terça-feira, 31 de maio de 2011

Os méritos das vitórias são mais de Vettel do que do RB7

A cada corrida que se passa uma opinião já esquecida minha começa a ganhar forças novamente. Parece que o carro da Red Bull não é lá aquela super máquina que todos nós desenhamos na cabeça. Ou melhor, pode até ser, porém não é tão superior assim quanto algumas outras como, por exemplo, os carros da McLaren. O fato das vitórias irem para a equipe austríaca em grande número neste início de temporada talvez se deva mais a Sebastian Vettel do que ao RB7.

Nos treinos classificatórios, é óbvio que ninguém ameaçou até agora tirar a hegemonia de poles que a Red Bull tem até aqui. Em todas as etapas o carro azul largou na posição de honra, algumas vezes depois de um treino sem muitos sacrifícios, outras vezes com alguma dedicação a mais. Bom, nos sábados está mais que claro que quem manda é a Red Bull até pela diferença maiúscula colocada pelos seus pilotos em praticamente todas as etapas em cima da concorrência.

[caption id="" align="aligncenter" width="600" caption="Vettel em mais um cenário onde se sagrou vencedor"]Sebastian Vettel[/caption]

No entanto, quando me referi ao fato de Vettel ter mais importância nestas suas vitórias do que propriamente do carro da empresa das latinhas, isso se aplica às corridas. Lewis Hamilton, especialmente, junto com seu companheiro Jenson Button, já provaram que o carro da McLaren tem a capacidade de andar na mesma batida dos carros taurinos em ritmo de corrida. Foi assim no GP da Espanha quando Button chegou à frente de Mark Webber e Hamilton esteve em muitos momentos mais rápido do que Vettel.

Vale até fazer uma comparação com Vettel e Webber para explicar essa minha opinião. Enquanto que um não sabe o que é deixar de brigar por vitórias e liderar grande parte das voltas realizadas até aqui nessa temporada, o outro segue tentando mostrar que tem o mesmo potencial de seu companheiro com o mesmo carro. É claro que os talentos aí fazem a diferença, mas isso demonstra que se não fosse a capacidade de Vettel, a engenhosidade genial de Adrian Newey e a rapidez de seu carro não venceriam corrida alguma. Vettel e o RB7 formam um par perfeito onde o alemão é o cabeça da casa, pois no atual momento que o jovem atravessa a maioria não teria medo de apostar que ele venceria corridas em outros carros sem o RB7. Já o RB7 não venceria tanto se ali não estivesse Vettel.

Obviamente, toda essa análise é um tanto subjetiva e um exercício de adivinhação (porque não), mas tudo isso só constata que Vettel atualmente é sim um piloto acima do calibre dos demais na Fórmula 1. E sobre essa opinião, se alguém duvida, os números estão aí para provar.

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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Dupla de Equipe - GP de Mônaco

1. Falhas da Red Bull nos pits



A Red Bull se orgulha por ter uma equipe que trabalha tão bem nos boxes, mas no GP de Mônaco, a confusão dos mecânicos mostraram que eles também erram e atrapalham significativamente as pretensões de seus pilotos na pista. Sebastian Vettel perdeu pouco tempo, mas se fosse ele que estivesse vindo logo atrás no lugar de Mark Webber com certeza não teria vencido nas ruas de Monte Carlo. Webber não fez uma grande corrida, mas foi prejudicado pela cagada que a equipe fez na sua primeira parada nos boxes. Não deu muito pra entender, mas que o erro foi juvenil, isso foi.



Anderson Nascimento




Equipe que vence junta tem que perder junta. Mas os caras dão tanta sorte que mesmo assim o Vettel venceu. Santo safety car!


Erros bobos - se for mesmo como o Burti disse na transmissão, mais bobos ainda. Não se pode pôr em risco a corrida de seus dois pilotos pelo receio tolo de não ter a estratégia copiada pelos rivais. A Red Bull é a melhor equipe do ano. O fato de as adversárias colarem na estratégia deles deveria ser entendida quase como mérito. A Ferrari fez o que fez em Barcelona porque não tinha o mesmo ritmo.



Fábio Andrade



2. Hamilton



Lewis Hamilton esteve em um dia atípico, mesmo para um inglês que não costuma ser previsível. Faltou pouco para ele se enroscar com todo mundo. Seu arrojo incomodou e atrapalhou a corrida de seus adversários, porém, em alguns casos fez muito mais do que atrapalhar. Na disputa com Felipe Massa, na Loews, Hamilton exagerou e pouco mais a frente viu o reflexo de sua manobra quando Massa foi parar no muro abandonando a corrida. No duelo com Pastor Maldonado, claramente seu ímpeto de passar a qualquer custo acabou com a ótimo corrida do venezuelano.


No entanto, o pior não foi o que aconteceu dentro da pista. Se ao menos ele tivesse pedido algumas desculpas, respeitado as opiniões de seus adversários após a corrida e ficado definitivamente na sua, a minha opinião poderia até ser diferente. Mas não foi isso o que aconteceu, ao contrário, xingar os prejudicados por seus momentos de loucura na pista foi algo muito infeliz. E mais infeliz ainda foi a posição da FIA. Hamilton estragou a corrida de quase todo mundo, inclusive a sua e a se seu companheiro Jenson Button.



Anderson Nascimento




A intenção do Dupla de Equipe é fazer os dois editores sair de cima do muro e se comprometer, mas eu nem vou ficar preso ao comportamento do piloto na pista. O Hamilton é um cara que tem ímpeto, as vezes passa da conta, mas me recuso a reclamar de piloto assim.


Além da falta de jeito para negociar as ultrapassagens no principado,  o comportamento de menino mimado após a corrida depõe contra o britânico. Nas declarações de ontem, a autoconfiança virou presunção e isso, obviamente, não é bonito. Hamilton já não é um novato cujos erros serão minimizados - como em 2007 - é um campeão do mundo em seu quinto ano de Fórmula-1. Homem-Aranha ensinou que grandes poderes trazem consigo grande responsabilidades e o piloto da McLaren deveria medir um pouco melhor o que faz dentro da pista e o que fala fora dela.



Fábio Andrade



3. Acidente de Massa



Talvez eu seja o único, mas a batida não foi tanto assim culpa de Felipe Massa, ou talvez ele não tenha culpa alguma. A batida com Lewis Hamilton curvas atrás influenciou a postura do carro do ferrarista na saída do túnel.


O brasileiro fazia uma boa corrida, nada de genial, mas estava conseguindo manter um bom ritmo. Aí aparece um Hamilton endiabrado pelo caminho e o azar volta a fazer parte de suas corridas. Não é defesa, porque não gosto de Massa, mas dessa vez ele abandonou sem culpa aparente. Um grande revés para quem não tem vaga garantida na Ferrari no próximo ano.



Anderson Nascimento




É chato falar em fase difícil para Massa, porque a carreira dele se converteu numa fase difícil. O que dá pra dizer é que se ele não estava num fim de semana genial, fazia uma corrida relativamente boa, conseguiu ultrapassar Rosberg e podia lutar por um lugar perto do pódio.


Podia. Acho muito complicado dizer se a batida foi ou não consequência do lambe-lambe com Hamilton na Loews. É plausível, como também é crível pensar que ele bateu simplesmente porque posicionou o carro da mesma maneira que Hulkenberg na primeira volta da corrida do ano passado.



Fábio Andrade



4. Disputas na Loews



A curva mais lenta da Fórmula 1, senão me engano, foi palco de muitas brigas e disputas por posições. Michael Schumacher deixou Hamilton para trás e depois seu companheiro Nico Rosberg; nas duas oportunidades o alemão fez valer seu oportunismo e seu talento que estava bastante escondido. Porém, as disputas na Loews não foram todas limpas e bem realizadas. Uma Force India e uma Toro Rosso se enroscaram por ali, além de Hamilton acertar Massa. Creio que os pneus paçoca tenham parte no que aconteceu nesse "novo ponto de ultrapassagem" em Mônaco.



Anderson Nascimento




Não é um ponto tradicional, mas até na Mirabeau teve neguinho ultrapassando. A diferença grande de rendimento dos pneus parece estar possibilitando isso e eu achei ótimo o que aconteceu em Mônaco. Movimentou a corrida, que sempre é sensacional, mesmo com as tão criticadas filas indianas do passado.



Fábio Andrade



5. Troca de pneus sob bandeira vermelha



Todo mundo achou estranho, até mesmo alguns pilotos como Jenson Button. Mas estava no regulamento que trocas de pneus como a que Fernando Alonso e Sebastian Vettel eram permitidas durante uma bandeira vermelha. Este fato prejudicou a bela disputa que existia entre Button, Alonso e Vettel antes que Vitaly Petrov fosse para o muro e paralisasse a corrida.


Além do espetáculo da disputa pelas primeiras posições, quem também foi prejudicado foi Rubens Barrichello que deixou de ganhar duas posições por não conhecer bem o regulamento. A regra é injusta, mas não é ilegal, então azar dos injustiçados.



Anderson Nascimento




Eu morreria sem saber que o regulamento permite esse tipo de ação. O que eu acho é que quando bolaram a ideia não pensaram em todas as implicações que ela traria. Antes da bandeira vermelha Vettel era quem tinha o pior desempenho por causa dos pneus. Depois que a corrida recomeçou ele teoricamente voltou a ter o melhor carro com pneus novos e tanque vazio. Matou a disputa.


Gostei não. Bandeira vermelha tradicionalmente é momento de ninguém tocar no carro. Se fosse assim o final provavelmente seria mais animado ontem.



Fábio Andrade



6. GP de Mônaco



Desde que assisto ao GP de Mônaco, nunca me arrependi de ficar em frente à TV acompanhando o desafio dos pilotos em percorrer trechos estreitos sob alta velocidade. E neste domingo a corrida foi ainda melhor. Os pneus Pirelli são o grande barato da atual Fórmula 1, pois foram eles que mais uma vez criaram várias alternativas durante a corrida, desde ultrapassagens raras a estratégias ousadas e inusitadas. Se fosse coroar o GP em Monte Carlo com uma nota, um 8 estaria de bom tamanho.



