sexta-feira, 31 de julho de 2009

Indy no Brasil

Depois de anos de especulação, a possibilidade foi se concretizando aos poucos ultimamente, até que a categoria enfim anuncia oficialmente que virá ao Brasil.
Há muito a ser feito, a começar por decidir o local da prova, mas sabe-se que a etapa brasileira dará início à temporada 2010 da Indy, no dia 14 de março.
Ao que tudo indica, a disputa fica entre Rio, Ribeirão Preto e Brasília. A definição não deverá demorar mais de duas semanas. Parece que os organizadores darão preferência a um circuito de rua.
Mais do intensamente esperado, será um acontecimento histórico, já que o país jamais recebeu os carros da F-Indy. Da Cart sim; da Indy, propriamente, não.

5 minutos com Schumacher

O alemão esteve na pista de Mugello, a bordo do F2007, que pegou emprestado para começar a se readaptar à velha vida. Pegue uma carona aí no vídeo representativo do piloto na mesma pista. O original de hoje, só aqui.
A Ferrari emitiu um pedido às suas vassalas... digo, às suas companheiras na Fota, para que Michael infrinja o artigo 22.1 c) do regulamento esportivo: No track testing may take place between the start of the week preceding the first Event of the Championship and 31 December of the same year.
Todas prontamente concordaram em conceder a Schumacher o direito de brincar de carrinho antes da reestreia. Lembrando que Williams e FI não compõem a associação, mas provavelmente não criarão empecilhos. Fica comprovado, assim, que ser heptacampeão é um pouco melhor do que ser Alguersuari. Ele terá o direito de conhecer o carro, o KERS, as asas móveis, se reencontrar com os slicks, guiar sem o TC, tudo isso antes dos treinos livres em Valência.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Expectativa sobre Schumacher

Cada um faz suas apostas sobre o rendimento de Schumacher em seu retorno, mas Eddie Jordan aproveitou o momento para apostar no desempenho de outro piloto, o Kimi: "Vocês vão ver um novo Raikkonen, pois ele não vai querer ser execrado por Michael Schumacher".
O finlandês foi justamente o último ser humano a tomar um passão do Schummy na Fórmula 1. Todos certamente se lembram da manobra, mas não custa repetir as belas imagens.
Claro que Jordan também falou do piloto que revelou à categoria. Disse que a Ferrari está de parabéns por fazer isso acontecer, e um parabéns especial a Michael Schumacher, "porque ele não tem nada a ganhar, e muito a perder".
Eddie também cravou uma aposta exigente sobre o multicampeão: "Schumacher aos 20 ou aos 40... não tenho certeza se irá fazer grande diferença. Talvez ele perca um milissegundo, mas ele já era um milissegundo melhor que qualquer outro".
Prefiro não superestimar a capacidade do quarentão voltando depois de um bom tempo, numa F-1 totalmente nova, tecnicamente falando. Mas também é impossível subestimá-lo. Adaptação sempre foi uma de suas grandes qualidades. Continua bem fisicamente, não abandonou o mundo da velocidade, tem a habilidade necessária para aprender rápido o jeito de guiar o carro e saberá usar os treinos livres para encontrar os limites da pista.
Em suma, não será o mesmo Michael, mas deverá andar num ritmo nada distante. E o Kimi de fato vai ter que acordar de vez, para evitar passar por situações desagradáveis. Ao menos ganhará uma chance para descontar aquela ultrapassagem que talvez tenha ficado engasgada há três anos, na passagem do bastão.

Uma chuva de notícias

A F-1 é bombardeada com notícias surpreendentes neste início de férias mais louco que já se viu. Melhor juntar algumas num post só pra não deixar passar alguns fatos importantes.
A começar pelo recrutamento de Romain Grosjean, que realizou um teste em linha reta com o carro da Renault, numa estrada na Inglaterra.
Coincidência ou não, ontem Nelsinho Piquet comentou no Twitter: "Fiquem ligados nas noticias sobre F1. Muita coisa vai acontecer. Muita coisa um tanto... Nova!". Pelo tom do brasileiro, parece coisa boa. O mesmo podemos dizer sobre o tom do Nelsão, em Valência, comentando que em breve entenderíamos a razão de sua frequente presença no paddock. Aí tem coisa...
Merece destaque a nova investida da Fota sobre o regulamento. Agora a associação pretende alterar o formato do qualifying. Para pior.
A ideia consiste em levar cinco carros para a pista de uma só vez. Os dois mais rápidos de cada grupo se classificam para a super pole. Esse é o modelo que eles propõem à FIA. Só falta agora dizer que haverá cabeças-de-chave. Quer saber? Não gostei.
Outra proposta das escuderias é o uso de um terceiro carro por cada equipe. Ao invés de dupla de pilotos, será trio. Considerando a neura de Mosley sobre o corte de custos, essa não deve passar. E nem haveria necessidade, já que teremos três times a mais. Se for gastar dinheiro, que seja com testes.
Sobre a patacoada na super pole do GP da Hungria, eis a explicação da FOM:
"Nos minutos finais do Q3, o sistema de live timing oficial não teve atualizações na tela de tempos. Isso se deu por causa de uma falha mecânica no sensor da linha de chegada, por causa de um cabo danificado. Com os procedimentos de recuperação de dados, conseguimos garantir que nenhuma informação foi perdida, e pudemos completar os resultados da classificação de forma rápida. Queremos esclarecer que este não foi nenhum problema do equipamento fornecido pela LG, a processadoras de dados oficial da F-1", concluiu o comunicado, deixando bem claro a inocência da LG no caso.
Michael Schumacher já recebeu da Federação Alemã de Automobilismo os documentos necessários para a renovação da superlicença, e devem ser encaminhados à FIA a até 14 dias da etapa de Valência. Ele também passa por exames médicos, e ainda sente dores na nuca em função da queda sofrida em suas aventuras sobre duas rodas.
Schumacher não precisa mais provar absolutamente nada a ninguém. Aos 40 anos, não possui aquele mesmo nível de reflexo e raciocínio, nunca guiou o F60, jamais brincou com o KERS, nem mesmo conhece a pista de Valência, ganhou lá seus quilinhos, chega no meio de uma temporada pegando fogo, esta aí para resguardar o cockpit do amigo ferrarista, o carro não é dos melhores, a equipe já não é mais a mesma...
Mas o alemão não é das desculpas. Apesar de tantos fatores contando contra, ele quer extrair o máximo que as condições biológicas, técnicas, lhe permitem. Provavelmente vai se se matar de tanto se exercitar, abusará do simulador, tentará chegar no tão aguardado fim de semana o mais próximo possivel daquele Michael Schumacher que imperou na F-1. Vitória? Improvável. Sua maior arma para alcançar o 92º triunfo seria a sorte, que tanto costuma acompanhar quem tem talento pra coisa.
Michael aterrisa para levantar o astral do time, abalado com o acidente do Felipe, e concentrar os olhos do mundo sobre a Ferrari novamente, independente de qual posição no grid ela esteja. O único ferrarista que deve estar de cabelo em pé é o Raikkonen, diante da pura obrigação de andar mais rápido que o novo companheiro, um companheiro velho, mas que impõe todo o respeito do mundo. O retorno de uma lenda sempre assusta.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Schumacher de volta à F-1!

A Ferrari comunicou que Michael Schumacher está pronto para retornar à categoria como substituto do Massa. O alemão passará por um programa de preparação, em breve. No dia 23 de agosto, o heptacampeão fará a sua reestreia.
Uau, que notícia... O homem vai estar de novo em ação, enquanto assegura o lugar do Felipe. A Fórmula 1 estará em polvorosa no GP da Europa.
É muita coisa inacreditável acontecendo ao mesmo tempo.

Ótimas notícias sobre Felipe Massa

O médico de Felipe, Dino Altmann, traz boas notícias: "Não tenho dúvidas de que ele irá correr novamente".
Ele também afirmou que Felipe tem mantido plenas as noções de distância e profundidade, e sua memória respeita à perda de um tempo curto. Não se lembra de qualquer coisa a respeito do acidente, o que é muito positivo para evitar traumas.
A visão de Massa não enfrequeceu. Deixa a UTI, para transferiu-se a um quarto na enfermaria neurológica. O edema no cérebro e o inchaço no olho diminuíram. Felipe já deu os primeiros passos, ao redor da cama. Pergunta e responde nos três idiomas. Chegou a perguntar se correrá no próximo GP.
"É uma melhora fantástica. Apenas três dias após o acidente ele tem feito progressos encorajadores", disse Stefano Domenicali, animado. "Eu disse a ele que estamos esperando por seu retorno em breve, e que logo que estiver pronto vai estar de volta conosco".
Consta que indagou a mulher Raffaela sobre o resultado do GP. Ao saber da vitória de Hamilton e do segundo lugar de Raikkonen, Felipe reagiu: "Essa corrida seria minha!".
Esse é o Massa que a gente conhece bem... E assim ele segue se recuperando, cheio de vontade de voltar a acelerar o quanto antes. Forza...

