domingo, 1 de agosto de 2010

Webber vence na Hungria e lidera o mundial



FÁBIO ANDRADE



No domingo passado, no GP da Alemanha, a Ferrari atentou violentamente contra a esportividade e não foi punida. Nem esportivamente, nem financeiramente, já que a multa de 100 mil dólares não configura exatamente um problema irremediável para o time italiano. Hoje, no GP da Hungria, a direção de prova andou com a caneta na mão, muito rigorosa, e as sucessivas tentativas de fazer justiça só não foram completamente injustas porque a Red Bull voltou a sobrar como já fizera em outras ocasiões na Fórmula-1.



A equipe austríaca venceu em Hungaroring. Sim, a equipe, porque por mais que Mark Webber tenha sido brilhante em sua condução após a entrada do Safety Car, o RB6 foi a grande estrela do dia, como já havia sido ontem na classificação. Mas o real motivo de a Red Bull ser a grande vencedora do fim de semana na Hungria é a capacidade que a equipe teve de fazer dar certo o que tinha tudo para dar errado, mesmo com as invenções da direção de prova.
O regulamento ou a vida

Via de regra, a largada foi como se previa. Carros do lado ímpar largaram melhor do que os do lado par. Fernando Alonso deixou Webber para trás e cresceu para cima de Sebastian Vettel. O bicampeão não conseguiu a ultrapassagem e logo começou a assistir o grande rendimento de Vettel, que abria distância num ritmo próximo de um segundo por volta.



As posições estavam fixas, dadas as dificuldades de se ultrapassar na pista de Hungaroring. Mas pouco antes da rodada de pit stops um pedaço de Force India perdido na pista mudou a história da prova.

Na volta 15 uma parte do bico do carro de Vitantônio Liuzzi se desprendeu e ficou atravessada na pista. A direção de prova acionou imediatamente o Safety Car. Todos os líderes, exceto Webber, entraram nos boxes em comboio, seguidos por praticamente todo o restante do grid. E a Fórmula-1 honrou o apelido de “circo”.

O congestionamento nos boxes de Hungaroring transformou um simples pit stop numa operação de guerra. E em meio ao tumulto instalado no pit lane, Robert Kubica chocou-se com Adrian Sutil. Simultaneamente, um pouco mais atrás, a Mercedes também fazia uma tremenda presepada deixando frouxa a roda de Nico Rosberg. E a cena que a tv mostrou era digna de picadeiro: dois carros batendo de forma esdrúxula enquanto uma roda perdida quicava sem rumo nos boxes húngaros.

Mas não foi a confusão nos pit stops o principal efeito da entrada da Safety Car. Depois de tudo o que aconteceu nos boxes, Mark Webber pulou na ponta, optando pelo adiamento de sua troca de pneus. Vettel era o segundo, seguido por Alonso. No momento da relargada, o alemão permitiu que o companheiro de equipe escapasse na frente, extrapolando um espaço virtual de dez carros que é convencionado pelo regulamento e que é o máximo que pode existir de diferença entre os bólidos na fila indiana atrás da Safety Car.


Essas coisas que ninguém entende

Ok, foi uma modalidade menos convencional, menos agressiva também, mas ainda assim uma espécie de  jogo de equipe o que aconteceu em Budapeste. E o resultado foi uma punição esportiva, um drive-through que Vettel cumpriu voltas depois, muito contrariado por não entender o que se passava. A contradição da história é que por muito mais, a Ferrari saiu ilesa de Hockenheim no domingo passado.

De coisas que ninguém entende, o GP da Hungria ainda não estava completo. Em razão do bate-rebate nos boxes, Kubica, já uma volta atrás e com a corrida totalmente comprometida, ainda foi punido com um splash-and-go. Vale lembrar que é convencionado na F-1 que em situação de saída de boxes a responsabilidade pela liberação do piloto é do mecânico responsável pelo chamado “pirulito”. Ainda assim, o episódio entre Sutil e Kubica é um daqueles em que não há premeditação, afinal, mecânico e piloto nenhum estragaria a própria corrida de propósito. Apesar de todo o fator inusitado da batida, ela foi, por que não, um acidente de corrida. Mas alguém na FIA acha justo punir o que é próprio do automobilsimo.

