FÁBIO ANDRADE
O domingo foi de fato um dia para a equipe Red Bull esquecer. Zerada nos pontos e com os dois pilotos estacionados na classificação, o time ainda teve de contemplar a vitória e a ressureição de Fernando Alonso. Numa incrível maré de zica, mais uma vez o melhor carro não conquistou o melhor resultado, como o vídeo abaixo ilustra:
Três coisas ficam muito evidentes: 1) a cara de Adrian Newey revela o grau de decepção com a perda uma vitória que era certa. O projetista pareceu não acreditar que sua joia deixou Vettel de novo parado antes da bandeirada. O abandono é ainda mais cruel, dirão alguns, porque veio justamente quando Webber já havia abandonado. Para muitos, era o momento em que a Red Bull poderia enfim apoiar unicamente o alemãozinho.
2) Dessa vez, Vettel não pode ser responsabilizado por não completar a prova. O menino fazia uma corrida irrepreensível, veloz durante toda a prova, não cometeu um erro, mesmo com as condições adversas e traiçoeiras da encharcada pista de Yeongam. Correu "como um campeão", como se diz quando um piloto apresenta um desempenho sólido e sem erros. Para ser um campeão, no entanto, o menino precisa repetir os grandes desempenhos no Brasil e em Abu Dhabi, e torcer para que Alonso e Webber estejam afastados do pódio.
3) Mark Webber, esse sim, saiu da prova por sua própria culpa. Talvez tenha abusado da confiança ao abrir demais a tangência da curva e ir para além da zebra. Perdeu o controle, atravessou a pista, bateu, voltou a cruzar em diagonal pelo traçado e foi atingido por Nico Rosberg. Seu último ato no GP da Coreia do Sul fez com que o ex-piloto Gerhard Berger levantasse uma hipótese perturbadora sobre o zigue-zague do australiano na corrida de domingo.
Em entrevista à tv austríaca, Berger insinuou que o retorno de Webber à pista depois da batida foi intencional e teve como objetivo tirar Fernando Alonso ou Lewis Hamilton da corrida. O ex-companheiro de Ayrton Senna na McLaren afirmou que o australiano "poderia ter freado e parado no muro. Ele tirou Rosberg, mas acho que ele preferiria acertar Alonso ou Hamilton [rivais diretos de Webber na briga pelo mundial]. No momento [da batida] várias coisas passam pela sua cabeça e ficou evidente, você vê que as rodas [de Webber] não estavam travadas. Talvez ele tivesse algo nos freios, mas não era o que parecia".
Nico Rosberg também reclamou: "Não entendi porque Webber freou. Foi loucura voltar à pista daquela maneira" - disse o piloto da Mercedes.
A alegação de Berger provavelmente é baseada nas mesmas imagens que o mundo inteiro viu pela televisão. Não chega a ser leviana, mas carece de comprovação. Além disso, as mesmas imagens de tv mostram que depois de bater, Webber ficou com o carro empenado, com a roda dianteira direita sem contato com o solo. Também o pneu traseiro esquerdo provavelmente deve ter sofrido alguma avaria depois do toque contra o muro, o que dificultaria a frenagem do carro, sobretudo em pista molhada. Para saber se Webber pressionava ou não o freio, o gráfico de "throttle/brake" daria uma resposta definitiva.
Já as imagens da câmera onboard mostram um Webber curiosamente lerdo na reação ao acidente. A partir de 01:12, no vídeo postado alguns parágrafos acima, podemos ver o replay da batida na onboard instalada no carro do australiano. O que se vê são os instantes imediatamente anteriores à batida e o modo como o piloto se portou. O momento do choque contra o muro está exatamente em 01:20. Na iminência da pancada, Webber solta o volante, num ato reflexo de segurança para o qual os pilotos são quase adestrados. No momento da batida, o volante se move para a direita impulsionado pelo choque da roda dianteira esquerda contra o muro. Isso leva o carro a retornar para a pista da esquerda para a direita sob o ponto de vista da câmera onboard.
O que torna esse retorno suspeito é o fato de Webber ter posto as duas mãos no volante depois do choque e não ter tentado corrigir a trajetória para manter o carro no mesmo canto do muro. Entre 01:21 e 01:23, o piloto teve condições de tentar impedir o carro de atravessar novamente a pista, mas não se nota nem um esboço de movimento dos braços de Webber com esse objetivo. Claro, foram apenas dois segundos e nós que estamos de fora dificilmente passamos por uma situação dessas, portanto, não sabemos qual é o modo usual de reagir nos instantes imediatamente posteriores a uma batida. Mas, a priori, as imagens sugerem que Webber não se esforçou para evitar um provável segundo choque contra algum carro que passasse naquele momento pela pista, a menos que algum defeito consequente da batida tenha travado a direção do RB6 do australiano.
Se houve algum interesse escuso ou se a sucessão de acontecimentos foi um mero acaso, só o próprio Mark Webber é quem pode dizer, isso se ele estiver interessado em dizer. As circunstâncias em que tudo aconteceu são bem particulares, logo, é bastante difícil julgar Webber por acertos ou erros cometidos em frações de tempo irrisórias. No entanto, as imagens acima dão margem a uma infinidade de interpretações.
5 comentários:
Saindo totalmente do assunto desse post,no momento da barbeiragem do Lucas di Grassi,fica visível como essa emissora de baixo nível,que é a Rede Bobo de Telealienação e Enganação,através do seu papagaio,o Bobão Bueno,é manipuladora e tenta enganar os telespectadores com informações incorretas.Ficou claríssimo que o piloto errou e o animador de torcida resolve dizer que ele foi tocado...Por quem?!Pelo vento lateral?!Ou seja,quem transmite eventos sempre pensa que a audiência é feita de alienados analfabetos.
Ah,e a respeito do assunto do post,não acredito que o Webber tenha tentado jogar sujo.Aí seria o cúmulo;ele vem fazendo um ótimo campeonato,e erros assim acontecem,às vezes.E uma enorme pena para o Vettel,pois fazia uma corrida corretíssima e foi traído pelo equipamento,de novo.
tb não acredito que tenha sido sujeira do Webber, erros acontecem. o Berger tá fazendo o que um Ex-piloto regularmente faz: Fala besteira...
Poxa, o Berger foi um pouco duro nesse comentario sobre o Webber.
Dizer que Webber tentou tirar Alonso da corrida é um exagero.
Depois que o carro bate ele vira passageiro. A suspensão traseira avariada e não havia contato de uma das rodas no chão.
Como é que ele poderia frear?
Alonso estava muito proximo a ele quando houve a batida. Por mais que ele pensasse nessa hipotese fantasiosa de tirar o Alonso da pista, não conseguiria.
Alias, vendo que iria acontecer a batida, Webber estaria mais pensado em como não se machucar no acidente do que arrastar o Alonso pra fora da pista.
Berger foi leviano sim... Webber pode ser tudo, menos burro e querer que um f1 o abalrroe de frente, onde nem toda a segurança da celula de sobrevivencia garantiria sua vida.
E até a besta quadrada do austríaco sabe que depois que se vira passageiro do carro não se pode fazer nada. Ou ele esqueceu quando aconteceu com ele na Tamburello?
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