BMW Sauber diz adeus

É triste saber que a BMW irá se retirar da F-1 ao fim do ano. Não foi uma surpresa tão impactante quanto a da Honda, já que a natureza do convite à conferência nos preparou para o pior. Mas foi uma perda muito maior, uma vez que a escuderia alemã sempre deu claras indicações de seu potencial rumo ao título, ao longo de sua curta trajétoria na categoria.
Tudo teve início em 2006, quando adquiriram a Sauber e tiveram a simpatia de manter o nome da antiga equipe em homenagem ao grande Peter. Assim que se livraram de Villeneuve, trabalharam com uma única dupla de pilotos, depositando total confiança em Nick Heidfeld e em Robert Kubica.
O time sempre alcançou seus objetivos de início de temporada. Os primeiros pontos, depois os primeiros pódios, em seguida a primeira vitória. O foco em 2009 era o primeiro título. Mas pela primeira vez, fracassaram. E desse fracasso veio o adeus.
A BMW deixou sua marca, revelando o polonês voador e lançando às pistas a sensação alemã do periodo pós-Schumacher. As coisas não funcionaram em 2009, mas provavelmente estariam de volta à briga no ano que vem. É um time que tinha estrutura, elevado nível técnico, excelentes profissionais e plenas condições de alcançar feitos maiores que seu tempo lhe permitiu.
A crise privou a BMW de seu direito de reagir. Há times que, se deixam a categoria, não fazem tanta falta. Infelizmente não é o caso. O carro azul e branco era de respeito, o nome de Mario Theissen estava feito, mas a equipe pecou por criar o carro errado no momento errado.
Sai da Fórmula 1 com um amargo e justificável gosto de quero mais. Que seja bem comprada, agora.
E, claro, Max Mosley não perderia a chance de jogar na cara de todos que seu método, por mais grotesco que fosse, resolveria o problema já a curto prazo. Segue a nota completa da FIA, transcrita do site Grande Prêmio.
A FIA lamenta o anúncio da BMW da sua intenção de deixar a F1, mas não se surpreendeu com a decisão.
Ficou claro há bastante tempo que o automobilismo não pode ignorar a crise econômica. Os fabricantes de carros não podem continuar a gastar grandes quantias de dinheiro na F1 quando suas sobrevivências dependem de demissões, fechamento de fábricas e ajuda dos contribuintes.
Por isso que a FIA preparou um regulamento para reduzir os custos de maneira drástica. Estas medidas foram necessárias para aliviar a pressão nos fabricantes após a saída da Honda, mas também para permitir a entrada de novos times.
Caso este regulamento não tivesse recebido uma oposição tão forte de tantos chefes de equipe, a saída da BMW e possíveis novos anúncios no futuro poderiam ter sido evitados.
Ainda assim, como resultado de uma campanha de corte de custos coordenada pela FIA, as novas medidas estão no processo de ser aceitas, o que deve tornar mais fácil a entrada de novas equipes e a participação dos times existentes com receitas muito mais reduzidas.
Não é nenhum segredo que as medidas não vão tão longe quanto a FIA gostaria, mas um compromisso era necessário pelo interesse na harmonia do esporte. Tomara que seja o suficiente para evitar novas saídas e garantir uma fundação sólida para a F1.
Como guardiã do esporte, a FIA está comprometida a garantir que a F1 siga financeiramente sustentável para todos os seus competidores, e sempre vai agir para garantir que isto permaneça assim.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Pronunciamento urgente da BMW

A equipe BMW marcou oficialmente uma conferência urgente para as 10h de Munique desta quarta-feira para fazer um comunicado de extrema importância.
Os dirigentes estarão presentes para comentar os "desenvolvimentos atuais do esporte a motor". Mais, eles não dizem.
O suspense sugere um caminho semelhante ao da Honda, que deixou a categoria, infeliz com os maus resultados em pista, aliados aos prejuízos milionários da crise.
Prepare-se para a bomba logo no início da manhã.

Rádio OnBoard - Edição de Hungaroring

No ar, a edição número 50 da Rádio OnBoard!
Ao lado direito, Ron Groo, ao esquerdo, Fábio Campos. Em função dos acontecimentos conturbados do fim de semana, tivemos uma edição longa, bem discutida, e até séria, com exceção da entrevista do Nelsinho, que cita uns podres do Grosjean, conta qual a figura da F-1 desmaiou ao ver o Felipe na sala do centro cirúrgico do circuito, dentre outras verdades que só o Piquet não tem receio de soltar.
Eis a pauta:
*Incidentes sem punição na prova
*A histórica estreia de Alguersuari
*A polêmica punição da Renault
*O acidente de Felipe Massa e assuntos derivados
*Um debate sobre a segurança em monopostos
*Início de férias com equipe Brawn ameaçada
Embora tenhamos falado de assuntos pesados, fizemos uma enquete com tema mais light, que trata do layout dos capacetes. Quem quiser palpitar em nossa enquete basta clicar aqui.
Retornaremos dentro de duas semanas, no meio das férias da categoria. Até lá.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Melhoras a Massa

Abaixo, a simpática charge do espirituoso Mantovani, representando o desejo de melhoras ao Felipe Massa.
Também foi legal ver a família do piloto falando que veremos em breve o Felipe no carrinho vermelho novamente. Em casos semelhantes, há familiares da vítima que tentam convencê-lo a todo o custo a abandonar o esporte perigoso que pratica. Mas a família do Massa demonstra todo o apoio para que ele siga seu caminho fazendo o que mais gosta, em busca do seu sonho como piloto, que é voltar a batalhar por títulos e, de preferência, conquistá-los.
A recuperação ainda demandará, pelo menos, algumas semanas. Mas é bastante válida a concordância e o incentivo dado pela família, no campo profissional.
De qualquer forma, a recuperação do homem é total prioridade sobre a recuperação do piloto. A julgar pelas excelentes reações apresentadas até aqui, parece evidente o ser humano Felipe Massa voltará a levar uma vida absolutamente normal.
A dúvida maior é quanto a velocidade do competidor. Quando retornar, todos os olhos estarão lhe acompanhando, curva a curva, torcendo para que Felipe seja devolvido à pista com toda a integridade de suas capacidades e habilidades do piloto que se revelou na Ferrari. Conta a favor dele o fato de não saber o que ocorreu naquele sábado, na Hungria, o que diminui a chance de um trauma. Além do mais, Massa deve voltar cheio de vontade de guiar, e corresponder a todos os desejos positivos que vemos a todo momento e de diversos lugares. Inclusive, o assessor do Nelsinho criou um espaço no Twitter, para que posteriormente sejam transmitidas ao brasileiro as mensagens das pessoas pelo mundo.
Fica também nosso desejo de melhoras. E que volte 100%, seja em que GP for.

A dura realidade das corridas

Num intervalo de uma semana, as corridas de monopostos passaram por momentos terríveis.
Caminhando num grau de tragédia decrescente, começamos com a morte de Henry Surtees, na Fórmula 2, onde o jovem piloto foi morto após ser atingido por uma roda que se soltou do carro de Jack Clarke.
No fim de semana seguinte, Felipe Massa sofre duplo impacto, ao ser acertado na altura do capacete por uma mola em altíssima velocidade, deixando-o desacordado e provocando, por consequência, um choque de alta desaceleração contra a barreira de pneus. Ainda não se sabe quando voltará a correr. Nem "se" voltará. Muito embora o brasileiro esteja reagindo bem até o momento.
No domingo, um acidente também inusitado na F-Indy. Um problema de reabastecimento jogou combustível dentro do cockpit de Tony Kanaan, que sofreu queimaduras de segundo grau. Mas se saiu relativamente bem do episódio.
Uma pergunta simples: O que os três infelizes fatos têm em comum?
Por mais que se avance no estudo da segurança, haverá outros caminhos a serem explorados. Batidas fortes não são tudo. Outros pontos de vulnerabilidade ficam em evidência neste momento. Está claro que o piloto possui este ponto fraco: sofrer um inesperado ataque de agentes externos em direção ao seu cockpit.
Vi no Speeder, que viu no Gomes, a imagem que vem a seguir. O desenho foi criado em 2005, numa tentativa de prever o design dos carros em 2015. Talvez o autor tenha acertado em cheio.
A forma de sanar essa brecha na segurança seria desenvolver um disposito de semelhante natureza ao que se vê na criativa foto. Deve-se começar a pensar no material resistente a ser usado, investir na realização de testes, criar mecanismos simples de abertura - internamente e externamente -, inserir formas adequadas de passagem de ar, dentre outras características que os engenheiros podem criar, talvez com facilidade muito superior aos desafios exigidos pelo desenvolvimento do desprezado KERS.
Parece que estamos diante do novo passo rumo a um contexto de segurança cada vez melhor. A questão pode ganhar importância até mesmo na eleição dos candidatos à presidência da FIA.
Mosley obteve muitas conquistas em sua passagem, agora é hora de se retirar e passar o bastão para outro alguém. Nesta temporada, a entidade do inglês fica impossibilitada de promover tais alterações nos bólidos, o máximo que poderá ser feito é punir equipes, como forma de repreender na marra as falhas indesejáveis pela própria escuderia. Como é o caso vivido pela Renault, no incidente da Hungria.
Punição não resolve problema de segurança. Mas como, a curto prazo, nada pode ser feito para resolvê-lo, aplica-se uma sanção em meio ao desespero derivado da realidade estampada nas últimas corridas. No entanto, a longo prazo uma solução mais científica deve ser posta em prática. Se não for essa da imagem acima, que seja outra solução. E se não for para 2010, que seja feita até 2011.
O automobilismo de fórmula agradece.

