sábado, 31 de julho de 2010

Vettel marca a pole e bate recorde de Hungaroring



FÁBIO ANDRADE



O treino classificatório para o GP da Hungria aconteceu como um livro de memórias aberto. A Fórmula-1 ainda sente os efeitos da crise de imagem que se abateu sobre a Ferrari depois da troca de posições no GP da Alemanha. E ainda se lembra da última vez em que uma sessão classificatória foi realizada no circuito de Hungaroring, em 2009, quando o mundo viu o quão perigoso ainda pode ser o automobilismo.

E no treino de hoje, a F-1 voltou a se assombrar. Não com um grave acidente nem com ordens de equipe sem sentido. Foi o desempenho da Red Bull e de Sebastian Vettel que surpreendeu, não pela pole em si, que já era esperada, mas pela facilidade com que o piloto alemão cravou o novo recorde da pista de Hungaroring. Até mesmo Mark Webber ficou a consideráveis quatro décimos do jovem alemão.


Button fica fora do Q3 e larga em 11º

No bloco intermediário a principal surpresa ficou por conta de Jenson Button. O atual campeão não conseguiu avançar para a última parte da classificação e largará do 11º lugar amanhã. Em Silverstone o piloto britânico viveu situação parecida, largando em 14º, mas se recuperou bem durante a corrida e terminou na quarta colocação.

Mas houve mais no asfalto do travado circuito húngaro. Kamui Kobayashi foi o azarado da vez e foi eliminado da classificação logo no Q1. Após sua última volta rápida, enquanto voltava para os boxes, o japonês ignorou a luz vermelha na entrada do pit lane e seguiu em frente, fato que foi repetido pela transmissão televisiva da FOM. Segundo a liturgia da F-1, espera-se uma punição para o japonês nas próximas horas.

A Force India vive um período de dificuldades nesse início de segunda metade da temporada. A equipe que costumava ir para o Q3 com frequência nas primeiras corridas do ano perdeu terreno. Não parece ser coincidência que isso ocorra justamente no mesmo período em que sua parceira, a McLaren, também enfrenta uma queda de rendimento na linha de frente do grid.

Na briga entre pilotos da mesma equipe, Michael Schumacher, mais uma vez, anotou dados negativos no almanaque. Larga em 14º, oito posições atrás do companheiro, Nico Rosberg. Vitaly Petrov, no entanto, conseguiu pela primeira vez no ano andar a frente do parceiro de Renault, Robert Kubica. Rubens Barrichello, que anotou bons tempos no Q1, curiosamente não obteve bom desempenho no Q2. O brasileiro larga em 12º enquanto seu companheiro de Williams, Nico Hulkenberg, larga na 10ª posição.


Red Bull briga sozinha pela ponta e Vettel detona recorde da pista

Lá na frente a Red Bull correu uma categoria isolada. A equipe austríaca afastou de vez qualquer dúvida sobre a superioridade do equipamento, depois de andar atrás da Ferrari no GP da Alemanha. Sebastian Vettel e Mark Webber não tiveram concorrentes, e dominaram o Q3 com ampla vantagem sobre os demais pilotos.

Tamanho foi o domínio da Red Bull que Vettel pulverizou o recorde da pista húngara, que era de 1min19s071 e pertencia a Michael Schumacher. A marca datava de 2004, quando os carros corriam com motores V10, sem congelamento de potência e sem as restrições aerodinâmicas do atual regulamento. Vettel andou 298 milésimos abaixo do antigo recorde de Hungaroring.
Tudo certo na Ferrari

Depois do papelão da semana passada em Hockenheim, o resultado do treino classificatório deve ter deixado satisfeita a cúpula da Ferrari, afinal, Alonso posicionou-se a frente de Massa, diminuindo a probabilidade do uso das ordens via rádio para determinar na pista a vontade da equipe.

Na largada de amanhã é pouco provável, com pista seca, que se repita o que aconteceu em Hockenheim, quando Massa teve uma grande partida. O brasileiro dessa vez larga no lado sujo da pista, e em Hungaroring a diferença entre a parte “ímpar” e a parte “par” do traçado é significativa já que a pista é pouco usada por outras categorias durante o resto do ano.



