terça-feira, 31 de agosto de 2010

Vettel está definitivamente fora da disputa?



FÁBIO ANDRADE


Lewis Hamilton e Mark Webber foram os grandes vitoriosos do GP da Bélgica por conseguirem se desgarrar na briga pelo título faltando 6 etapas para o fim da temporada. Hamilton - com 182 pontos - e Webber - com 179 - estão razoavelmente a frente do terceiro colocado na tabela, Sebastian Vettel, que contabiliza 151 pontos. Em seguida vêm Button com 147 e Alonso com 141. Quase que por convenção entre os meios especializados de todo o mundo, diz-se que esse é o grupo que disputará a taça do mundial 2010 de Fórmula-1. Mas não seria cedo demais para afastar Vettel da briga pelo título?


Com 150 pontos ainda disponíveis na primeira colocação nas próximas seis corridas, 10 pilotos têm chances matemáticas de título: além dos cinco já citados no parágrafo acima, Felipe Massa, Robert Kubica, Nico Rosberg, Adrian Sutil e Michael Schumacher também apresentam condições aritméticas de vencer o campeonato desse ano, mas dada a distância que os separa do primeiro bloco, convencionou-se o tal grupo de cinco postulantes ao título a perante imprensa mundial.


Trinta e um pontos separam Vettel, o terceiro, de Hamilton, o líder, no atual sistema de pontos. Para situar os leitores sobre o tamanho dessa diferença, se estivesse sendo utilizada a distribuição de pontos vigente até 2009, Hamilton continuaria líder com 75 pontos, Webber teria 71 e Vettel 61. Ou seja, a diferença de 14 pontos seria relativamente grande, mas não intransponível.




[caption id="" align="aligncenter" width="493" caption="A imagem com a qual Vettel mais sonha: Webber minúsculo no retrovisor"]A imagem com a qual Vettel mais sonha: Webber minúsculo no retrovisor[/caption]

O campeonato de 2007 sempre é lembrado quando se fala de possibilidades de título para pilotos que não estão na ponta da tabela. Há três anos, restando seis corridas para o fim do mundial, a situação era a seguinte: Hamilton liderava com 80 pontos, Alonso tinha 73 e Raikkonen aparecia com 60 pontos. Como se sabe, o finlandês aniquilou a diferença de 20 pontos vencendo três das seis provas restantes e contando com os erros de Hamilton (o abandono em Xangai e as bobeadas em Interlagos) e Alonso (que bateu sozinho no dilúvio de Monte Fuji).


O mundial de 2010, entretanto, apresenta diferenças em relação ao que foi disputado há três anos. Se em 2007 apenas Ferrari e McLaren brigavam pelas vitórias, em 2010 há mais uma equipe forte, a Red Bull. Ou seja, a briga pelos lugares da frente não será entre quatro, mas entre seis carros. Com mais dois bólidos na briga, a parte da frente do grid ficou mais embolada, até porque Renault, Mercedes e Williams costumam estar por perto. E em 2007 um fator foi decisivo para o desfecho do mundial: a imaturidade de Hamilton.


A instabilidade emocional vista no britânico em 2007 se manifesta de forma flagrante em Sebastian Vettel em 2010, e analisando exclusivamente esse vértice, o piloto alemão tende a ter problemas para acompanhar Hamilton e Webber. Se acompanhar o padrão demonstrado até aqui, se alguém tem de errar, esse alguém provavelmente é Vettel.


O alemãozinho, entretanto, possui uma carta na manga e essa atende pelo nome de RB6. O carro da equipe Red Bull só não é apontado como favorito para o próximo gp, o da Itália, porque a pista de Monza provavelmente irá privilegiar o MP4/25 da McLaren nas longas retas do circuito de 5793 metros. Em todos os outros traçados o RB6 apresenta um conjunto competitivo, sobretudo em Suzuka, onde há predomínio de curvas velozes sobre retas longas. Pistas em que a Red Bull leva vantagem, porém, são boas tanto para Vettel como para Webber, e é justamente o companheiro de equipe o maior rival do jovem alemão em 2010.




[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="Inimigo íntimo: pistas em que o RB6 se der bem favorecerão Vettel, mas também Webber"]Inimigo íntimo: pistas em que o RB6 se der bem favorecerão Vettel. E também Webber[/caption]

A tarefa de Vettel não é das mais fáceis, mas está longe de ser impossível. Porém, tal como aconteceu com Raikkonen em 2007, o piloto da Red Bull não terá apenas que ganhar duas ou três corridas e ser regular na visita ao pódio. Vettel terá de começar a torcer pelos tropeços dos rivais que estão à frente para brigar mais de perto pelo título.

domingo, 29 de agosto de 2010

Dupla de equipe: GP da Bélgica

Sebastian Vettel


Vi alguém falando no Twitter e concordei: Vettel é o Hamilton de ontem. Mas há algumas diferenças. Hamilton fez um campeonato perfeito em 2007 até o GP do Japão, antepenúltima corrida do ano. Vettel, por sua vez, vem cometendo erros desde a primeira parte da temporada.

O problema maior nem foi o erro em si, mas, a meu ver, a consequência psicológica que isso pode trazer para ele. Se antes já estava pressionado, agora temo que Vettel passe a se cobrar ainda mais e que, por extensão, passe a errar ainda mais. Mas torço para que isso não aconteça para o bem do campeonato.

Fábio Andrade



Deve ser o piloto que mais desperdiçou pontos neste ano. Somando as quebras, as batidas, Vettel vai se complicando num campeonato que teoricamente seria feito pra ele. Dessa vez, um erro de cálculo não só prejudicou a si mesmo como também ao Button, que também briga pelo título. Sorte dele que o inglês faz o tipo low profile; fosse outro, sairia do carro soltando fogo pelas ventas, e com razão.

Felipe Maciel



Mercedes


Chega a ser gozado, mas quando o Schumacher consegue finalmente se classificar melhor que o Rosberg o alemão tem uma punição a cumprir. Alguém nos céus não deseja ver o alemão se dar bem nesse retorno.

Mas, teorias conspiratórias à parte, o alemão remou do 21º para o 7º lugar e chegou encostado no Nico, que largou em 14º. Claro, contou com os abandonos e com as confusões que rolaram, mas pelo menos dessa vez não passou vergonha.

Sem falar que os dois prateados se encontraram em duas ocasiões e de forma ríspida. Mas eu ainda acho que o grande confronto dos dois virá quando (se) a Mercedes entregar um carro decente a eles.

Fábio Andrade



Quem vê F-1 pela primeira vez deve ter a sensação de que Rosberg e Schumacher são farinha do mesmo saco. Um passa o outro, o outro passa o um, e eles se misturam só entre eles mesmo porque o carro também não ajuda mais.

O ano de reestreia da Mercedes está sendo bem esquisitinho, e decepcionante.

Felipe Maciel



Rubens Barrichello


Uma lástima que a corrida de número 300 tenha acabado tão cedo, mas a chuva tem dessas surpresas.

Não tem muito mistério, o erro foi dele, mas as condições de pista realmente estavam difíceis. Ninguém sabia o quão molhado estava, ainda que eu ache que Barrichello foi um tanto quanto imperito ao tentar frear como se o asfalto estivesse seco.

Fábio Andrade



Imediatamente me lembrei do GP do Brasil da despedida de David Coulthard. Era para ser um dia especial para o cara, os pilotos haviam participado de toda uma cerimônia naquele fim de semana, daí chega na hora H e o cidadão abandona na primeira volta.

O Rubinho merecia um GP 300 pelo menos mais longo. Mas prevaleceu o típico azar barrichelliano...

Felipe Maciel



Fernando Alonso


Já começou estranho pelo décimo lugar de sábado. Na corrida deu azar de ser abalroado pelo Barrichello e deu mais azar ainda porque a chuva não caiu do jeito que seus intermediários precisavam no início. Fazia uma prova de recuperação interessante até a chuva do final.

Bateu no fim e não pontuou, o que na minha opinião é bem feito para a Ferrari. De uma certa forma foi um lembrete de que o campeonato ainda não se definiu (nem hoje e, lógico, muito menos no mês passado em Hockenheim) e que o que aconteceu na Alemanha foi uma atitude irracional.

Fábio Andrade



Primeiro eu gostaria de entender que sorte é essa que o Alonso tem. Como um piloto pode levar um pancão como aquele do Rubinho, e ainda sair intacto? Voou pedaço de Williams para tudo que era canto mas a Ferrari sobrou inteirinha...

Bem, em seguida Alonso faria um troca-troca excessivo de pneus, ultrapassaria uns carros do fundão e acabaria deslizando de cara pro muro fechando assim um fim de semana completamente sem sal. A weekend to forget, como eles gostam de dizer.

Felipe Maciel



Lewis Hamilton


É difícil hoje alguém dizer que não gosta desse piloto. Eu mesmo tinha alguma resistência em aceitar o grande piloto que era vendido pelo meio especializado porque achava que seu começo em equipe grande facilitou muito as coisas. Besteira. No final, a pressão e a responsabilidade de guiar para uma equipe McLaren o fizeram amadurecer rápido.