domingo, 26 de julho de 2009

O estado de Felipe Massa

O quadro de Massa ainda preocupa. As últimas informações dão conta de que o piloto seguirá em coma induzido até terça-feira, sendo acordado periodicamente, dando continuidade à rotina de exames.
Sabe-se que ainda há edemas, embora tenham diminuído. Porém, não existem hematomas nem lesões no tecido cerebral.
A situação grave é derivada dos dois impactos - a batida da mola e a desaceleração sobre a barreira de pneus. É muito cedo para termos certeza se Felipe conseguirá se recuperar plenamente, até mesmo com relação às habilidades exigidas a um piloto. O cirurgião especializado em trauma do Hospital Israelita Albert Einstein, Milton Steinman, falou ao Globoesporte que está otimista:
"A transferência de energia é muito grande. O prognóstico é variável, é muito difícil prever como será a evolução, se haverá comprometimento de reflexos. Mas eu já vi paciente com inchaço cerebral importante (grave) que acorda sem nenhuma sequela. Como o Massa é jovem, as chances são boas".
Os médicos que cuidam do Massa mencionaram um tempo de afastamento de seis semanas. Mas o comentário do delegado-médico da FIA, Gary Hartstein, abre a possibilidade de o piloto não disputar mais corridas na atual temporada.
"Talvez precisemos de semanas, ou até meses, para ver indicações de sua recuperação", disse ao La Gazzetta dello Sport.
Créditos ao Alexandre, do blog Almanaque, que captou o belo vídeo da TV italiana SKY, com imagens positivas dos pilotos, que irão constituir o DVD a ser levado ao Massa, assim que abandonar os sedativos.
Edit: O neurocirurgião Robert Veres, responsável pela operação de Felipe Massa, afirmou estar certo de que há uma lesão no olho esquerdo, mas ainda não soube apontar sua gravidade. Também disse que teremos de esperar mais tempo para nos certificarmos se o piloto voltará a correr. Horas depois, o hospital divulgou que não houve lesão à morfologia do olho, além disso o médico Dino Altmann descartou chance de cegueira. A evolução do quadro é boa.

Renault não corre em Valência

Quando menos se espera, a FIA ataca novamente.
A canetada da vez derrubou a Renault do próximo GP. A equipe está banida da etapa de Valência em função da patacoada na Hungria, onde Fernando Alonso sofreu com o desprendimento da roda dianteira direita após sua parada de box.
A entidade acredita que houve negligência no pit stop. Os argumentos da federação são enumerados a seguir:
1. O time conscientemente liberou o carro número 7 da posição de pit stop sem que um dos dispositivos de retenção das porcas estivesse seguramente em posição, sendo indicativo de que a roda pudesse não estar apropriadamente segura.
2. Mesmo sabendo de tal falha, não tomou nenhuma ação para impedir que o bólido deixasse o pit lane.
3. Não informaram o problema ao piloto ou não tomaram as ações adequadas dadas as circunstâncias. Inclusive quando o piloto contatou pelo rádio acreditando se tratar de um furo no pneu.
4. Como resultado, uma parte do carro solta na curva 5, e a própria roda sai na curva 9 em consequência dessas ações.
A violação do 23.1.i e do artigo 3.2 do regulamento esportivo acarretou a suspensão na corrida subsequente.
Difícil acreditar que uma sanção tão dura seja aplicada a uma escuderia que periga nem mesmo compôr o grid do ano que vem. Pior ainda seria privar Alonso de correr em casa; Bernie Ecclestone não deve gostar nem um pouco dessa história. Para completar, surgem os burburinhos sobre a hipótese de o espanhol correr de Ferrari no GP da Europa, caso Massa não esteja lá. Consistiria numa loucura contratual, mas é disso que são feitos os rumores.
No caso de Nelsinho Piquet, talvez a punição não seja tão relevante assim. Seu pai havia comentado com o narrador Galvão Bueno que logo entenderíamos a razão de sua presença constante no paddock ultimamente. Sugere uma notícia positiva, quem sabe uma troca de equipe programada logo adiante...
Nas próximas semanas, a escuderia de Flavio Briatore irá aos tribunais recorrer da decisão. Até mesmo já efetuou o pagamento dos 6 mil euros relativos a esta apelação. A ver.

Na Hungria, Lewis volta a vencer

Martin Whitmarsh chega à sua primeira vitória no comando da McLaren. Foi também o primeiro pódio da equipe nesta temporada.
A largada foi positiva para Kimi Raikkonen, que saiu da parte limpa do grid colocando o KERS para funcionar. Galgou boas posições, e protagonizou um pequeno incidente antes da primeira curva, com um movimento brusco para cima de Hamilton, porém de proporções desprezíveis. Ainda assim, o caso ficou pendente de julgamento após a corrida.
Após a curva 1, três pilotos lado a lado se tocaram, acarretando prejuízo para Sebastian Vettel, que cairia para sétimo. Não era dia do alemão, que mais tarde acabaria por abandonar o GP com problemas.
Webber foi ultrapassado por Hamilton, que disparou em direção a Fernando Alonso, então líder. Quando o espanhol realizou sua parada, um fato semelhante ao episódio por ele vivido em 2006, nessa mesma pista, ocorreu. Um erro na colocação da roda determinou o fim de suas atividades.
O mecânico-chefe da Red Bull cometeu uma pequena falha no pit stop de Mark Webber; melhor para Kimi Raikkonen, que adiantou sua vida assumindo o segundo posto. O australiano teve de assegurar o pódio, frente à perseguição de Nico Rosberg, que acabaria num bom quarto lugar.
Heikki Kovalainen cruzou a linha em quinto, em uma prova discreta. Timo Glock apresentou um ótimo desempenho, considerando o nível demonstrado ontem pela Toyota. Somente atrás do alemão viu-se a primeira Brawn completar o GP. A equipe entrou numa terrível bancarrota, foi de longe a decepção do fim de semana. Button foi sétimo; Barrichello, décimo. Trulli marcou um pontinho e Nakajima fechou no lugar dos bobos.
Na corda bamba, Nelsinho Piquet foi apenas o 12º, entre as BMWs de Heidfeld e Kubica. Fisichella terminou em 14º. E, veja só, Alguersuari cruzou em 15º, melhor que o companheiro Buemi, que andou errando durante a corrida.
A Fórmula 1 entra em suas férias de intermináveis quatro semanas. Não se toma mais conhecimento da Brawn, e assim a briga pelo título ganha contornos animadores. Webber passa Vettel no campeonato, complicando a disputa interna da RBR. Que, por sinal, conta a favor de Button.
Agora, é aguentar a silly season chegando a todo vapor para preencher os criativos jornais nesse meio tempo ocioso da categoria.
GP da Hungria:
1. Lewis Hamilton (ING/McLaren), 70 voltas em 1h38min23s876
2. Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari), a 11s529
3. Mark Webber (AUS/Red Bull), a 16s886
4. Nico Rosberg (ALE/Williams), a 26s967
5. Heikki Kovalainen (FIN/McLaren), a 34s392
6. Timo Glock (ALE/Toyota), a 35s237
7. Jenson Button (ING/Brawn), a 55s088
8. Jarno Trulli (ITA/Toyota), a 1min08s172
9. Kazuki Nakajima (JAP/Williams), a 1min08s774
10. Rubens Barrichello (BRA/Brawn), a 1min09s256
11. Nick Heidfeld (ALE/BMW), a 1min10s612
12. Nelsinho Piquet (BRA/Renault), a 1min11s512
13. Robert Kubica (POL/BMW), a 1min14s046
14. Giancarlo Fisichella (ITA/Force India), a 1 volta
15. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), a 1 volta
16. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso), a 1 volta
Abandonos:
Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), 18 voltas
Fernando Alonso (ESP/Renault), 14 voltas
Adrian Sutil (ALE/Force India), 0 voltas
Volta mais rápida:
Mark Webber - 1min21s931 (65ª volta)

