quarta-feira, 21 de julho de 2010

Memória Blog F-1: Schumacher, França, 2002



FÁBIO ANDRADE



Em 21 de julho de 2002, no GP da França, a Fórmula-1 viu cair um de seus cânones máximos. Juan Manuel Fangio descansava inalcançável no posto de pentacampeão mundial até aquele dia, e a sua quantidade de títulos, cinco, era uma barreira psicológica forte. Grandes talentos como Jackie Stewart, Niki Lauda e Ayrton Senna não conseguiram romper a marca. Alain Prost chegou muito perto, mas parou na quarta taça conquistada.

Na tarde daquele domingo em Magny-Cours, Michael Schumacher conquistou seu quinto título, seis corridas antes do final da temporada. Hoje, a Magny-Cours que consagrou o alemão já nem recebe mais corridas da categoria máxima. Muita coisa, de fato, mudou desde os tempos em que os campeonatos eram decididos no mês de julho.

É Reginaldo Leme quem conta a história daquele 21 de julho, em seu anuário:
"A Fórmula-1 esperou exatos 16422 dias para coroar um novo rei. Em Magny-Cours, 45 anos depois de a categoria forjar seu primeiro e até então único pentacampeão, Michael Schumacher tomou o cetro de Juan Manuel Fangio, argentino que na década de 50 conquistou cinco títulos mundiais. O alemão da Ferrari venceu o GP da França e chegou ao penta seis corridas antes do final da temporada.

Recordista de quase tudo, Michael sempre disse que não liga para as estatísticas. Mas o número cinco, quase cabalístico na F-1, não deu para desprezar. 'É claro que é um título especial. Só não acho justa a comparação com Fangio', falou o piloto. 'O que ele fez em seu tempo não é comparável com o que fazemos hoje em dia. Seu esforço naqueles tempos provavelmente era muito maior. Hoje um piloto tem muita gente ao redor, há um trabalho de equipe muito maior que no passado.'

(...)

Schumacher (...) teve dificuldades para vencer em Magny-Cours. Quando assumiu a liderança, que era do pole Juan Pablo Montoya, depois da primeira bateria de pit stops, recebeu um pênalti por ter cortado a linha que delimita a saída dos boxes. O 'drive-through' o jogou para o terceiro lugar, atrás dos dois surpreendentes McLaren, da David Coulthard e Kimi Raikkonen.

David cometeu o mesmo erro na saída de um pit stop e também foi punido. A 17 voltas do final, Schumacher se recolocou na luta pela liderança, mas Kimi não lhe dava chances de ultrapassagem. Até que, a cinco voltas do fim, o finlandês derrapou no óleo deixado pelo Toyota de Allan McNish, que quebrou o motor, e foi superado por Michael na curva Adelaide. Raikkonen, o 'cometa gelado', terminou em segundo, seu melhor resultado na carreira. 'O melhor resultado, mas a pior corrida, porque chegar tão perto e não ganhar é uma coisa terrível', disse o garoto.

(..)

Barrichello nem correu. Quando o sinal de 15 segundos para a volta de apresentação foi dado no grid, seus mecânicos saíram desesperados. E deixaram o carro suspenso por um macaco. De novo o piloto teria de largar atrás do pelotão, ele que tinha a terceira posição no grid. Irritado, Rubens saiu do cockpit e mandou uma banana para os mecânicos. Antes de a corrida terminar, estava num avião no aeroporto de Nevers, pronto para voltar para casa. Foi quando seu empresário, Frederico Della Noce, telefonou para avisar que Schumacher seria o campeão. 'Peguei uma moto e voltei na contramão. Eu faço parte dessa família. Quando soube que Michael venceu, tinha de voltar para dar um abraço nele', disse o brasileiro.

Durante quase meio século, o lendário Fangio, que morreu em 1995, aos 84 anos, ostentou com justiça o título de melhor do mundo. Sua carreira foi curta e esplendorosa. 51 GP's em nove temporada incompletas. Um de seus cinco títulos, o de 1956, foi conquistado justamente a bordo de uma Ferrari. Em 1958, na segunda corrida do campeonato, decidiu parar. Curiosamente, a despedida aconteceu na França, em Reims. Na França de reis coroados e depostos. Em 2002, caiu Fangio e ascendeu ao trono Schumacher. Viva o novo rei.

Auto Motor Esporte 2002/2003, p. 120 - 122, Editora R. Leme


Schumacher entrava, definitivamente, para a história como o maior destruidor de recordes da F-1. E a mesma proporção com a qual reescreveu os almanaques da categoria, foi vista na quantidade de polêmicas e lances desleais que o credenciam como um dos mais contestados recordistas da história dos esportes. Além disso, a superioridade de seu equipamento na época em que faturou a maioria de suas vitórias e títulos, algo poucas vezes visto na F-1, torna o alemão uma figura cujos méritos pelos sete mundias conquistados ainda são discutidos.


Em 21 de julho de 2002, há oito anos, um dos capítulos dessa história foi escrito:



7 comentários:

Luiz Sergio disse...

Fábio, como torcedor eu conto só 6 títulos para o Michael, o primeiro eu não conto e penso que a máFIA foi omissa, tudo é visto por essa federação, não como certo e errado e sim com uma política suja, como Shumi seria o primeiro campeão alemão na F1, ela não fez nada com aquela batida intencional contra o Hill.
A poucos dias o Hill em entrevista falou que faltou experiência naquela batida, pois o carro do Michael já estava destruído e não tinha condições nem de chegar até box.
Hoje posso dizer que sou torcedor do Michael e que ele e seus records vão se perpetuar na F1.

Luiz Sergio disse...

VALENTINO ROSSI EM 2011 É PILOTO DA DUCATI
Valentino Rossi já tem tudo acertado com a Ducati.
O contrato tem validade de dois anos e o piloto vai receber € 14 milhões.
Rossi assina com Ducati e se despede da Yamaha no final da temporada.
O acordo entre a Ducati e a Yamaha que é a atual equipe de Rossi, vai possibilitar o teste pelo novo time no final do campeonato desse ano.
A Ducati está para as motos GP o equivalente a Ferrari para a F1.
O grande Valentino em uma Ducati competitiva é um sonho de quase todos os italianos e de muitos torcedores desse fantástico piloto, eu me incluo nesse grupo.

Aderson Pereira disse...

Realmente 2002 foi o ano da humilhação de Barrichello na equipe Ferrari.
Esquecer o cavalete de proposito pro cara largar em ultimo e não atrapalhar a corrida do Schumacher, foi evidente. Ecos daquela corrida na Austria.

Luiz Sergio disse...

Aderson, não sei como, muitos torcedores não percebem as sujeiras para descartar pilotos na disputa dos títulos, tenho a minha opinião, que uma equipe deve disputar o campeonato com seu melhor piloto, mais penso que o outro piloto ao ser contratado já sabendo que não vai disputar o título, para não nutrir esperanças, para a equipe não precisar colocar panes no carro, a mola solta de propósito quase mata um piloto.

Fábio Andrade disse...

Acho que a pergunta a ser feita é: o que ficou desse pentacampeonato e dessa conquista histórica do Schumi?

Pouca coisa. Além da quebra de uma barreira psicológica muito forte, o penta do Schumi não tem outra história para contar se não a do achatamento do Barrichello na equipe. Não ficou uma corrida especial do Schumi, já que todas eram quase iguais. Esse penta do Schumacher foi muito menos do que poderia ser porque a Ferrari e o próprio Schumacher permitiram que assim fosse.

Luiz Sergio disse...

Fábio, a era Shumi, foi realmente muito chata, quase acabou com a F1.
Quando reclamam do Galvão Bueno, eu sei de todas as suas falhas, mais uma coisa ele tem mérito, Rubinho a um minuto atrás do Michael e em uma volta o Rubinho conseguiu 00001 mais rápido que o alemão, ai o Galvão grita, -Rubinho está chegando no Shumi, está fazendo voltas mais rápidas! Só faltava dizer, se tiver mais umas 5000 voltas ele chega no alemão.

Pinheirinho disse...

Schumacher garante que fica na F-1 em 2011. Alemão planeja brigar pelo oitavo título na próxima temporada.
Pinheirinho é divulgador cultural é maranhense, a partir de Brasília. - E-mail: pinheirinhoma@hotmail.com