Na chuva então Hamilton é um dos melhores, talvez o melhor, da atual geração. Uma corrida irretocável que nem mesmo a escapadinha na Rivage pôde manchar.

Fábio Andrade



Vitória merecida e inconstestável. A McLaren recuperou a boa forma nesta etapa, depois das últimas tímidas corridas, onde vimos a Ferrari ganhando evidência para cima do time do Ron Dennis. Aliás, o chefão é pé quente... foi lá só para ver a vitória do seu pupilo.

Felipe Maciel



GP da Bélgica


Clássico, desafiador, com personalidade, fantástico, ansiosamente aguardado, climaticamente instável. A rasgação de seda será eterna enquanto Spa existir e enquanto Tilke coexistir com ela. Minha favorita é Suzuka, é verdade, mas Spa, Monza e Mônaco, junto com a pista japonesa, são como uma espécie de evangelho dessa religião que é a Fórmula-1.

Fábio Andrade



Eu costumo julgar a qualidade das corridas me baseando na expectativa depositada antes da largada. Se eu for assistir a um GP de Cingapura e pintarem umas 5 ultrapassagens já é uma grande conquista. Mas esse mesmo número em Suzuka seria um fracasso.

No caso desta etapa, fiquei com a sensação de que a F-1 deixou Spa devendo um pouco. Nem com clima instável tivemos duelos que realmente valessem a pena. A prova foi marcada mesmo por lambanças e batidas...

Vi muitos GPs da Bélgica melhores que esse, mas é bom saber que daqui a duas semanas deve ter coisa melhor para acontecer em Monza. Que venha!

Felipe Maciel

Em prova marcada por erros de Vettel, Hamilton vence em Spa



FÁBIO ANDRADE


Passadas as 44 voltas do GP da Bélgica, quantos vencedores teve a corrida? Numa prova com tantas variáveis não pode existir apenas um único vitorioso, aquele que cruza a meta na frente nos outros. No caso de hoje, com todos os méritos, esse vitorioso foi Lewis Hamilton, que contornou a La Source em primeiro e não mais abandonou a liderança. Mas a vitória de hoje se estende a Mark Webber, a Robert Kubica e até a Felipe Massa, que, a exemplo de Hungaroring, se não fez grande corrida, também não andou para trás.


Se os vitoriosos são muitos, os derrotados também são vários. Fernando Alonso tropeçou na própria presunção. Sebastian Vettel tropeçou em si mesmo e levou Jenson Button junto em seu tombo. Entre as idas e vindas da chuva, o alemãozinho saiu de Spa Francorchamps um pouco mais “-inho”.




Terra da garoa

Na largada, Webber andou para trás. Já havia acontecido algo semelhante com o australiano em Valência. O Red Bull número seis simplesmente demorou para se locomover, tal como havia acontecido com Rubens Barrichello naquele mesmo grid em 2009. Lewis Hamilton agradeceu e pulou na ponta, seguido por Button, Kubica e Vettel.




[caption id="" align="aligncenter" width="493" caption="Hamilton já liderava a corrida na primeira volta"]Hamilton já liderava a corrida na primeira volta[/caption]

Logo na primeira volta, entretanto, a tensão se intensificou por causa da chuva. Na verdade uma garoa leve, mas já suficiente para tornar a pilotagem difícil. Na freada da Bus Stop quase todos os pilotos da frente escaparam, mas para Rubens Barrichello e Fernando Alonso os problemas foram maiores. O brasileiro, do auge de seus 300 gp’s, perdeu o ponto de freada e atropelou o espanhol. Barrichello abandonou, enquanto Alonso tentou dar o pulo do gato: foi aos boxes e calçou os pneus intermediários. Começava o azar do bicampeão.


Com o Safety Car na pista o grupo estava compacto. A chuva revelou-se inconsistente, e os pneus intermediários de Alonso, inadequados. O asturiano teve de voltar aos boxes, e em menos de 10 voltas já havia feito duas paradas.




Inho, inho, inho

Vettel passou a pressionar fortemente Button, que tinha uma avaria pequena na asa dianteira. Só que a vida do alemãozinho não estava fácil: preso atrás do carro que inventou o duto de ar, Vettel não conseguia se aproximar o suficiente de Button nas retas de Spa. O alemãozinho tentou, na célebre freada da Bus Stop, dar o bote no atual campeão, mas algo em sua manobra não saiu lá muito certo.


Vettel estava na linha de fora e dificilmente conseguiria a ultrapassagem naquele exato momento. É chato assumir a postura de um juiz sabe-tudo e dizer se o alemãozinho foi afoito ou não, se foi precipitado ou não foi, afinal, quem sabe da dificuldade de pilotar um carro daqueles são os pilotos. O consensual, no entanto, é que a balançada do RB6 foi estranha (algo a ver com o tal duto de ar?). Mas na situação em que se encontra, e por tudo o que já lhe aconteceu em 2010, o prejuízo vai pra conta do piloto da Red Bull.




[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="Problemas afastaram Vettel dos líderes do campeonato"]Problemas afastaram Vettel dos líderes do campeonato[/caption]


Vettel, um menino de vinte e poucos anos, é um talento que vem sofrendo uma progressiva deterioração em sua imagem em 2010. Acumula erros, demonstra instabilidade emocional perante um companheiro de equipe que ganha e marca pontos com constância e, obviamente, não está correspondendo à pressão que recebe por ter mergulhado na temporada como favorito. Talvez ainda não tenha compreendido que o fato de ter conseguido grandes resultados numa equipe pequena o credenciou como grande estrela em ascensão, e que isso trás cobranças num patamar elevado. O fato é que, com o carro que tem e com a preferência do time na primeira metade do ano, Vettel deveria liderar o mundial com folga. Ainda está em tempo de se reabilitar, ou de, em pouco tempo, ficar conhecido como o novo Mansell quase 20 anos depois da aposentadoria do leão.


Por hora, o “baby-Schumacher” continua sendo apenas o alemãozinho. Nada, porém, que uma vitória arrasadora em Monza - a mesma Monza onde, há dois anos atrás, Vettel deu seu cartão de visitas - não faça o mundo inteiro esquecer.


O piloto da Red Bull foi considerado culpado pelo acidente com Button e foi punido com uma passagem pelos boxes, como se a pancada e a perda de posições já não tivessem sido o bastante. E Vettel ainda teve tempo de se envolver em um outro acidente, dessa vez com Vitantônio Liuzzi. Disputando posição na Bus Stop, sempre nela, Vettel teve o pneu de seu Red Bull furado pelo bico do Force India.




[caption id="" align="aligncenter" width="493" caption="Com o pneu furado, Vettel saiu, definitivamente, da briga pelos pontos"]Com o pneu furado, Vettel saiu, definitivamente, da briga pelos pontos[/caption]


Condições climáticas adversas ou Spa Francorchamps

Passada a primeira metade da corrida e o GP da Bélgica a corrida ganhou aquele ar burocrático de quando as posições ficam estáticas. Algum ou outro foco de atenção aqui e ali, como quando Schumacher e Rosberg se encontraram na Malmedy, mas nada de mais palpitante. As equipes tentavam prever a hora da chuva, mas o tempo nas ardenhas tem suas manhas. E quando a chuva caiu, restando 10 voltas para o final, era a hora de prender a respiração.


O dilema era o seguinte: ir imediatamente aos boxes trocar os pneus slick pelos intermediários correndo o risco de a pista não estar molhada o suficiente ou manter-se de slicks no asfalto úmido até ter absoluta certeza da necessidade da troca, arriscando-se a sair da pista. A maioria dos pilotos preferiu a segunda opção, não sem uma dose de susto para Hamilton, que quase abandonou ao escapar na Rivage.


A essa altura Webber, que passou boa parte da corrida no pelotão do meio, já era o segundo colocado, beneficiado pelo encontrão entre Vettel e Button e pelas paradas de boxes lentas de Kubica e Massa.


Depois do escorregão de Hamilton, o grid inteiro decidiu que era a hora dos intermediários. Alonso, porém, mesmo já calçando os pneus para piso molhado, rodou sozinho ao pisar na zebra, tal como Petrov na classificação ontem. Nada feliz o final de corrida para o bicampeão.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Ferrari de Alonso avariada após batida do bicampeão"]Ferrari de Alonso avariada após batida do bicampeão[/caption]

O Safety Car foi acionado. Quando deixou a pista para a relargada, restavam três voltas para o final. Ninguém quis arriscar, e cautelosamente todos “levaram as crianças para casa”. Hamilton venceu, mas não venceu sozinho.




