domingo, 2 de maio de 2010

Propaganda involuntária



FÁBIO ANDRADE



Uma das notícias que mais repercutiu durante a semana passada foi a acusação de que a Ferrari faria, desde 2006, propaganda subliminar da marca de cigarros Marlboro em seus carros. A denúncia partiu de médicos ingleses, que alegam que o código de barras branco estampado no fundo vermelho da carenagem dos carros de Maranello e nos macacões dos pilotos não deixa de remeter aos maços da famosa marca de cigarros.



São dois os inusitados desse caso. O primeiro é que o código de barras é sim um artifício para “driblar” a legislação europeia anti-tabaco. A marca Marlboro está vinculada à Fórmula-1 há quase 40 anos, e nos últimos 10 ela esteve fortemente associada à melhor fase da história da Ferrari na competição. Logo, o público que acompanha a F-1 enxerga no código de barras uma marca que não está claramente estampada e isso já acontece há 4 anos. Muito tempo, portanto, para que só agora uma comissão médica se dê conta da propaganda “subliminar”.

Cabe também uma observação sobre a força da marca Marlboro. O logotipo e o nome dos cigarros não aparecem inscritos em nenhuma parte dos modelos da Ferrari. “Mas eles estão lá” – dirá o leitor. Sim, simbolicamente estão, e qualquer um que acompanhe a F-1, mesmo a meia distância, sabe disso.



Por outro lado, também faz algum sentido a justificativa da Ferrari sobre o incidente: “se fosse um caso de publicidade, a Philip Morris [empresa proprietária da marca Marlboro] deveria ter um copyright sobre o código de barras” – afirmou a escuderia italiana em um comunicado quase cínico. Ou seja, juridicamente não seria tão óbvio comprovar que as listras brancas na carenagem dos carros italianos são uma propaganda velada do tabaco.

É um daqueles casos curiosos, em que todo mundo sabe que a acusação faz sentido mas que um bom departamento jurídico dá conta de resolver a favor dos investigados.

O inusitado número dois do caso é que a acusação dos médicos ingleses conseguiu ressuscitar um assunto frio. Fazia tempo que não se falava tanto de cigarros e tabagistas na F-1. O que de mais relevante a denúncia médica conseguiu até agora, foi aumentar o número de citações aos cigarros Marlboro na imprensa do mundo. Só que jornais, sites e blogs operam sem a censura do código de barras.

6 comentários:

Aderson Pereira disse...

Coisa de gente desocupada, bando de débil mental que em vez de cuidar de algo importante faz uma declaração dessas.

Qualquer um sabe que aqueles códigos de barra significam o nome Marlboro.
Tá na tampa do motor e tá nos capacetes dos pilotos.

Vão arranjar uma lavagem de roupa!!

Ron Groo disse...

É verdade.
Todos sabem no que implica aquele código de barras nos carros cover da Ferrari, e também todos sabem que fumar faz mal.
Porém eu lhe pergunto: Fazia menos mal nos anos setenta e oitenta? E eles estavam lá e sustentaram a categoria.
Fumar faz mal, a quem fuma e a quem está por perto. Porém agora as pesquisas dizem que até o açucar faz mal. Vai se proibir o açucar também?
Se é permitida a venda livremente pelo mundo, por que é proibida a propaganda? Não fica meio esquisito isto? Então que se proíba a venda logo.

Elizandro disse...

o texto não poderia ser melhor, o trecho final é o que eu sempre comento, os babacas dos médicos ou estão a favor da Marlboro ou são estúpidos, sinceramente, eu não lembrava mais que a Marlboro era patrocinadora da Ferrari, eu já estava associando Ferrari com Santander e antes me vinha a mente SHELL e FIAT.

Agora eles fizeram o favor de ressuscitar a Marlboro. Acho que queriam publicidade para eles próprios, acontece muito disso, em vez de ficar quieto, faz barulho e o tiro sai pela culatra tendo efeito contrário.

Voaridase disse...

É verdade mesmo...

Mas eu tenho uma ideia: e se esses médicos fizessem um copyright sobre o código de barras de modo a proibir a Ferrari de o usar?

Sempre era algo curioso de ver que outro modo de publicidade arranjaria a equipa italiana para divulgar a Marlboro...

Renato disse...

Curioso...

o nome oficial do time da Ferrari, inscrito no campeonato da FIA, não é "SCUDERIA FERRARI MARLBORO" (ou "Scuderia Marlboro Ferrari", nunca me lembro a ordem certa!)?

Será que deveria ser "SCUDERIA FERRARI ||||||||"?

No início do Século XX, o cigarro era recomendado por médicos para quem tinha problemas respiratórios; acreditavam (os médicos e a medicina de então) que o cigarro fosse benéfico para a cura de tais males...

O cigarro SEMPRE fez, faz e fará mal às pessoas, o nosso conhecimento de seus malefícios é que mudou ao longo do tempo...

Aliás, queimar combustível (gasolina, metanol, etanol, etc) produz gases de efeito estufa: por que então não proibir isso na F1 também? (santa hipocrisia!!)

um abraço...

(O Ministério da Saúde adverte blá, blá, blá....)

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