segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Enquete F-1: Ordens de equipe



FELIPE MACIEL



A última enquete do ano indagou: Qual a postura da FIA você gostaria que fosse adotada em relação às ordens de equipe na Fórmula 1?

No total de 144 cliques, tivemos a seguinte relação de votos:

Libera! Sempre existiram e sempre existirão - 43,06%

Proíbe, mas libera no final da temporada - 36,11%

Proíbe! Para todas as circunstâncias imagináveis - 20,83%


Confesso estar surpreso com o resultado apontado pela maioria, principalmente por conta de tanta reclamação direcionada à equipe Ferrari neste ano.

Embora eu concorde com a liberação do jogo de equipe, imaginava que os espectadores ainda pensassem em sustentar o veto às ordens de pitwall. Como não necessariamente é o caso, talvez a federação seja compreendida no geral caso anule a regra para o ano que vem, mesmo após um ano marcado pela volta da velha polêmica.




A regra - pra inglês vê - que visa controlar o incontrolável nunca impediu qualquer manipulação em todos os anos de sua existência. De fato, a FIA e os fãs da F-1 não são ninguém para dizer como cada escuderia deve se portar. Para isso existem chefes, diretores, gerentes...

Muitas críticas recaíram sobre a RBR por não inverter Webber e Vettel no GP do Brasil de 2010, atitude que no fim foi fundamental para a conquista do título do piloto alemão. Do contrário, o time entregaria a Fernando Alonso o título mundial.

Por essas e outras é absurdo subestimar e subjugar as cabeças que controlam as equipes; aqueles caras sabem o que fazem. Cada que está de fora pode acreditar ingenuamente possuir discernimento para escolher o momento certo de executar ou evitar o jogo de equipe, mas se isso fosse verdadeiro, em vez de estarem assistindo às corridas estariam sentados no banco do diretor esportivo de algum time da F-1.

Goste ou não, de novo, aqueles caras sabem o que fazem. Eles conhecem o ambiente interno, a filosofia, a política de trabalho de sua escuderia, e estão cientes sobre até onde vão seus valores. Como provável esporte mais complexo do mundo, a F-1 não é somente um confronto entre pilotos, ou entre máquinas. Dentre tantas variáveis, há também o acirramento entre diferentes métodos de comando. Se em 2007 venceu o time mais integrado e menos conflituoso, em 2010 foi o inverso, ganhando quem não controla o jogo e opta por correr mais riscos.



A Ferrari, por exemplo, permite a igualdade por meia temporada, deixando para a segunda metade do ano a decisão de quem fica com os privilégios. A Red Bull prefere liberar o duelo ao longo do campeonato, assim como a McLaren. Se a Renault brigasse pelo título, provavelmente encheria Robert Kubica de paparicos e gostaria, no mínimo, que o segundo piloto não atrapalhasse desde o princípio.

Em meio a essa diversidade de métodos, não existe o jeito certo nem o jeito errado. Para o dirigente, o certo é agir conforme a cultura da equipe; o errado seria traí-la. E isso estará sempre à frente de qualquer regrinha que a FIA redigiu para levar alguns a acreditarem que equipes perderão o direito de fazer seus pilotos a agirem como se fossem da mesma equipe.

Não há nada de errado em liberar (o que nunca deixou de ser livre). Proibir é que é estressante. E como é...

3 comentários:

Ron Groo disse...

Mantenho minha posição, se houvesse uma punição exemplar num caso destes, não incorreriam de novo na coisa. Mas como não há... Então não adianta proibir.

Renato Breder disse...

As 'ordens de equipe' sempre existiram. A regra que proibia tais ordens não: é algo novo no mundo da F1.
O que se pretendia com essa regra era a eliminação de algo que continuou existindo, ou seja, não funcionou. Em outras palavras, tal regra 'criou' um estado de hipocrisia (como se já não houvesse hipocrisia em abundância na F1!) no que se refere às ordens de equipe. Elas - as ordens - vinham agora de forma simulada, camufladas, em código, numa vã tentativa de burlar a proibição... no entanto, quando se aproximava o final de cada temporada, parece que a tal 'ordem de equipe' passava para o campo da permissão: "agora pode! tá definindo o título!"

Minha opinião é que, ou nunca pode, ou sempre pode. Não gosto do meio termo nessa questão. Como é necessário - por decisão da própria FIA - que uma EQUIPE tenha dois carros, está aí formada uma EQUIPE (desculpe a redundância)... até a pintura e decalques dos dois carros TEM que ser iguais! Por mais que hajam duas sub-equipes, uma cuidando de cada carro, sempre há a troca de informações entre elas para a evolução dos carros... isso também é jogo de equipe (não ordem). Penso que cada equipe deva ter autonomia suficiente para decidir se usará 'ordens de equipe' (como a Ferrari) ou não (como Red Bull e até a McLaren). A única forma, segundo vejo, para que não haja 'ordem de equipe' na F1, é que cada equipe tenha apenas UM único carro!

No caso desse ano, no GP da Alemanha, a Ferrari deveria ter sido punida, simplesmente pelo fato que havia uma regra em vigor que proibia tal 'mecanismo' por parte do box... quanto ao fato dessa punição afastar uma nova ocorrência dessa prática... hummmm... não acredito muito nisso.

um abraço.

Dorie disse...

It's much easier to undersatnd when you put it that way!