[caption id="" align="aligncenter" width="468" caption="Hamilton comemora a vitória e a liderança do mundial em Spa"]Hamilton comemora a vitória e a liderança do mundial em Spa[/caption]

Mark Webber venceu mais um importante duelo interno na Red Bull. O segundo lugar, depois de estar bem atrás nas primeiras voltas, é um excelente resultado, sobretudo porque o australiano mantém-se colado em Hamilton na classificação. Kubica triunfou porque, mais uma vez, sua competência ficou evidente ao manter a Renault no pódio em meio a McLaren e Red Bull. Felipe Massa talvez pudesse ousar mais, entretanto, seu quarto lugar e o abandono de Alonso lembraram à Ferrari que o campeonato ainda está longe do fim, e que muita coisa pode acontecer até Abu Dhabi.




Grande Prêmio da Bélgica, resultado após 44 voltas:

sábado, 28 de agosto de 2010

Clima instável não impede pole de Webber em Spa



FÁBIO ANDRADE


Numa sessão de classificação típica da região das Ardenhas, Mark Webber cravou a pole position para o GP da Bélgica. É a 12ª pole da equipe Red Bull em 13 possíveis, e a 5ª vez que o piloto australiano conquista a posição de honra em 2010. Em meio a tamanho domínio do time austríaco em classificações, até parece estranho dizer, mas Webber contou com a ajuda da sorte e do clima instável da região de Spa Francorchamps para largar na frente no GP da Bélgica de amanhã.




[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="A instabilidade climática marcou o treino classificatório"]A instabilidade climática marcou o treino classificatório[/caption]

Webber deu sorte porque logo após sua primeira volta rápida no Q3 começou a chover em Spa. Novamente. A chuva já havia dado o ar da graça no princípio do treino, espalhando uma relativa bagunça pelo grid.



Petrov, o show man

Vitaly Petrov pode não continuar na Renault em 2011, mas sua passagem pela Fórmula-1 até aqui já rendeu ao russo o epíteto de show man. O termo é normalmente utilizado em cada temporada para se referir a um ou outro piloto que vende muito caro uma posição ou defende com muito afinco um lugar que sequer vale pontos. Petrov já fez tudo isso e, de quebra, ainda conseguiu o feito de rodar na volta de aquecimento na classificação de hoje em Spa.


O russo, na verdade, foi vítima da manhosa chuva que começou a cair assim que os carros foram liberados no Q1. Na condição de pista apenas “melada” pela água, Petrov exagerou na tangência de uma curva e pisou na zebra. Rodou e bateu de leve no guard-rail, mas o comando de prova achou necessária a intervenção da bandeira vermelha para retirar a Renault do canto da pista.


Mais a frente, já na volta rápida, a chuva aumentou. Jarno Trulli e Lucas di Grassi se tocaram pouco antes da curva Stavelot.  Com di Grassi parado na pista, vários carros que vinham atrás escaparam, ou tentando desviar de quem estava lento ou porque escorregaram na freada, já que o grid inteiro corria no asfalto molhado com pneus slicks.


Mesmo assim, os carros de ponta conseguiram fechar voltas relativamente rápidas. Como a pista estava inteiramente molhada, ficou a impressão de que os tempos não poderiam melhorar ainda durante o Q1. Entretanto, alguns pilotos voltaram para o traçado com pneus intermediários, e conseguiram melhorar várias posições. Quando a pista voltou a secar e permitir novamente o uso dos silcks, o Q1 já estava no final.



Williams X Mercedes: melhor para Barrichello

No Q2 o asfalto sagrado de Spa Francorchamps voltou a estar seco, e a McLaren pôde comprovar a eficácia do MP4/25 em traçados com longas retas. Lewis Hamilton e Jenson Button lideraram a segunda etapa do treino e foram os únicos a andar abaixo de 1min47s até aquele momento.


Na briga entre Mercedes e Williams para conquistar as últimas vagas do Top 10 a equipe de Rubens Barrichello se deu melhor. A Williams avançou para a fase final da classificação com seus dois carros, enquanto a Mercedes ficou de fora. Michael Schumacher e Nico Rosberg ficaram na porta de entrada do Q3, respectivamente em 11º e 12º, mas irão largar bem mais atrás em razão das punições que receberam. Schumacher perdeu 10 lugares pela manobra perigosa contra Barrichello na Hungria e Rosberg largará 5 posições atrás por ter trocado o câmbio.




[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="A dupla da Mercedes perdeu posições por causa de punições"]A dupla da Mercedes perdeu posições por causa de punições[/caption]
Na hora da verdade, a chuva

Quatro equipes foram completas para a superpole: McLaren, Red Bull, Ferrari e Williams. Nas duas vagas que restaram, os habitués Adrian Sutil com a Force India e Robert Kubica com a Renault. Além desses, havia a sempre presente chance de chuva em Spa.


Era a chance de a McLaren marcar sua segunda pole no ano e seguramente Lewis Hamilton brigaria pela posição de honra em sua segunda volta rápida. Porém, depois que todos os grandes deram seu primeiro giro veloz, os pingos começaram a cair no primeiro e no segundo trechos da pista. Mark Webber, que fechara a primeira rodada de voltas rápidas a frente, já tinha a pole garantida.




[caption id="" align="aligncenter" width="490" caption="Webber, o pole em Spa"]Webber, o pole em Spa[/caption]

Ao lado de Webber, Lewis Hamilton não tem na segunda posição o pior dos cenários. Pelo contrário, com apenas quatro pontos de desvantagem para Webber no campeonato, o britânico tem a chance de brigar de forma direta com o australiano pela liderança do mundial.


A segunda fila tem o sempre competente Kubica ao lado de Sebastian Vettel, que não sabe o gosto de uma vitória desde o GP da Europa. Mais atrás, Rubens Barrichello, em seu gp  de número 300, larga em sétimo. Felipe Massa é o sexto e Fernando Alonso, grande decepção do dia, conquistou apenas o 10º posto.


A instabilidade climática, no fim das contas, é a maior verdade da região das Ardenhas nessa época do ano, e é essa indefinição, aliada ao traçado de Spa Francorchamps que dá à corrida belga seu charme característico. A previsão, se é que se pode confiar nela para o GP da Bélgica, indica 60 % de possibilidades de chuva moderada para a tarde de amanhã. Chuva e Spa Francorchamps, quase sempre, formam uma combinação memorável.



Grid de largada para o Grande Prêmio da Bélgica:

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Memória Blog F-1: Barrichello, Spa, 1994



FÁBIO ANDRADE


Independente do que digam os números oficiais, Rubens Barrichello comemorará no domingo sua corrida de número 300. As estatísticas não batem com os cálculos que o brasileiro usa, mas isso pouco importa. Rubinho irá comemorar em Spa o rompimento de mais uma marca histórica. Completar três centenas de gp's, além de ser um feito inédito, era inimaginável há tempos atrás.


Quis o acaso que a marca de 300 gp's fosse alcançada em Spa Francorchamps, a pista onde, em 1994, Barrichello conquistou a primeira pole de sua carreira e primeira pole da história da equipe Jordan. O brasileiro foi, na época, o mais jovem piloto a conquistar uma pole position na Fórmula-1, aos 22 anos. O acontecimento, como não poderia deixar de ser, foi resultado de condições adversas do clima nas ardenhas. Barrichello andou rápido na sexta-feira, pegou o momento de pista menos molhada, e terminou o dia como o mais rápido, mesmo pilotando a modesta Jordan. No sábado a chuva persistiu, torrencial, e Rubinho sagrou-se pole pela primeira vez.


A pole do brasileiro foi, por muitas razões, especial. Foi em Spa, que mesmo com a Eau Rouge transformada em uma chicane lenta (os acontecimentos de maio daquele ano ainda reverberavam com força no ambiente da F-1), ainda era um dos mais míticos circuitos do calendário. E foi meses depois da morte de Ayrton Senna, afinal. Um tempo em que o Tema da Vitória soava mais como marcha fúnebre do que como alegre celebração no Brasil.


Barrichello liderou a largada. Aguentou a pressão na La Source e resistiu também na "Eau Rouge", mas sucumbiu a Michael Schumacher na longa reta Kemmel. Na volta 19 o brasileiro saiu da pista e abandonou a prova:




Schumacher também não venceu. Na verdade, venceu, mas teve a vitória subtraída por questões de regulamento. Coisas de um campeonato em que a FIA quis garantir o contole absoluto da situação depois do fim de semana negro de maio em Ímola.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Memória Blog F-1: Bélgica 2009



FÁBIO ANDRADE




A única vitória da Ferrari em 2009 quase foi esquecida perante o desempenho de Giancarlo Fisichella em Spa. O italiano fez a pole e segurou a ponta na largada, mas sucumbiu ao KERS da F-60 de Kimi Raikkonen logo depois. De toda forma, Físico, com a modesta Force India, não desgrudou do finlandês, escoltando a Ferrari durante o restante da corrida. No pódio, Fisichella foi o mais aplaudido, em parte porque Raikkonen é carismático como um acidente aéreo.


