FÁBIO ANDRADE
Sem dúvidas que o GP da Itália foi uma das melhores corridas do ano de 2008. Lewis Hamilton deu um show à parte. Largando da 15ª posição após um pesadelo diante do temporal da classificação, recuperou-se de forma fantástica no domingo. Ultrapassou mais do que qualquer um na pista e chegaria no pódio se não tivesse que fazer uma parada extra em função de um erro na previsão de tempo da McLaren. O britânico terminou a prova pressionando Felipe Massa, seu rival na briga pelo título. A corrida foi quase uma síntese do histórico do comportamentos dos dois sob chuva: enquanto o piloto da McLaren, oito colocações melhor do que sua posição de largada, deu show, Massa, cruzando a meta no mesmo sexto lugar em que largou, não chegou a ser um burocrata, mas ficou pálido diante do brilhantismo de Hamilton.
O lado mais prazeroso de assitir à pilotagem de Hamilton naquele dia, porém, foi ver que mesmo depois da punição aplicada ao inglês em Spa uma semana antes, o garoto não perdeu o característico arrojo na hora de brigar por ultrapassagens. Hamilton brigou por cada posição com o afinco de sempre, para desespero do Race Control, que parece preferir que os pilotos rápidos peçam licença educadamente aos lentos para ultrapassá-los.
Mas o nome que ficou marcado naquele domingo chuvoso foi o de Sebastian Vettel. Protagonista de uma das vitórias mais incríveis de todos os tempos, o moleque navegou o Toro Rosso pela ensopada pista de Monza como um campeão, depois de fazer a pole no sábado sob chuva ainda mais severa. Pilotar "como um campeão" é tudo o que Vettel precisa fazer novamente em Monza no próximo GP da Itália, e é o que ele deixou de fazer em algumas oportunidades em 2010.
[caption id="" align="aligncenter" width="480" caption="A histórica vitória de Vettel em Monza"][/caption]
Curioso é o paradoxo que a imagem de Vettel encontrará na próxima vez que chegar ao Autódromo Nazionale di Monza. Se há dois anos o menino alemão saía de lá aclamado como a maior revelação da Fórmula-1 em muito tempo, hoje ele é uma estrela contestada que ocupa apenas o terceiro lugar num campeonato em que tinha tudo para ser o líder.
Eis a diferença entre ganhar quando ninguém leva fé em você e perder quando todos esperam que você ganhe. No vídeo que abre esse post, Galvão Bueno (em que pese o fato de as palavras a seguir terem sido emitidas por tamanho frasista) chega a dizer que Vettel é "um menino que tá querendo tirar carteria de craque". Em recente transmissão, no entanto, o mesmo Galvão afirmou que o alemãozinho "não entra naquela turma que cabe nos dedos de uma mão". Sintoma do desgaste da imagem de Vettel, que ainda tem tempo, exatamente seis corridas, para tirar, ainda em 2010, a tal carteira de craque e ser proprietário definitivo do termo "como um campeão".
5 comentários:
O GP da Itália foi ótimo também, com o Hamilton fazendo uma grande corrida e Massa sofrendo com o baixo rendimento da Ferrari em corridas na chuva.
Essa vitória do Vettel foi histórica mesmo. Olhando assim, esse Vettel de hoje não é a sombra deste ai. Com um carro pior que tem hoje nem errava tanto. Espero que ele volte a pilotar como pilotou na STR.
Mais um motivo pra não ouvirmos o que o Galvão diz. Vettel vencendo com uma ex-Minardi foi um acontecimento e tanto, mas não foi coisa de gênio. Ele saiu da pole. O companheiro, Bourdais, saiu em 4º, ou seja, numa pista em que a aerodinâmica conta pouco e o motor (Ferrari) fala alto, os Toro Rosso andaram bem e a equipe escolheu os pneus certos na classificação na chuva. No domingo, deixou os outros com spray na cara e levou o carro pra casa. Nada que ele não tenha repetido depois na Red Bull. Continua sendo o mesmo Vettel, que é meio afobado pra ultrapassar. Só isso. Se largar da pole em Monza, ganha.
Aquela corrida do Hamilton foi inesquecível! Botou o Massa no chinelo, talvez por isso o Galvão puxou a atenção pro Vettel...
Honestamente nunca havia pensado dessa forma, Julianne. Mas mesmo assim eu ainda reluto em não achar sensacionais a pole e a vitória com pista molhada.
Também achei um acontecimento e tanto. O cara é o vencedor mais novo da história da F1 e fez isso com a ex-Minardi! Mas digamos que aproveitou a oportunidade (tem gente que amarelaria), não que fez uma corrida genial, de outro planeta. Tá bom assim?
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