Este blog adverte: de coisas que ninguém entende, o GP da Hungria ainda pode reservar surpresas. Resta que Nico Rosberg seja punido pela roda solta de seu Mercedes, como se ele tivesse esquecido de parafusá-la.
Papa-Léguas



A Austrália é a terra do canguru, mas Mark Webber está tratando de mudar o animal-símbolo de seu país. Era difícil de acreditar que o piloto australiano conseguiria subir ao pódio depois do adiamento do pit stop do agora líder do campeonato. Com Vettel punido, em terceiro, o GP da Hungria era a corrida em que 100% das apostas podiam dar errado para a Red Bull. Mas 50% deram certo.

Incrivelmente, os pneus super-macios de Webber resistiram mais de 40 voltas e possibilitaram ao papa-léguas australiano um rendimento forte o suficiente para abrir vantagem de mais de 20 segundos sobre Alonso. Assim, Webber pôde fazer sua troca de pneus e voltar com folga, não sendo mais incomodado por ninguém no resto da corrida. Uma vitória do piloto Webber, é certo, mas ainda mais da equipe que, finalmente, venceu quando tinha tudo para perder. Um belo contraponto ao início de campeonato da Red Bull, que perdia quando tinha tudo para ganhar.
Para trás, alemães

A expectativa para as últimas 20 voltas do GP da Hungria ficavam por conta de uma suposta briga entre Alonso e Vettel pela segunda posição. Só que Vettel não conseguiu em nenhum momento aproximar-se de forma efetiva do espanhol, e o pódio ficou decidido desde a volta 50. Era o último lugar da zona de pontuação que seria alvo da disputa mais quente da corrida.

Rubens Barrichello largou de pneus duros. Pretendia fazer uma primeira perna de corrida bem longa e fez, dando mais de 50 voltas. Quando finalmente parou, calçou os pneus macios, e seu rendimento era fortíssimo. Em 11º, logo se aproximou de Michael Schumacher, muito mais lento, e iniciou a perseguição ao antigo companheiro e atual desafeto.



Foram voltas estudando o comportamento do alemão, que vendeu caro a ultrapassagem. Na manobra decisiva, Schumacher espremeu violentamente Barrichello contra o muro, quase ocasionando um choque com capacidade para gerar um acidente sério. A briga, que jamais pôde ser contemplada em tempos de Ferrari, dessa vez terminou com Barrichello na frente, e a expectativa de punição ao heptacampeão pela agressividade com que disputou a posição na reta principal de Hungaroring.
Grande Prêmio da Hungria, resultado após 70 voltas:

11 comentários:

Kimi_Cris disse...

Uma boa penalização era expulsarem o Schumi da F1, para além de já nao ter andamento ainda coloca os outros pilotos em perigo.

Grande Abraço!

Kimi_Cris

Marcelonso disse...

Pois é,não dá pra entender essa direção de prova,punir Vettel por ter supostamente ajudado o Webber,e que também não foi tanto assim.
A ajuda do Massa foi o que então?

Por outro lado dá pra entender bem o racionio da direção,se prejudicar a Ferrari passa,caso contrário aplica-se.

Gosto muito do esporte,apesar dos pezares continuo achando o Alonso um baita piloto,mas não aceito nem concordo em utilizar de meios imundos para vencer.
Hoje torci para o Webber(apesar de não gostar muito do cara),porque a vitória não merecia ser de Alonso,não desse jeito,tampouco como foi na Alemanha.
É inaceitável que esse pessoal que comanda tenha um peso e duas medidas,hoje foi um exemplo disso.

abraço

Ron Groo disse...

Não sei... Mas acho que demos muita moral ao Vettel cedo demais.
Tá mostrando que não é toda esta coca cola não...

jaspion disse...