Anderson Nascimento




Esse foi simplesmente o melhor GP de Mônaco que já assisti. E olhe que eu sempre gostei da corrida do principado. Considero que só ver os carros naquele traçado mágico já é um grande barato. Com ultrapassagens e várias alternativas então, melhor ainda.



Fábio Andrade


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domingo, 29 de maio de 2011

A bandeira vermelha agiu como anticlímax em Mônaco

Pra quem se auto intitula comentarista e assume a posição de falar sobre cada gp de Fórmula-1, a principal dúvida depois de uma corrida como a de Mônaco é: por onde começar? Boa memória numa hora dessas, acredite, até atrapalha. E logo eu, que tenho memória ruim para quase tudo, tenho o estranho costume de guardar a corrida inteira no HD biológico, com cada bloco de voltas ordenadamente organizado, um após o outro. E as horas posteriores a corridas como essa são de regozijo e daquela vontade de voltar as horas para trás, para retornar à sensação de prazer de assistir a uma boa corrida. Isso dificulta o distanciamento necessário para fazer uma “análise” fria da corrida. Sintomas de dependência psicológica, mas eu nunca neguei o vício, oras.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Largada limpa: Alonso pula para o 3º lugar"][/caption]

Que tal começar dizendo que foi uma corrida atípica? Lugar-comum, mas quem pode negar? A começar por Michael Schumacher inventando de ultrapassar Lewis Hamilton na Loews para ser ultrapassado pelo britânico voltas depois na Saint Devote. Schumacher ultrapassando alguém em 2011 é inusitado, mas Schumacher sendo ultrapassado até que não foge à regra.


Depois de tanto ser elogiada pelo trabalho de boxes, a Red Bull falhou nas paradas de Sebastian Vettel e de Mark Webber. Para o australiano o resultado foi inicialmente desastroso, mas o quarto lugar conquistado no finzinho saiu muito bem depois de perder mais de meio minuto nos boxes. Para Vettel o erro do time momentaneamente arruinava suas chances de vitória, porque Jenson Button pulou na frente e saía-se muito bem na estratégia de fazer três paradas.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Ao contrário de Hamilton, Button sobreviveu e conseguiu um pódio sem se envolver em polêmicas"][/caption]

Mas partir para três paradas é arriscar demais num lugar como Mônaco. O Safety Car é uma possibilidade sempre presente e ele entrou na pista, depois do enrosco entre Hamilton e Felipe Massa, que terminou com a batida do brasileiro no túnel. Button, que fizera sua segunda parada pouco antes do incidente, voltou em segundo, na frente de Fernando Alonso, que parou assim que o carro-madrinha entrou no circuito.


A então provável vitória de Button, que ainda tinha uma parada por fazer, tornou-se mais difícil. O favorito passou a ser Alonso, que já havia feito duas paradas e usado dois tipos de pneus. Com todos esses incidentes acontecendo na volta 35, imaginava-se que a Red Bull chamaria Vettel para uma última parada nas mais de 40 voltas restantes.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Primeiro o Safety Car, depois a bandeira vermelha: intervenções mudaram a história da corrida"][/caption]

Mas logo ficou claro que a equipe austríaca apostou na dificuldade de se ultrapassar em Mônaco. Depois que Button fez seu último pit stop passou a ser uma questão de tempo a aproximação dos três primeiros e a briga tensa que marcaria a parte final da corrida.


Da volta 58 até a 70 os três líderes cabiam num espaço de menos de um segundo. A briga foi composta mais de tensão do que de ataque efetivo, mas é Mônaco, afinal. Foram cerca de 12 adoráveis voltas de espectadores petrificados nas arquibancadas do principado e diante das TVs, até que o clima foi quebrado por uma carambola no S da Piscina: Jaime Alguersuari quase recriou o big bang ao atropelar a McLaren de Hamiton. Na confusão que se formou, Paul Di Resta e Vitaly Petrov se envolveram na batida, enquanto os líderes passavam milagrosamente incólumes pelos destroços.


O Safety Car retornou para uma intervenção que provavelmente se arrastaria até a bandeirada. Petrov informou via rádio que sentia dores nas pernas depois da batida, e a ambulância também foi acionada para socorrer o russo. Para evitar dar a bandeirada sob bandeira amarela, a direção de prova acionou a bandeira vermelha e interrompeu a corrida na 72ª volta.



A salvação de Vettel

Com os mesmos pneus desde o 16º giro, seria muito difícil para Vettel segurar Alonso, com pneus 20 voltas mais jovens, e Button, que trocara de calçados na volta 49. Era possível sim que alemãozinho mantivesse a ponta, porque Mônaco é Mônaco e ultrapassar no principado é complicado. Mas o que se esperava era um fim de corrida como o de 1992, quando Ayrton Senna venceu depois de uma feroz defesa de posição com Nigel Mansell na voltas finais. Mas a bandeira vermelha interrompeu a briga pela vitória.


Surpreendentemente, o regulamento atual permite que os carros sejam modificados enquanto a corrida está paralisada. Todos voltaram a trocar os pneus e, dessa forma, acabou a diferença de rendimento entre Vettel, Alonso e Button. O RB7, que já é o melhor carro, voltou a andar forte e o líder do campeonato conseguiu escapar da pressão de Alonso nas cinco voltas finais. Depois da sensacional corrida, as últimas voltas cortaram a extrema tensão que permeou os 70 primeiros giros.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Vettel, com o principado nas mãos, lidera o mundial com folga cada vez mais maior"][/caption]
Grande Prêmio de Mônaco, após 78 voltas:



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sábado, 28 de maio de 2011

Acidente de Perez ofusca pole de Vettel em Mônaco

A classificação do GP de Mônaco foi a sexta do ano. Confirmou a sexta pole position da equipe Red Bull até aqui. Aproveitamento de 100%, com Mark Webber liderando o certame uma única vez contra cinco de Sebastian Vettel, que domina esse mundial como não se via desde os tempos de Michael Schumacher na Ferrari. Ok, Jenson Button e a Brawn mandaram na temporada de 2009, mas só enquanto as equipes rivais não descobriram o segredo do difusor traseiro de dois andares do BGP001. A supremacia da Red Bull não parece se basear numa única característica do carro, mas num projeto que é globalmente vencedor e que se sai bem tanto nas pistas fixas como no traçado de natureza única de Monte Carlo.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Em pistas rápidas ou travadas, Vettel e o RB7 dominam as sessões classificatórias"][/caption]

Mônaco era o trunfo dos desesperados, pelas características particulares da pista muito travada e também muito apertada, fisicamente falando. Em Mônaco, normalmente, é onde algo fora do padrão pode acontecer. Para ilustrar, basta ver que no período de ouro da Ferrari - de 2000 a 2004 - quando a equipe só venceu no principado uma vez (2001, última vitória da Ferrari em Mônaco, por sinal). Em 2002, por exemplo, quando o modelo da equipe italiana era disparado o melhor do grid, Juan Pablo Montoya fez a pole com a Williams e David Coulthard venceu a corrida pilotando uma McLaren. Trocando em miúdos, em Mônaco os favoritismos absolutos nem sempre são tão absolutos assim.


Mas não é o que acontece com a Red Bull. O RB7 segue tão forte em classificações que Vettel impôs quatro décimos de vantagem sobre Button. E aqui há espaço para uma pergunta curiosa: o carro ou o piloto está em grande forma? Porque Webber tomou os mesmos quatro décimos do companheiro de equipe pilotando o mesmo bólido. No caso de Vettel e do RB7 já dá para dizer que esse é o casamento perfeito.



Luz no fim do túnel?

Mais marcante do que a 20ª pole de Vettel, porém, foi o acidente com a Sauber de Sérgio Perez na parte final do Q3. Na saída do túnel, ponto de maior velocidade da pista monegasca, o piloto mexicano perdeu o controle depois de contornar a curva fora do traçado ideal, pisando na sujeira. Sem aderência, Perez rodou e bateu forte contra a barreira de softwall, permanecendo desacordado por alguns minutos. Apesar da aflição inicial, as primeiras notícias são positivas: Perez não sofreu fraturas e está consciente, apesar de sentir dores em uma das pernas.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Apesar da preocupação inicial, equipe Sauber confirma que Perez não sofreu danos graves"][/caption]

Nico Rosberg também sofrera um forte acidente no treino da manhã na saída do túnel. Por ser o ponto mais veloz do traçado apertado de Mônaco, a saída do túnel é também, obviamente, o trecho mais tenso da pista de Monte Carlo. Os guard-rails estão dos dois lados, não há para onde escapar em caso de acidente, a não ser para frente. E depois da Chicane do Porto é o acaso quem vai levar um carro descontrolado para o softwall ou para a rua lateral livre que não faz parte do circuito da Fórmula-1, como aconteceu com Coulthard em 2008:



Outros tantos já sofreram acidentes sérios ali. Como Button que colidiu de forma semelhante a Perez contra uma então barreira de pneus próxima ao Porto em 2003:



Ou Karl Wendlinger, que produziu a mãe de todas as batidas na Chicane do Porto, apenas 15 dias após o fim de semana negro de Ímola em 1994. No momento do acidente do austríaco, no auge da comoção, houve quem imaginasse que a F1 tivesse gerado a terceira morte em menos de 15 dias. Wendlinger não morreu, mas permaneceu em coma por algumas semanas depois da pancada:



Logo depois do acidente de Perez, Webber foi o primeiro piloto a falar em reforço da segurança na saída do túnel. Pelas características de Mônaco, acredito que pouco pode ser feito além das medidas de segurança já adotadas nas ruas do principado e nos próprios carros de F-1. Porque corridas de automóveis, enfim, nunca serão 100% seguras.