Mas não é para ver pilotos sorrindo que se liga a tv aos domingos de manhã, e Spa Francorchamps é um capítulo importante na carreira de Raikkonen na F-1. Com incríveis quatro vitórias na pista belga (2004, 2005, 2007 e 2009), Raikkonen criou uma identificação com o circuito das ardenhas que é quase semelhante a que aconteceu entre Senna e Mônaco, ou entre Massa e Istambul Park. Se Kimi estivesse na pista no próximo domingo seria intensamente apontado como favorito.


E não foi só de pista que se viveu no GP da Bélgica em 2009. Foi na tv, via transmissão da Globo, que o mundo começou a tomar nota do escândalo envolvendo Nelsinho Piquet, o comando da Renault e Fernando Alonso no GP da Cingapura de 2008.


OBS: aos caros leitores, um aviso: alguns de vocês já devem ter percebido que o blog assumiu um ritmo errático há alguns dias. A tendência é de que os posts continuem pingando com menos frequência por aqui. Em breve, se tudo sair como o planejado, volta tudo ao normal.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Memória Blog F-1: Bélgica 2008



FÁBIO ANDRADE





Melhor corrida de 2008? Talvez o leitor responda que não por causa do GP do Brasil ou por causa de uma outra grande corrida de uma das temporadas mais divertidas do passado recente da F-1. Mas o tom que tomou as discussões sobre o GP da Bélgica de 2008 não foi o de diversão e sim o da polêmica. A ultrapassagem de Hamilton sobre Raikkonen perto do fim mudou a história da corrida e os comissários trataram de mudá-la novamente com uma canetada horas depois da conclusão da prova. A forma como Hamilton operou a ultrapassagem sobre Raikkonen realmente foi discutível, mas há de se lembrar que a filosofia de segurança usada pela FIA para estruturar as pistas contribuiu muito para todo o imbróglio.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Desmudando o circuito do Bahrein



FELIPE MACIEL


Algum sujeito, num dia de muita inspiração, teve a brilhante ideia de deformar o trajeto de Sakhir usado na Fórmula 1 para comemorar os 60 anos da categoria. Eis a homenagem mais dispensável já vista por aqui.

Tive o desprazer de comentar as alterações no traçado barenita antes da realização da etapa de 2010, e agora tenho o privilégio de esperar pela retomada do percurso original.



Mudaram para pior, mas já trataram de "desmudar". O layout incorporado neste ano foi de muito mal gosto. Se a pista não era aquele oásis de ultrapassagens, piorou verticalmente com a anexação de um trecho travado, estreito e estupidamente sonolento.

Reparo feito, em 2011 Sakhir retorna somente com as curvas que interessam.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ryan Briscoe andando de F-1



FÁBIO ANDRADE



Daquelas coisas que você descobre no Youtube: Ryan Briscoe já correu de Fórmula-1. Sim, o australiano que hoje é uma das estrelas do automobilismo americano na Indy já andou dando umas voltas com um F-1, mas apenas como piloto de testes.

Briscoe foi o test driver da Toyota durante uma parte de 2004, treinando junto com o brasileiro Ricardo Zonta às sextas-feiras. Zonta, por sua vez, já estava efetivado no time depois da demissão de Cristiano da Matta e integrou erraticamente, entre idas e vindas, a dupla titular da equipe japonesa junto com o francês Olivier Panis a partir do GP da Hungria.

Briscoe, entretanto, ficou relegado apenas ao papel de piloto de testes. O australiano aparece no vídeo abaixo, testando em Spa. Testando, como se vê, tanto o carro, como a área de escape da Eau Rouge.



Passada a surpresa ao descobrir o vídeo, restou um certo tom jocoso. Um piloto posteriormente consagrado na Indy desafiando a Eau Rouge?

Pois é.

domingo, 15 de agosto de 2010

Nick Heidfeld estreia pneus Pirelli em Mugello



FELIPE MACIEL



Chegou o dia de colocar o borracha da fornecedora italiana para testar. Nick Heidfeld deixa suas incumbências de terceiro piloto da Mercedes e empresta sua experiência em nome do desenvolvimento dos pneus Pirelli para o ano que vem.

Nesta terça-feira, 17, o alemão acelera o Toyota TF109 em Mugello, onde avaliará os compostos por 2 dias consecutivos. Posteriormente, se instalarão em Jerez. Voltarão à Itália para testar em Monza, antes de se dirigirem à Paul Ricard, retornando ao ponto inicial de Mugello para concluir o pequeno tour pela Europa.



Perguntinha: será que a quilometragem adquirida com a Pirelli não valoriam Heidfeld no "mercado de pilotos" para o ano que vem?

Independente da resposta, considero justa seu retorno às competições o quanto antes. A transformação de Heidfeld em piloto de testes lembrou muito aquela velha a brincadeira infantil da dança das cadeiras - alguém tem que ficar de fora; aconteceu justo com ele. Mas acontecer com ele não foi nada justo...

sábado, 14 de agosto de 2010

Memória Blog F-1: Eau Rouge, 1999



FÁBIO ANDRADE



A Eau Rouge é, certamente, a mais mítica curva da Fórmula-1 atual. E o título faz sentido. Em meio a circuitos recheados de curvas em 2ª ou 3ª marcha e com pouca variação de relevo, a pista de Spa-Francorchamps nos oferece uma curva em descida em alta velocidade que repentinamente se torna uma subida íngreme. A saída desse paredão não é vista pelos pilotos quando eles estão no ponto mais baixo e além disso, há o fortíssimo efeito da força G, que exerce uma absurda força de compressão sobre o corpo dos pilotos. Reza a lenda que eles perdem, momentaneamente, o foco da visão no ponto mais crítico da curva.

Há quem diga que a Eau Rouge de hoje já perdeu parte de seu desafio graças à extrema eficiência da pressão aerodinâmica dos carros. Já faz um certo tempo que qualquer piloto consegue vencer a Eau Rouge com o pé embaixo. Sim, a Eau Rouge tornou-se uma curva flat, mas esse blogueiro se recusa a aceitá-la como um desafio diminuído por conta disso.

E uma visita ao ano de 1999 mosta que as coisas nem sempre foram assim tão "fáceis" (muitas aspas, por favor) na curva-símbolo de Spa.

A começar pelo entorno da Eau Rouge. Se hoje a área de escape é asfaltada, há 11 anos a linha de fora da curva era coberta de terra e foi por lá que o piloto brasileiro Ricardo Zonta experimentou a sensação de perder o controle do carro e virar passageiro.



O acidente de Zonta encerrou uma trilogia de pancadas fortes na Eau Rouge entre 1998 e 1999. Em 98 Jacques Villeneuve bateu com a Williams; em 99 o mesmo Villeneuve acidentou-se, agora com um BAR. Minutos depois da forte batida do canadense, o ocupante do outro cockpit da BAR, Ricardo Zonta, retirou totalmente a equipe do treino classificatório para o GP da Bélgica daquele ano ao capotar e destruir o carro.

Se estivesse em 2010, Zonta provavelmente não teria tido um susto tão grande. É sabido que o asfalto na área de escape possui exatamente a função de evitar o que aconteceu com o piloto brasileiro: a capotagem. De toda forma, o saldo do acidente foi positivo para Zonta. O piloto da BAR saiu do carro por suas próprias pernas e foi caminhando até o veículo de resgate, absolutamente ileso depois da forte batida.

A Eau Rouge de 1999 possui ainda outra coisa que você não encontra mais em 2010: comissários de pista contemplando o movimento dos carros placidamente, desprotegidos de um possível "despiste" como se diz no português lusitano. Comissários de pista hoje são muito pouco lembrados. Na maioria das vezes você só os vê quando eles realmente se fazem necessários.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Rubens Barrichello fará seu 300° GP em Spa. Ou não!



FELIPE MACIEL



Quem diria que um dia alguém completaria 300 GPs na Fórmula 1? Pois é, o recorde de longevidade é do Rubinho e ninguém tasca.

A única ressalva que precisamos fazer é citar a discordância entre a contagem do piloto e os registros oficiais da FIA.



Isso se deve por conta das 3 corridas identificados abaixo. A primeira foi o memorável Spa-98, que exigiu uma segunda; Rubens participou somente da catastrófica primeira.

As outras provas ocorreram em 2002. Em Barcelona, problemas elétricos impediram Barrichello de sair para a volta de apresentação. Na França ocorreu uma versão piorada, com cara de cena pastelão.

Barrichello considera essas não-largadas como GPs disputados, a FIA não. Mas enfim, se é dele o recorde, ele comemora quando quiser.

GP da Bélgica de 1998



GP da Espanha de 2002



GP da França de 2002


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Equipe Lotus mostra ousadia no marketing



FELIPE MACIEL


No dia 1° de setembro, a Lotus realizará um teste aerodinâmico em linha reta na Inglaterra. Seria um evento normal se houvesse um piloto oficial da escuderia trabalhando para analisar melhorias no modelo T127. Mas será um algo um tanto diferente disso.

Quem assumirá o bólido responde pelo nome de Nabil Jeffri. Se você não o conhece, procure na Fórmula BMW Pacific, mais precisamente na quinta colocação da tabela. O malaio apoiado pela AirAsia de Tony Fernandes possui apenas 16 anos de idade e integra o programa de jovens talentos da equipe.

