FÁBIO ANDRADE
A McLaren era apontada como a favorita à pole e à vitória no GP da Itália. O primeiro favoritismo da equipe de Woking já caiu. Resta ao time britânico se apegar à potência do motor. O MP4/25 é empurrado pelos motores Mercedes, tidos como os mais potentes do atual grid, ainda que apenas potência seja pouco para negociar com sucesso uma ultrapassagem na atual Fórmula-1. E o que chamou atenção hoje em Monza não foi o rendimento soberbo que se esperava dos carros de Woking, e sim a diferença de colocação entre Jenson Button, o segundo no grid, e Lewis Hamilton, que largará em quinto amanhã. Button classificou-se com o duto de ar implantado em seu carro. Hamilton não.
Monza é a pista onde se anda com menor carga aerodinâmica no ano. Por se tratar do traçado com maior porcentagem de pé embaixo e retas da temporada, as equipes retiram o downforce dos carros para suprimir o arrasto, mesmo que isso implique em sacrificar o desempenho em curvas, sobretodas elas a Parabólica. Isso é uma característica histórica de Monza, e uma das que diferencia o circuito italiano e o torna um caso único.
[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="Button em Monza: a asa estabiliza o carro nas curvas, o duto retira o arrasto nas retas"][/caption]
Acontece que hoje Jenson Button desrespeitou esse cânone sagrado de Monza. O atual campeão disputou a classificação com uma asa traseira claramente maior do que a da maioria do grid, ou seja, Button correu em Monza com um grau de downforce significativamente maior do que o usado pelos demais pilotos. Além disso, usou o duto de ar, e conseguiu o segundo tempo. Hamilton, com uma estratégia oposta, optou pelo acerto tradicional, sem asa e sem duto, depois de liderar o warmup de sábado pela manhã com essas configurações, e ficou com o quinto lugar no treino oficial.
A escolha da asa ideal mobilizou as equipes durante toda a sexta-feira de treinos livres em Monza e pelas linhas acima dá para ter uma ideia de como é importante o estudo aprofundado sobre característica da pista e do carro e como o duto de ar mudou a maneira e os aspectos que rodeiam o acerto dos bólidos. Monza é, historicamente, o circuito onde se usa downforce mínimo nos carros, dada a influência negativa da resistência do ar numa pista em que predominam as retas. Só que o duto de ar é, definitivamente, uma ideia incrível (do ponto de vista da eficiência extrema que proporciona) e que mudou o paradigma para o acerto dos carros em Monza. Button apostou (e se deu bem) numa configuração com mais pressão aerodinâmica para auxiliar a pilotagem em curvas como as duas di Lesmo e a Parabólica, enquanto o duto de ar faz o serviço de anular a asa traseira nas longas retas de Monza. Resta saber se o artifício funcionará tão bem na corrida.
2 comentários:
Mas se não houvesse o duto de ar será que Button ainda usaria essa estrategia?
Bom, esse tipo de acerto pelo qual o Button optou só dá certo, teoricamente, com o duto, Aderson.
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