tentaria ganhar a 6a posição e marcar 1 ponto!). O piloto tinha que "lutar" para estar entre os 6 primeiros de, em média, 24 carros. Ou seja, 3/4 dos pilotos não marcavam pontos, apenas os melhores marcavam! Hoje basta estar na "metade dianteira" do grid para se marcar pontos... Na minha opinião, os pontos foram desvalorizados!!
um abraço!
Não gosto muito desse sitema de pontuação, mas discordo que ele não dê privilégios a vitória, principalmente em relação ao seu antecessor, que dava 80% dos pontos da vitória ao 2º colocado.
O "10-6-4..." é, desses todos, o que mais dá previlégios ao vencedor do GP: o 2º lugar ganha apenas 60% dos pontos.
Bom era a época da vitória por 9 pontos: Senna, Prost e suas McLaren.
Carlos, aí eu volto ao que está registrado no post: a vitória não foi valorizada... o 2º lugar é que foi desvalorizado! As demais posições comentadas no texto mantiveram sua proporção, o 2º foi o único que perdeu significativamente. Esta é a diferença. Aí que mora a "pegadinha", entende?
Não por acaso Massa é o líder agora...
Renato, concordo plenamente. Se estar na "metade dianteira" do grid significa pontuar, é sinal de que esse sistema banaliza muito a coisa.
Muito boa a participação de todos nessa discussão!
Abraços
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Ah, malz, o link http://historiasevelocidade.blogspot.com/2010/04/nova-pontuacao-e-uma-farsa.html
Felipe, fiz um contraponto interessante para não deixar morrer o debate, e parti do seu texto e o infográfico mostrado... fiz o link lá a partir deste post. Quando puder confira!
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