Portanto não se trata de um caso em que o piloto testa o carro da equipe - para isso usasse o Jarno Trulli -, nem do caso em que a equipe testa o piloto - antes deixasse o garoto brincar no simulador, onde ao menos se faz curva. A explicação remanescente é a boa e velha jogada de marketing.

Aliás, o grupo de Tony Fernando está se revelando um ás no assunto. Basta começar citando o resgate do nomes Lotus na Fórmula 1, do contrário a equipe se chamaria Litespeed e talvez nem houvesse sido escolhida pela FIA. Mas o time vai além.



A equipe projeta uma surpreendente iniciativa de marketing para o ano que vem. Trata-se da Lotus Exos, que consiste em vender 25 monopostos pelo preço razoável de 1 milhão de dólares cada, e posteriormente treinar esses clientes para participarem de uma competição automobilística em particular.

O modelo em questão não é o T127 da temporada 2010, mas sim o chamado Lotus Exos 125, que possui características próximas ao Fórmula 1. O carro pesa 650kg e é alimentado pelo propulsor Cosworth V8 de 660cv, chegando a 10.300 rpm.

Portanto, se você deseja passar por um programa de treinamentos com engenheiros, pilotos, personal trainers, e ficar a ponto de bala para disputar um pequeno campeonato de amadores no estilo da F-1, reserve seu milhão para comprar esta belezinha da Lotus.



As informações não são muito detalhadas, mas a ideia surpreende. Consta, pois, que em 2011, em algum lugar da Europa, a brincadeira tem início.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Memória Blog F-1: Spa em um minuto e meio



FÁBIO ANDRADE



Que a pista de Spa-Francorchamps é talvez a mais querida dos pilotos não é nenhuma novidade. A corrida remonta um cenário de F-1 clássica, no interior da Europa e a pista é na verdade meio pista e meio estrada. Suas curvas de alta velocidade aliadas à sensação de entrar no carro e acelerar naturalmente são, nas palavras do piloto alemão Adrian Sutil, "um espetáculo raro até mesmo para pilotos de Fórmula-1".

Tanta solenidade não é em vão. Spa reune características em extinção nas novas pistas da F-1. A começar pela extensão de 7km, que transforma a pista num ET em meio a traçados pasteurizados e padronizados em torno dos 5km. Além disso, a pista possui uma natureza desafiadora, curvas em subida e em descida, algumas delas feitas em 7ª marcha.

Além de ser uma grande pista, Spa já foi palco de grandes corridas. O vídeo abaixo passa rapidamente por alguns dos lances mais marcantes vividos pela F-1 nas ardenas.



A segunda vitória de Ayrton Senna em 1985, a primeira de Schumacher em 1992, a bola de fogo que envolveu a Jordan de Eddie Irvine em 1995 e o duelo entre Schumi e Hill no mesmo ano, finalizando com a prova de 1998, uma das mais acidentadas da história. Em um minuto e meio, um passeio rápido por parte da história do GP da Bélgica nos últimos 25 anos.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Chances matemáticas definem direito a jogo de equipe?



FELIPE MACIEL



Está longe de haver consenso quando o tema é o jogo de equipe. Mas ao que tudo leva a crer, a maioria demonstra clara predisposição a aceitar a interferência do chefão na conduta de seus pilotos apenas quando o chamado segundo piloto não possir chances matemáticas de brigar pelo título.

Sejamos francos quanto a seu real significado... Chance matemática é uma avaliação estupidamente simples, que qualquer criança poderia fazer, consistindo num cálculo de cenário futuro que faz de todo o possível para provar que um dado piloto pode conquistar o título mundial, nem que para isso seja necessário ignorar todo o senso lógico do mundo real e provocar verdadeiras catástrofes com os adversários do piloto em questão.

Exemplo. Neste momento, Mark Webber lidera a tabela com 161 pontos, tendo quatro respeitáveis rivais ameaçando sua façanha de levar o caneco ao fim do ano. As chances matemáticas entram indicando que ainda restam 175 pontos em jogo. Portanto, se o Webber sofrer um grave acidente na Tasmânia durante as férias, o carro do Vettel quebrar em todas as corridas, Jenson Button cair em profunda depressão por ter perdido a Michibata, o Alonso operar a sobrancelha e tirar 5 meses para recuperação, Hamilton resolver voltar para a GP2, e mais uma série de fenômenos inexplicáveis que incluem o Sakon Yamamoto vencer todos os GPs... Pronto, Yamamoto campeão do mundo!

Conclusão: sim, existe chance matemática de Yamamoto conquistar o título em 2010. E daí?



Com a mega polêmica do GP da Alemanha, é possível que a FIA cogite transpor sobre o regulamento o conceito das possibilidades matemáticas de um piloto para afirmar se a equipe pode tratá-lo como escudeiro de seu companheiro ou não.

Essa suposta preocupação da FIA com o pensamento dos espectadores tem, naturalmente, seus pontos positivos e negativos. Mas já que o povão se posiciona favorável ao jogo equipe apenas quando as chances matemáticas são nulas, é de se lamentar que não disponham de recursos mais apurados para análise, nem possuam os conhecimentos do matemático Oswald de Souza, ou ainda desconheçam técnicas de previsões econômicas que podem ser perfeitamente aplicadas em campeonatos esportivos para gerar uma noção mais próxima sobre o futuro provável.

Por conta disso, só resta ao público considerar a amadora ferramenta das chances matemáticas como meio de afirmar "booleanamente" se o sujeito pode ou não pode continuar sonhando com o título da temporada.



Na etapa de Hockenheim Felipe cedeu a vitória a Fernando, mas segundo a matemática básica dos torcedores, a ordem de equipe ocorreu cedo demais. Mesmo sem verificar modelos matemáticos mais aprimorados, podemos identificar uma razão lógica que levasse a Ferrari a cumprir sua política de definir o piloto privilegiado após meia temporada de igualdade interna.

Felipe Massa, simplesmente, está sendo massacrado pelo desempenho de Fernando Alonso. A diferença fica variando entre 0,3s e 0,7s (por volta!). Ora, se para um piloto ser campeão faz-se necessário superar absolutamente todos os adversários que disputam o tal esporte naquela temporada, basta ele se provar incapaz de bater um deles que automaticamente temos uma clara evidência de que não há chance alguma de se tornar campeão. Catástrofes mirabolantes à parte.

Quem torce para Massa tem motivos para fica desapontado com o GP da Alemanha. Afinal, numa temporada tão ruim para o Felipe, a conquista de uma vitória seria um raro e merecido momento de satisfação. Mas em termos de campeonato, não é nada difícil compreender o que aconteceu.

Massa perde de lavada para o Alonso em posições de largada, posições de chegada, pontos na classificação, pódios, voltas rápidas, voltas na liderança, salário, altura, peso, torcida e o escambau. Se o Felipe estiver acima do Fernando em alguma estatística, por favor me conte qual é.



Daí as pessoas exigem que Stefano Domenicali espere as chances matemáticas do Felipe terminar antes de pensar em promover Alonso a primeiro piloto. Pois bem, coloque-se na posição de chefe de equipe. Você esperaria o Mundial se aproximar da penúltima corrida do ano para finalmente ter um surto de inteligência e descobrir que o Massa não brigará pelo título de 2010?

Se a Ferrari estivesse bem encaminhada na tabela, talvez pudesse se dar ao luxo de adiar a decisão - seria o caso em 2002, aquela sim uma manipulação absurda. Mas com Fernando em 5°, ou você investe todas as forças nele agora para emplacar uma desafiadora recuperação, ou trate de depositar esforços no carro do ano que vem e desistir de 2010. Maranello escolheu a primeira.



De todo modo, caso a federação insira o mecanismo das chances matemáticas nas regras de 2011 para julgar se a inversão de posições é legal ou ilegal, haverá um benefício interessante para a Fórmula 1, que não é acabar com o jogo de equipe em meio de temporada, mas sim fazer com que equipes como a Ferrari tenham mais respeito pelas considerações do público.

O ajuste de posições poderá seguir ocorrendo, porém de maneira sempre discreta, de preferência nos boxes. A inversão escancarada é o que provoca repulsa dos espectadores, por isso a falha verdadeira do time em Hockenheim foi ter movimentado as peças na pista, ao invés de decidir trocar Massa com Alonso nos pits, manobra que poderia ter sido executada de forma relativamente fácil, dificultando bastante o reconhecimento da manipulação orquestrada, bem como sua comprovação.

No final das contas, a adaptação da regra só serviria para fazê-la ser levada mais a sério do que é, mas não tão a sério quanto sugere o que está escrito. Seria uma mudança de efeito reduzido, com intuito de valorizar um exercício de disfarce. No confronto entre verdade estampada e hipocrisia, está sendo combinado que a última é mais saudável ao esporte.