O motivo (ou desculpa, ou diferenca, como quizerem) foi q no caso do Vettel ele prejudicou todos os outros carros atras dele e no caso da semana passada a "esportividade" foi a prejudicada, o show F1, o fato do resultado ter sido combinado.

Mas pra mim o mais interessante q uma semana dps de todos criticarem o Massa e falarem o qnt ele ruim como o Barrichelo e pegarem carona pra "bater" mais ainda no Rubens, todos o estao elogiando (com razao)...

Daniel Santos Machado disse...

Pois é Groo, moral muito cedo e olha que não é a primeira vez que acontece essa de da moral cedo demais pro Vettel e ele decepcionar.

Daniel Santos Machado disse...

Uma corrida que rumava para ser sem graça acabou tendo alguma por causa do carro de segurança. Webber inteligente e brilhante. Melhor momento com certeza foi a ultrapassagem do Rubens em cima do Schumacher. Massa discreto demais, não incomodou nem foi incomodado. Vettel errou quando partia pra cima, mostrando que mesmo sendo bom ainda é imaturo.

Mauro Motta disse...

A atitude tomada por Schumacher, mostra o quanto ele é covarde e canalha, as consequencias poderiam ser muito graves caso Rubinho batesse naquele muro, aquilo foi tentativa de homicídio e o cara é tão safado que ironizou o fato em suas declarações.
Mais ele é um cara de sorte, eu daria tudo para ver ele correr na época junto com Airton, Nigel Mansel, Alan Prost, Piquet e outros eu queria ver se ele teria essa marra toda de ter sido hepta.

Aderson Pereira disse...

Cadê o "Massa is back" que correu lá na Alemanha?
Poutz! Fez uma corrida apagada. Chegou em quarto pq não tinha rivais mais fortes perseguindo ele.
Seu companheiro de equipe, que tem o mesmo carro, chegou em segundo.

Será mesmo que foi um erro a Ferrari "dar" aquela vitoria pro Alonso na Alemanha??

Marcelo chobas disse...

Aderson Pereira erro foi porque se o Alonso é esse monstro nas pistas porque nao ultrapassou o Maasa na pista ....ficou foi reclamando que nem bebe chorao ,,,,,,o Vetel arregou legal nem para pressionar o canalha do Alonso que bosta ,,,,,Scumaquer um mal perdedor ,,,puniçao severa para ele e tem gente que paga pau pra ele .

Aderson Pereira disse...

Pois é, Marcelos Chobas. Pra vc ver como é nivelado o desempenho dos dois carros da Ferrari. Os dois pilotos tem o mesmo equipamento.
Pra ultrapassar é complicado. Ainda mais com as pistas atuais que não oferecem mtos pontos de ultrapassagem.
Mas houve um momento em que Alonso até conseguiu uma temporaria ultrapassagem.
Porem Massa forçou a barra e conseguiu voltar a primeira colocação.
Não estou aqui reprovando a atitude do Massa. Foi justa. Mas o modo como ele estava fazendo poderia colocar os dois pilotos da mesma equipe pra fora da corrida.
Vide o caso Webber e Vettel na Turquia. E tambem no mesmo GP a briga entre Hamilton e Button que quase se enrroscaram como a dupla da RedBull.
No final Hamilton apesar de ter vencido, estava chateado com a atitude do companheiro de equipe.

Agora eu fico me perguntando: Pra aonde foi aquele piloto aguerrido que brigou com Alonso no GP anterior??
Voltou a ser aquele apatico piloto de corridas anteriores apesar de ter o mesmo equipamento do seu companheiro de equipe.

Pinheirinho - Brasília/DF., Brasil. disse...

Rubens Barrichello faz ultrapassagem fantástica em cima do desafeto Michael Schumacher e, apesar do 10º lugar, termina como destaque do GP da Hungria. Por tentar jogar o brasileiro contra o muro, alemão acaba punido pela FIA.
Pinheirinho é divulgador cultural é maranhense, a partir de Brasília. - E-mail: pinheirinhoma@hotmail.com