sábado, 25 de julho de 2009

Treino bastante conturbado na Hungria

Parecia que Felipe Massa não poderia sofrer um golpe de azar maior que a explosão do motor a três voltas do final do GP da Hungria, mas este ano foi bem pior: ser atingido na cabeça por uma mola que se soltou de um carro é um acontecimento que beira o absurdo. Com a agravante da tragédia no automobilismo ocorrido há uma semana, quando Surtees foi acertado por uma roda na cabeça, o acidente do brasileiro hoje assustou e muito.
O início da super pole foi adiado em alguns minutos por conta do acidente, e seu encerramento foi confuso, em virtude de uma pane nos computadores que deixaram todos apreensivos quanto ao resultado do treino.
Quem larga na pole é Fernando Alonso, fazendo valer as promessas de melhoria da Renault, embora o fator combustível tenha dado aquela forcinha no tempo de 1:21.569.
A favorita dupla da Red Bull vem logo atrás, com Vettel à frente de Webber. Lewis Hamilton comprovou o potencial da McLaren demonstrado nas sessões livres, cravando o quarto tempo. Nico Rosberg levou sua Williams ao quinto posto, ao lado de Heikki Kovalainen, o vencedor da última edição da prova húngara.
A Ferrari de Raikkonen abre a quarta fila. Eis que finalmente surge a primeira Brawn, de Jenson Button, apenas na oitava colocação. Uma quantidade grande de gasolina seria necessária para explicar um desempenho tão aquém do esperado.
Kazuki Nakajima posicionou seu FW também entre os mais rápidos da classificação. Massa seria no mínimo o décimo caso participasse do Q3.
Sebastien Buemi foi o melhor do Q2, ratificando o avanço da STR atualizada. Atrás dele, Jarno Trulli, que já pôde disputar posições melhores com sua Toyota. Rubens Barrichello também ficou na segunda fase, graças à tal peça que se soltou, obrigando-o a retornar aos boxes num mau momento. Glock e Piquet também ficaram pelo caminho.
Os cinco do fundão são Heidfeld, Fisichella, Sutil, Kubica e Alguersuari. A BMW segue no mesmo inferno astral. A Force India voltou a ter dia de Force India. E Jaime fez o basicão que dele se esperava, tendo de abandonar a disputa antes mesmo do tempo previsto, em função de um problema em seu STR.
As curvas lentas e a alta temperatura deveriam impulsionar a Brawn, mas o treino revelou outra realidade. A Red Bull pode ratificar seu domínio, determinando que a segunda metade do campeonato será de caça ao Jenson Button, isolado na liderança do Mundial.
Alonso admitiu que a vitória será difícil no domingo. Talvez seja mais fácil o Hamilton vencer, já que o KERS na largada promete operar milagres. Porém, ao contrário de Nurbrugring, o inglês larga do lado sujo da pista, assim como Kovalainen. Apenas o Kimi vem de posição ímpar.
Ficou ruim para o Nelsinho, saindo de 14º, contra o primeiro de Alonso. Paira aquele temor sobre a chance de fazer neste domingo sua última corrida. Completa hoje 24 anos, mas há pouco a se comemorar.
Para falarmos mais sobre o treino de sábado e as expectativas para a corrida, estaremos ao vivo neste link, entre 20:15h e 21h de hoje.
Classificação:
1. Fernando Alonso (ESP/Renault), 1min21s569 (20 voltas)
2. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), 1min21s607 (20)
3. Mark Webber (AUS/Red Bull), 1min21s741 (22)
4. Lewis Hamilton (ING/McLaren), 1min21s839 (23)
5. Nico Rosberg (ALE/Williams), 1min21s890 (24)
6. Heikki Kovalainen (FIN/McLaren), 1min22s095 (29)
7. Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari), 1min22s468 (25)
8. Jenson Button (ING/Brawn), 1min22s511 (20)
9. Kazuki Nakajima (JAP/Williams), 1min22s835 (24)
10. Felipe Massa (BRA/Ferrari), sem tempo (18)
11. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso), 1min21s002 (20)
12. Jarno Trulli (ITA/Toyota), 1min21s082 (18)
13. Rubens Barrichello (BRA/Brawn), 1min21s222 (17)
14. Timo Glock (ALE/Toyota), 1min21s242 (19)
15. Nelsinho Piquet (BRA/Renault), 1min21s389 (21)
16. Nick Heidfeld (ALE/BMW), 1min21s738 (8)
17. Giancarlo Fisichella (ITA/Force India), 1min21s807 (12)
18. Adrian Sutil (ALE/Force India), 1min21s868 (5)
19. Robert Kubica (POL/BMW), 1min21s901 (8)
20. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), 1min22s359 (10)
Pesos dos carros em ordem crescente:
Fernando Alonso (Renault) 637,5 kg
Lewis Hamilton (McLaren) 650,5
Kimi Raikkonen (Ferrari) 651,5
Mark Webber (Red Bull) 652,0
Nico Rosberg (Williams) 654,0
Sebastian Vettel (Red Bull) 655,0
Heikki Kovalainen (McLaren) 655,5
Kazuki Nakajima (Williams) 658,0
Nick Heidfeld (BMW) 658,0
Jenson Button (Brawn) 664,5
Robert Kubica (BMW) 666,0
Nelson Piquet (Renault) 667,7
Jarno Trulli (Toyota) 671,3
Sebastien Buemi (Toro Rosso) 671,5
Jaime Alguersuari (Toro Rosso) 675,5
Timo Glock (Toyota) 679,2
Giancarlo Fisichella (Force India) 680,5
Adrian Sutil (Force India) 683,5
Rubens Barrichello (Brawn) 689,0

Sobre o acidente de Massa

Ele está bem, mas a Ferrari já confirmou que não corre amanhã.
Sofreu um ferimento logo acima do olho esquerdo, a foto você vê aqui.
Felipe foi atingido em alta velocidade pela peça que se soltou do carro de Barrichello. A câmera on board indicou o piloto perdendo a consciência no momento do impacto, bastava reparar no gráfico que mostrava acelerador e freios acionados em conjunto. Seguiu reto em direção à barreira de pneus.
Felipe, porém, chegou já consciente ao centro médico, onde se encontrava bastante agitado, por isso foi sedado antes de seguir de helicóptero rumo ao Hospital Militar Central de Budapeste.
Rubens comentou que felizmente não há preocupação com os olhos do piloto. Massa teve um corte profundo na testa, uma concussão cerebral, e passou por uma cirurgia para retirar o fragmento ósseo, o que consiste num procedimento normal. O importante é que está bem, a operação foi um sucesso.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A demissão do Nelsinho

Quando Galvão Bueno anunciou a demissão do Nelsinho, naquela segunda-feira à noite, ele sabia o que estava dizendo. Ninguém da Globo ou do Sportv tem tendência de espalhar boatos; a fonte do narrador era confiável.
O jornalista Victor Martins contou ter conversado com alguém respeitável de dentro da Renault, que confirmou: "Foi incrível o modo como ele foi mandado embora e depois foi readmitido. Ele estava totalmente fora!".
Na terça pela manhã houve uma reunião salvadora em Mônaco, onde ficou acertado que Piquet se asseguraria por mais um tempo. E esse tempo pode não chegar a ser tão longo assim.
Hoje, na Hungria, Briatore e Nelsinho trocaram farpas via empresa, dando indícios da insatisfação mútua instaurada, que pode provocar o rompimento das relações a qualquer momento.
Destacando os melhores (ou piores) momentos da discussão...
Flávio confessou que esperava mais do piloto nesta que é sua segunda temporada. Disse que o R29 de Nelsinho não ficava mais de 0.3s atrás do Alonso, o que não explicava os maus resultados. O brasileiro rebateu, dizendo que essa diferença é considerável, a julgar pela proximidade entre os carros neste ano; some-se a isso a diferença de posição de largada, que cria uma situação complicada na corrida, aliado a uma estratégia pior que a do espanhol, e aqueles décimos se tornam uma bola de neve. "Esse é um tipo de coisa que, por ele ser só um empresário, não entende porra nenhuma. Ele acha que se meu carro está 0.3s mais lento que do Fernando, ao final de dez voltas eu tenho que estar só a 3.0s dele. Não é assim que funciona", disparou.
Briatore ironizou as desculpas quando as coisas não funcionam bem: "Se você ouve um piloto, é como um livro com uma desculpa em cada página. Pode ser o clima, os gatos, os ratos, um óculos nas arquibancadas, rodar na reta...". Ao que Piquet respondeu: "Todos me perguntam quinhentas vezes por dia o que está ocorrendo; você quer que eu fale o quê? Que eu fique calado? Tenho de falar o que está acontecendo. Muitas vezes eu falei que não andei bem, que precisava melhorar. Quando não classifiquei bem, eu falei".
Nelsinho foi bastante incisivo em algumas críticas: "Flavio assinou para ser meu manager e está pisando em minha cabeça às vezes. Não sei qual é o objetivo dele: tentar me ajudar ou me atrapalhar".
Sobre a proximidade entre Flavio e Alonso: "A intenção dele em ser amigo do Fernando é para ter o Fernando ao lado dele o máximo possível. Se o Fernando não fosse um piloto espetacular, Flávio não estaria nem aí para ele. O Flávio não tem amigos. Se ele sai pra jantar, é pensando em negócio, em quanto que ele vai ganhar... A vida dele é essa".
Se um chefe e um piloto se sentem à vontade diante dos microfones para soltar o verbo sobre o patrão/empregado, é possível que o tempo de contrato esteja mesmo chegando ao fim. Após o GP da Hungria, talvez não ocorra apenas uma demissão temporária, como provavelmente acontecera na última semana.
O mais temerário é que Piquet iniciou o fim de semana sem encontrar um bom acerto para o carro. Caso esta seja sua última chance, o risco é considerável, para dizer o mínimo.