No caso de Massa conseguir se posicionar a frente de Alonso como na Alemanha, a Fórmula-1 viverá novo suspense. Massa afirmou durante a semana que não fará novamente o que fez uma semana atrás, e uma reportagem da revista alemã Auto Motor und Sport alega que o brasileiro resistiu às ordens da equipe em Hockenheim, atendendo a solicitação do time apenas na terceira comunicação. Mas tudo isso é assunto para amanhã durante as 70 voltas do GP da Hungria.

A previsão climática para a região de Budapeste aponta tempo instável para a tarde de amanhã, com aumento de nebulosidade. Porém, segundo o site Weather Channel, não há chances de chuva.
Grid de largada para o Grande Prêmio da Hungria

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Senna fala sobre Massa e a cruel torcida brasileira



FELIPE MACIEL



Já cogitei fazer um post reunindo algumas declarações de pilotos sobre a polêmica, mas perdi o interesse. Não eram comentários tão interessantes assim. Tem piloto que é declaradamente a favor da ordem de equipe, como Schumacher e Webber. Tem quem se posicione contra, como Button. Tem quem use o episódio da Alemanha para mostrar ao público por que Áustria-2002 aconteceu. Mas nenhuma entrevista acrescentou tanto quanto à de Bruno Senna, e por isso só o bate-papo dele com os jornalistas brasileiros mereceu destaque aqui.

A sinceridade e a compreensão macroscópica do piloto da Hispania é a mais pura verdade que quem está de fora às vezes não percebe.
Fórmula 1 é um negócio antes de ser um esporte. O esporte são os pilotos, o negócio são todas as outras pessoas que estão ali dentro.

Bruno Senna



Sim, a Fórmula 1 é antes de mais nada um negócio. Ela nasceu do negócio. Quando se praticou F-1 pela primeira vez, como foi? Alguém pegou um par de chuteiras e uma bola e saiu jogando? Pegou uma raquete e um par de tênis e começou a passar a bolinha por cima da rede? Não. Antes de existir competição de Fórmula 1 era necessário existir dinheiro, engenharia, fornecedor, carro... os pilotos são a última peça do quebra-cabeça para que se concretizem as corridas.

Um negócio que vira esporte; um esporte que, quanto mais cresce, mais próximo do negócio fica. O raciocínio básico do jogo de equipe da Ferrari - de ganhar a qualquer custo - é o mesmo que leva o Ecclestone a virar as costas para a França e inventar GP em Abu Dhabi. Essa é só uma constatação da dura realidade deste esporte. Não significa que devemos aceitar nada, apenas uma constatação de sua natureza, repito. Mas a parte mais interessante da entrevista vem a seguir, com o repórter Felipe Motta dialogando com Senna a respeito do comportamento da torcida brasileira diante da manipulação em Hockenheim.



O piloto brasileiro se encontra numa situação muito difícil. Eu conversei com jornalistas do mundo inteiro e eles me disseram que quando há ordem de equipe no país deles, a torcida fica incomodada mas direciona muito de sua revolta para a equipe porque ela tem esses valores de autoridade e de expectativa. Não que o brasileiro não tenha isso de respeitar autoridades. Tem, mas eles vinculam a F-1 ao piloto e ao país como se fosse uma Olimpíada. F-1 é uma Olimpíada?

Felipe Motta




Esporte é esporte. Pelo que eu sinto da torcida brasileira, o esportista brasileiro tem obrigação de vencer, como na Copa. A seleção brasileiro chega na Copa com a obrigação de vencer. Não é justo para ninguém lidar com esse tipo de pressão. Todo mundo que disputa um esporte de alto nível como é a F-1, como é a Copa... a competição é forte, ninguém tem a obrigação de ganhar nada. Não existe alguém que seja tão extraordinário que não exista competição. As pessoas têm de entender que o esporte é competição. Ninguém é invencível.

É uma coisa que todo mundo tem de se educar, aprender a torcer pelo sucesso do esportista, e não só pela vitória. Ele pode ser bem sucedido, mesmo não sendo o campeão, o melhor de todos os tempos. É uma profissão: você faz porque gosta e não porque você só pode ser campeão. (...) O esportista quer o torcedor que torce pelo sucesso dele, não que o odeie quando ele não obtém o sucesso que foi projetado. Acho que é uma questão de educação.

