FELIPE MACIEL
E nós elogiando a McLaren pela postura liberal na Turquia...
O vídeo do site oficial conta uma versão diferente daquilo que parecia visto de fora. No terço final do resumo, nota-se uma conversa de rádio em que o time de Woking assegura Lewis que Jenson não o atacará porque ambos os carros estão poupando combustível. Logo em seguida, Button investe sobre Hamilton e promove uma senhora briga pela vitória.
Tanto o duelo da McLaren quanto o da Red Bull indicam um ruído grave de comunicação via rádio quando o pit wall deseja ordenar que seus pilotos mantenham ou invertam as posições sem correr risco de ser interpretado como jogo de equipe pela FIA.
Mas prefiro deixar essa discussão para outro momento. O que mais me chama a atenção neste episódio aqui é a pronta reação de Lewis Hamilton ao se deparar com o fator surpresa.
Não é a primeira vez que o Lewis mostra sua destreza em momentos críticos. De qualquer forma, não deixa de ser apreciável a sua rapidez de resposta frente a um absurdo que foge completamente dos planos.
Imagine o que é buscar a primeira vitória no campeonato após saber que seu companheiro de equipe, atual campeão do mundo, já possui duas. Adicione a isso o fato de você estar na liderança e ele em segundo. Se você vence, abre a sua série; se você perde, ele leva o terceiro caneco no ano, enquanto você segue zerado. Mas acima de tudo, você recebe uma notícia aliviadora da equipe te liberando para reduzir a velocidade, já que seu parceiro não o atacará.
Ao que você levanta o pé direito acreditando na vitória consolidada, se depara com o dito cujo crescendo em seu retrovisor, colocando de lado e assumindo a ponta a poucas voltas do fim. A sensação do piloto deve ser das mais confusas, sem possibilidade de entender rapidamente por que diabos foi ultrapassado. Ao mesmo tempo é seu dever replicar na pista e lutar para recuperar logo de imediato aquela vitória que parecia certa. Sem titubear, Lewis foi lá e fez.
Não é tão simples quanto parece. Ele, porém, faz parecer, afinal precisou passar por uma prova de fogo muito mais rigorosa no dia em que conquistou seu título mundial.
Ser ultrapassado por Sebastian Vettel há pouquíssimas voltas do fim do campeonato de 2008 deu início a um dos fatos mais extraordinários já visto na história. Mas ninguém teria motivos para sentir uma tensão maior do que o próprio Lewis naquele instante.
Sobre o mesmo palco, um ano antes, seria jogada fora uma conquista praticamente anunciada. O então estreante desperdiçaria na última etapa o título da temporada. Não teria sido culpa só dele, o câmbio havia lhe traído durante a prova e atirado pela janela a primeira grande chance na F-1. Mas em 2008, perder o campeonato de novo, no mesmo lugar... aí já seria demais, não?
Muito se falou no quase triunfo do Massa e na quase reincidência de derrota de Hamilton. No entanto, pouco se falou na intensa pressão sobre o piloto ao ver aquela Toro Rosso cruzar a sua frente e tomar a posição que valia o trabalho de todo o Mundial. Perseguir o carro azul sob o pé d'água, em meio ao desespero de precisar recuperar uma posição irrecuperável não é tarefa fácil. Alguns em seu lugar teriam se arremessado contra o bólido energético numa tentativa frustrada de vencer o campeonato. Dar uma tampona no adversário possivelmente resolveria o problema, no entanto ele manteve a cabeça no lugar, não errou um ponto de freada, acelerou o quanto pôde e teve a sabedoria para brigar legitimamente até o final, mesmo que isso significasse chegar em 6°.
Por sorte ou algo que o valha, pegou um inofensivo Timo Glock pelo caminho e acabou levando a melhor depois de um custoso sofrimento. A chuva no fim devolveu o que quase havia lhe tirado. Mas provou que, mentalmente, Lewis Hamilton não deve nada a ninguém. E que diante do fator surpresa, sua frieza não pode ser subestimada, por mais decisivo que seja o momento.
9 comentários:
Ele demonstrou muito mais seu valor na Turquia 2010 do que em 2008. Ele na minha opinião mereceu em 2007, msm tendo vacilado no fim. Foi o melhor piloto o ano inteiro e não me convenço com a idéia de que o vencedor do campeonato sempre o merece.
Rossi fratura tíbia e fíbula durante treino liderado por Lorenzo na Itália
Valentino Rossi quebrou a perna direita após um acidente no segundo treino livre para o GP da Itália de MotoGP, em Mugello. Jorge Lorenzo acabou com a liderança da sessão
Valentino Rossi sofreu a pior lesão de sua carreira na MotoGP durante o segundo treino livre para o GP da Itália, no circuito de Mugello, neste sábado (5). Em um violento acidente na sessão, o piloto da Yamaha teve uma fratura exposta na tíbia e na fíbula de sua perna direita. Por causa disso, o italiano está fora da prova em seu país natal – o heptacampeão mundial nunca tinha perdido uma etapa da categoria.
Rossi é atendido ainda no local do acidente pelo serviço médico do circuito de Mugello
A liderança da atividade ficou com o companheiro de Rossi na equipe japonesa, Jorge Lorenzo. Após uma sequência de cinco voltas na casa de 1min49s, o espanhol cravou 1min49s282 na última de suas 26 voltas.
O segundo lugar acabou com Andrea Dovizioso, que venceu a disputa interna da Honda contra Daniel Pedrosa, terceiro colocado. Apesar do grave acidente, Rossi ainda teve condições de marcar o quarto melhor tempo do treino.
Randy de Punier foi o sexto, à frente de Casey Stoner, que também caiu durante a sessão, com menos gravidade comparado ao incidente de Valentino. Mas o contratempo prejudicou o australiano, que só pôde dar quatro voltas rápidas pela manhã em Mugello.
Colin Edwards, Ben Spies e Nicky Hayden fizeram uma trifeta norte-americana do sétimo ao nono posto. Loris Capirossi, um dos anfitriões do fim de semana, fechou a lista dos dez primeiros.
O treino de classificação para o GP da Itália de MotoGP ocorre logo mais em Mugello.
Quando li os comentários sobre a disputa na pista, que tinha visto outra corrida, onde por muita sorte os dois pilotos não saíram da corrida.
Sou a Favor que a FIA proíba com urgência a comunicação entre as equipes e os pilotos.
Felipe, excepecional post.
Você delineou algo que muito poucos "armchair fans" percebem numa corrida de carros.
Na minha opinião, com um pouquinho mais dessa força mental, Lewis Hamilton será imbatível. Algo como Rafael Nadal no circuito de tênis. O Federer seria o Button, perfeito, preciso, mas sem a beleza e a agressividade do tênis-força que Nadal apresenta.
Não tenho a menor dúvida que Hamilton, que já é campeão mundial, pode até os 30 anos conseguir mais dois títulos no mínimo e se sagrar um dos maiores pilotos da história do automobilismo.
Digamos que, se Hamilton tiver a força mental e experiência que Alonso tem hoje, será de fato o maior piloto desde Ayrton Senna. Parece exagero, mas é o que vejo. Sem Hamilton, a F1 2010 não teria QUASE NENHUMA graça.
Lewis Hamilton já projeta briga pelo título. Piloto da McLaren vem reagindo e já encostou em Button e Webber.
Pinheirinho é divulgador cultural é maranhense, a partir de Brasília. - E-mail: pinheirinhoma@hotmail.com
Lewis é a graça da temporada, dando calor nas Red Bulls. Não tem sido muito eficaz, Button venceu mais, mas penso que receio mesmo, os dois da Red Bull tenham é do Hamilton.
É o tipo de situação complicada,mas Lewis marcou fortemente sua posição.Aliás o jovem ingles tem mostrado a todos que é um piloto muito acima da média,um dos melhores que aparecu nos ultimos anos.
abraço
Se Button conseguisse exito naquela manobra na Turquia, ele poderia alegar ao final da corrida que seu radio estava com problemas e não ouviu a ordem de diminuir o ritmo.
Alias, depois dessas tentativas de ultrapassagens entre companheiros de equipe nessa prova da Turquia, aquela ultrapassagem de Alonso sobre Massa na entrada dos boxes do GP da China já virou coisa do passado.
PS: Maciel, o Vettel tava de Toro Rosso naquele chuvoso GP do Brasil 2008.
Felipe, muito boa a análise. É um ponto crítico que a mídia 'criou' essa alegada 'falta de equilíbrio emocional' do Lewis. Eu, como você, não acredito nessa teoria.
Postar um comentário