Em defesa de Alguersuari

A estreia de Alguersuari vai ser um teste e tanto. Considerando o oposição de outros pilotos e a desconfiança de fãs e jornalistas, o espanhol terá de mostrar seu valor psicológico. Sob o calor de Budapeste, um desafio ainda maior, que é a prova física num circuito exigente, sem muitas retas para respirar.
A turma do fundão deverá largar com certo receio sobre uma possível trapalhada do novo recordista etário da categoria. Mas ninguém melhor que seu chefe para argumentar a favor do piloto e explicar como se deu esta escolha.
Para começar, Tost falou da essência da Toro Rosso: "Quando a Red Bull de Dietrich Mateschitz decidiu criar uma segunda equipe, uma das principais metas era a de dar aos jovens condutores, sobretudo do programa de jovens pilotos da Red Bull, a oportunidade de entrar na F-1".
Curioso ele dizer que primeiro optou por tirar o Bourdais, e depois pensou num nome para estrear. E não o inverso. Sinal de que a entrada de Jaime era a solução para a insatisfação do time com o francês. Ao invés de a saída do Bourdais ser a solução para a Toro estrear quem ela queria:
"E quando nós decidimos mudar nosso piloto há algumas semanas, estudamos todos os dados dos jovens pilotos da Red Bull, e o resultado mostrou que Jaime era ao mais experiente e o mais bem-sucedido. Então decidimos escolhê-lo. Estou convencido de que ele virá com uma boa performance e se dará muito bem na categoria".
Quer dizer que com essa idade e, principalmente, com esse currículo razoável, Jaime é o mais experiente e bem-sucedido de todo o programa? Bem, por outro lado, o fato de ser novo pode explicar o currículo pouco rico. Ok, vamos adiante.
Tost continuou enumerando seus argumentos a favor do espanhol: "Eu gostaria de acrescentar que ouvi algumas pessoas dizendo que ele não é experiente o suficiente. Mas é sempre uma pergunta difícil de responder quando um piloto é experiente o bastante para entrar na F-1. Só posso dizer que o Jaime tem feito até agora 118 corridas. Ele ganhou 17 corridas e subiu 46 vezes ao pódio", e prosseguiu: "Ele ganhou no ano passado o campeonato de F-3 Inglesa e, neste ano, na World Series, está a subindo de performance corrida após corrida".
"Além disso, como todos sabem, o novo regulamento diz que não há mais testes por motivos financeiros, e portanto não é fácil trazer os novos pilotos à F-1. Você tem que iniciá-los aqui. Eu acho que ele tem uma boa base e que é experiente o suficiente para fazer um bom trabalho".
Essa é a grande questão, que inclusive já escrevi sobre, há poucos dias. Como de costume, Mosley tapa um buraco e abre outro. Antes que se torne moda demitir alguém no meio da temporada para que o estreante treine para o campeonato seguinte, a FIA bem que poderia especificar umas duas ou três semanas de testes para novatos ao longo do ano, além dos treinos já previstos ao final da temporada. Basta proibir que ocorra desenvolvimento de peças novas nessas sessões, para que os times não tentem se aproveitar da situação.
A perda de valor da profissão de test-driver não faz bem a quem tenta ingressar na categoria, e pode fazer mal a quem tenta se manter nela - vide o Bourdais. Esse buraco precisa ser competentemente tapado até o ano que vem.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Piquet admite chance de demissão

"Não. Minha situação não está 100% garantida para o restante do ano". Foi o que disse Nelsinho Piquet à revista Autosport, quando respondia a pergunta relativa a seu futuro a curtíssimo prazo, acrescentando que nos dias atuais um contrato não vale muita coisa.
Em entrevista aos jornalistas brasileiros, na Hungria, Piquet também reconheceu não saber se a etapa de Hungaroring será a sua última pela Renault: "Queria eu saber. Estou aqui para andar e meu pai está aqui para resolver os pepinos".
"Flavio tem as vontades dele, meu pai tem as vontades próprias dele. Meu pai acha algumas coisas, Flavio acha outras... Tem muita conversa, muita confusão, conflitos de contrato. Na verdade, tento não me meter, porque é tanta coisa...".
Nelsinho tentou explicar os fatos conturbados da última semana, na qual ninguém sabia se havia ou não ocorrido a tão falada demissão. Deu a entender que de fato existe um prazo no acordo que abria a possibilidade de rompimento:
"Só o primeiro dia que ficou uma confusão, porque tínhamos a segunda-feira para acertar, e o Flávio estava numa p* confusão com a Fota, a gente não conseguia falar com ele, parecia que o Flávio estava de sacanagem com a gente. Mas então nos falamos na terça-feira, estava tudo bem, ele pediu desculpa porque havia uma reunião enorme com a Fota, ficou o dia inteiro, ele teve que viajar, enfim... Mas estava tudo certo. No Brasil, todo mundo falava um monte de m*, mas eu sabia que tinha 90% de chance de as coisas darem certo, só faltava um ok".
Piquet voltou a comentar a questão da diferença dos carros e os maus resultados. Porém, na Hungria, espera um carro muito bom, com as mesmas especificações técnicas do bólido do Alonso.
Trata-se de uma corrida importante. Os primeiros pontinhos dariam alguma segurança diante de toda a instabilidade em que se envolveu.
Essa é a primeira vez no ano que ele reconhece abertamente a chance de ser despachado. Mas o Nelsão também faz bom trabalho nas negociações. Só que a verdadeira resposta tem que vir do Nelsinho, na pista. E o quanto antes.

Webber renovado

A Red Bull confirmou a renovação de Webber, o que já assegura sua dupla de pilotos para o ano que vem. Tanto a energética mãe quanto a energética filha devem manter os atuais donos de seus acentos para 2010.
O australiano faz a oitava e melhor de suas temporadas na F-1. Há tempos que um time não chega a unir juventude e experiência no nível arranjado pela RBR neste ano.
Vale lembrar que Mark não vem guiando em sua plena forma física, como já havia comentado na semana passada, em função daquele acidente na Tasmânia: "A placa de titânio será retirada só depois da temporada. Então, o relevo da perna vai desaparecer. Os parafusos serão retirados em agosto".
Em grande fase, e em alta com a equipe, parte cheio de confiança para o quarto ano seguido na Red Bull. É um daqueles casos de veterano que ressurge com bastante força num momento inesperado. Mas para isso terá de aguentar por mais um bom tempo a influência do pupilo da equipe, que adora a ideia de ter um segundo piloto. Quanto maior o ritmo do carro e a qualidade dos pilotos, menos amistoso é o clima interno. Até mesmo na despojada Red Bull.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vatanen solta o verbo

