FÁBIO ANDRADE
Suzuka é uma pista legal, pouca gente discorda. Mesmo assim as corridas por lá têm o problema de apresentarem baixo índice de ultrapassagens. As curvas de média/alta velocidade e com raio relativamente longo geram a tal turbulência e dificultam as tentativas de ultrapassagens. Isso para os pilotos normais. Para kamikazes de olhos puxados como Kamui Kobayashi, lugar de ultrapassar é no grampo, do jeito que der. Correndo em casa, o japonês da Sauber salvou o GP do Japão de ser um tédio total.
Na frente, assim como acontecera horas antes na classificação, deu a lógica. Sebastian Vettel venceu de forma tranquila, seguido por Mark Webber. Fernando Alonso terminou em terceiro, e as McLaren fecharam o Top 5 com Jenson Button em quatro e Lewis Hamilton em quinto.
[caption id="" align="aligncenter" width="485" caption="Vettel venceu com tranquilidade em Suzuka"][/caption]
Salve-se quem puder, se puder
Antes de começar, o GP do Japão dava indícios de que algo no mínimo amalucado estava para acontecer. Na volta de saída dos boxes, Lucas di Grassi sofreu um acidente pra lá de estranho. Rodou sozinho e aparentemente sem motivo na 130-R. Pode-se dizer que o brasileiro teve sorte. Acontecesse durante a corrida e em um ponto errado da pista, e o incidente bizarro poderia ter consequências sérias para o piloto da Virgin.
Na largada, várias colisões encerraram prematuramente a corrida de vários pilotos. Primeiro Vitaly Petrov e Nico Hulkenberg. O russo largou estranhamente melhor do que todos e calculou mal seus movimentos na pista cheia de carros. Se enroscou com a Williams de Hulk e decretou o fim de corrida para ambos. Mais a frente, na primeira curva, Felipe Massa escolheu o lado errado para fazer a tangência. Espremido por Nico Rosberg, tentou recolher e acabou batendo na Force India de Vitantônio Liuzzi. Outra colisão, outro duplo fim de corrida, e duas investigações que serão concluídas depois da prova, segundo informou o Race Control.
[caption id="" align="aligncenter" width="485" caption="O choque entre Liuzzi e Massa na primeira curva"][/caption]
Kobayashi, o antídoto do tédio
A confusão nos primeiros metros ofuscou o bom segundo lugar que Robert Kubica conquistou na largada. É óbvio que o strike inicial chamou o Safety Car para a pista. Ainda enquanto o carro-madrinha estava no circuito, Kubica abandonou após perder estranhamente a roda de seu Renault. O incidente com o polonês prolongou a permanência do carro de segurança por mais algumas voltas. Ao final de longos seis giros, o GP do Japão, enfim, começou.
Começou a dar sono. Na madrugada brasileira, Suzuka não se mostrou como um estimulante dos mais eficazes. Os Red Bull, dominando a corrida, conseguiram produzir o efeito inverso ao prometido pela bebida estampada na carenagem dos carros. Alonso, Button e Hamilton deram a impressão de que iriam se enfrentar, mas logo cada um se colocou no seu lugar. Hamilton tinha mais rendimento do que Button, mas não chegou a atacar. Algum foco de tensão aqui e ali, como quando Michael Schumacher ultrapassou Rubens Barrichello, mas nada de mais empolgante.
Desde o último GP do Brasil o japonês Kamui Kobayashi é mestre em chamar para si a atenção, sobretudo quando todo o resto do grid parece fazer questão de dar holofotes para ele. Ninguém arriscou nada em Suzuka. Kobayashi salvou seu gp local de ser um sonífero completo.
[caption id="" align="aligncenter" width="485" caption="Kobayashi, a alegria do povo no Japão"][/caption]
Logo no início tentou uma ultrapassagem na marra sobre Jaime Alguersuari no grampo, e conseguiu. Pouco depois, voltou a atacar no hairpin, dessa sobre Adrian Sutil, e novamente teve êxito. Enquanto a transmissão televisiva ressaltava a dificuldade em ultrapassar por causa da turbulência, Kobayashi ignorava solenemente o stress aerodinâmico, e ultrapassava, com uma facilidade que gerou comoção entre os (tel) espectadores.