E de fato só existem essa duas opções. Não se decretará o fim do jogo de equipe até o dia em que cada time possuir somente um piloto guiando por ela. O que inclusive explica parcialmente a ânsia da Ferrari ao pedir três carros para sua equipe. Se tem algo bom que podemos tirar do episódio da Alemanha é a perda de moral da escuderia para propor uma ideia estapafúrdia como essa.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Jogo de Equipe, Bélgica, 2005



FÁBIO ANDRADE



Se em 2010 o jogo de equipe voltou a ser o tema da vez, voltemos a uma ocasião em que a troca de posições foi feita sem alarde: Spa, GP da Bélgica de 2005.

Raikkonen disputava com Alonso o título. O finlandês contava com um carro que não era ruim, mas que teimava em não concluir as corridas. Raikkonen abandonara por problemas em seu bólido diversas vezes em 2005, e de praticamente todas as formas imagináveis.

No GP da Bélgica daquele ano Alonso chegou a Spa com chances de conquistar em definitivo o título, mas teve seu triunfo adiado para o gp seguinte (que por acaso era o do Brasil). No sábado, Juan Pablo Montoya cravou a pole. O colombiano dominou toda a corrida com Raikkonen em segundo, até que no fim, Ron Dennis mexeu seus pauzinhos. Montoya foi diminuindo o ritmo gradativamente, enquanto Raikkonen fazia seguidas voltas mais rápidas. No último pit stop, as posições foram invertidas e Raikkonen pôde vencer e adiar o primeiro título de Alonso por mais 15 dias.


F1 - Best of Belgian GP 2005 - MyVideo

Foi o clássico jogo de equipe, jogado sem pudores, e tratado com naturalidade por imprensa e torcida. Confirmando o que foi dito em muitos sites e blogs internet a fora, uma tática aceitável quando a equipe tenta, no fim do mundial, garantir a presença de seu piloto na briga pelo maior tempo possível.

sábado, 7 de agosto de 2010

Adrian Sutil tenta abandonar equipe Force India



FELIPE MACIEL

Já passou da hora. Desde sua estreia na Spyker ele não consegue romper o cordão que o liga à escuderia. Para 2011, mais uma nova tentativa de subir de nível está sendo posta em prática, como conta o próprio piloto.

Estou feliz na Force India, mas quero progredir. Marcar pontos regularmente era meu objetivo nesta temporada, mas no ano que vem eu quero melhorar ainda mais, seja aqui ou em algum outro lugar.

Os melhores times já estão praticamente fechados, então é difícil encontrar um lugar melhor que aqui. É uma decisão difícil de tomar agora, e se você for assinar por três anos, por exemplo, e não está confiante que o time é melhor, então não deve fazê-lo.

Adrian Sutil





As esperanças do alemão provavelmente contrastam com as de Vitaly Petrov. Se as 4 melhores equipes já definiram seus pilotos para o ano que vem, a única equipe superior ao patamar da Force India é a Renault de Robert Kubica. Cá entre nós, Sutil e Kubica formariam uma dupla interessante, não?

Completando a especulação de um novo cenário, também não seria nada mal se Bruno Senna adquirisse cockpit titular na Force India, equipe onde havia sido sondado em momentos anteriores.

A propósito, essas férias da F-1 prometem ser, além de longas, monótonas. Nem a boataria de imprensa será como antes, já que as principais vagas foram confirmadas. Basicamente, resta confirmar uma na Renault, outra na Sauber, mais as duplas de Force India e Hispania. Me arrisco a dizer que o resto não sofre consideráveis ameaças de mudança.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Renault e as promoções mais perfeitas de todas



FELIPE MACIEL


Como time de Fórmula 1, a Renault é uma equipe bem aberta ao público, lançando frequentemente promoções e oportunidades que são o sonho de muitos fãs da categoria.

Quem não se lembra, por exemplo, da propagada em que um mero "civil" pergunta ao Nelsinho Piquet: Posso dirigir? Ao que o piloto responde: Lógico, manda ver!

A demissão imortalizou a publicidade em nossas mentes como motivo de chacota com o Ângelo, mas aquela iniciativa de marketing consistia na verdade em trazer alguns felizardos para dentro do cockpit da Renault para um inesquecível test drive na pista de Paul Ricard. Os ganhadores não só pegavam uma carona num biposto guiado por um piloto profissional, como também pilotavam um F-1, ainda que sob todos os cuidados indicados, respeitando os limites responsavelmente colocados pela escuderia.

Veja que ideia vertiginosamente fantástica é o Feel it da Renault:



Quem assiste a um vídeo como esse (babando, eu suponho) deve entender facilmente por que a cautela na condução desses felizes amadores é adotada durante os testes.

Mesmo para um piloto treinado, com experiência acumulada, o Fórmula 1 se revela um desafio de nível superior comparado a qualquer bólido, desde outros monopostos até um esportivo top como é o caso do Buggati Veyron.

A seguinte matéria exibida pelo canal BBC dá uma boa noção do desafio encarado por Richard Hammond ao acelerar um carro de F-1 pela primeira vez, buscando ser competitivo.



Agora em 2010, a Renault usa as férias de agosto para pôr em prática mais uma ação de marketing, realizando um memorável passeio turístico entre os dias 11 e 13 em sua fábrica de Enstone, Inglaterra. Desta vez, os visitantes poderão experimentar o simulador, participar da execução de pits stops, simular o procedimento de largada no volante, fazer contato com os mecânicos, conhecer os bólidos históricos da equipe, e tudo o mais que o Nation Motosport Week permitir.

Para completar as informações, 70% do valor dos ingressos serão convertidos para a Fundação Motorsport.



Uma das partes mais interessantes após um fim de semana como este é a forma como aquelas pessoas passam a encarar a Fórmula 1, compreendendo melhor a magnitude dos desafios atribuídos aos pilotos e às equipes, e consequentemente aprendendo a respeitar mais do que nunca todos os grandes profissionais que trabalham neste esporte - guiar é muito mais difícil do que parece, a realização de um pit stop não é nada simples como a TV sugere, a complexidade daquele universo é coisa de outro mundo.

Sabemos disso na teoria. Mas sentir na prática é outra história.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Rádio OnBoard - Edição de Hungaroring



FELIPE MACIEL


No ar a edição número 90 da Rádio OnBoard!

Na mesa, Fábio Campos, Ron Groo e eu comentamos a corrida da Hungria, a última antes da abertura das férias, com todos os merecidos destaques proporcionados neste domingo.


Clique para ouvirClique para baixar



A F-1 faz uma longa pausa, mas mantemos a pretensão de retornar no meio das férias com mais um edição. Até o próximo encontro.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Asas serão novamente inspecionadas



FÁBIO ANDRADE



O assombroso desempenho que a Red Bull voltou a apresentar na Hungria reacendeu a discussão sobre a legalidade do RB6, o vencedor projeto de Adrian Newey que começa, enfim, a resultar em vantagem numérica para a equipe austríaca na tabela de pontos. As equipes rivais insistem em questionar se a asa dianteira do carro taurino está ou não em conformidade com o regulamento.



Também a Ferrari sofre com as desconfianças sobre a legalidade de sua asa, e apesar de um teste já feito pela FIA ter atestado que tanto o RB6 como o F10 estão dentro do regulamento, o jornal italiano La Stampa afirma que uma inspeção mais exigente será feita antes da próxima etapa do mundial, o GP da Bélgica.

No primeiro teste, realizado antes da corrida em Hungaroring, as asas teriam de suportar o peso de 50 kg com uma variação máxima de 10 mm. Corre no circo, à boca miúda, o boato de que Red Bull e Ferrari teriam iludido os agentes no primeiro teste, pois suas asas, teoricamente, resistiriam à carga de 50 kg, mas se apresentariam uma flexão proporcionalmente acima do permitido se expostas a pressões maiores.

Para tentar eliminar as dúvidas, o novo teste da FIA será mais rigoroso, segundo o La Stampa. A partir de Spa a carga imposta às asas será de 100 kg, podendo haver variação de, no máximo, 20mm. Isso deve fazer com que os times precisem projetar reforços nas estruturas das asas.
Sobre questionamentos, Webber é incisivo

As sucessivas reclamações dos adversários renderam declarações da parte do piloto da Red Bull e líder do campeonato Mark Webber. O australiano referiu-se ao esforço da equipe para entregar aos pilotos um carro vencedor, lembrando que os engenheiros depositaram bastante esforço sobre o RB6, e lembrou que o modelo de Adrian Newey passou em todos os testes feitos pela FIA.



O piloto ainda alfinetou os concorrentes, dizendo que “quando existe pressão para que as pessoas mostrem resultados e eles não vêm, acontece esse tipo de coisa.”