Ari Vatanen iniciou sua oposição a Todt indo direto para o ataque.
Sempre destacando ser o homem da mudança, ultimamente veio a proferir uma série de frases fortes, fazendo bom uso de sua experiência política. Destaquemos alguns exemplos de comentários que fez para levantar a sua imagem, bem como dar um tapa na cara do sistema vigente:
"Eu sempre fui uma pessoa muito idealista; sempre acreditei na justiça, e por isso entrei na política. Vi muita miséria, pobreza e injustiça durante a minha vida e acho que todos nós precisamos contribuir quando vimos algo assim. Vi que há essa chance de conduzir pessoas inteligentes para formarmos uma FIA melhor. Não critico Max pessoalmente, mas olho para o futuro. E preciso ser objetivo com relação ao que acontece com a federação, pois ela não está em boa saúde".
"Não precisamos de membros honorários para cuidar das vice-presidências e chefias de comissões, nem de pessoas que só estejam por lá por serem amigas de alguém, mas, sim, de gente competente. Se você ver que fez algo errado, precisa mudar, e isso exige novas pessoas".
"Como eu já disse outras vezes, se a minha equipe e eu chegarmos à presidência, a primeira coisa que faríamos seria mudar o processo eleitoral para que as pessoas possam se livrar de mim. Eu não quero ficar no cargo só por ser quem eu sou ou porque sou protegido pelas regras, mas somente enquanto as pessoas confiarem em mim e acreditarem no que eu faço".
"Mesmo que ele seja um bom amigo, preciso dizer que a FIA não é um reino, onde um rei entrega o poder a quem quiser. É muito errado que Jean seja apresentado como o 'filho do rei'. E ele está fazendo sua campanha totalmente bancado pela FIA, indo como representante da federação ao lado da sua namorada em um jato privado para várias partes do mundo. Isso me parece a intenção de querer nomear um descendente, e acredito que a maioria das pessoas não ache certa essa situação. A FIA é uma república".
"Não haveria mudanças, e isso seria uma grande injustiça com a grande maioria das pessoas, que quer renovar e sentir orgulho da federação. Quem pode ter orgulho da FIA hoje? Além daqueles que se beneficiam dela, pouca gente".
O finlandês sabe incomodar muito bem. A grande cutucada no Todt, claro, se deu no momento em que criticou o apoio da FIA à campanha do ex-ferrarista.
O francês logo tratou de retrucar, negando a acusação e pedindo que as eleições fossem realizadas em alto nível, sem uso de informações inverídicas por ambas as partes.
A explicação dada é de que a namorada de Jean, Michelle Yeoh, trabalha voluntariamente na campanha da Fundação FIA. Ele a acompanhou num workshop para as autoridades esportivas bancado pelo Fundo de Segurança do Automobilismo.
Todt comentou a importância deste trabalho e negou qualquer influência na concorrência ao trono de Mosley, por quem é apoiado.
Acontece que viajar com esse propósito inevitavelmente promove uma boa propaganda do aspirante, mostrando seu trabalho e sua capacidade extra-esportiva aos representantes das entidades nacionais.
Em suma, os engajamentos da Fundação FIA se tornaram desculpa para Todt se promover. Cada um joga com as armas que tem. A luta pela presidência está aberta e nota-se que será uma briga quente.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Um carro para Bruno

De 2010 não passa. Bruno Senna espalhou por aí que anda conversando com alguns times da F-1, incluindo os estreantes da próxima temporada.
Mas como se espera pouco de equipes incipientes, vale o otimismo de imaginá-lo em uma escuderia já existente. Ele mesmo contou: "Estamos em contato com poucas equipes, por conta de relacionamentos que começamos na última temporada".
Relacionamento iniciado na última temporada? Essa é fácil... A Brawn com certeza está entre elas. Bruno agradou a Ross Brawn em seu teste em dezembro, com a extinta Honda. Comenta-se que um novo teste já está marcado no fim do ano.
Os contatos do piloto com a Mercedes também podem garantir alguma vaga. De preferência na McLaren, onde Kovalainen segue capengando.
Mas o favorito para esse cockpit é Nico Rosberg, abrindo uma vaga na Williams, que por sua vez possivelmente realizaria a simbólica estreia do sobrinho de Ayrton.
Isso é assunto para a silly season, que deve explodir nas insuportáveis quatro semanas sem GP depois da Hungria. Mas o Bruno deu uma bela força para o crescimento das boatos ao comentar sua tentativa quase certa de arrumar algum espaço no grid do ano que vem.
Dificilmente as expectativas serão frustradas novamente. Com mais vagas no pelotão, o brasileiro muito provavelmente estreará aos 26. Nenhum ano a mais.

Rádio OnBoard - Edição Pré-Hungria

No ar, a edição número 49 da Rádio OnBoard!
Fábio Campos, Ron Groo e eu tivemos um rápido bate-papo sobre os últimos destaques da F-1, F-Indy, e, claro, o fatídico domingo da Fórmula 2.
Segue a pauta:
*Alguersuari substitui Bourdais
*Nelsinho resiste, por enquanto
*A Indy no Brasil
*A morte de Henry Surtees
Acabamos de lançar o nosso Twitter. Se você tem o seu, clique aqui e nos siga...
Mais uma novidade: Trocamos o horário do programa Pré Race para o dia do treino. De 20:15h às 21h do sábado, entremos ao vivo neste link, abordando sobre a sessão classificatória, as expectativas para a prova e as estratégias dos pilotos.
Até a próxima.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Jaime oficializado

Mais um piloto Red Bull chega à F-1. Como de costume, as portas da Toro servem de entrada para eles, a equipe não faz cerimônia para formar duplas inexperientes. É, definitivamente, o poço dos jovens talentos da categoria.
O problema é que Jaime Alguersuari jamais havia guiado um Fórmula 1 até a última semana. O chefe Tost será paciente: "Não espero nada de Jaime por ao menos três corridas, durante as quais ele vai se acostumar ao carro, à equipe e ao ambiente da F-1".
Franz Tost também andou elogiando o Sebastião que restou: "Buemi tem feito um ótimo trabalho até agora. E você precisa considerar que, como o único novato no grid, ele é a primeira vítima real da proibição dos testes ao longo da temporada (...). Nós não podemos ter só pontos positivos em tudo. Ao mesmo tempo em que economizamos dinheiro sem os treinos, os pilotos jovens sofrem com isso. O que posso garantir é que Buemi será um piloto mais completo em 2010".
Juntando tudo, conclui-se que a STR pretende mesmo correr com essa dupla no ano que vem. O que é óbvio. Alguersuari não será exigido a curto prazo, a equipe só pedirá que o garoto aprenda o mais rápido possível, não faça bobagens e termine as provas.
Talvez seja um caso isolado, ou talvez seja apenas o primeiro exemplo da consequência da regra. A crescente desvalorização do piloto de testes pode estar ajudando a demitir uns e a promover outros no meio do campeonato. Sem a possibilidade de dar boa bagagem em treinos a um novato ao longo do ano, é preferível colocá-lo direto nos GPs, como se as corridas de uma temporada fossem treinamentos para o campeonato seguinte.
Se a Toro Rosso abriu a série, Piquet deve permanecer de olhos abertos com a Renault, sempre de olho grande no pseudo-francês da GP2. A demissão em pleno desenrolar da competição corre risco de virar moda daqui pra frente.

Fatalidade na F-2

Difícil encarar a realidade quando o esporte que gostamos revela seu lado mais obscuro.
Henry Surtees galgou do kart até a Fórmula 2, passando pela F-BMW, F-Renault e F-3. O filho de John era mais um piloto que sonhava em ganhar espaço na Fórmula 1, mas seu caminho trilhado foi interrompido pelo infeliz acidente em Brands Hatch, neste domingo.
Atingido na cabeça pela roda de Jack Clarke após a batida, Surtees seguiu direto para o muro, desacordado. Foi levado inconsciente ao Hospital Real de Londres, mas nada impediu o ponto final de sua breve carreira de 10 anos, e de sua curta vida. Tinha só 18 anos.

domingo, 19 de julho de 2009

Quem quer e quem não quer

A silly season vem chegando, mas o que vale mesmo é ouvir os pilotos. Danica Patrick, por exemplo, era um dos nomes cotados na nova US F1, porém confessou que deixar os Estados Unidos dificilmente será uma opção.
"Eles nunca me chamaram. E eu já tive oportunidades de dar um passo adiante com relação à F-1, mas não quero enganar os outros e indicar um caminho que não é real. Não tenho vontade de correr lá", revelou.
Enquanto ela sequer pensa em guiar um carro de F-1, Jacques Villeneuve insiste em tentar retornar à categoria: "Quero que meus filhos me vejam correr ao vivo, não apenas em fotografias".
Faz três anos que o canadense foi demitido da BMW. Um retorno seria difícil, basta ver a falta de ritmo que ele apresentou no final de 2004, quando disputou algumas provas pela Renault no fim do campeonato, após ficar um ano distante da categoria. Não marcou nenhum ponto naqueles três GPs, contra 14 do companheiro Alonso.
Se quiser mostrar seu trabalho ao vivo e a cores para os filhos, é bom se certificar que realmente conseguirá fazer bonito no auge de seus 38 anos. A opção mais sensata talvez fosse falar do Gilles para a mulecada.
Só pra constar: Jules tem 2 anos; Jonas, 1 aninho.
Mas Jacques possui outros motivos para querer voltar.
"Na minha opinião, os carros de hoje são melhores de ver e serão ainda mais no ano que vem. Haverá mais prazer em pilotar, especialmente com a proibição dos reabastecimentos. Você pode ver os carros derrapando mais, sem os auxílios eletrônicos. Digo isso há dez anos: proíbam os pit stops, voltem para os pneus slicks e tirem a eletrônica".
"Só lamento que se mantenham as paradas obrigatórias para troca de pneus, porque isso tira um pouco da emoção".
Villeneuve de fato se oferece para pilotar algum cockpit da F-1. Improvável que consiga, mas nem tanto. Diante dos três times estreantes em 2010, vai saber o que se passa pela cabeça dessa gente nova...