Bruno Senna



A conversa prosseguiu com o jornalista avaliando que o público se sentiu lesado pela manobra da Ferrari, já que na óptica do torcedor, o esportista pode ter sucesso ou insucesso desde que tenha perdido na pista, algo que qualifica o episódio como indigno. Bruno comenta ser difícil argumentar que se entregue um GP de mão beijada ainda no meio da temporada, mas contrapõe que às vezes se sacrifica uma corrida para ganhar coisas mais à frente.

Enfim, não cabe aqui reproduzir todos os melhores momentos da conversa, por isso deixo o link com áudio da entrevista completa.



Tenho a sensação de que o Brasil é o pior país para se nascer caso se pretenda ser um piloto de Fórmula 1. Vejo comentários dizendo que Massa virou o novo Rubinho. Pois bem, quando foi que Rubinho virou Rubinho? Foi na Áustria há 8 anos? E bastou o Massa executar ato semelhante agora na Alemanha para ele "entrar para o clube"?

Aí é que está. O público brasileiro tem a incrível capacidade de se deparar com uma cena revoltante e apagar todas as demais passagens da carreira de um piloto, deletar todas as qualidades que reconhecia no esportista e dizer que se recusa a torcer por ele novamente.

Se no lugar do Felipe, o Kubica fosse o companheiro do Alonso a abrir para o espanhol, ninguém aqui passaria a ignorar o potencial do polonês e tudo o que ele já mostrou na Fórmula 1. Nem aqui nem na Polônia, nem em canto algum.

O povo brasileiro leva casos como este para o lado pessoal. O que me remete inevitavelmente àquela velha frase: "triste do país que precisa de heróis". Não vou argumentar que não se deve condenar o Felipe e depositar sobre ele a carga de responsabilidade pelo caso; seria inútil. Neste país, busca-se um novo Senna e nada menos que isso. Nunca vão encontrar e nunca desistirão de procurar. E o caráter implosivo da torcida brasileira seguirá destruindo ídolos de respeito.

Não que isso me afete. Não sou eu quem precisa de piloto brasileiro para assistir Fórmula 1.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Contra as evidências, Massa nega ser 2º piloto da Ferrari



FÁBIO ANDRADE



Aos olhos de grande parte da opinião pública brasileira, Felipe Massa se “barrichellou” ao aceitar a troca de posições com o companheiro Fernando Alonso no último GP da Alemanha. Se a impressão de que o piloto brasileiro aceitou a posição de segundão dentro da Ferrari foi imediata, o impacto das palavras ditas hoje pelo vice de 2008 reforça ainda mais a impressão de que uma síndrome de Barrichello talvez esteja recaindo sobre Massa.



Em entrevista concedida hoje, Massa foi categórico. No caso de repetição da situação ocorrida em Hockenheim, o brasileiro afirmou que ganhará a corrida. E completou: “no dia em que eu me sentir segundo piloto eu vou parar de correr”.

Como torcedor da Fórmula-1 como um todo, gostaria muito que tudo o que Felipe Massa disse fosse crível, mas conhecendo a Ferrari, as palavras do brasileiro são difíceis de serem levadas a sério. Se em Hockenheim a equipe o obrigou a ceder a liderança para Fernando Alonso, o que haveria mudado agora, cinco dias depois do turbilhão, em Hungaroring?

A imagem da Ferrari, de parte dos patrocinadores e do próprio Felipe Massa sofreu uma imensa mancha (reitero que Fernando Alonso já tem em seu currículo diversas chagas, sendo a do último domingo apenas mais uma. O espanhol caminha a passos largos para ser um novo Schumacher) depois do ocorrido do último fim de semana na Alemanha justamente pela encenação montada aos olhos do mundo. Para um piloto cuja imagem jaz a céu aberto em seu país, um novo teatro retiraria definitivamente de Felipe Massa o direito a um velório digno.

Asa flexível é o aparato do momento



FELIPE MACIEL



A Fórmula 1 vê florescer o terceiro intrigante arranjo técnico deste ano. O duto F inventado pela McLaren foi o primeiro, gerando uma pequena polêmica de início, que ganhou proporções ainda maiores quando a Ferrari instalou seu sistema de forma a exigir a tirada de mão do volante de seus pilotos. Outras equipes vieram no rastro depois.