Para as longas 78 voltas do GP de amanhã a promessa é de tempo ensolarado, com 0% de probabilidade de chuva, segundo o Weather Channel. O histórico de Mônaco mostra que corrida com tempo seco no principado são boas para quem larga na frente, dada a dificuldade de ultrapassar no circuito monegasco. As atenções nesse sentido se voltarão para os pneus, já que a asa móvel dificilmente será efetiva na pista mais travada do calendário.



Grid de largada para o Grande Prêmio de Mônaco:



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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Rádio OnBoard - Edição de Barcelona

Está no ar a 113ª edição da Rádio OnBoard!

O amigo Fábio Campos viajou para a Espanha e acompanhou o GP de Barcelona na arquibancada do final da reta dos boxes, e retornou para contar suas versões para os fatos.

Nesta edição, além de abordarmos os acontecimentos da etapa espanhola, também levantamos tópicos interessantes, como a qualidade da transmissão e o futuro de Felipe Massa.



Clique para ouvirClique para baixar

Não se esqueça que em fim de semana de GP tem também programa ao vivo da Rádio OnBoard, no sábado às 20h, provavelmente com direito a sorteio de algum(ns) artigo(s) trazidos pelo Fábio da Espanha.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Poucas surpresas marcam a quinta-feira em Mônaco

Os trabalhos de hoje em Mônaco reservaram poucas surpresas, mas serviu para uma equipe em especial levantar um pouco a moral e esperar por um bom fim de semana no circuito de rua. Fernando Alonso andou bem nos dois treinos livres ficando na segunda posição na primeira sessão e liderando a sessão número dois, algo que pode significar a disposição incansável do piloto espanhol em buscar a melhora do carro o mais breve possível.

[caption id="" align="aligncenter" width="600" caption="De capacete dourado, Alonso foi o melhor piloto dos treinos de hoje em Mônaco"][/caption]

Novamente, Felipe Massa não fez muito diferente do que se esperava dele. No treino 1, terminou na quarta colocação a 0s697 do líder Sebastian Vettel. Aliás, falando na Red Bull, essa quinta-feira foi um pouco peculiar nos trabalhos da equipe. Vettel aproveitou para fazer uma breve simulação de corria no segundo treino livre afim de testar os pneus macios que se mostraram duráveis no clima mediterrâneo de Mônaco. Mark Webber sofreu com problemas de câmbio na primeira sessão e nem sequer marcou tempo. Mas tudo isso não significam problemas que ameacem a superioridade taurina até aqui na temporada.

Na Mercedes, Michael Schumacher segue levando surra de Nico Rosberg. No primeiro treino melhor para o jovem alemão; no segundo, também. Mas além de não superar o tempo de seu companheiro de equipe, Schumacher perdeu o carro e bateu na Saint Devote quando tinha a nona posição no primeiro treino, faltando sete minutos para o final da sessão. Parece que os reflexos do alemão voltaram a fazer falta de novo.

E como muitas surpresas não aconteceram vale começar a apostar em quem fará a pole position. Que ninguém se engane pelo fato da Red Bull não ter demonstrado um desempenho tão alucinante como nas outras corridas no dia de hoje. Simplesmente tratou-se de treinos livres e por mais peculiar que alguém acredite que foi os treinamentos para os taurinos, Vettel e Webber virão fortes no sábado e no domingo.

[caption id="" align="aligncenter" width="600" caption="Os chefes das duas mais fortes equipes da temporada conversam"][/caption]

Fernando Alonso também já é um nome que podemos cogitar ao apostar em quem leva a pole. Difícil imaginar uma Ferrari superando a Red Bull ou a McLaren depois do GP da Espanha, mas a verdade é que o braço do espanhol pode fazer muita diferença.

A McLaren é a principal rival da equipe energética até aqui, mas mesmo torcendo para que Button faça alguma coisa a mais do que ficar atrás de Hamilton onde quer que ele ande, acredito que só o campeão de 2008 e que chegou bem próximo da vitória no último fim de semana poderá dar alguma canseira ao domínio da Red Bull nos sábados por parte da equipe inglesa. Tomara que esteja enganado.

Já no domingo é aquilo que tomo mundo costuma dizer. Não há como prever quem vencerá porque Mônaco é Mônaco.

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

A frustração na Ferrari continua

Mais uma etapa do campeonato de Fórmula 1 já se foi e a Ferrari segue perdida e tentando encontrar explicações para seu fraco desempenho na temporada até aqui, ou melhor, mais do que procurar os problemas, a equipe italiana vem tendo mais dificuldade em arranjar soluções para um carro tão lento em relação aos seus principais adversários.

Muitos podem pensar que a boa largada de Fernando Alonso e a sua permanência por várias voltas na liderança andando na mesma balada de Sebastian Vettel no GP da Espanha deste último domingo mostra que a situação ferrarista não está tão ruim assim. Mas como o próprio piloto espanhol declarou, aquilo foi irreal e não reflete o atual momento da equipe, o verdadeiro potencial dos carros vermelhos.

[caption id="attachment_7230" align="aligncenter" width="600" caption="Tanto Alonso como Massa seguem decepcionados com o carro que possuem, mas o espanhol é o único que parece não ter jogado a toalha"][/caption]

Por falar em Alonso, uma coisa vem me chamando a atenção e isso com certeza é um dos graves problemas que a escuderia de Maranello precisa resolver caso queira se aproximar de McLaren e principalmente da Red Bull: Alonso parece ser o único a trabalhar com competência no time italiano. O espanhol consegue encobrir ainda mais defeitos que a Ferrari apresenta com sua performance além do que o carro pode render. Engenheiros e mecânicos fazem um trabalho que se reflete negativamente durante as corridas. Os primeiros não conseguiram criar um carro vencedor e ainda não conseguem fazê-lo evoluir pelo menos a ponto de assegurar a equipe de vez como a terceira força do grid. Já os mecânicos desperdiçam segundos precisos em cada pit stop realizado nas etapas desde o GP da Austrália. E olha que não foram poucas as paradas frustradas do time vermelho.

Felipe Massa continua sem demonstrar algo a mais que alguns ainda teimam em acreditar que ele tem. Está mais do que nunca provado nesse início de temporada somado ao péssimo ano de 2010 que Massa é um piloto mediano e compará-lo a Alonso é somente um exercício de patriotismo exacerbado. E as desculpas pelo mau desempenho são diversas. Talvez uma mudança de equipe fosse a melhor saída para a carreira do piloto brasileiro.

Voltando a falar de Alonso, vale lembrar que o único que demonstra grande motivação em continuar a trabalhar em busca de uma melhoria significativa no carro é o espanhol. As declarações de confiança, apesar das várias frustrantes apresentações até aqui, seguem a mesma linha do início do campeonato de 2010, quando Alonso afirmou ter 50% de chances de título quando todos acreditavam que a Ferrari era carta fora do baralho. Acho muito difícil que isso se repita, mas tratando-se de um bicampeão mundial é bom ficar com um pé atrás.

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Dupla de Equipe - GP da Espanha

Largada de Alonso



Sem dúvidas deve entrar pra lista das melhores largadas dos últimos anos. Incrível, foi um daqueles lances que faz a gente ficar atônito diante da televisão. No meu caso até saiu “Jesus, o que foi essa largada do Alonso, cara!”


Isso é para provar o valor do cara enquanto piloto, um dos grandes. Largou em grande forma e do lado sujo da pista conseguiu deixar três rivais para trás. Renovado com a Ferrari ele vai ter que trabalhar duro para retransformar essa equipe num time vencedor, porque o GP da Espanha deixou escancarado o quanto a Ferrari está atrás de Red Bull e McLaren.



Fábio Andrade




Ás vezes Alonso costuma fazer besteira nas largadas, mas correndo em casa o espanhol não decepcionou a grande quantidade de torcedores que estavam lá para ver um espetáculo seu. Saiu da quarta posição e encontrou um espaço só seu que o deixou em condições de pular para o primeiro posto e superar inclusive as Red Bulls de Webber e Vettel. E não foi lá algo que dá para dizer que Alonso deu sorte, visto que Vettel e Hamilton não largaram mal, pelo contrário. Foi talento puro do espanhol mesmo.



Anderson Nascimento


 



Rendimento da McLaren



A Red Bull ainda é imbatível em classificações, isso é muito claro, mas em ritmo de corrida a soberania da equipe taurina não é tão evidente. A Ferrari chegou a demonstrar um bom ritmo em long runs nas outras provas mas agora é a McLaren que vem acompanhando os austríacos com relativa proximidade.


É particularmente admirável o desempenho da equipe inglesa com pneus duros. Se as 20 voltas da corrida de hoje fossem em uma pista que dificultasse menos as ultrapassagens, Vettel teria sérios problemas para segurar Hamilton. Button também fez uma belíssima corrida de recuperação hoje. Aposto na McLaren para rivalizar com a Red Bull a médio prazo, pois a equipe costuma reagir bem durante o campeonato. Só espero que não seja muito tarde e que Vettel já não tenha confirmado o título.



Fábio Andrade




A Red Bull entrou no GP da Espanha com grande favoritismo, com a maioria apostando em uma vitória fácil de um dos dois pilotos da dupla taurina. Porém, o que se viu foi uma McLaren tão veloz e equilibrada quanto os carros azuis. Foi muito bom ver que se a atual equipe campeã mundial vacilar há quem tomará sua vaga sem pensar duas vezes. Hamilton andou muito bem, na balada de Vette e às vezes até mais rápido. Jenson Button teve nas mãos um carro tão equilibrado que lhe deu a oportunidade de usar uma estratégia de três paradas sem problemas.



Anderson Nascimento


 



Felipe Massa



O que aconteceu nesse fim de semana entre a dupla da Ferrari foi particularmente cruel com Massa. Na classificação houve uma enorme diferença entre eles; na corrida, nem se fala. Evidente que Alonso também teve problemas com os pneus duros, mas o espanhol soube lidar melhor com as dificuldades. E numa análise fria, é isso que define quem é ou não melhor piloto.


