FÁBIO ANDRADE
Apesar das arquibancadas vazias, os organizadores do GP da China desejam renovar o contrato com a F-1. O primeiro acordo, que garantiu a realização de provas em Xangai de 2004 a 2010, terminou e os promotores da corrida desejam renovar a parceria.
Leon Sun, um dos organizadores da corrida, está otimista: “estamos tentando construir um mercado para a Fórmula-1 [na China]. Ainda estamos atrás da Europa, mas melhoramos a cada ano” – disse, a despeito das cadeiras ociosas que são vistas em Xangai a cada grande prêmio.
Por outro lado, a F-1 também considera a China um destino importante. Martin Whitmarsh, chefe da equipe McLaren e presidente da FOTA (associação das equipes de F-1) destacou a importância de levar a categoria ao maior mercado consumidor do mundo.
Quem enxerga as conversas sobre a renovação de contrato do GP da China com a F-1 sem analisar a realidade do grande prêmio chinês corre o sério risco de se enganar. A população local dá pouca ou nenhuma atenção às corridas de automóveis e o elefante branco que é o autódromo de Xangai (o mais caro da história) vive às moscas durante os fins de semana de corrida. A venda de ingressos é tão baixa que gerou um vexatório sintoma: desde 2008 uma série de arquibancadas que rodeiam a curva inclinada foi transformada em outdoor da Expo 2010, exposição sobre cidades que acontece na China.
É muito relativo, portanto, o sucesso do grande prêmio chinês até aqui.
E enquanto a F-1 corre para a Ásia em busca de consumidores, outra discussão esquenta. Países ocidentais clássicos continuam sem corridas há alguns anos. Ou seja, na lógica do mercado contemporâneo a China, uma ditadura “comunista” com grotões obscuros e salário de 30 dólares/mês nas fábricas tem valor igual ou maior do que países-símbolo do ocidente como a França e os Estados Unidos.
É a grande contradição econômica dos nossos dias. Seria inocente imaginar que o desporto automotivo, esse ícone ocidental, escaparia imune a essa incoerência.
4 comentários:
Eh Fábio, fora esse lance da Expo 2010 ainda teve akela história de em algumas corridas na China eles liberarem as catracas e o povo podia entrar de graça pra ver a corrida. Estranho msm que a China possui uma indústria automobilística grande atualmente e a população ainda não dá atenção ao automobilismo.
Como disse em um post sobre o assunto, no meu blog, esse mercado consumidor chinês que a F1 procura é para inglês ver. Literalmente. Porque os chineses não costumam ver F1.
Ninguém gosta de correr na China, exceto quem lucra, ou pretende lucrar, com o GP: respectivamente, Ecclestone e os asseclas da CVC Capital Partners, e as montadoras que sobraram no circo. O que, aliás, confirma a previsã de Guy Debord: um espetáculo é o dinheiro que se olha, o capitalismo depende exclusivamente da vontade do capital, não mais dos indivíduos/sujeitos.
(Porque a China, convenhamos, já não é mais comunista abaixo do verniz, mas um imenso capitalismo de estado).
Fecho com o Daniel Médici. Foi perfeito no comentário.
Fábio,
Não duvido nada que Ecclestone renove com esse pessoal,basta que paguem o que ele quer,simples assim.
abraço
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