O escapamento associado ao difusor foi o segundo grande ícone técnico da temporada, inaugurado pela Red Bull e já devidamente copiado pelas rivais. Quanto ao terceiro, em voga neste momento, é nada mais nada menos que a asa viva formulada pela mesma escuderia energética.



O vídeo mostra bem seu funcionamento. Tome o pneu como referencial e observe o movimento do aerofólio.

De alguma forma, a asa dianteira se enverga de maneira a baixar a altura dos endplates, esboçando um U de cabeça para baixo se visto de frente. À medida em que o carro acelera na reta, as laterais do aerofólio descem cerca de 25 milímetros, rendendo alguns décimos de vantagem. Na freada, evidentemente, a asa retoma sua horizontalidade.

O mecanismo é extremamente curioso, a ponto de o engenheiro da McLaren, Paddy Lowe, reconhecer que precisará trabalhar bastante para criar sua versão, visto que ele não faz ideia de como o bicho funciona.

A Ferrari foi rápida no gatilho e estreou o seu no GP da Alemanha, colocando ainda mais pressão sobre a McLaren com relação às suas duas grandes adversárias. As análises da FIA não constataram qualquer irregularidade, portanto se ela deseja impedir a continuidade da asa flexível, uma boa solução será tapar a brecha no regulamento do ano que vem.

E por mais que existam regras restringindo a liberdade dos projetistas, a criatividade dos engenheiros segue pegando todos de surpresa. Assim que é bom.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Day After



FÁBIO ANDRADE



O noticiário demorou para se livrar do gosto ruim deixado pelo GP da Alemanha. Com atraso, o mundo de atualidades da Fórmula-1 começou a girar novamente, deixando de viver apenas em função do ocorrido em Hockenheim. Já estava na hora.
FOTA deseja aumentar segurança

A facilidade com a qual as rodas se desprendem dos carros de Fórmula-1 fez soar o alerta na Associação de Equipes de F-1. A FOTA informou nessa quarta-feira que estuda medidas para aumentar a segurança e diminuir a incidência de problemas com o desprendimento das estruturas. A preocupação da entidade aumentou depois do acidente de Vitantônio Liuzzi durante o treino classificatório para o GP da Alemanha, no último sábado. Na ocasião, Liuzzi perdeu o controle e bateu no muro da reta principal do circuito de Hockenheim e uma das rodas de seu Force India se soltou, atravessando a pista enquanto o Virgin de Timo Glock cruzava o mesmo trecho.

 



 

O alerta ganha importância quando se lembra da morte do piloto de F-2 Henry Surtees, filho do campeão de F-1 John Surtees. O jovem piloto morreu em julho de 2009 ao ser atingido por uma roda solta na pista de Brands Hatch após a batida de um outro carro.

 



 

Já em 2010 um outro acidente chamou atenção e serviu de alerta. A suspensão do Toro Rosso de Sebastien Buemi se rompeu e libertou as duas rodas dianteiras no trecho de maior velocidade no circuito de Xangai, na China:

 



Para diminuir a probabilidade de acidentes desse tipo na F-1, a FOTA pretende reforçar os cabos que ligam os chassis às rodas. Hoje existe um cabo fazendo essa ligação em cada uma das quatro rodas de um bólido de F-1. A ideia de Paddy Lowe, engenheiro da McLaren, é reforçar a estrutura com mais um cabo por roda, visando aumentar a resistência do conjunto de segurança.

A intenção do Grupo de Trabalho Técnico é tornar a barra de segurança dupla uma exigência obrigatória no regulamento de 2011.
Ecclestone afirma que algumas equipes devem deixar grid

Bernie Ecclestone gosta das machetes. E conseguiu, mais uma vez, se pôr no topo das discussões, o que é não é a mais fácil das tarefas numa ocasião em que a F-1 respira escândalos. O velho dirigente comercial da categoria, depois de dizer que apoia o jogo de equipe tal como ele foi praticado pela Ferrari no último domingo, voltou a ser notícia ao afirmar que “uma ou duas” das atuais equipes não estarão no grid em 2011 ou até mesmo no fim de 2010.