Cada vez mais me convenço que não é um só um problema de adaptação aos pneus ou ao novo carro, mas Massa me parece fora de lugar na Ferrari. Num fim de semana como esse, em que Alonso teve enorme visibilidade, seja pela renovação de contrato, seja pela boa classificação ou pela brilhante largada, Massa só apareceu para justificar as falhas. As críticas na imprensa italiana devem vir pesadas e o burburinho sobre sua suposta substituição deve aumentar muito.



Fábio Andrade




Novamente o piloto brasileiro deixou muito a desejar desde o começo dos trabalhos em Montmeló. Abandonar por problemas no câmbio só foi um dos fatores que transformaram o final de semana de Massa em um desastre. É inevitável não comparar seu desempenho com o de seu companheiro Fernando Alonso, que liderou várias voltas e só teve sua corrida comprometida devido a um desgaste acentuado nos pneus que antecipou uma de suas paradas. A Ferrari não faz mais bem à Massa e nem Massa à Ferrari, por isso é hora do brasileiro analisar bem sua chance de mudar de escuderia no próximo ano.



Anderson Nascimento


 



Red Bull



É verdadeiramente um time. Vencem juntos, porque fica nítido que as vitórias são construídas por um projeto de engenharia vencedor, uma equipe de boxes precisa e um piloto em excelente forma.


Só quem destoa de todo esse cenário de excelência é Mark Webber. O pole chegou em quarto e fez uma corrida apagada da largada até a bandeirada. Foram 66 voltas em que não se viu o piloto que disputou o título de 2010. Aliás, aquele Webber ainda não estreou em 2011.



Fábio Andrade




Dessa vez a Red Bull venceu, mas não foi como nas corridas anteriores. A McLaren chegou muito perto e por pouco não superou a escuderia dos energéticos. O KERS da Red Bull voltou a ter problemas e isso fez diferença no desempenho de Sebastian Vettel que sofreu muito com a pressão intensa de Lewis Hamilton.


Já Mark Webber era cotado como um dos grandes candidatos à vitória neste fim de semana, mas uma largada desastrosa e uma performance que não tirou tudo o que o carro poderia dar impediu o australiano até mesmo de chegar ao pódio. Outro final de semana ruim que acumulou pontos para sua saída da equipe no final do ano.



Anderson Nascimento


 



GP da Espanha



Não foi uma corrida sonolenta como das outras vezes. E em Barcelona foi onde, na minha opinião, houve o melhor equilíbrio entre as novas regras e a pista. As ultrapassagens não foram “o orgasmo antes da penetração” como eu disse há 15 dias depois do GP da Turquia, onde o piloto da frente nem ao menos podia se defender do que vinha atrás. Na Catalunha não foi orgasmo por orgasmo. Houve preliminares.



Fábio Andrade




Enfim, o GP da Espanha voltou a ter emoção. Não foi uma corrida que possamos chama-la de excelente, mas rendeu várias ultrapassagens e uma razoável competitividade por conta dos novos aparatos introduzidos nesse ano. O único problema foi a dificuldade que os pilotos encontraram mesmo usando a asa traseira móvel no mais longo trecho da temporada da Fórmula 1 até aqui para efetuar as ultrapassagens na reta dos boxes. Porém, de qualquer forma, a corrida saiu da monotonia apresentada nos últimos anos.



Anderson Nascimento


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domingo, 22 de maio de 2011

A disputa por posições voltou a existir em Barcelona

Barcelona é uma das pistas onde é mais difícil ultrapassar em toda a Fórmula-1. Esse já é um dado sedimentado, tradicional, quase folclórico que ronda o GP da Espanha. Não foi assim, porém, na primeira corrida por lá, em 1991. O GP da Espanha daquele ano foi uma prova movimentada, para não dizer que foi histórica e uma das mais marcantes daquele mundial. No futuro, o mesmo será dito do GP de 2011 em Montmeló? Certamente não, porque apesar da boa briga com Hamilton no fim, Vettel venceu de novo, e essa é a quarta vitória do alemãozinho em cinco corridas. Mas esse GP da Espanha talvez seja lembrado por trazer de volta a tensão e a disputa verdadeira por posições numa F-1 que estava cada vez mais próxima do vídeo game.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="A disputa de posição voltou à ordem do dia depois de ser extinta nas últimas três corridas"][/caption]

Os 4655 metros de curvas de raio longo são um desafio para as ultrapassagens. A turbulência gerada pelo carro que vai a frente é um veneno para quem vem atrás, e é provável que justamente isso tenha feito do GP da Espanha de 2011 uma corrida um pouco próxima das outras provas de 2010. As ultrapassagens até aconteceram, mas sem o ritmo atropelado de Sepang, Xangai e Istambul, as três etapas anteriores. As ultrapassagens se sucederam depois de algum ritual, perseguição, tensão, espectadores roendo unhas no sofá de casa e nas arquibancadas. Seria uma pobreza de espírito dizer que a corrida foi chata porque nela não houve o ritmo frenético das últimas três. Aos que pensaram nisso, talvez seja preciso aprender a “sentir” as corridas de uma forma diferente. Ver ultrapassagens sendo arquitetadas volta a volta é tão ou mais bacana do que a ultrapassagem em si.


Esse efeito foi conseguido em Barcelona muito provavelmente por causa das características da pista. A última curva do traçado tem o dom de afastar carros que passaram a volta toda bem próximos uns dos outros e isso dificultou a eficácia da asa móvel, como ficou mais do que provado na briga entre Vettel e Hamilton nas últimas voltas. A pista da Catalunha, normalmente criticada por dificultar as ultrapassagens, dessa vez ajudou as manobras a fazer um pouco mais de sentido.



Os espanhóis em festa durante 20 voltas

A corrida teve vários personagens em destaque: Button e a recuperação depois da largada ruim; Heidfeld e a bela corrida depois de largar em último; Webber apático chegando em quarto depois de largar na pole e Massa como um espectro vagando pela pista sem muito objetivo. Mas três pilotos moveram as principais emoções da corrida: Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e Fernando Alonso.


Hamilton imprimiu uma implacável perseguição contra Vettel no final da corrida. Se a Red Bull é imbatível nas classificações, em ritmo de corrida Barcelona viu acontecer o mesmo que já se passara em Xangai: os rivais conseguiram acompanhar de perto os carros do time austríaco. Com destaque para o bom rendimento da McLaren, sobretudo com pneus duros. O segundo e o terceiro lugares do time britânico estão longe de serem ruins, dada supremacia da Red Bull no campeonato até aqui.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Hamilton até chegou perto, mas Vettel segurou a vitória em Barcelona"][/caption]

Vettel foi competente como sempre, primeiro por despachar Webber logo na largada. E depois não só ele foi competente, mas também sua equipe, que vem merecendo notas 10 consecutivas pelo trabalho de box preciso. É importante salientar que a Red Bull é uma equipe que vence em conjunto, porque não é só Vettel que extrai tudo do carro, o time corresponde com estratégias corretas e pit stops extremamente eficientes. Essa soma de trabalhos competentes resultou na ultrapassagem sobre Alonso, concretizada no velho estilo Schumacher de vencer os rivais na parada de boxes. Daí para frente foi aproveitar o bom ritmo do carro e seguir para a vitória.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Quarta vitória em cinco corridas e Vettel segue firme na liderança do campeonato"][/caption]

Se Vettel ultrapassou Alonso na volta 18 num lance meio imaterial, sem imagens, numa manobra que leva pelo menos duas voltas para se concretizar e nem sempre é compreendida por todos os espectadores, o espanhol ganhou a ponta na largada diante dos olhos de todos. E que largada fez o bicampeão, deixando três oponentes para trás antes da primeira curva. Em seu país e diante de sua torcida, Alonso fez os espanhóis presentes no Circuito da Catalunha comemorarem com um urro coletivo comparável ao que acontece em Interlagos em caso de pole ou vitória de brasileiro. O festejo foi tão intenso que chegou a todos que assistiam pela tv via sinal de satélite, misturado ao som dos motores rasgando as curvas da pista catalã. Enquanto do lado de fora do autódromo milhares de espanhóis protestavam contra as medidas do governo para enfrentar a crise econômica, dentro do circuito outros milhares se esqueceram dos problemas para comemorar com seu ídolo durante pouco menos de 20 voltas.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Alonso pulou na ponta na largada..."][/caption]

[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="... e o público espanhol rejubilou nas arquibancadas"][/caption]
Grande Prêmio da Espanha, resultado após 66 voltas:



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sábado, 21 de maio de 2011

Com pole de Webber na Espanha, Red Bull mantém domínio

Quando finalmente apareceu alguém para tirar de Sebastian Vettel a exclusividade na conquista de poles, esse alguém foi seu companheiro de equipe Mark Webber, como era de se esperar. Webber cravou a volta mais rápida do Q3 no treino classificatório para o GP da Espanha e ambos baixaram o antigo recorde da pista, que era 1min21seg670 com certa facilidade.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Desta vez o pole não foi Vettel, mas a posição de honra segue sob o domínio da Red Bull"][/caption]

Há muitos anos que a pista da Catalunha convive com a fama de priorizar carros com maior eficiência aerodinâmica. Por isso a dobradinha da Red Bull na primeira fila era imensamente provável, e aconteceu de forma tranquila. A pista espanhola também convive com as reclamações sobre a dificuldade de ultrapassar no traçado com curvas de raio longo, que dificultam a aproximação dos carros. Será a prova de fogo para as novas regras fazer com que a corrida de amanhã seja tão movimentada como foram as outras até aqui.



A anti-classificação

Webber e Vettel se garantiram na ponta com a facilidade de sempre, e novamente humilharam as rivais. Ainda quando restava Q3 pela frente, a Red Bull se deu por satisfeita e os dois pilotos do time retiraram os volantes de seus carros, saltaram e começaram a ser cumprimentados pelos mecânicos. Superioridade avassaladora é isso.