As asas dianteiras parecem ser o motivo da próxima guerra entre as equipes, ainda que nesse caso a repercussão ainda não seja tão explosiva como foi no caso dos difusores da Brawn GP no ano passado. E a bem da verdade, não parece ser simplesmente a asa dianteira a única razão para a incrível velocidade que o RB6 apresentou na maioria das pistas. Seria simplista resumir a vantagem do carro da Red Bull apenas à questão da asa. Um modelo que se deu bem em pistas travadas como Mônaco e Hungaroring, e também em traçados velozes como Sepang e Silverstone provavelmente deve ter em diversos outros pontos as explicações para seu desempenho "de outro mundo."

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Schumacher correu risco de ser desclassificado



FÁBIO ANDRADE



A manobra de defesa de posição agressiva usada por Michael Schumacher contra Rubens Barrichello quase rendeu uma bandeira preta ao alemão no GP da Hungria. Foi o que revelou Derek Warwick, ex-piloto de Fórmula-1 e comissário especial convidado pela FIA para a corrida húngara. Segundo Warwick, Schumacher só não foi desclassificado da prova em Hungaroring por falta de tempo para que os comissários chegassem a um consenso, já que a polêmica manobra aconteceu nas voltas finais da corrida.



O ex-piloto esclareceu que para punir um piloto com a bandeira preta “é necessária a prova em vídeo e a concordância dos quatro comissários”. Como no momento do incidente restavam apenas quatro voltas para o fim do GP da Hungria, não houve tempo hábil para que o alemão fosse punido antes da bandeirada final.
Punição foi justa?

Warwick disse ainda que “Schumacher poderia ter sido punido com um ou duas corridas de suspensão, mas pensamos que a perda de 10 posições em Spa já é o suficiente. Isso praticamente o retira da corrida e prova que os comissários não vão admitir esse tipo de manobra”.

Brigas por posição são, por natureza, duras. E é certo que em determinaos momentos a disputa pode descambar para eventos perigosos, e isso é, afinal, inerente ao automobilismo. No rescaldo do duelo entre Schumacher e Barrichello, muitos lembraram do caso Senna X Prost em 1988 no GP de Portugal, reproduzido no post abaixo por Felipe Maciel.

A diferença básica entre o caso de domingo e o de 22 anos atrás? É que há duas décadas não havia race control.

A estruturação da figura da “direção de prova” como a concebemos hoje viabilizou a existência de uma entidade que atua como guarda, uma espécie de xerife invisível que tem como função, além de impedir trapaças ou qualquer irregularidade na lisura esportiva da F-1 (?), zelar pela integridade física dos pilotos. É um fenômeno próprio dos nossos tempos, da era do politicamente correto e da progressiva mudança de status do automobilismo: de esporte de risco a entretenimento nas manhãs de domingo. Nós esperamos que essa guarda entre em cena quando algo muito perigoso acontece. Daí o brado de Reginaldo Leme exigindo punição a Schumacher imediatamente após a disputa.

O alemão foi punido com a perda de 10 posições no grid de largada da próxima corrida, o GP da Bélgica. Para quem esteve sob risco de ser banido do GP da Hungria ou suspenso por uma ou duas corridas, o heptacampeão, como foi característico durante sua carreira, teve sorte. No entanto, é curioso que punições tão pesadas tenham sido cogitadas para que a pena efetivamente aplicada tenha sido relativamente branda.

Peso político do capacete vermelho? Afinal, a penalidade imposta a Schumacher foi adequada?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Prévias da manobra Schumacher-Barrichello-Hungria



FELIPE MACIEL



Schumacher e Barrichello voltaram a protagonizar uma polêmica no último domingo. Não foi tão grande quanto a de Massa e Alonso na Alemanha, nem com a de Schumacher e Barrichello (opa) há 8 anos atrás. Mas foi registrado como destaque negativo do GP do Hungria, culminando na perda de 10 colocações no grid da Bélgica por parte do alemão, sanção esta que há um bom tempo a FIA não aplicava.

Ainda assim serve de desculpa para relembrarmos momentos brilhantes do passado, afinal, apesar de tudo, esta foi uma baita ultrapassagem. O rápido amigo Rianov desforrou os duelos Senna x Prost na temporada de 1988, quando ambos se estranharam entre o muro e o rival da forma analogamente empolgante, embora riscos supérfluos não tenham sido assumidos na mesma intensidade do episódio mais contemporâneo.



Na primeira, a defensiva do Ayrton chega a assustar o pessoal da mureta que exibia as placas aos pilotos, mas Prost supera Senna limpamente na reta de Estoril.

A retribuição da gentileza se dá em Suzuka, com o futuro campeão entrando no vácuo do Professor e completando a ultrapassagem na curva 1.



Em termos de susto, porém, nenhuma se assemelha tanto à do Michael com Rubens como esta disputa entre Webber e Massa no Japão em 2008, logo na abertura do vídeo seguinte. Naquela época foi de se pensar que o muro acabou na hora certa. Mas vendo isso hoje, parece que o roda-a-roda na Hungria deixou o racha de Fuji no chinelinho.

Ou talvez a sensação seja menos expansiva do que quando vimos ao vivo por conta do Evanescence dominando o fundo musical. Quem, em sã consciência, dedica um vídeo ao público do automobilismo sem permitir que se escute o som do motor?



Absolutamente nada contra a banda, só mantenho certa curiosidade em saber quando foi que combinaram que Bring Me To Life deveria virar moda nos vídeos da F-1 no YouTube.

domingo, 1 de agosto de 2010

Dupla de equipe: GP da Hungria

Vitaly Petrov


Deu pra imaginar que o russo ia dar um certo trabalho ao Hamilton, talvez com os dois fazendo uma versão remix daquele rebolation de Sepang, mas o Petrov abanou na volta dois e frustrou a todos nós.

Mas o cara fez uma corrida sólida, manteve-se próximo ao Rubinho e faturou esse 5º lugar que é fundamental para a auto-estima e motivação dele dentro da F-1. Só tenho uma pergunta: cadê aquela mulher que o Galvão dizia que era a mãe dele?

Fábio Andrade



Fora a parte em que Petrov chama Hamilton para dançar lambada e o inglês nem dá bola, a russo fez um fim de semana excepcional. 5° lugar para ele é um resultado que fala por si só. Deve ser um daqueles exemplos de piloto que casa com a pista.

Felipe Maciel



Sauber


Acho que a Sauber é a segunda equipe de todo mundo, o time que conta com a simpatia do povão. Então é legal ver os dois pontuando pela primeira vez no ano.

E palmas para o Kobayashi! De 23º para 9º, numa grande ascensão. Claro que as várias quebras que aconteceram hoje ajudaram, mas o ganho de posições do japa foi invejável.

Fábio Andrade



Apesar dos cofres vazios, a simpática equipe do tio Peter conseguiu pontuar com os dois. Já era hora, hein, de la Rosa! O Kobayashi, nem se fala. O sayajin fez um teletransporte de 23° para 9° e segue sendo o piloto que mais dá gosto de ver lá no meio do pelotão. Apesar de que, desta vez, quase não vimos. A transmissão da FOM não deu muita bola para ele. De repente, o japinha estava lá na zona de pontos.

Felipe Maciel



Pit da Mercedes


Hoho, vou deixar as piadinhas sobre o Nico roda solta pro Groo e pro Marcão. Mas que vacilo que a equipe deu.

Vi depois que a roda atingiu um mecânico da Williams, mas sem ferimentos. Acho que a Nica tá com saudade de soltar a rodinha pra alguém nos boxes azuis. Tá, parei.

Enfim, o curioso é ano passado aconteceu algo semelhante com Alonso na Renault em Hungaroring.

Fábio Andrade



Normalmente não gosto quando alguém é punido por uma falha desse tipo, que não qualifico como displicência ou negligência. Foi um erro infeliz de quem está sob aquela pressão provocada pela muvuca nos pits. Mas como o autor não foi o único afetado, e o vacilo atingiu pessoas de outra equipe que não tinham nada com a história, a punição acaba sendo mais que inevitável. O piloto, nessas ocasiões, fica rendido. Azar do Nico.

Felipe Maciel



Kubica x Sutil


Eu sempre acho gozado quando acontece algo desse tipo no mundinho high tech da F-1. Bastava o cara do pirulito ter segurado a onda e nada disso teria acontecido. Mas, são coisas de corrida.

Só não achei razoável punir o Kubica. Ele já teve o prejuízo inerente à confusão que aconteceu. E incidentes desse tipo vão existir enquanto existirem pit stops, é coisa normal a meu modo de ver.

Fábio Andrade



Esse sim é um deslize crasso. Mandar o piloto sair quando está passando carro no pit lane é uma bobeira clássica. Mas o mecânico chefe da Renault caprichou, liberando o Kubica quando o piloto que vinha era justo o da garagem da frente. Que bela patacoada!

Nesse caso, a punição esportiva não significa absolutamente nada, já que a corrida do polonês foi pelo ralo de imediato. A multa de bolso se fez necessária: então que tratem de transferir US$ 50 mil para o paypal da FIA amanhã.

Felipe Maciel



Punição a Vettel


Tá certo, desrespeitou o regulamento, tem que sofrer as sanções cabíveis. Não luto contra isso, é o certo. O negócio é que se é para punir, que todo mundo seja punido com o mesmo senso de justiça.