Segundo Ecclestone, “dez equipes é tudo o que desejávamos”. Há de se concordar com o velho cartola no que diz respeito à competitividade das três equipes que estrearam nesse ano. De muito pouco valeu, até aqui, a participação de Lotus, Virgin e Hispania senão para abrir passagem para os carros de ponta. O que não quer dizer que um grid com magros 20 carros seja o desejável para uma categoria como a F-1.

Rádio OnBoard - Edição de Hockenheim-10



FELIPE MACIEL



Está no ar a 89ª edição da Rádio OnBoard!

Na companhia dos amigos Ron Groo e Fábio Campos, pusemos em discussão a mais recente polêmica da Fórmula 1, com o jogo de equipe que deu a vitória a Fernando Alonso no GP da Alemanha. Depois de tanto escrevermos sobre o assunto, agora as análises são faladas. Clica aí...


Clique para ouvirClique para baixar



Logo no próximo fim de semana será a vez do GP da Hungria, portanto irá ao ar mais um programa ao vivo na véspera, mais precisamente às 20h de sábado, em nosso link de praxe. Depois da corrida voltaremos em nova edição gravada comentando os acontecimentos da etapa de Hungaroring. Até lá.

Titônio fala por Felipe Massa



FELIPE MACIEL


Já que ninguém na Ferrari tem a permissão da equipe para falar o mínimo de verdade, só mesmo alguém sem contrato com ela mas com conhecimento suficiente a respeito das relações com Maranello para comentar honestamente o caso. Veja essa história do ponto de vista do pai de Felipe, Titônio Massa:

terça-feira, 27 de julho de 2010

Especulando as possibilidades de punição para a Ferrari



FELIPE MACIEL



Iniciemos este post com o super-carcamano da Fórmula 1, aquele que possui pós-doutorado no assunto enquanto o Domenicali ainda está estudando para o vestibular. Flavio Briatore achou lindo ver a Ferrari favorecendo Alonso. Disse que faz todo sentido o time apostar em quem tem mais pontos no campeonato, afirmou que a regra que proíbe o jogo de equipe é absurda e se posicionou totalmente favorável ao jogo. Até aí não disse nada que não esperássemos. A frase forte ficou por conta de seu otimismo quanto ao posicionamento do Conselho.
O presidente do Conselho Mundial é Jean Todt, que comandava a Ferrari quando na Áustria, em 2002, ele ordenou que Barrichello deixasse Schumacher passar na bandeira quadriculada. Então acho que todos podemos relaxar.

Flavio Briatore



Ok, muita gente já deve ter pensado o mesmo. Mas vamos nos lembrar do Spygate que dominou a temporada de 2007, quando o então presidente da FIA Max Mosley fez campanha para eliminar a McLaren da F-1, pelo menos até o final do ano seguinte, 2008. Por um instante, o mundo acreditou que fosse possível, assim que a Autosport publicou a notícia de que tradicional escuderia havia sido banida do esporte, informação esta que rapidamente se espalhou por diversos órgãos de imprensa, deixando todos de queixos caídos. Hoje podemos rir desta big-barrigada da mídia, que foi retirada do ar poucos segundos depois da equivocada publicação.



Voltando à questão principal, o fato é que o presidente da FIA, apesar de toda sua rivalidade contra Ron Dennis e desejo de se livrar de sua figura, não foi capaz de provocar a exclusão da equipe. Isso porque não cabe ao presidente da FIA definir o resultado de julgamento no Conselho. Cabe ao Conselho, ora.

Mais do que isso, a participação do Bernie Ecclestone também sempre deve ser levada em conta. E o chefão da F-1, naquele episódio, se colocava contrário à opinião de Mosley, zelando por uma sanção amena à Woking. O final da história todos conhecem: o time foi desclassificados do Mundial de Construtores.

Quanto ao caso da Ferrari em Hockenheim, a situação parece muito mais tranquila para a equipe se considerarmos o que se passa na cabeça dos presidentes da FIA e da FOM. Jean Todt dispensa comentários, seu sucessor na Ferrari se mostrou um verdadeiro discípulo do francês. Já a opinião do Bernie Ecclestone é esta:
Confesso que concordo com qualquer pessoa que defender o banimento das regras de ordens de time. Fazemos as pessoas chamarem isso de equipe. Ambos os carros devem ser os mesmos. Os pilotos vestem as mesmas roupas. Todos parecem um time, uma equipe que está correndo.

Acredito no que os dirigentes fazem quando estão na equipe e o modo com que conduzem seus times é problema deles. É claro que, se fizerem algo perigoso, então estarão com problemas. Do contrário, eles que se entendam.

Bernie Ecclestone



Em outras palavras, para ele ninguém tem que meter o bedelho na equipe dos outros. O que nos leva a um quadro interessante, onde os dirigentes dos órgãos comercial e regulamentador mantêm um raciocínio em comum.

Seguindo certa lógica (ainda que questionável), a punição à Ferrari deve ser menos rigorosa que aquela aplicada à McLaren - o que já era esperado independente da opinião deles. Por isso duvido que cassem os pontos do campeonato. Talvez apliquem uma multa maior que a esmola de 100 mil dólares determinada pelos comissários. No pior das hipóteses (ou "melhor", depende do seu ponto de vista), ocorreria a desclassificação dos dois carros do GP.

Uma opção a se pensar seria apontar uma punição esportiva qualquer mas ressalvar que ela só será sobrada caso a escuderia volte a cometer um ato semelhante num intervalo de tempo de 1 ano - medida análoga àquela adotada pelo Conselho Mundial no episódio da mentira da McLaren em 2009.

Ou então nem precisa fazer audiência alguma. Chama os italianos para se reunirem naquela mesa gigante e bonita do Conselho, liga para a pizzaria, faz o pedido, bate um papo durante umas cinco horas e depois manda avisar aos jornalistas que ninguém foi punido.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Escândalo da Ferrari na Alemanha mudará a F-1?



FELIPE MACIEL


Quando perguntam a um ator qual o personagem mais marcante da carreira ele diz que é sempre o atual. Quando se pergunta a um técnico de futebol qual o time adversário mais perigoso, responde que é sempre o do próximo jogo. A Fórmula 1 está ficando parecida como este tipo de lugar comum. Responda rápido: Qual a pior polêmica da história? Fica a impressão de que é sempre a mais recente.

Mas não, a marmelada ocorrida no GP da Alemanha não é a pior coisa que já se viu. Eu diria se tratar de uma das polêmicas menos assustadoras da década. Áustria-2002 foi muito pior, ocorrendo logo no início de um campeonato onde o carro da Ferrari era disparado o melhor do ano, o que tornava injustificável o sacrifício de Barrichello para Schumacher vencer.

Em 2007 tivemos um escândalo de roubo industrial que gerou discussões durante um ano inteiro, culminando na eliminação da McLaren do Mundial de Construtores. O Nelsinho batendo de propósito em 2008 forma com o caso da espionagem as mais lamentáveis polêmicas extravagantes da categoria. Não só da década; da história.

A crise da mentira em 2009, sim, me parece uma passagem menos feia que a triste colaboração do Massa com Alonso em Hockenheim. Me reservo o direito de manter o sadomasoquismo particular de Max Mosley fora desta lista.



Desculpa se ficou parecendo um ranking de infelicidades, a intenção não é essa. Como pode se ver, a Fórmula 1 encontrou uma fase em que apresenta ao menos uma vergonha por ano, mas ela continua lá, firme e forte, cheia de espectadores e saldos lucrativos para as corporações atuantes. É um esporte que nem precisa se dar ao trabalho de tentar agradar seus stakeholders para fazer sucesso.

Mas será que nada muda? 2011 virá aí e a F-1 estampará uma nova encrenca nas páginas dos jornais de automobilismo? Alguém sabe como fazer isso parar? Aliás, será que Bernie Ecclestone e cia. desejam que isso pare ou eles gostam de ver o circo pegar fogo?

Pronto, fiz uma série de perguntas que não sei responder e você provavelmente também não. É duro explicar inclusive o fato de vivermos num período tão intensamente conturbado, com um show de crises em toda santa temporada. Possivelmente há alguma relação com o crescente nível de exposição, que desmascara as sandices que sempre existiram no meio.

Já temos a informação de que a audiência no Conselho Mundial está marcada para 10 de setembro. Serão 4 semanas de intervalo após a Hungria, no entanto o julgamento acontecerá somente na véspera do segundo GP de retorno das férias - Itália, diga-se. Em outras palavras, daqui a um mês e meio. Haja paciência... Eles terão tempo suficiente para ver o clima esfriar e minimizar a pressão do público que exige a desclassificação da Ferrari na corrida de Hockenheim.

Fecho o post respondendo a pergunta do título: independente da decisão do Conselho, nada muda na F-1. A Ferrari já escolheu seu piloto privilegiado neste ano, logo ela não irá voltar atrás. Se perder os pontos da Alemanha pode ser pior, o desespero para ajudar o Alonso aumenta. E em breve teremos novas polêmicas por razões semelhantes ou não, e mais Conselho, e mais Corte. A Fórmula 1 não aprende fácil. A quem não ameaça assistir campeonato de bocha, melhor se manter preparado para a próxima.

F-1 ainda vale a pena após polêmica de Hockenheim?



FELIPE MACIEL


Não foi a primeira vez que Felipe Massa deu a vitória de bandeja a um companheiro de equipe. Já havia feito algo semelhante aqui, no Brasil, bem diante da sua torcida no final da temporada 2007.

A reação do público não chegou nem perto do que ocorreu hoje em Hockenheim. Ninguém exigiu que Kimi Raikkonen superasse Massa no braço se quisesse conquistar aquele título. Por que será?

Essa coisa de que o espectadores rejeitam ordem de equipe na Fórmula 1 pode ser enganoso. O público aceita sim. Aceitou justo aqui em Interlagos. O que difere aquele episódio deste aqui é o fato de equipe e torcida estarem em consenso no primeiro caso. A inversão de posições só fica injusta quando o público não tem empatia pela postura da escuderia e é surpreendido pela troca. Não se trata de infringir as regras, pois.

Massa e Raikkonen - GP do Brasil de 2007

Ah, sim, é verdade, existe uma outra diferença importante: em São Paulo, a manipulação havia sido feita nos boxes. Clareando a memória: Felipe fez seu pit e reduziu o ritmo propositadamente, enquanto Kimi permanecia na pista acelerando para tomar a liderança.

Considero esta segunda diferença menos relevante que a primeira. Mesmo que a troca fosse descarada, as pessoas entenderiam, afinal a manipulação do resultado implicaria em título mundial. O que nos leva a outra conclusão: uma marmelada é considerada feia quando o grau de certeza de interferência no resultado do campeonato for pequeno.

Mas não vim aqui para citar os tópicos que separam o caso de hoje para o caso de ontem e tomar seu tempo com uma série de conclusões derivadas dessa comparações. Eu pretendo mesmo é analisar criticamente a tal regra que proíbe o jogo de equipe, que por sinal já foi contestada por David Coulthard, afirmando que não faz sentido não haver jogo de equipe se existe equipe e um título em jogo (ele não disse com essas palavras, eu adaptei).

Nelsinho Piquet

A regra da FIA não serve para impedir a manipulação de resultado. Não serve.

O objetivo dela é impedir que algo seja feito descaradamente. O ideal é fazer a troca de posições sem que o público perceba. Pronto, feito isso não há crime algum.

O que foi aquela batida de Nelsinho Piquet em Cingapura? Não foi jogo de equipe também? Por que a FIA não investigou logo após o GP? Não me diga que ela não sabia. Boa parte dos profissionais da Fórmula 1 sabiam ou pelo menos desconfiavam. O Massa sabia, tanto que foi falar com o Briatore. E ninguém fez nada. Por quê? Por quê?

A resposta é simples. Porque o público caiu na pegadinha. O público não se revoltou. O público não percebeu. Parabéns, Briatore, você fez o crime perfeito. Exceto pelo fato de ter demitido o língua-solta um ano depois, claro.

Não existe regra alguma proibindo jogo de equipe. Existe sim regra proibindo o nítido jogo de equipe. O crime, portanto, é deixar o público notar. Se a FIA percebe e o público não nota, a FIA não pune.

Particularmente, me recuso a apoiar uma regra que decide o que é certo e o que é errado baseado na capacidade da equipe em me fazer de trouxa. Uma regra assim não deveria existir. Ponto.



Quanto ao Massa, este cedeu à ordem do pitwall porque sabe por experiência própria que tal postura era a coisa certa a se fazer. Para quem não se lembra, um ano após Felipe abrir para Raikkonen, foi a vez de Kimi ceder preferência ao Massa no GP da China de 2008. A lição é: o 2° piloto de hoje pode ser o 1° piloto de amanhã. Imagina qual seria a lição se Felipe não tivesse permitido ao Raikkonen conquistar o título mundial? Resposta: o vencedor de hoje pode ser o demitido de amanhã.