Também é digno de nota o desempenho de Fernando Alonso. Correndo em casa, o espanhol extraiu o que deve ser a capacidade máxima da Ferrari e festejou a posição com uma alegria acima do usual para uma segunda fila. Certamente porque o bicampeão tem noção da grande volta que fez, ficando a míseros três milésimos do terceiro lugar de Lewis Hamilton. Enquanto isso, Felipe Massa conseguiu um oitavo tempo que não seria bom em nenhuma circunstância, sobretudo se comparado ao desempenho de seu companheiro de equipe.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Mais uma vez andando mais do que o carro, Alonso ficou muito próximo do terceiro lugar na Catalunha"][/caption]

O desempenho da McLaren foi ofuscado pelo rendimento de Alonso. O normal para o time britânico era dominar a segunda fila, mas o espanhol se colocou entre Hamilton e Button. E a outra grande surpresa do dia foi a presença da Williams no Q3, não com Rubens Barrichello - que largará da 19ª depois de ter enfrentado problemas de câmbio - mas com o venezuelano Pastor Maldonado, que largará do nono lugar.


Mas algo que vem chamando a atenção nos treinos classificatórios de 2011 é a ausência de carros na pista durante um período longo do Q3. A regra que determina a limitação do uso dos jogos de pneus durante os fins de semana junto da grande diferença de rendimento entre compostos diferentes está produzindo como efeito colateral um Q3 monótono. Equipes e pilotos optam por tentar economizar os pneus macios para a corrida, mas abdicam de dar giros rápidos no momento de definição do grid. Resultado: o Q3, que deveria ser o clímax da sessão classificatória, está ficando enfadado - em parte porque o domínio da Red Bull já retira boa parte da emoção, é verdade.


Para as 66 voltas da corrida é difícil não imaginar que Webber e Vettel vão discutir a vitória entre si, a não ser que se envolvam em acidentes ou que o RB7 apresente problemas. A chuva, que poderia embaralhar um pouco as cartas, não deve aparecer: segundo o Weather Channel, as chances de precipitação na hora da corrida em Barcelona são de apenas 20%.



Grid de largada para o Grande Prêmio da Espanha:



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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Webber aparece como principal rival de Vettel na Espanha

Mark Webber resolveu mostrar que é ele quem deverá dar mais trabalho para que Sebastian Vettel não vença mais uma neste ano na Fórmula 1. Se o australiano não corre bem em casa, no GP de Melbourne, em Barcelona é ele quem costuma superar quem é que seja, mesmo que este responda por ser o atual campeão do mundo. No ano passado, Webber foi quem venceu e parece que a vitória não o escapará de novo.

Pode ser tudo um exagero e Vettel mostrar que realmente está impossível, que ninguém do atual grid o segura. Porém, dessa vez acredito que até mesmo a pole position, algo que podemos até dizer que já é posse de Vettel, pode cair no colo de Webber amanhã.

[caption id="attachment_7187" align="aligncenter" width="590" caption="Enfim, Webber aparece como candidato a bater a soberania de Vettel"][/caption]

Os tempos nos dos primeiros treinos livres que aconteceram hoje revelam que pode ser Webber ou alguma das duas McLarens a tirar o poderio do atual campeão do mundo neste início de temporada. No primeiro treino, o veterano piloto australiano se isolou lá na frente da tabela de tempos. Colocou nada menos que 1 segundo de vantagem em cima de seu companheiro de equipe, marcando 1:25.142 contra 1:26.149 de Vettel.

No segundo treino livre, Webber voltou a ser o mais rápido, mas dessa vez teve outro adversário pelo melhor tempo, um mais motivado a mostrar que seu carro pode tanto ou quase tanto, quanto os poderosos RB7. Lewis Hamilton ficou apenas 0.036s atrás da melhor marca do dia. O queixudo da Red Bull marcou 1:22.470, o melhor tempo de todos os treinamentos. Seu companheiro também ficou bem próximo de sua marca; 0.356s separaram o melhor tempo dos dois. Jenson Button completou 32 voltas no segundo treino e foi o primeiro na casa dos 1:23.

Se Red Bull e McLaren duelam pelas melhores posições, com predominância ainda da equipe taurina, Ferrari e Mercedes formam o pelotão logo abaixo dos líderes. Fernando Alonso continua correndo mais que o carro e conseguiu ser o 5º no segundo treino. Felipe Massa tirou do carro nada mais do que ele poderia render. A Mercedes segue naquela balada vendo Nico Rosberg superar Michael Schumacher, mesmo que por pouco. Vale lembrar que a estratégia de Rosberg em poupar os compostos macios para a corrida pode dar certo. O jovem alemão correu de pneus duros.

[caption id="attachment_7188" align="aligncenter" width="590" caption="Fernando Alonso e a sua mania de tirar leite de pedra"][/caption]

Ali mais para o meio da tabela aparecem os de sempre. Renault vs Sauber, Williams vs Toro Rosso e Force India vs Lotus formaram como que um duelo devido a proximidade dos tempos de seus pilotos. A surpresa foi ver a Force India rendendo pouco com Paul di Resta conquistando apenas o 17º melhor tempo. Seu companheiro Adrian Sutil parece estar com a cabeça no caso Eric Lux, como não podia ser diferente.

A regra do 107% deve voltar a atormentar as equipes pequenas em Barcelona. A Hispania não conseguiu em nenhum dos dois treinos livres deixar de ser alvo da nova regra, que não é lá tão nova diga-se. A Virgin foi engolida no primeiro treino visto que Glock havia conseguido um tempo 6 segundos mais lento que o do líder Webber. A Lotus também sobrou no primeiro tempo e viu Jarno Trulli ter um desempenho nada animador para a equipe que espera alcançar as intermediárias já nessa etapa.

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Alonso Renovado

A divulgação foi feita ao modo Ferrari: sempre próxima de alguma corrida ou data importante para um dos lados envolvidos. No caso do anúncio da extensão do contrato de Fernando Alonso por mais cinco anos, faz todo o sentido que a divulgação ocorra as vésperas do GP da Espanha, na casa do asturiano. O bicampeão fica na Ferrari até 2016.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Alonso vestirá vermelho por pelo menos mais cinco anos"][/caption]

Depois do anúncio veio a rasgação de seda pública entre a cúpula da equipe italiana e o piloto. Alonso voltou a falar que pretende encerrar a carreira na equipe italiana e sobrou espaço até para Felipe Massa ser lembrado pelo bicampeão. Aparentemente todo mundo está muito feliz, mas até que ponto os sorrisos e as palavras doces nas entrevistas e nos releases fazem sentido?


Há algo que jamais foi dito - eu pelo menos não me lembro de ter lido - mas, desde Schumacher, a Ferrari deseja a “segurança” de ter em seus quadros o melhor piloto do grid. É compreensível, porque o histórico jejum de 20 anos sem títulos (de 1979 a 1999)  maculou a equipe de uma forma profunda. O grande campeão dá uma certa segurança, soma à Maranello uma grife, representa algo de notável mesmo quando a equipe não tem um carro de ponta. Como já ficou claro em Zeltweg-2002 e Hockenheim-2010, a Ferrari trabalha para otimizar resultados até o limite e ter o grande piloto no elenco já é uma preocupação a menos em períodos de crise. É uma forma indireta de otimizar talento, dinheiro e esforço.


Outra característica que já se tornou marca do time vermelho nos últimos dez anos é a existência de um elo forte e um elo fraco entre seus volantes. Na última década cinco pilotos passaram pela Ferrari (Badoer e Fisichella não estão contabilizados): Schumacher, Barrichello, Massa, Raikkonen e Alonso. Em todos os anos, cada dupla sempre foi caracterizada pela preponderância de um sobre o outro: Schumacher, além de ter a equipe nas mãos politicamente, frequentemente superava Barrichello, como também fez com um verde Felipe Massa em 2006; o brasileiro fez um campeonato irregular em 2007 e deu a Raikkonen a condição para, no fim do ano, se destacar e ser campeão; a situação se inverteu em 2008, mas Massa não faturou o título; em 2009 os dois faziam milagres com a F60, com ligeira vantagem para Massa até o acidente que o tirou de combate em Hungaroring; no ano passado aconteceu aquela que talvez seja a maior diferença de rendimento entre os dois pilotos rubros e  Alonso aplicou uma lavada no brasileiro.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Segura Massa! O contrato extenso de Alonso pode ser um indicativo do futuro do brasileiro"][/caption]

Com o histórico acima, quem deve ficar preocupado com a renovação de Alonso é Felipe Massa. O vice-campeão de 2008 é piloto da escuderia desde 2006, ou seja, está em sua sexta temporada no time. É nítido que a partir de determinado ponto há um desgaste natural na relação entre piloto e equipe e esse parece ser o momento que vivem Massa e Ferrari, sobretudo depois do GP da Alemanha do ano passado. A Ferrari espera lealdade máxima de seus comandados, como Massa fez, muito especialmente, no GP do Brasil de 2007, quando abriu mão da vitória em casa para permitir o título de Raikkonen. Esse e outros gestos certamente contaram muito a favor de Massa e devem ter sido lembrados nas renovações de contrato que trouxeram o brasileiro até aqui. Mas na última corrida em Hockenheim, grande parte do constrangimento vivido pela Ferrari teve origem na manobra de troca de posição em que o brasileiro não fez a menor questão de esconder que estava sendo obrigado a ceder lugar para Alonso. Não é para justificar esse tipo de pensamento, mas foi como se, no raciocínio da “família” Ferrari, Massa tivesse faltado com sua obrigação de obedecer sem contestar e não arranhar a imagem do time.


Para Alonso a renovação de contrato é um sucesso. Pelo menos é isso que a Ferrari quer transmitir. Mas a verdade é que a escuderia e a própria Fórmula-1 de hoje não são as mesmas de 10 anos atrás. O domínio do time de 2000 a 2004 tornou-se quase um ideal na equipe, mas é algo que muito dificilmente vai se repetir. Há algumas temporadas a Ferrari não aparece com um carro destacadamente melhor do que o da concorrência, no máximo consegue competir de igual para igual com as rivais. O corpo técnico da equipe não parece mais ser um ninho de excelência e inovação, tal como o comando no pit wall. Por mais que Alonso fale em paixão, a Ferrari de hoje não é a equipe perfeita que ele esperava encontrar para ganhar títulos e tornar-se definitivamente um dos nomes canônicos da F-1. Mas conhecendo o bicampeão, seu talento e sua autoconfiança, é possível que ele imagine ser o piloto certo para reconduzir a Ferrari ao posto de força máxima da categoria nos próximos cinco anos.