Afinal, certa equipe e seus pilotos derespeitaram frontalmente, e de forma muito mais acintosa e agressiva, as regras no domingo passado e nem surgiu a possibilidade de uma punição esportiva.

Fábio Andrade



Na Fórmula 1 é assim, não pode fazer jogo de equipe. Se seu carro for vermelho talvez possa. Mas não pode.

Bem, falando sério, o tempo do safety car na pista foi tão rápido que eu sequer notei que haveria relargada naquela volta. Engraçado que Vettel deu a mesma justificativa! Mas como é improvável que a Red Bull estivesse dormindo e não tenha avisado seu piloto, não é difícil concluir que Sebastian jogou fora uma vitória certa enquanto executava a ordem de Christian Horner. Escorregada boba do Vettel que custou a dobradinha energética.

Fale o que quiser da Ferrari, mas quando ela faz jogo de equipe, ela sempre tira bom proveito disso. Já a Red Bull parece bastante atrapalhada no assunto. Quando não faz, dá problema; quando faz, também. É inadmissível que o time saia da Hungria sem os 100% de aproveitamento com aquele carro de outro mundo. Quanto desperdício de pontos numa só temporada...

Felipe Maciel



Schumacher x Barrichello


Schumacher foi um verdadeiro kamikaze em Hungaroring. Conduta irresponsável e incompatível para um multicampeão como ele.

É lógico que ninguém esperava que o alemão desse a posição de presente ao Barrichello. O próprio Schumi sabe que é conhecido justamente pelo contrário, por disputar cada centímetro como se fosse o último. Mas nas circunstâncias em que a corrida estava, com Barrichello muito mais forte que ele, o Schumacher não devia agir de forma tão inconsequente. Felizmente o muro acabou na hora certa e não houve maiores problemas com Rubinho além de duas rodas na grama.

Fábio Andrade



Surpresa zero com a atitude do Schumacher. Surpresa mesmo foi finalmente sair punição. O alemão está defendendo posição com essa agressividade há bastante tempo, independente do adversário; só hoje que a FIA achou de punir. Também, se passasse de hoje, é porque não puniria mais nada nem por decreto.

Engraçado é que, por mais violenta que seja sua repulsão por tomar ultrapassagens, ele segue tomando...

Felipe Maciel

Webber vence na Hungria e lidera o mundial



FÁBIO ANDRADE



No domingo passado, no GP da Alemanha, a Ferrari atentou violentamente contra a esportividade e não foi punida. Nem esportivamente, nem financeiramente, já que a multa de 100 mil dólares não configura exatamente um problema irremediável para o time italiano. Hoje, no GP da Hungria, a direção de prova andou com a caneta na mão, muito rigorosa, e as sucessivas tentativas de fazer justiça só não foram completamente injustas porque a Red Bull voltou a sobrar como já fizera em outras ocasiões na Fórmula-1.



A equipe austríaca venceu em Hungaroring. Sim, a equipe, porque por mais que Mark Webber tenha sido brilhante em sua condução após a entrada do Safety Car, o RB6 foi a grande estrela do dia, como já havia sido ontem na classificação. Mas o real motivo de a Red Bull ser a grande vencedora do fim de semana na Hungria é a capacidade que a equipe teve de fazer dar certo o que tinha tudo para dar errado, mesmo com as invenções da direção de prova.
O regulamento ou a vida

Via de regra, a largada foi como se previa. Carros do lado ímpar largaram melhor do que os do lado par. Fernando Alonso deixou Webber para trás e cresceu para cima de Sebastian Vettel. O bicampeão não conseguiu a ultrapassagem e logo começou a assistir o grande rendimento de Vettel, que abria distância num ritmo próximo de um segundo por volta.



As posições estavam fixas, dadas as dificuldades de se ultrapassar na pista de Hungaroring. Mas pouco antes da rodada de pit stops um pedaço de Force India perdido na pista mudou a história da prova.

Na volta 15 uma parte do bico do carro de Vitantônio Liuzzi se desprendeu e ficou atravessada na pista. A direção de prova acionou imediatamente o Safety Car. Todos os líderes, exceto Webber, entraram nos boxes em comboio, seguidos por praticamente todo o restante do grid. E a Fórmula-1 honrou o apelido de “circo”.

O congestionamento nos boxes de Hungaroring transformou um simples pit stop numa operação de guerra. E em meio ao tumulto instalado no pit lane, Robert Kubica chocou-se com Adrian Sutil. Simultaneamente, um pouco mais atrás, a Mercedes também fazia uma tremenda presepada deixando frouxa a roda de Nico Rosberg. E a cena que a tv mostrou era digna de picadeiro: dois carros batendo de forma esdrúxula enquanto uma roda perdida quicava sem rumo nos boxes húngaros.

Mas não foi a confusão nos pit stops o principal efeito da entrada da Safety Car. Depois de tudo o que aconteceu nos boxes, Mark Webber pulou na ponta, optando pelo adiamento de sua troca de pneus. Vettel era o segundo, seguido por Alonso. No momento da relargada, o alemão permitiu que o companheiro de equipe escapasse na frente, extrapolando um espaço virtual de dez carros que é convencionado pelo regulamento e que é o máximo que pode existir de diferença entre os bólidos na fila indiana atrás da Safety Car.


Essas coisas que ninguém entende

Ok, foi uma modalidade menos convencional, menos agressiva também, mas ainda assim uma espécie de  jogo de equipe o que aconteceu em Budapeste. E o resultado foi uma punição esportiva, um drive-through que Vettel cumpriu voltas depois, muito contrariado por não entender o que se passava. A contradição da história é que por muito mais, a Ferrari saiu ilesa de Hockenheim no domingo passado.

De coisas que ninguém entende, o GP da Hungria ainda não estava completo. Em razão do bate-rebate nos boxes, Kubica, já uma volta atrás e com a corrida totalmente comprometida, ainda foi punido com um splash-and-go. Vale lembrar que é convencionado na F-1 que em situação de saída de boxes a responsabilidade pela liberação do piloto é do mecânico responsável pelo chamado “pirulito”. Ainda assim, o episódio entre Sutil e Kubica é um daqueles em que não há premeditação, afinal, mecânico e piloto nenhum estragaria a própria corrida de propósito. Apesar de todo o fator inusitado da batida, ela foi, por que não, um acidente de corrida. Mas alguém na FIA acha justo punir o que é próprio do automobilsimo.

Este blog adverte: de coisas que ninguém entende, o GP da Hungria ainda pode reservar surpresas. Resta que Nico Rosberg seja punido pela roda solta de seu Mercedes, como se ele tivesse esquecido de parafusá-la.
Papa-Léguas



A Austrália é a terra do canguru, mas Mark Webber está tratando de mudar o animal-símbolo de seu país. Era difícil de acreditar que o piloto australiano conseguiria subir ao pódio depois do adiamento do pit stop do agora líder do campeonato. Com Vettel punido, em terceiro, o GP da Hungria era a corrida em que 100% das apostas podiam dar errado para a Red Bull. Mas 50% deram certo.

Incrivelmente, os pneus super-macios de Webber resistiram mais de 40 voltas e possibilitaram ao papa-léguas australiano um rendimento forte o suficiente para abrir vantagem de mais de 20 segundos sobre Alonso. Assim, Webber pôde fazer sua troca de pneus e voltar com folga, não sendo mais incomodado por ninguém no resto da corrida. Uma vitória do piloto Webber, é certo, mas ainda mais da equipe que, finalmente, venceu quando tinha tudo para perder. Um belo contraponto ao início de campeonato da Red Bull, que perdia quando tinha tudo para ganhar.
Para trás, alemães

A expectativa para as últimas 20 voltas do GP da Hungria ficavam por conta de uma suposta briga entre Alonso e Vettel pela segunda posição. Só que Vettel não conseguiu em nenhum momento aproximar-se de forma efetiva do espanhol, e o pódio ficou decidido desde a volta 50. Era o último lugar da zona de pontuação que seria alvo da disputa mais quente da corrida.

Rubens Barrichello largou de pneus duros. Pretendia fazer uma primeira perna de corrida bem longa e fez, dando mais de 50 voltas. Quando finalmente parou, calçou os pneus macios, e seu rendimento era fortíssimo. Em 11º, logo se aproximou de Michael Schumacher, muito mais lento, e iniciou a perseguição ao antigo companheiro e atual desafeto.



Foram voltas estudando o comportamento do alemão, que vendeu caro a ultrapassagem. Na manobra decisiva, Schumacher espremeu violentamente Barrichello contra o muro, quase ocasionando um choque com capacidade para gerar um acidente sério. A briga, que jamais pôde ser contemplada em tempos de Ferrari, dessa vez terminou com Barrichello na frente, e a expectativa de punição ao heptacampeão pela agressividade com que disputou a posição na reta principal de Hungaroring.
Grande Prêmio da Hungria, resultado após 70 voltas: