quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A Zona



FÁBIO ANDRADE


No dia que concluiu uma semana de testes pouco conclusiva o que mais chamou a atenção no mundinho paralelo da Fórmula-1 foi a sugestão, partida da Federação Internacional de Automobilismo, de criar o que se chamou de “zona de ultrapassagem”. A ideia é estabelecer uma área de 600 metros nas retas principais de cada circuito e liberar, nesse trecho, o uso das asas móveis.




A iniciativa de criação da zona surgiu depois de alertas de engenheiros e de pessoas ligadas ao corpo técnico das equipes. Adrian Newey, engenheiro-chefe da Red Bull cravou a mais forte das declarações até então, e foi preciso ao dizer que “devemos tornar as ultrapassagens possíveis, não fáceis”. O efeito do alerta foi o receio de que as asas móveis tornem as ultrapassagens banais e artificiais. Pior do que isso, as asas móveis somadas ao KERS correm o risco de acabar com todo o jogo de xadrez que envolve uma ultrapassgem, e que as vezes é mais interessante do que somente a ultrapassagem. Uma ultrapassagem não é só a ultrapassagem em si, mas toda a trama e sequência de tentativas e erros que leva até o desfecho da manobra. E, historicamente, uma ultrapassagem é o triunfo de um conjunto equipamento/piloto que seja superior a outro conjunto equipamento/piloto naquele determinado momento. Não é um simples apertar de botões.




O vai e vem de regrinhas e preciosismos que a FIA sinaliza nessa pré-temporada revela ainda que quase um ano depois desse post várias coisas ainda são válidas para o momento da Fórmula-1. A categoria precisa de mais do que um regulamento estável, precisa primeiramente decidir afinal que filosofia de espetáculo ela vai seguir. No momento atual é impossível dissociar a palavra “espetáculo” da palavra “esporte” porque os dois andam juntos. Mas aquela que se considera a categoria máxima do automobilismo tenta se equilibrar numa escorregadia fronteira: entre se afirmar como celeiro da técnica e dos melhores pilotos do mundo ou injetar artifícios que descambam para sua própria mariokartização. E antes de tudo é preciso escolher qual estilo de entretenimento será representado.


Até que alguém do alto comando da Fórmula-1 acorde para isso, continuamos acompanhando a evolução da zona.

4 comentários:

Ron Groo disse...

Corrida de carro é coisa muito simples. Os caras fazem carros e poe nas pistas, o mais rápido ganha, se forem iguais o que tiver melhor piloto leva. Se os pilotos forem iguais a sorte se encarrega de dar um vencedor. Só que ai os caras inventam um monte de artificialidades pra deixar a coisa "quente" e conseguem esfriar mais ainda.

Caco disse...

Definição perfeita: mariokartização!!!

Williams disse...

Argumentação perfeita! Estão querendo transformar a F1 em um jogo de playstation! Pra ultrapassar, aperta B e vai embora! O que me faz assistir a uma corrida de carros é o jogo de xadrez das ultrapassagens. Concordo que não dá pra ficar a fila indiana que temos em várias corridas. Mas será que eles não perceberam que essa fila indiana é problema muito mais da pista do que dos carros? O que tem que mudar são essas pistas fuleiras e botar pistas onde permitam ultrapassagens. Mariokartização: perfeito! já temos pistas de kart... agora "aperte B para passar".... qual é a próxima? dar um cacho de bananas pra cada piloto jogar na pista?

Fábio Andrade disse...

Huahuahauhaua.

Eu ri da sua proposta, Williams. Não só por ela ser engraçada como também porque não é difícil que algum gênio da FIA queria colocá-la em prática :) =/