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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Buscando melhorar

O GP da Espanha será um palco onde as expectativas estarão em alta por parte de dirigentes, pilotos e equipes. Todas prometeram alguma espécie de evolução visando alcançar passos importantes à frente na disputa do campeonato. Porém, a verdade é que poucas realmente deverão mostrar alguma atualização significativa, que realmente reflitam em ganho de posições até porque todas farão alguma alteração e a coisa pode ficar no pé que está.

Difícil imaginar quem serão essas felizardas, mas em um exercício de adivinhação levando em conta as notícias sabidas até aqui, alguns palpites podem ser dados, os mais expressivos, digamos.

A McLaren dificilmente não apresentará algo que a deixe mais próxima da principal rival, a Red Bull. A escuderia inglesa tem sido a que mais andou próxima dos taurinos e até mesmo acabou com a hegemonia de Sebastian Vettel nesse início de temporada quando venceu com Lewis Hamilton na China. Por isso, alguma modificação acertada pode corresponder a outra vitória na temporada e a uma recuperação necessária para quem quer impedir mais um título da Red Bull no final do ano.

[caption id="attachment_7167" align="aligncenter" width="600" caption="McLaren e Ferrari buscam atualizações significativas para não deixar Red Bull escapar"][/caption]

A Ferrari pretende continuar a avançar com o desempenho mais ou menos que demonstrou no GP da Turquia que a grande maioria definiu como uma ótima evolução da equipe italiana. A verdade é que Fernando Alonso andou mais que o carro novamente e que o carro vermelho não melhorou tanto assim das primeiras corridas até o GP turco. Na Ferrari é difícil saber onde se encontra o real desempenho do carro, visto que Alonso tira leite de pedra e Felipe Massa anda menos do que o carro pode render. Mas é de se esperar mudanças que levem o time alguns passos à frente.

Ali no meio mais alto e no meio mais baixo, temos Renault e Lotus prometendo evoluções em segundos. A primeira pretende melhorar até 10 segundos em ritmo de corrida. Nick Heidfeld disse que por conhecerem bem o circuito catalão as equipes que possuem simulador acabam não tendo uma vantagem tão grande quanto nos demais GPs. Argumento que faz bastante sentido já que todos estão “calejados” de andar no circuito da Espanha, onde treinaram por duas vezes nos testes de pré-temporada. As melhoras deverão vir de partes novas, especialmente na traseira do carro.

Já a Lotus quer abaixar em 1 segundo o rendimento de seu bólido. Novidades baseadas no carro vitorioso da Red Bull serão utilizadas na etapa espanhola. O diretor-técnico do time mostrou o otimismo de sempre ao dizer que elas trarão o resultado esperado e que poderão render mais que 1 segundo ao carro depois que os engenheiros e mecânicos entenderem melhor seus resultados iniciais. É conhecido o quanto a Lotus evoluiu do ano de estreia até aqui na Fórmula 1, deixando as demais estreantes do ano passado bem para trás, porém muitas das constantes tentativas em alcançar o pelotão intermediário e conseguir os primeiros pontos tem frustrado aqueles que esperam uma evolução mais rápida do time de Tony Fernandes, inclusive a mim.

No restante do grid, as evoluções talvez não sejam algo que demonstre uma melhoria significativa, talvez estas comentadas acima também não signifiquem muito, mas serão importantes para que não se crie um abismo entre alguma que acertar a mão no crescimento de seu carro.

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

O caso envolvendo Adrian Sutil e Eric Lux

Este assunto não é algo esportivo, mas ocorreu com pessoas que percorrem nos paddocks da Fórmula 1 e circula em toda a imprensa especializada em automobilismo. O assunto da agressão de Adrian Sutil a Eric Lux transformou-se de boatos a uma ação judicial em que o diretor-presidente do grupo Genii pede uma indenização que beira os 10 milhões de euros.

[caption id="" align="aligncenter" width="580" caption="Adrian Sutil fez besteira e pode-se dizer sortudo se só tiver que pagar 10 milhões de euros"][/caption]

Alguns não sabem bem o que aconteceu, então é válido fazer um resumo sobre o assunto. Segue o texto narrando o acontecido e escrito por Tomás Motta do Blog Fórmula 1:
“Era a madrugada de 17-18 de abril em Shangai, logo depois do GP da China. A Renault alugou uma sala vip na famosa discoteca M1NT na capital chinesa para uma festa particular, onde funcionários, pilotos e mais integrantes faziam parte do selecionado.

Após iniciada a festa, chegam Sutil, Hamilton e um guarda-costas, que querem entram, mas recebem a resposta que não estão convidados. Começa uma discussão entre o responsável pela entrada dos convidados pois ambos queriam ingressar, quando chega Eric Lux e lhes-diz que a sala já estava ocupada, no que podiam ir para outra.

Sutil, já bastante afetado pelo álcool, faz um corte bastante profundo no pescoço de Lux com um pedaço de copo quebrado, que chega a afetar seu ouvido. Eric terminou com 20 pontos na área ferida, sendo que o incidente poderia ter terminado de uma maneira muito pior. Nisso, Lewis, sem se intrometer na briga, chama o segurança.

Enquanto Lux é levado ao hospital, o guarda-costas retira rapidamente Adrian e Lewis do local, sendo que Sutil é colocado em um avião para logo sair do país, enquanto Lewis teria defendido o amigo. Pelo visto, Alonso também estava nessa mesma discoteca.”

A minha opinião é que Sutil, por estar embriagado, já pode ser considerado culpado por estar nessas condições em um lugar público. Pode parecer um moralismo exagerado, mas pessoas nessas situações acabam fazendo exatamente o que o piloto alemão fez. Por uma coisa banal, diríamos, ele poderia ter matado o executivo e estar em lençóis bem piores agora.

Imagino que exista mais informações sobre o ocorrido que ainda não sabemos, mas se foi mais ou menos isso o que ocorreu não hesito em tomar o lado de Eric, mesmo que esse também tenha insultado ou começado a briga como alguns sugerem. Vale aquele ditado: “Quando um não quer dois não brigam”.

A questão é que acontecimentos como este mancham a carreira de um piloto que corre em uma categoria de altíssimo nível como a Fórmula 1. E estar Lewis Hamilton, que já provou ser irresponsável ao volante, ao seu lado nesse episódio me pressiona ainda mais a pensar que Sutil é o grande culpado nessa história toda.

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domingo, 15 de maio de 2011

Memória Blog F-1: A1-Ring

Quando os carros de Fórmula-1 deram seus últimos giros em Zeltweg, em 2003, a pista era oficialmente denominada de A1-Ring. A A1 foi a empresa de telefonia que patrocinou a reforma do circuito austríaco e passou a estampar seu nome-fantasia no nome da pista de Zeltweg, que fora conhecida também como Osterreichring durante as décadas de 70 e 80. Eis que na última semana o antigo A1-Ring voltou às manchetes, com sua nova denominação, que trás embutida novamente o nome de uma empresa: Red Bull Ring.


O Ico conta a história aqui. Ao contrário dele, meu palpite é que a F-1 não deve passar nem perto do agora Red Bull Ring nos próximos anos - nem se Mateschitz conseguir um precinho camarada com a FOM - porque os sinais emitidos por Bernie Ecclestone apontam para a manutenção da marcha rumo ao oriente. Além do mais, nenhuma das corridas no então A1-Ring conseguiu ser memorável. E o único GP da Áustria que de fato conseguiu, tornou-se inesquecível pelos motivos errados.


Com 4326 metros, o A1-Ring era o terceiro menor traçado fixo de sua época no calendário da F-1. Só não era menor do que Interlagos (4309m) e Hungaroring (variando de 3968m a 4381m em razão de sucessivas mudanças no traçado). As pistas sedes dos GP’s da Áustria e do Brasil eram as únicas que possibilitavam uma volta em menos de 70 segundos.


Sem curvas de alta e com uma entediante sequência de acelera-freia-acelera. Assim era o A1-Ring, numa carona com Michael Schumacher a bordo da F-2003GA:




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sábado, 14 de maio de 2011

Massa fica ou não fica?

Luca di Montezemolo afirmou nesta última semana que Felipe Massa tem lugar garantido na Ferrari no próximo ano. Segue as palavras dele quando perguntado sobre a permanência de Massa em entrevista à rede de tv CNN:
“Sim, sim. Ele tem um contrato para este ano e para o ano que vem. Não há dúvida alguma.”

Com essa declaração, muitos veículos de comunicação, especialmente os voltados exclusivamente ao automobilismo, noticiaram corretamente o acontecido. Alguns publicaram textos em tom bastante comemorativo, como se Massa estivesse vencido a desconfiança que pairava sobre ele desde que Fernando Alonso começou seus trabalhos na escuderia italiana.

[caption id="" align="aligncenter" width="570" caption="Apesar de Montezemolo garantir Massa em 2012, o brasileiro ainda segue incerto"][/caption]

Bem, sinceramente eu não acredito nem um pouco que isso seja verdade. Montezemolo deve ter falado isso em circunstâncias e por motivos que estamos cansados de saber que existem nesse meio em que cada especulação vale muito, mesmo que seja a mais estúpida possível. Foram apenas quatro corridas para que o presidente da Ferrari mudasse de opinião com relação ao piloto brasileiro. Ele e Stéfano Domenicali soltaram várias indiretas tendo como alvo o fraco desempenho de Massa no último ano, ou melhor, nos últimos dois anos. Por isso, seria difícil de imaginar que os dirigentes da Ferrari tenham mudado de opinião tão rápido assim, até porque a performance do seu segundo piloto não vem lá sendo muito boa.