No pelotão da frente, Vettel seguia líder, acompanhado por Webber e, mais atrás, por Alonso, Button e Hamilton. Todos os ponteiros, exceto Button, começaram a parar depois de vinte e poucas voltas. Já o atual campeão, o único dos da frente a largar com pneus duros, permaneceu na pista, numa tática que voltas depois se revelou inócua. Button tinha o quarto lugar antes das paradas, mas voltou para a pista em quinto depois de fazer o seu pit stop. Contou com a sorte de ver o companheiro de equipe perder uma marcha e junto com ela seu rendimento para retornar ao quarto posto. Dificlmente, mesmo com pneus macios e novos, Button conseguiria se aproximar e ultrapassar Hamilton com tal facilidade se o o campeão de 2008 não estivesse com um problema no câmbio (que era novo, é bom lembrar).
[caption id="" align="aligncenter" width="485" caption="Button terminou em 4º e ficou mais distante dos líderes na classificação"][/caption]
De qualquer forma, o GP do Japão não foi bom para os pilotos da McLaren. Respectivamente em quarto e quinto lugares, Button e Hamilton ficaram com mais de 25 pontos de desvantagem em relação ao líder Webber. No momento de definição do campeonato, a equipe de Woking sente falta de um rendimento melhor do MP4/25.
Nesse meio tempo, Rosberg e Schumacher disputaram ferozmente a oitava posição. O heptacampeão tentou a ultrapassagem em diversos pontos da pista mas, apesar de um carro claramente mais equilibrado, só conseguiu passar o alemão mais moço quando este, em outro incidente esquisito, perdeu a roda e bateu no complexo de “esses”.
Kobayashi, outra vez, o salvador da pátria
Os líderes pararam, ninguém das equipes de ponta vinha de trás para fazer grandes ultrapassagens sobre os carros das equipes menores, e a corrida em Suzuka, outra vez, ganhava ares de procissão. Até Kobayashi começar, de novo, a se destacar.
Novamente no hairpin, o japonês jogou duro contra Alguersuari. Tocaram-se, mas foi pior para o espanhol, que teve o bico danificado. Pouco depois, Koba investiu sobre Rubens Barrichello e ganhou a parada. Ainda teve tempo de dar um risco no capacete do companheiro de equipe, Nick Heidfeld. Terminou o GP do Japão como redentor de todos os japas e como maior destaque da corrida em que os líderes do campeonato se esconderam uns dos outros. Tal como em Interlagos no ano passado, Kamui Kobayashi foi a alegria do povo. O japonês deu tons vivos a um gp que, a começar pelo horário, tinha tudo para ser sonolento.
[caption id="" align="aligncenter" width="485" caption="Kobayashi foi o maior destaque da corrida em Suzuka"][/caption]
5 comentários:
Kobayshi é genio! :P
grande corrida do japa que realmente salvou a corrida que foi assim porque Webber pensou no campeoanto e não atacou Vettel. enfim vamos agora torcer pra que o GP da Coreia não se pareça muito com um Rally. Abraços
Banzaaaaiiiiiiii..... Esse deve ser o lema do Kobayashi.
O japa chega e nem quer saber de esperar. E ali e agora. Ou dá ou desce.
Ele tá merecendo ocupar o lugar do Petrov ou do Liuzzi. Pena que já renovou com a Sauber.
Revendo o video do acidente do Di Grassi, tenho a impressão que ele pegou aquela faixa verde na parte de fora da entrada da 130R e perdeu a traseira. Tentou corrigir e foi pro muro. Tá pra mim que foi erro do piloto.
Assim como foi erro do Massa. Foi com muita sede ao pote. Queria passar na marra.
Praticamente não havia espaço pra ele passar o Rosberg. Devia ter tirado o pé. Foi pra grama e virou passageiro.
Botar a culpa no Rosberg pegou mal.
O pior foi o Galvão botando a culpa no Schumacher. No video dava pra ver o Schumi pelo lado de fora da curva. Não tinha nada com a historia.
Koba é a prova de que o melhor antídoto para o problema da falta de ultrapassagens na F-1 é "culhão". O problema é que esse tipo de manobra termina muitas vezes em muro, o que as equipes não costumam gostar, mas quando da certo com certeza vale o risco. Seria bom que as equipes percebecem, viva o Koba!
Vettel ganhou a prova, mas para mim o vencedor do fim de semana foi Kobayashi, se esta corrida não abrir portas novas para ele, nenhuma outra vai fazer isto.
Ainda vou ver esse japonês numa equipe grande, e tenho certeza que, antes de estar numa equipe de ponta, vai trazer no currículo vitórias e pódios nos GP's. A família Nakajima, Sato, Ide e o resto vão ter que se virar do avesso sumir do planeta. E, muito mais pra frente, se esse moleque for campeão mundial, todos os nipônicos e o resto mundo vai esquecer os nomes citados. O único nome a ser lembrado, ou melhor, ovacionado, será o de Kobayashi.
Da-lhe!
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