FÁBIO ANDRADE
No dia que concluiu uma semana de testes pouco conclusiva o que mais chamou a atenção no mundinho paralelo da Fórmula-1 foi a sugestão, partida da Federação Internacional de Automobilismo, de criar o que se chamou de “zona de ultrapassagem”. A ideia é estabelecer uma área de 600 metros nas retas principais de cada circuito e liberar, nesse trecho, o uso das asas móveis.
A iniciativa de criação da zona surgiu depois de alertas de engenheiros e de pessoas ligadas ao corpo técnico das equipes. Adrian Newey, engenheiro-chefe da Red Bull cravou a mais forte das declarações até então, e foi preciso ao dizer que “devemos tornar as ultrapassagens possíveis, não fáceis”. O efeito do alerta foi o receio de que as asas móveis tornem as ultrapassagens banais e artificiais. Pior do que isso, as asas móveis somadas ao KERS correm o risco de acabar com todo o jogo de xadrez que envolve uma ultrapassgem, e que as vezes é mais interessante do que somente a ultrapassagem. Uma ultrapassagem não é só a ultrapassagem em si, mas toda a trama e sequência de tentativas e erros que leva até o desfecho da manobra. E, historicamente, uma ultrapassagem é o triunfo de um conjunto equipamento/piloto que seja superior a outro conjunto equipamento/piloto naquele determinado momento. Não é um simples apertar de botões.
O vai e vem de regrinhas e preciosismos que a FIA sinaliza nessa pré-temporada revela ainda que quase um ano depois desse post várias coisas ainda são válidas para o momento da Fórmula-1. A categoria precisa de mais do que um regulamento estável, precisa primeiramente decidir afinal que filosofia de espetáculo ela vai seguir. No momento atual é impossível dissociar a palavra “espetáculo” da palavra “esporte” porque os dois andam juntos. Mas aquela que se considera a categoria máxima do automobilismo tenta se equilibrar numa escorregadia fronteira: entre se afirmar como celeiro da técnica e dos melhores pilotos do mundo ou injetar artifícios que descambam para sua própria mariokartização. E antes de tudo é preciso escolher qual estilo de entretenimento será representado.
Até que alguém do alto comando da Fórmula-1 acorde para isso, continuamos acompanhando a evolução da zona.
4 comentários:
Corrida de carro é coisa muito simples. Os caras fazem carros e poe nas pistas, o mais rápido ganha, se forem iguais o que tiver melhor piloto leva. Se os pilotos forem iguais a sorte se encarrega de dar um vencedor. Só que ai os caras inventam um monte de artificialidades pra deixar a coisa "quente" e conseguem esfriar mais ainda.
Definição perfeita: mariokartização!!!
Argumentação perfeita! Estão querendo transformar a F1 em um jogo de playstation! Pra ultrapassar, aperta B e vai embora! O que me faz assistir a uma corrida de carros é o jogo de xadrez das ultrapassagens. Concordo que não dá pra ficar a fila indiana que temos em várias corridas. Mas será que eles não perceberam que essa fila indiana é problema muito mais da pista do que dos carros? O que tem que mudar são essas pistas fuleiras e botar pistas onde permitam ultrapassagens. Mariokartização: perfeito! já temos pistas de kart... agora "aperte B para passar".... qual é a próxima? dar um cacho de bananas pra cada piloto jogar na pista?
Huahuahauhaua.
Eu ri da sua proposta, Williams. Não só por ela ser engraçada como também porque não é difícil que algum gênio da FIA queria colocá-la em prática :) =/
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