Também vejo um outro motivo para que a declaração de Montezemolo não seja levada a sério. Mesmo que contratos impeçam teoricamente de alguns pilotos terem a chance de negociar com a equipe italiana sabemos que papéis podem ser facilmente ignorados se o interesse for forte. E nomes como Nico Rosberg, Kamui Kobayashi e outros são bem cotados para a posição do brasileiro, mesmo que isso não seja nada definitivo, somente especulação.

Para mim, Massa continua cambaleando em uma corda bamba na Ferrari. E você, o que acha?

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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Schumacher e a sua motivação em correr

Michael Schumacher demonstrou em declarações que vive um daqueles momentos de arrependimento que todo ser humano enfrenta. O alemão muitas vezes campeão do mundo na Fórmula 1 retornou à categoria com a motivação de um jovem, disposto a se divertir e a trazer glórias à Mercedes, mesmo que elas não chegassem nem perto das conquistas que Schumacher trouxe para a Ferrari. No entanto, parece que a motivação esfarelou-se depois de tantas corridas sendo passado para trás pelos seus adversários e correndo bem longe do nível dos seus melhores anos na F-1.

[caption id="" align="aligncenter" width="565" caption="Michael Schumacher cometendo mais um erro depois de seu retorno à Fórmula 1"][/caption]

É difícil para quem acompanhou a trajetória do multicampeão alemão vê-lo bem longe das vitórias, e mais, tomando uma surra de seu companheiro de equipe, que apesar de ser um bom piloto nem sequer venceu uma corrida na categoria. Isso, somado a sua idade com certeza contribuem muito para que os boatos de que esse seja definitivamente o último ano de Schumacher na Fórmula 1 aumentem.

A última esperança pode estar na melhoria que a Mercedes vem demonstrando da primeiro corrida na Austrália até a última na Turquia. Foram altos e baixos é verdade, mas deu para ver que existe um potencial no carro a ser explorado e que a possibilidade de o time estar mais perto da Red Bull de Sebastian Vettel nas próximas corridas não é nada absurda como em 2010.

Esse talvez seja a única esperança de Schumacher ainda ao menos conquistar um pódio antes de se despedir pela segunda vez da categoria que por tantas vezes dominou. “Apesar de eu não ter ficado feliz com o final de semana na Turquia, houve sinais claros de melhorias para nós como um time, o que obviamente empurra e reacende minha motivação ainda mais. É mais do que encorajador ver que o trabalho duro do time está tendo resultado. Estamos todos determinados a progredir”, declarou o heptacampeão.

O que precisamos saber realmente antes de apostar novamente as fichas em Michael Schumacher é se a melhoria do carro favorecerá no crescimento do veterano ou se contribuirá ainda mais para aumentar a diferença de seu desempenho para o de Nico Rosberg. Infelizmente, a surra do garoto pode ser ainda maior no vovô.

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quinta-feira, 12 de maio de 2011

Rádio OnBoard - Edição de Istambul

No ar a edição número 112 da Rádio OnBoard!

O time formado por Ron Groo, Fábio Campos e eu comentou o GP da Turquia, que marcou a retomada de Vettel ao topo do pódio, numa corrida repleta por ultrapassagens, conforme a banalização sugerida pelo regulamento. Alguns desempenhos de pilotos e equipes também mereceram destaque numa etapa cheia de alternativas como esta de Istambul.



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Voltamos na próxima semana, atualizando as informações da F-1 e comentando a chegada da categoria ao circuito de Montmeló. Até a próxima.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Renault não acompanha evolução dos rivais

A Renault começou o ano surpreendendo com o seu desempenho muito além da expectativa. Nick Heidfeld e Vitaly Petrov conquistaram resultados expressivos que fizeram com que a equipe ficasse muito mais confiante mesmo depois do grave acidente que impediu Robert Kubica de participar da temporada 2011.

No entanto, apesar do início promissor da equipe preta e dourada, o desempenho no GP da Turquia não foi dos melhores e voltou a colocar em dúvida o real potencial de um carro que vinha sendo muito elogiado, inclusive pelo rival da Red Bull Adrian Newey. A Renault claramente ficou para trás na evolução da etapa chinesa até a etapa do último fim de semana.

[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Heidfeld e Petrov pedem mais rapidez na evolução da Renault"]renault petrov heidfeld[/caption]

Com isso, as equipes que melhor trabalharam no carro durante este intervalo de três semanas superaram a Renault e agora são eles quem sonham em voltar a vencer e a bater a atual campeã do mundo liderada por Sebastian Vettel. A Ferrari comemorou seu primeiro pódio depois de ter trabalho com eficiência na melhoria de seu bólido. A Mercedes, que vinha duelando com a Renault, conseguiu colocar Michael Schumacher e Nico Rosberg em carros mais bem equilibrados e velozes do que os guiados por Heidfeld e Petrov.

O R31 é um projeto longe de ser conservador, mas necessita de evoluções fortes e inteligentes como todo o carro no grid. E como essa evolução não veio, Mercedes e Ferrari conseguiram supera-los até com certa facilidade. Heidfeld esteve oito décimos mais lento do que Fernando Alonso durante a corrida e também visivelmente menos veloz do que Nico Rosberg.

Ao que parece a falta de Robert Kubica começa a ser sentida. Mesmo que Heidfeld tenha uma experiência muito confiável na Fórmula 1 parece que ainda não consegue fornecer um bom “feedback” para o desenvolvimento do bólido assim como Kubica fazia.

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dupla de Equipe - GP da Turquia

Sebastian Vettel



Tudo contribuiu para que Sebastian Vettel transformasse o favoritismo que possuía antes da corrida em vitória após ela. A equipe fez um ótimo trabalho depois da batida do alemão na sexta-feira e deixou o RB7 tão fantástico quanto antes. Foi a primeira vez que a equipe pôde utilizar o KERS definitivamente e isso só contribuiu para vitória a dobradinha da equipe.


Vettel foi dominante do começo ao fim, inclusive na largada onde não sofreu ameaças de ninguém, nem de seu companheiro Mark Webber, nem de Nico Rosberg que fez uma ótima largada. Com um carro superior e um vantagem larga na liderança foi fácil para o atual campeão poupar equipamento e garantir a terceira vitória no ano.


A diferença na pontuação do campeonato para o segundo colocado Lewis Hamilton já é grande e se ninguém se mexer rapidamente o bi vai se encaminhando confortavelmente para o colo de Vettel.



Anderson Nascimento




Tem o melhor dos 12 carros do grid. Aparentemente também está na equipe que trabalha de forma mais eficiente. Tem um projetista que é um gênio conhecido de longa data e já produziu outras joias na F-1. E está pilotando num grau de excelência incrível.


O bicampeonato se aproxima velozmente de Vettel. É difícil não enxergar o alemãozinho como o campeão de 2011. E pelo andar dos bólidos, o título deve ser confirmado com algumas corridas de antecedência.



Fábio Andrade



Ferrari



Com Felipe Massa, a Ferrari foi a mesma equipe estabanada. Errou muito nos boxes e comprometeu o resultado do piloto brasileiro. Depois de tantas lições tiradas nos últimos anos devido ao péssimo desempenho nos pit stops, a Ferrari segue errando e comprometendo um duro trabalho de todo o final de semana.


Já com Fernando Alonso as coisas enfim deram certo para a equipe italiana. O primeiro pódio da escuderia no ano deve-se muito ao trabalho de Alonso, que voltou a andar mais que o carro. Porém, vale colocar muito crédito na evolução que a Ferrari teve da China para a Turquia. O que ainda falta é uma melhora significativa na classificação.



Anderson Nascimento




Alonso teve uma condução surpreendente. Teve sorte, como é característico, porque logo na largada um rival forte como Hamilton ficou para trás. Mas não se pode subestimar esse piloto.


O espanhol deu para a Ferrari a melhor performance do F-150th Itália (!) até aqui. Enquanto isso, Massa não fazia uma corrida ruim, até conseguia se recuperar das presepadas da equipe no pits. Mas depois que o próprio Massa cometeu um erro na Oito a corrida foi pro beleléu de vez.


Se começarem a andar forte na classificação e mantiverem o ritmo de corrida, os italianos podem ser uma pedra no sapato da Red Bull.



Fábio Andrade



Michael Schumacher



Quantas foram as ultrapassagens que Michael Schumacher sofreu durante a corrida? Eu perdi a conta. Por diversas vezes a TV mostrou o alemão mais lento que os demais e em vários pontos da pista, com ou sem o uso da asa traseira móvel, ele ficou indefeso vendo seus adversários o superarem.


Hoje foi mais uma daquelas provas claras de que o desempenho do multicampeão está muito abaixo do que ele realmente rendia nos anos em que se consagrou campeão. Reflexos lentos e a exigência extrema que a F-1 trás aos pilotos fazem com que Schumacher precise ser lento para conseguir guiar nessa atual F-1, do contrário ele cometerá inúmeras besteiras, como já cometeu por imaginar estar nos tempos de jovem na Ferrari.



Anderson Nascimento




Blablablá, mas não tem jeito: Schumacher é um aposentado em atividade.


Mas do isso, no entanto, o heptacampeão, além de não render como os pilotos mais jovens, parece não medir corretamente a licitude de suas manobras de defesa de posição. O alemão joga o carro pra cima dos rivais de uma forma um tanto quanto inconsequente. Mas enfim, isso já nem é novidade...



Fábio Andrade



Button X Hamilton



No ano passado, Jenson Button e Lewis Hamilton travaram uma bela briga leal também na etapa da Turquia e quem havia se dado melhor fora Hamilton. Dessa vez, a cautela e a precisão de Button o deixou em melhor posição que seu companheiro de equipe, mesmo que ao final da corrida ele tenha ficado bem atrás de Hamilton. A verdade é que o ímpeto que fez com que Hamilton se saísse melhor no ano passado atrapalhou dessa vez. Melhor para Button.