sábado, 18 de julho de 2009

Gentlemen

Lauda resolveu palpitar sobre o incidente do GP da Alemanha, em que Hamilton vinha no fim do pelotão e perguntou ao time se seria uma boa ideia poupar motor e câmbio, ao que a equipe responde pelo rádio: "Fique concentrado na pilotagem e deixe a estratégia conosco".
O tricampeão comentou após o GP que "ele não deveria ter se aventurado a isso. Um piloto deve pilotar porque é para isso que ele é pago".
Mesmo dizendo palavras ligeiramente semelhantes às da McLaren, recebeu uma dura do Norbert Haug, que pôs o dedo na ferida de Lauda: "Alguém que diz que ele 'nunca deveria ter se aventurado' deveria lembrar quando ele se dirigiu aos pits e desistiu de uma corrida".
É uma alusão à histórica decisão do campeonato de 76, quando Niki desistiu da disputa e abandonou o GP do Japão, perdendo o título para Hunt por um mísero ponto, em meio ao dilúvio de Fuji.
Equipe ignorante com piloto, ex-piloto abusado, dirigente rude... O respeito não é exatamente o ponto forte de alguns senhores da F-1. Um conjunto de discussões com um precedente bem intencionado de um competidor competente o bastante para guiar e pensar ao mesmo tempo. Que mal havia em Lewis perguntar? Que coisa...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ruby

O vídeo do momento circula pelo Twitter e pelos blogs, tendo chegado até nós depois de postado pelo Speeder, que tem mais contato com os acontecimentos do outro lado do Atlântico.
Simpatize com a montagem ou não, há de se convir que a paródia é criativa. A música original é "Ruby", da banda Kaiser Chiefs.
Alguns relutam em acreditar que o vídeo tenha partido de britânicos, baseados no mito que se criou sobre sua reputação absolutamente incontestável na Europa. Claro que lá sua moral é maior que aqui, até porque fica mais fácil se respeitar alguém que não é tão próximo, mas seus defeitos podem ganhar evidência a partir do momento em que passa a guiar por uma escuderia inglesa que briga pelo título.
Não bastassem as críticas de Coulthard, Jordan e Williams instantes após a entrevista mais agressiva da temporada, trataram de aprontar essa para cima dele, com direito a comparações de telemetria com o Button, comparações com Heidfeld, dentre outras adaptações na letra.
Mas a queda na moral até mesmo no exterior não é o único efeito controverso de um ano que deveria servir apenas para uma aposentaria respeitável do piloto recordista de GPs. Se houvesse se afastado em 2008, seus fãs poderiam alegar que Rubens pendurou as luvas no momento errado e que disputaria o próximo campeonato sem ter de se submeter a ordens de equipe. Hoje, muitos de seus torcedores começam a descobrir o que vários espectadores já sabiam: Rubens não é piloto para ser campeão.
Jenson fez 6 vitórias e 4 poles. Barrichello segue zerado em ambos. Button está em primeiro na tabela, e os dois carros rivais da equipe Brawn se posicionam em segundo e em terceiro. O pior de toda a situação foi Rubens declarar abertamente ao chefe Ross que não será segundo piloto em hipótese alguma. Em entrevistas em português, o brasileiro diz que quer mostrar aos compatriotas que não é segundão, que não gosta de ser, que não gostou dos incidentes de Ferrari, e que todos devem entender isso.
O que ele ainda não entendeu é que seu contrato não é com os brasileiros e sim com sua equipe. Um título não pode ser jogado fora em virtude de sua vontade de provar para os piadistas de plantão que não é merecedor daquelas piadas.
Quando acontece uma cena estranha, como a inversão de posições da última corrida, o patrão logo consegue convencê-lo de que nada aconteceu, pelo simples fato de que seu piloto quer acreditar naquilo que ouve do chefe. Mesmo sem o acompanhamento de uma explicação realmente convincente.
A impressão deixada é que Rubens pode ser segundo piloto da Brawn sem saber. Porque se ele já surtou com uma corrida fraca e um pit stop mal feito, imagina o tamanho do barraco que provocaria caso descobrisse que o time inglês estaria disposto a privilegiar o piloto inglês líder do campeonato, ao invés de dividir seus pontos com o queixante quarto colocado no Mundial.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Todt rumo à presidência

Jean Todt chegou chegando. Dotado do importantíssimo apoio de Max Mosley, o ex-ferrarista encaminhou a intenção de assumir o comando e já tratou de anunciar os nomes fortes de sua equipe de trabalho caso vença as eleições de outubro.
O último francês que sentou naquela cadeira era claro torcedor dos pilotos franceses. Todt obviamente é mais centrado e profissional que Balestre, mas se estivesse nas arquibancadas, todos saberiam dizer para que equipe estaria torcendo e quais seriam seus pilotos favoritos na F-1 atual.
Consta que a Fota já se retorce com o anúncio da candidatura. O Daily Telegraph cravou que o duelo entre Vatanen e Todt pela presidência "representa a escolha entre a mudança e a continuidade". E tudo que a Fórmula 1 precisa neste momento é de uma boa mudança.
Se fosse para votar, colocaria Vatanen. Mas se tivesse que apostar, jogaria minhas fichas em Todt. A força de Max está nos diversos clubes e federações pequenas, que são maioria. Se ele foi capaz de sustentar-se no cargo depois de um grande escândalo, possivelmente conseguirá também eleger seu candidato.
O jeito é esperar que o menos provável aconteça no dia 23 de outubro.

Bourdais demitido da STR

Infelizmente, tornou-se oficial. A passagem de Sebastien Bourdais pela Fórmula 1 foi mais curta do que se esperava. Tem sequência a sina de pilotos vindo dos EUA que não conseguem emplacar na categoria máxima.
Correndo por um ano e meio, largou 27 vezes, sendo uma delas na quarta posição em Monza, somou 4 pontos na primeira temporada e mais 2 nesta. Nunca cruzou a linha em uma posição melhor que o sétimo lugar, sendo ofuscado por Vettel em 2008, e agora superado pelo novato Buemi.
Bourdais não brilhou da maneira que se esperava. Não se encontrou dentro do carro. Não se firmou na F-1.
As portas da Toro Rosso se abrem para Jaime Alguersuari, que se não for anunciado nesta semana, será na próxima, porque dentro de alguns dias disputará o Grande Prêmio da Hungria, sua corrida de estreia.
O espanhol sente a potência do motor Ferrari em seu contato com o STR4 nesta quinta-feira, em um teste em linha reta no circuito de Vairano. Trata-se de mais um piloto Red Bull, que deve trazer consigo o patrocínio da Repsol.
Mais do que um "bem-vindo" ao Alguersuari, fica o "boa sorte" ao Bourdais, seja lá qual for sua nova empreitada.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A vitória de César

"Na Red Bull não há ordens de equipe, já que se respeita ao máximo o espírito esportivo. Mas, em uma equipe que está competindo pelo título mundial, isso é um erro. Sebastian é um piloto mais forte e deveria poder somar tantos pontos quanto puder. Por outro lado, essa foi a primeira vitória de Webber após muitos anos na F-1, e não queriam tirar isso dele. Pelo aspecto esportivo fizeram muito bem, mas foi um erro, pensando no título".
A análise feita acima é bem racional. Talvez perca um pouco de credibilidade quando eu disser que as palavras são de Ralf Schumacher, mas de fato o jogo de equipe faz parte da cartilha aplicada por seu irmão Michael, que lhe ajudou a conquistar uma penca de títulos.
Os comentários do Schumaquinho fazem parte do raciocínio de diversos dirigentes, pilotos e fãs da F-1 atualmente. O Schumacão não inventou a inversão de posições, mas foi quem o despopularizou de uma forma tão grosseira que paradoxalmente o tornou popular.
É fato que Rubens foi seu segundo piloto nos cinco títulos que conquistou pela Ferrari. Se esse privilégio era realmente necessário ou apenas uma medida de segurança... Legal ou proibido... Goste você dele ou não... A verdade é que o método dá certo.
Hoje, se tornou compreensível a ponto de se falar abertamente sobre o assunto e sugerirem ordens de equipe como se não houvesse impedimento por parte da FIA - por sinal, só existe no gogó. É uma espécie de jogo do bicho: é ilegal, mas se descobrisse que algum amigo seu jogou na semana passada, não levaria nenhum susto nem o repreenderia.
No caso específico da Red Bull, seria cedo demais para pensar em favorecimento, afinal somente 1,5 ponto separam Vettel de Webber. O alemão é mais talentoso, porém a regularidade é trunfo do australiano. Ficaria chato privar alguém da disputa sem uma razão matemática que embase essa escolha. Já a Brawn...
A vitória de Mark Webber foi tão merecida que pouco importava a diferença de pontos entre Vettel e ele. Seria uma crueldade obstruir seu caminho rumo à primeira vitória depois de sete longos anos na categoria.
A McLaren, por exemplo, possui uma filosofia quase emotiva a respeito: O ato de tirar vitória de um piloto só deve ser feito em casos extremos. No dia em que Fernando Alonso se consagrou campeão antecipado aqui no Brasil, Montoya venceu a corrida, com Kimi em segundo, pressionando o companheiro durante voltas. O time poderia inverter facilmente as posições, mas isso não bastaria para adiar a conclusão matemática do campeonato. Ron Dennis preferiu deixar os dois duelando pelo primeiro lugar, e assim foi feito.
Já a Ferrari pensava um pouco diferente e não tinha pudores ao modificar o resultado da corrida, mesmo quando não havia concorrentes para brigar com o alemão.
De volta à RBR, os energéticos ainda não pretendem apontar o piloto que servirá seu parceiro, até porque está complicado decidir no momento. O melhor agora é dar a César a vitória que é de César. Vença Vettel ou vença Webber, deixe-o vencer. Ao menos por enquanto.

