FÁBIO ANDRADE
Nos textos sobre classificações e corridas aqui no Blog F-1 é praxe a colocação da tabela com os resultados, uma obsessão dos editores dessa página. E se ao olhar a tabela de hoje, no fim desse post, e a de ontem, da classificação, o leitor presumir que o GP do Canadá foi um saco “porque o pole venceu”, estará sendo cometido um tremendo erro.
Apesar da vitória do piloto que largou na frente na corrida de hoje em Montreal, O GP do Canadá foi uma corrida cheia de alternativas, sobretudo pelo desgaste anormal dos pneus. A Red Bull, que esperava tirar vantagem dos pneus duros na parte inicial da corrida, viu seus planos frustrados pelo alto desgaste de todo tipo de borracha da pista canadense.
Borracha, frágil borracha
Mark Webber e Sebastian Vettel tinham motivos para ostentar certo otimismo antes da largada. No asfalto do circuito Gilles Villeneuve, ambos calçavam pneus duros no momento da partida, enquanto a maioria dos rivais estava com os pneus macios, muito mais frágeis e passíveis de desgaste, em teoria. A tática da Red Bull contava com o desgaste prematuro dos compostos moles, usados pela concorrência, e com a (teórica, nunca é demais repetir) durabilidade dos duros para dar certo. Para infelicidade da equipe austríaca, o que se viu em Montreal foi um consumo anômalo de todo e qualquer tipo de borracha sobre o asfalto do Gilles Villeneuve.
Se os pneus macios duraram entre seis e dez voltas, os duros começaram a perder redimento na faixa das 15 voltas iniciais. Cinco voltas a mais na pista era pouco para que Webber e Vettel conseguissem voltar a frente de Hamilton, Button, Alonso e... opa, ta faltando alguém aqui.
Massa, irmão de Schumacher
Felipe Massa e Michael Schumacher nutrem uma relação fraternal, é o que adora dizer o narrador nosso de cada corrida, de quem muita gente deve ter sentido saudades hoje. Em Montreal ambos estiveram unidos por uma relação caótica que cobrou a conta no final da corrida.
Massa se enrolou ao ficar encaixotado entre a McLaren de Jenson Button e a Force India de Vitantônio Liuzzi logo na primeira curva. Tocado dos dois lados, o brasileiro pendeu para um lado e para o outro, até finalmente bater em Liuzzi e avariar os carros de ambos. Voltaram dos boxes nas últimas posições e precisaram batalhar toda uma corrida de recuperação.
Schumacher em 2010 parece ser um piloto de lampejos, em nada parecido com o multicampeão regularíssimo que se aposentou em 2006. O alemão já alternou exibições pífias, como a da China, com outras razoáveis, como em Barcelona. Hoje, no entanto, voltou a se destacar negativamente. Quase toda disputa de posição que envolveu o heptacampeão terminou com 1) um dos pilotos fora da pista; ou 2) o carro do piloto rival avariado. O “irmão mais novo” do alemão foi vítima da segunda opção.
Montreal sempre bem-vinda
A pista de Montreal é das mais interessantes do calendário, e é raro ver corridas chatas por lá. Aliadas ao alto consumo de pneus, as características da pista promoveram uma bonita disputa pela ponta. Hamilton e Alonso duelaram em alto nível, tanto na pista como no pit lane, até quando os pneus permitiram.
Alonso terminaria com o segundo lugar, mas faltando poucas voltas para o final, o espanhol cedeu às investidas de Button. Em segundo, o atual campeão do mundo fechou a terceira dobradinha da McLaren em 2010.
Na equipe do carro mais forte do ano, a Red Bull, Vettel e Webber terminaram, respectivamente, em 4º e 5º, o que não é o pior dos cenários no caso do alemãozinho. Com um problema no final da corrida, Vettel terminou a prova poupando o carro para não causar um abandono.
É quase inexplicável que uma das pistas com mais personalidade tenha ficado de fora do calendário do ano passado. Se, recentemente, as corridas por lá renderam imagens inesquecíveis como as do acidente de Kubica e de sua vitória no ano seguinte e as da primeira vitória de Hamilton, a edição de 2010 da corrida em Montreal irá permanecer na memória por muito tempo: a curta liderança de Sebastien Buemi e a defesa de posição do suíço sob a pressão de Alonso, os vários encontros do bicampeão com Hamilton, incluindo a disputa dentro dos boxes, o pega entre Massa e Liuzzi, que durou boa parte da prova, e a ultrapassagem do brasileiro sobre Sutil já no finalzinho, tudo isso fez o GP do Canadá valer a pena, como já é frequente.
Enquanto o mundo inteiro acompanha uma Copa do Mundo com jogos mornos, a F-1 no Canadá serviu como muito mais do que um passatempo no intervalo das partidas.
3 comentários:
E o Rubinho hein, não da pra entender. Eu acompanho a carreira do Rubinho na F1 a mais de 10 anos e lembro que ele sempre teve esse tipo de problema em largada, quer dizer, é crônico. E pela idade que ele tem, se não aprendeu a largar até hoje, não vai aprender nunca.
A verdade é que estamos muito mal de representantes,o Brasil que já teve grandes pilotos hoje só tem no maxímo,pilotos medianos(dentro da realidade da formula 1 é claro)Volto a repitir, agora neste blog;as gerações que surgiram após a destruição no velho e lindo Interlagos não revelaram nenhum piloto acima da média.Seria a maldição de SANSON ? Estaria aquela mola arremessada pelo carro do Teimoso Rubundãozinho Barrichello contaminada com o virus "MEDIOCRES PILOTIS" e isto estaria fazendo com que o Massinha esteja tendo este comportamento tão pifio.
Quanto ao GP venceu quem tem merecido vencer,por tudo que tem apresentado desde o inicio de sua carreira.TECNICA,GARRA E DETERMINAÇÃO.
Dobradinha e liderança. Hamilton vence no Canadá e assume a ponta, seguido por Button.
Pinheirinho é divulgador cultural é maranhense, a partir de Brasília. - E-mail: pinheirinhoma@hotmail.com
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