Anderson Nascimento




Honestamente, é a dupla de pilotos mais bacana do grid. Tenho um imenso prazer em vê-los disputando posição. São brigas duras, mas leais, e em alto nível. E respeito também a postura da McLaren em não interferir de forma grosseira no comportamento de seus dois pilotos. Por mais que seja uma visão marqueteira de "equipe que não faz como a Ferrari", pelo menos Woking faz o automobilismo valer a pena.



Fábio Andrade



Asa móvel



Apesar de protagonizar um verdadeiro show de ultrapassagens, a asa traseira móvel continua deixando a principal atração de qualquer corrida automobilística bem artificial. Se o piloto de trás possui a arma de usar o aparato e se tornar mais rápido do que o piloto que está a frente, o piloto que sofre o revés da ultrapassagem não pode fazer nada senão esperar que esteja na posição contrária na volta seguinte.


Ainda acho que a asa móvel seja algo bastante agradável na categoria por proporcionar esse grande número de emoções durante toda a corrida, mas é inegável que as ultrapassagens com o uso do sistema são um tanto artificiais demais.



Anderson Nascimento




Entre pneus voláteis, KERS e asa móvel, esse último dispositivo parece ser o mais dispensável de todos. A asa móvel está matando as brigas por posições. Ela proporciona a ultrapassagem, mas suprime a disputa.


Trocando em miúdos, a asa móvel é o orgasmo antes mesmo da penetração.



Fábio Andrade


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domingo, 8 de maio de 2011

Até o regulamento foi derrotado por Vettel na Turquia

Debruçar-se sobre tudo o que aconteceu no GP da Turquia seria loucura. Em todas as 58 voltas da corrida em Istambul havia pontos de tensão. De Button e Hamilton revivendo o duelo de 2010 nas mesmas curvas esse ano até Schumacher se enroscando com adversários em carros mais fracos, passando por Massa e Button se enfrentando durante boa parte da corrida. Ação não faltou no GP da Turquia e esse parece ser outro ponto fundamental dessa temporada. Há uma hiperestimulação em curso. Seja nos volantes do carros, recheados de botãozinhos e traquitanas, até a transmissão televisiva. É difícil ter 5 minutos para ir ao banheiro durante as corridas, mas não me parece lícito reclamar por causa de corridas divertidas. Melhor assim do que as procissões burocráticas.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Hamilton e Button duelam. E é sempre bom ver companheiros de equipe disputando abertamente"][/caption]

Mas se é verdade que as corridas seguem num ritmo de acontecimentos muito veloz, há também muita informação para apurar. E a Fórmula-1, que deseja sempre ampliar o volume de espectadores, enche a tela de informações durante toda a corrida. Já não basta saber quem está em qual posição, mas também quantas voltas ele já deu com aquele pneu, qual o tipo de pneu foi ou não usado por determinado piloto... As corridas estão se decidindo na pista, sim, mas elas estão totalmente envoltas em informações abstratas que nem sempre ficam claras para o espectador médio. Exige-se uma certa “ciência” para entender as corridas e não necessariamente há demérito nisso. Só não parece ser a tática mais inteligente para quem quer ganhar público.


Uma das ferramentas que talvez endosse esse tipo de percepção é a asa móvel. É preciso saber em que ponto da pista ela pode ser usada e a partir de que volta ela pode ser acionada. E para que não restem dúvidas sobre o momento em que o piloto abre o aerofólio traseiro mais um gráfico foi adicionado à transmissão. As ultrapassagens acontecem na pista e não nos boxes, e esse era o objetivo sonhado que se tornou realidade. Ok, mas para o espectador médio entender os motivos que levam o piloto A a passar o piloto B com tanta facilidade ainda dependem de um repertório teórico e virtual que era dispensável até o fim de 2010.



O fim da disputa

Outro efeito nefasto do uso da asa móvel é a quase abolição das brigas por posições. Em algumas disputas no Istambul Park o piloto da frente ficou totalmente impossibilitado de ter reação diante da ultrapassagem iminente. Dessa forma, o “show” tão ansiosamente planejado por Bernie Ecclestone sai prejudicado. Não há show quando um piloto ultrapassa o outro como se um estivesse com motor turbo e outro com um simples aspirado.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Webber acionou a asa e passou Rosberg sem tomar conhecimento. Onde está o show?"][/caption]

Isso, porém, parece não representar um problema para as cabeças que pensam a Fórmula-1 e que lucram com ela, pelo menos por enquanto. Porque o hiperestímulo a que me referi no início inebria os sentidos dos espectadores e da imprensa. Todo mundo ainda vai falar muito no recorde de pit stops e no expressivo número de ultrapassagens que aconteceram em Istambul. Preocupar-se com a consistência dessas ultrapassagens só quando o efeito novidadeiro dessas traquitanas passar.


Por isso, talvez, eu seja mais simpático aos pneus voláteis da Pirelli do que à asa móvel. Os pneus forçam a ocorrência de muitas ultrapassagens, mas também, pelo menos por enquanto, possibilitam a existência de estratégias de corridas diferentes. E isso já é uma grande coisa quando olhamos em perspectiva para as temporadas passadas, quando as táticas eram todas iguais e todos se encontravam nas mesmas condições durante toda a corrida. As muitas paradas nos boxes são um efeito colateral aceitável se a corrida tiver atrativos como pilotos com pneus em diferentes estágios de degradação e brigas por posição na pista. Os mais puritanos ainda chiam diante do alto número de pit stops, mas é interessante perceber esse novo comportamento como um comércio. Em troca de mais disputas na pista há mais paradas de boxes, apesar da aparente incongruência dessa afirmação.



E a corrida?

Deixando de lado essa parte substancial da Fórmula-1, tivemos uma corrida animada, não dá para negar. Mas animada da segunda posição para trás. O nome de Sebastian Vettel está, cada vez mais, sendo acompanhado pelo epíteto “genial”, com toda justiça. Não só ele tem sido genial, mas sua equipe, na maior acepção da palavra, também vem apresentando um desempenho irrepreensível. Adrian Newey projeta um foguete. Christian Horner não vem tendo muito trabalho para comandar a dupla de pilotos, visto que Webber não anda ameaçando o alemãozinho. E o time trabalha de forma impecável nos boxes, sem erros e com uma velocidade sempre melhor do que a dos rivais. Diante de um quadro desses o que o piloto precisa fazer é aproveitar esse potencial pilotando no mais alto grau de competência. Vettel está fazendo o que no jargão da Fórmula-1 se chama de “pilotar como um campeão”. E isso ele já é. Até porque o alemãozinho já possui uma vitória de grande carga simbólica: todos os rivais sofrem a influência do novo regulamento e passam a corrida toda sob algum tipo de risco, sob ameaça de perder posição para algum rival ou com a perspectiva de um pit stop de última hora por causa do consumo dos pneus. Vettel vence corridas tranquilas lá na frente. O campeão de verdade é o único que triunfa até mesmo sobre o regulamento.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="O time saúda Vettel. A Red Bull dá uma aula de eficiência para as rivais"][/caption]
Grande Prêmio da Turquia, resultado após 58 voltas:



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sábado, 7 de maio de 2011

Vettel, O Soberano

O piloto campeão do mundo vai para a pista cedo, faz sua volta rápida, arrasa a concorrência, desce do carro e assiste ao resto do treino bebendo alguma coisa, nesse caso o energético que dá nome a sua equipe. Se a classificação fosse disputado no modelo que vigorou até 2002, esse provavelmente teria sido o desenho do treino desse sábado em Istambul. Sebastian Vettel cravou a pole com imensa facilidade, no começo do Q3 e resolveu que, já que ninguém conseguiria alcançar seu tempo, era melhor poupar o carro. O alemãozinho saltou para fora do seu RB7 e minutos depois foi cumprimentado pelos outros membros de sua equipe. Conquistara, com desconcertante facilidade, a 19ª pole position de sua carreira.



E foi isso o que mais chamou atenção no treino. Pouca coisa fora dos padrões aconteceu na classificação para o GP da Turquia. Kobayashi teve problemas em sua primeira volta lançada no Q1 e larga da última posição. A Williams conseguiu fugir da rabeira, apesar de severa crise, com Barrichello em 11º e Maldonado em 14º. A Ferrari continua brigando apenas por posições intermediárias no Top 10 e a Mercedes parece ter chegado para complicar a vida da McLaren na perseguição aos touros vermelhos.


Mas isso tudo foi menor diante da soberania de Vettel, que dessa vez está acompanhado por Mark Webber na primeira fila. Normalmente, quando se fala que a Fórmula-1 está sem graça por conta da superioridade de determinado piloto, esse piloto e sua equipe têm muitos méritos por estarem dominando a concorrência. É o que acontece com a Red Bull e com Vettel. A equipe dá ao piloto um carro excelente, pronto para uma pilotagem no máximo nível de competitividade. E o piloto corresponde com uma condução irrepreensível.


Michael Schumacher levou 15 anos para conquistar 68 poles. Ayrton Senna amealhou 65 primeiros lugares em classificações no período de 10 anos. Com quatro anos de carreira, Vettel já acumula 19 poles.


O GP da Turquia é a quarta corrida de 2011, essa é a quarta pole de Vettel, e o alemãozinho, com seus 23 anos, tem credenciais de sobra para ser o maior “classificador” da história da F-1.


A largada para o GP da Turquia acontece às 9 da manhã de domingo no horário de Brasília. Há poucas chances de chuva em Istambul no horário da corrida, segundo o Weather Channel.



Grid de largada para o Grande Prêmio da Turquia:



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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Rádio OnBoard - Edição Pré-Turquia

No ar a edição número 111 da Rádio OnBoard!

Na companhia do grande Ron Groo e do amigo pé frio Fábio Campos, falamos sobre a passagem conturbada da Indy em São Paulo no último fim de semana.

Quanto à F1, debatemos a notícia da Williams trocando Sam Michael por Mike Coughlan, e também falamos de alguns aspectos técnicos que irão influenciar o desenrolar da prova turca no próximo domingo.


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E como tem corrida vindo aí, tem também Rádio OnBoard ao vivo a partir das 20h do sábado, no conhecido link do Pre Race. Participe, até lá!