Bye, Mosley

"Há alguns meses, comecei a arrumar minha família pensando na data de outubro. Já informei ao alto staff da FIA que não serei candidato e, se fosse, complicaria meus compromissos domésticos e seria inconsistente com minhas obrigações familiares, principalmente após nossa perda recente [o filho Alexander]. Além disso, sinto que preciso trabalhar menos, farei 70 anos no ano que vem".
"Agora com tudo em ordem, estou bastante satisfeito pelas cartas, emails e mensagens que recebi. Mas decidi reiterar minha decisão. Não serei candidato em outubro".
Assim comunicou Max Mosley, oficialmente, o seu desligamento da principal cadeira da maior entidade automobilística do mundo. É o fim de uma era. A qualquer momento, pode sair o novo Pacto de Concórdia, símbolo da estabilidade alcançada depois de tantos conflitos que enfim chegaram ao final.
Max não poderia deixar a presidência ao fim do ano sem antes lançar uma cartada política a favor de seu sucessor favorito.
"Acredito que a melhor pessoa para chefiar a equipe seria Jean Todt. Ele é, sem sombra de dúvidas, o melhor administrador do automobilismo de sua geração e, talvez, de todas as gerações. Se ele concordar em concorrer, acho que ele será a pessoa certa para continuar o trabalho dos últimos 16 anos, e pode trabalhar em todas as áreas da FIA. Espero que vocês deem apoio a ele".
Ainda neste ano, quando Ron Dennis era um dos nomes cotados para assumir a presidência, fez questão de rechaçar qualquer possibilidade de disputar a eleição, alegando que nem mesmo Jean Todt deveria fazê-lo.
Dennis havia dito, naquela ocasião, que se você passa anos liderando um grupo, uma equipe, você vive, dorme e respira pensando naquela marca. Segundo ele, seria impossível manter a isenção exigida pelo cargo top da FIA, por isso sua suposta candidatura estava absolutamente fora de questão. Depois dessa declaração, nunca mais vimos seu nome associado aos boatos da eleição de outubro.
Quanto a Jean Todt, vale destacar que não foi iniciada nenhuma pré-candidatura de sua parte. Max apenas o citou como o sucessor ideal. Tomara que o francês recuse o convite. Seria chato ter que aguentar por mais tempo as acusações de parcialidade toda vez que a Ferrari vencer algum tipo de discussão ou não for punida com rigor em eventuais lances polêmicos.
Por enquanto, Ari Vatanen é o único homem certo na disputa pelo poder.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Rádio OnBoard - Edição de Nurburgring

No ar, a edição número 48 da Rádio OnBoard!
Contando com os comentários de Fábio Campos e Ron Groo, tivemos uma edição muito legal, com altas discussões sobre os diversos tópicos, e sobretudo na reta final do programa, com interessantes conclusões sobre a polêmica do GP.
*A primeira vitória de Mark Webber
*O toque Webber-Barrichello
*Ameaças de demissão sobre Piquet e Bourdais
*Destaques ao Massa e ao Rosberg
*O toque Sutil-Raikkonen
*Análise sobre Rubens e a nova polêmica
O contato com a ROB é radioonboard@gmail.com. Assine também o nosso feed.
Voltaremos na próxima semana falando das expectativas para o GP da Hungria, o último antes das férias.

Vai que é tua, Galvão!

Para esquentar o motor no sábado, ele já chega mostrando que está bem informado sobre as novidades: "Você vê o capacete do Glock, provavelmente está fazendo homenagem ao filho ou a filha....". Eu nem sabia que o Glock era pai. Mas que foi um concurso infantil, disso eu sei.
Webber escapando na curva 1: "Opa, segura que vai embora, Vettel, segura que vai embora!".
De repente, deu tilte no narrador: "Vamos esquecer um pouco essa briga de... de... de... de... de equipe, de... de... didi... didi... di... di... Como é que chama mesmo esse negócio?". Esse negócio aí de, de, do, di, didi, du, dããã... Sei não.
Galvão se empolga com o polonês: "O Kubitça vai fechar a volta dele... Ele fecha com 1:09.455!". É recorde!!! E que recorde! 20 segundos mais rápido que o pole position! "Ele fecha a segunda parcial...", notou.
Câmera corta pro finlandês lento na pista. "O Kovalainen deu uma tirada de pé pra se posicionar na pista, quer ver?". O replay mostra o cara rodando e batendo no muro pra se posicionar na pista.
Para encerrar o treino de forma brilhante, Galvão Bueno lança seu pensamento altamente filosófico enquanto discutia com Reginaldo a respeito da equipe Ferrari: "Se existe descoordenação, e eu nem se existe essa palavra, é porque falta uma coordenação correta". Ó, magnífico! Ensinai-nos vossa sabedoria.
Nosso ilustre locutor prosseguiu sua saga no domingo relembrando a história que definiu o campeonato de algumas décadas atrás: "Alan Jones foi campeão em 1980, e para cima do Piquet. E só o resultado dava o título a ele. Só se ganhasse a corrida e o Nelsinho não marcasse pontos". Faltando cinco anos para o seu nascimento, Nelsinho Piquet não conseguiu pontuar naquela corrida e o australiano se consagrou o grande campeão mundial de Fórmula 1.
O Galvão vê uma BMW: "Olha como o Kubitça joga o carro por ali...". Mas não era uma BMW, era uma Williams: "... O Rosberg...". Tá esquentando... "O Nakajima!". Já era hora mesmo...
"O Webber vai ter que parar senão dá pane seca". Está certo disso? "18ª volta, vai ter que parar na próxima volta senão dá pane seca!". Posso perguntar? "Se bem que ele pode deixar pra parar também na 20". Que pena, você errou. Era 19 mesmo...
Sobre algum assunto, o narrador global cravou: "Ela sempre preveu a volta". Mentira! Ela sempre previu. Com 'i'.
Eis que o locutor aciona o senso de humor e começa a fazer suas piadas. A primeira saiu quando a Mariana comentava a tentativa de calote do Vijay Mallya, que foi repreendido pelos cobradores no dia anterior. Enquanto isso, seu piloto fazia lambança e quebrava a asa batendo no Raikkonen ao sair do pit lane: "Manda a conta pro Sutil!", sugeriu.
A outra piadinha sobrou pra Ferrari. Era a vez de Burti falar da chance de Massa brigar pelo segundo contra Vettel. Galvão completou: "Para isso tem que passar por um teste dificílimo. Que é a Ferrari acertar a parada", ironizou.
O mapa da transmissão mostrava que Sebastian passava na reta, deixando Massa para trás no pit stop. E ele esbravejava: "Opa! De olho no Vettel, de olho no Vettel, de olho no Vettel, de olho no Vettel!". E a TV mostra o alemão nitidamente à frente de Massa: "De olho no Vettel, de olho no Vettel, de olho no Vettel!". Não adianta berrar porque o Massa vai ficar em terceiro, que coisa!
A última galvanada foi uma polêmica improvisada do torcedor global: "Vou arrumar uma confusão aqui... Raikkonen foi campeão circunstancialmente! O ano que ele foi campeão deveria ser o Felipe". É verdade. A FIA deveria mudar o regulamento e dar o título para o quarto colocado.
O que, de quebra, colocaria Rubens na liderança do Mundial. Ao menos até a Hungria, quando o locutor estará de volta, naquele mesmo horário e naquele mesmo canal.