quinta-feira, 20 de maio de 2010

Raikkonen, esse desmotivado?



FÁBIO ANDRADE



Do dia 27 de abril de 2008 ao dia 30 de agosto de 2009, um piloto viveu um drama na Fórmula-1. Ou não. Porque quando se fala de Kimi Raikkonen, normalmente os tons dramáticos ficam reservados às paginas de jornais e a blogueiros com um pé no sensacionalismo, como esse que escreve esse post. Kimi costuma dar muito menos atenção a tudo que acontece no ambiente extra-pista, incluindo as discussões sobre seu próprio rendimento.

O fato é que o período datado no parágrafo acima é o intervalo entre a penúltima e a última vitória de Raikkonen na F-1. Foram quase exatos 16 meses, ou 25 corridas, sem ser o primeiro a receber a bandeira quadriculada na linha de chegada, o que é um calvário para um piloto numa equipe como a Ferrari.

Raikkonen foi então acusado de sonolento, desinteressado, desmotivado. Seu jejum começou no GP da Espanha de 2008 e durou até o GP da Bélgica de 2009. Kimi só se redimiu com uma atuação de gala na sua “pista-fetiche”, se é que o termo existe, Spa-Francorchamps, na única vitória da Ferrari no último campeonato. Mas ainda assim Raikkonen se retirou da F-1 no fim do ano passado deixando no ar a sensação de que se tornara um piloto mediano e burocrático.


O jejum dos outros

No passado recente da F-1, Kimi Raikkonen não foi a única estrela a passar um grande período sem vitórias, mas foi o único piloto que teve de lidar com uma quase perseguição da imprensa, que o acusava de estar desmotivado. Outros destaques da F-1 não conviveram com isso. Felipe Massa é um bom exemplo. Seu último triunfo foi no GP do Brasil do dia 2 de novembro de 2008, há um ano e meio, ou 24 grandes prêmios. Porém, Massa esteve impedido de disputar oito dessas 24 corridas em virtude de seu acidente no GP da Hungria de 2009, que o tirou das pistas pelo resto do ano.

Fernando Alonso também atravessou um longo período de vacas magras. Na verdade, dois intervalos grandes sem vitórias: de setembro de 2007 (GP da Itália, ainda pela McLaren) a setembro de 2008 (o infame GP de Cingapura, já pela Renault) e de outubro de 2008 (GP do Japão) a março de 2010 (GP do Bahrein, pela Ferrari). Foram, respectivamente, 18 e 19 corridas de jejum.

Há ainda outros casos de pilotos que ficaram longos períodos sem vencer: Rubens Barrichello passou quatro temporadas inteiras sem vitórias e voltou a triunfar no ano passado. Jenson Button esteve sem vencer do GP da Hungria de 2006 ao GP da Austrália de 2009. Já aparentava ser piloto de uma vitória só, até encontrar o BGP-001 em seu caminho e partir para o título no ano passado. Mas no caso de Barrichello e Button chovem ressalvas, afinal, ambos estavam em alguns dos carros mais fracos do grid antes de a Brawn GP aparecer.

Apesar de todos os exemplos, a pecha de desinteressado só recaiu sobre Kimi Raikkonen. Talvez porque a Ferrari não fosse, de fato, a equipe ideal para seu estilo, talvez porque Kimi não desfiasse um rosário de sorrisos nem parecesse paciente diante dos interrogatórios dos jornalistas.

3 comentários:

Pablo disse...

Tem uma diferença grande entre Raikkonen e os demais exemplos que vc deu:

Quantas corridas cada um desses pilotos viu o seu companheiro ganhar nesse período??

Raikkonen viu o seu companheiro ganhar 5 corridas (e poderiam ser 7 com Cingapura e Hungria).

Nos demais casos o carro não era competitivo.

Ron Groo disse...

Bela lembrança... Sabe.. Tô com saudades do Raikkonen... de chamar ele de bunda mole...

Aderson Pereira disse...

Todos esses pilotos que passaram um jejum não tinham equipamento com condições de lutar por vitorias ou sofreram algum acidente que o deixaram impossibilitado momentaneamente.
Mas em 2008, Kimi Raikkonen tinha um carro muito bom nas mãos. Prova disso foi seu companheiro de equipe, Felipe Massa, lutar pelo titulo até a ultima curva do GP do Brasil, derradeira corrida daquele ano.
Kimi Raikkonen como disse Lucas de Montezemolo, estava irreconhecivel, desmotivado.
Parece que o fato de ter ajudar seu companheiro de equipe na luta pelo titulo, o desagradou completamente.
Por mim a F1 passa muito bem sem ele.