quarta-feira, 15 de julho de 2009

A vitória de César

"Na Red Bull não há ordens de equipe, já que se respeita ao máximo o espírito esportivo. Mas, em uma equipe que está competindo pelo título mundial, isso é um erro. Sebastian é um piloto mais forte e deveria poder somar tantos pontos quanto puder. Por outro lado, essa foi a primeira vitória de Webber após muitos anos na F-1, e não queriam tirar isso dele. Pelo aspecto esportivo fizeram muito bem, mas foi um erro, pensando no título".
A análise feita acima é bem racional. Talvez perca um pouco de credibilidade quando eu disser que as palavras são de Ralf Schumacher, mas de fato o jogo de equipe faz parte da cartilha aplicada por seu irmão Michael, que lhe ajudou a conquistar uma penca de títulos.
Os comentários do Schumaquinho fazem parte do raciocínio de diversos dirigentes, pilotos e fãs da F-1 atualmente. O Schumacão não inventou a inversão de posições, mas foi quem o despopularizou de uma forma tão grosseira que paradoxalmente o tornou popular.
É fato que Rubens foi seu segundo piloto nos cinco títulos que conquistou pela Ferrari. Se esse privilégio era realmente necessário ou apenas uma medida de segurança... Legal ou proibido... Goste você dele ou não... A verdade é que o método dá certo.
Hoje, se tornou compreensível a ponto de se falar abertamente sobre o assunto e sugerirem ordens de equipe como se não houvesse impedimento por parte da FIA - por sinal, só existe no gogó. É uma espécie de jogo do bicho: é ilegal, mas se descobrisse que algum amigo seu jogou na semana passada, não levaria nenhum susto nem o repreenderia.
No caso específico da Red Bull, seria cedo demais para pensar em favorecimento, afinal somente 1,5 ponto separam Vettel de Webber. O alemão é mais talentoso, porém a regularidade é trunfo do australiano. Ficaria chato privar alguém da disputa sem uma razão matemática que embase essa escolha. Já a Brawn...
A vitória de Mark Webber foi tão merecida que pouco importava a diferença de pontos entre Vettel e ele. Seria uma crueldade obstruir seu caminho rumo à primeira vitória depois de sete longos anos na categoria.
A McLaren, por exemplo, possui uma filosofia quase emotiva a respeito: O ato de tirar vitória de um piloto só deve ser feito em casos extremos. No dia em que Fernando Alonso se consagrou campeão antecipado aqui no Brasil, Montoya venceu a corrida, com Kimi em segundo, pressionando o companheiro durante voltas. O time poderia inverter facilmente as posições, mas isso não bastaria para adiar a conclusão matemática do campeonato. Ron Dennis preferiu deixar os dois duelando pelo primeiro lugar, e assim foi feito.
Já a Ferrari pensava um pouco diferente e não tinha pudores ao modificar o resultado da corrida, mesmo quando não havia concorrentes para brigar com o alemão.
De volta à RBR, os energéticos ainda não pretendem apontar o piloto que servirá seu parceiro, até porque está complicado decidir no momento. O melhor agora é dar a César a vitória que é de César. Vença Vettel ou vença Webber, deixe-o vencer. Ao menos por enquanto.

6 comentários:

Loucos por F-1 disse...

Ainda é muito cedo para definir qualquer coisa em relação a RBR. A equipe dos energéticos ainda não possui de fato um primeiro piloto de fato. Webber é mais consistente e Vettel possui um talento maior. Se a Red Bull continuar com este domínio daqui pra frente, quem for mais equilibrado levará a preferência da equipe.

Abraço!

Leandro Montianele

Anônimo disse...

É, porque se é verdade que só a partir do GP da Inglaterra a Red Bull se tornou a equipe a ser batida, também é verdade que eles estiveram na luta pelas três primeiras posições em praticamente todas as corridas até aqui. E ainda assim, a diferença entre Vettel e Webber é de míseros 1,5 pontos.

Enquanto isso, a Brawn, que sobrou nas sete primeiras provas, não foi o "suficiente" para Barrichello andar próximo de Button, e a diferença entre ambos é de 23 pontos. É uma desproporção assombrosa.

Talvez Webber esteja compensando o talento precoce de Vettel com sua experiência - no caso da Brawn, sobra experiência entre os dois pilotos, mas Barrichello é certamente mais experiente.

Estamos indo para a décima etapa do mundial. Já dá pra dizer: faltou braço a Barrichello. Faltou, claramente faltou. Basta ver que Webber está na luta pelo título, é considerado como um rival na luta, e o brasileiro não.

andreh disse...

Então é melhor a RBR dar um jeito de contratar o Barrichello logo, assim fica mais fácil de escolher quem vai ser o segundo piloto!

Anônimo disse...

se a gente pensar que, no início da temporada, o Webber "seria" o 2º piloto da RBR... caímos de novo no conto da experiência, ele tem e Vettel ainda não... mas tá cedo mesmo pra se definir alguma coisa. Só não poderá acontecer como a Mclaren em 2007, qdo Alonso e Hamilton duelavam o tempo todo e ambos terminaram sem o Título e ainda por cima empatados em pontos.

Anônimo disse...

BRUNO FLÁVIO - Pensando de forma lógica, o jogo de equipe é necessário. A Williams, em 1986, ao deixar Mansel e Piquet ganharem corridas, perdeu o campeonato para a Mclaren, no segundo título do Prost
A mesma Mclaren, na minha opinião, perdeu o campeonato do Kimi Raikkonen por não ter um primeiro piloto. E, da mesma forma, também no meu entendimento, o Massa não foi campeão ano passado porque não havia um primeiro piloto claramente definido na Ferrari. Mas, é apenas a minha opinião. Como chefe de equipe, eu teria um primeiro piloto. Como torcedor, eu torceria pela igualdade de condições.

Felipão disse...

Ainda mais que ele viveu esse tipo de situação na Williams, quando não existia uma opção de primeiro piloto e regalias....