Sobre as inúmeras histórias envolvendo a Ferrari, gostaria de lembrar que ela não é a única. Um exemplo foi a Renault executando ordem de equipe em Xangai-06, quando Fisichella quase deu marcha ré para Alonso tirar a vantagem entre eles e passar. Ninguém foi punido.

Isso porque o público aprovou. E aprovou porque acha que a equipe tem o direito de aplicar jogadas especiais em final de temporada. Portanto o episódio de Hockenheim poderia ocorrer no Japão ou em Abu Dhabi que ninguém faria alvoroço. Mas não, ocorreu em Hockenheim.

A razão de a Ferrari escolher Alonso como piloto privilegiado desde o meado de 2010 é porque a equipe desesperada fez uma primeira metade de temporada tão fraca, que não há tempo para se recuperar com os dois pilotos. Então vai um só.



Meu objetivo não é dizer que a Ferrari está certa, jamais diria isso. Apenas coloco o outro lado da moeda para que possamos pensar mais profundamente nas minúcias do caso em vez de agir com veemência, como foi a reação generalizada neste domingo. Afinal, jogo de equipe não é novidade alguma - desde Fangio se ganha título mundial assim.

Por isso não inventem que se deixará de assistir à F-1, como alguns sugerem da boca pra fora. Este não é o único esporte sujo do planeta. O futebol é outro repleto de sujeira mas ali ninguém se dá conta. Quanto mais popular ou rentável for o esporte, maior a chance de ser tratado como um grande negócio.

E se você assiste algo com assiduidade tendo total consciência de que lá acontecem coisas que até Deus duvida, é porque você definitivamente é um maldito fã daquele maldito esporte. Não há maracutaia que te convença a abandonar. Não sei como mudar uma categoria que funciona assim desde sempre, só sei que virar as costas para ela não é uma opção. Então deixemos as falsas ameaças à F-1 de lado e esperemos o julgamento do Conselho Mundial. Vamos ver como a Ferrari joga do lado de fora da pista.

domingo, 25 de julho de 2010

Meus amigos me salvaram do GP da Alemanha



FÁBIO ANDRADE



Domingo a essa hora, nesse blog, costuma entrar no ar o Dupla de Equipe. Se você é leitor habitué, já sabe do que se trata. Se não é, explico: trata-se de uma seção com considerações dos dois blogueiros dessa página sobre o que aconteceu na corrida do respectivo dia. E o que aconteceu hoje em Hockenheim torna impossível a existência da coluna, porque o GP da Alemanha foi uma farsa travestida de corrida daquelas que faz o sujeito se sentir um idiota em frente ao televisor. Há apenas um assunto, urgente, grave, que exige uma palavra. Felipe Maciel falou aí embaixo. Peço licença a ele para falar agora, porque me abstive de “falar” sobre Fórmula-1 durante a maior parte do meu domingo.



Desde o meio da semana eu já sabia que não ia blogar hoje. Pela primeira vez em 2010 não seria eu o responsável pelo tradicional post pós-corrida que tanto gosto de fazer. Havia uma pretensa reunião com amigos que me impediria de ficar em casa após as 11 da manhã. Talvez eu nunca tenha sido tão grato aos amigos como fui hoje. Um muito obrigado a eles.

Todos eles sabem do meu gosto pela Fórmula-1. Pelo prazer que tenho em assistir a uma corrida. Paixão não se explica. A maioria deles compreende os telefonemas não atendidos aos domingos de manhã e os pedidos para que os encontros sejam mudados de data quando o dia coincide com o das corridas. Sim, já prescindi de me reunir com eles e com familiares para ver corridas, sou um tanto quanto repetitivo quanto a isso, e o pessoal mais velho de guerra na blogosfera com certeza já sabe. Muitos, tenho certeza, também já fizeram e fazem isso. Não quero parecer um tolo, mas sei que vou fazê-lo: esse esporte que me toma energia, ao qual reservo parte importante dos meus fins de semana, que ponho, muitas vezes, na frente de obrigações que fazem realmente a diferença, merece toda essa solenidade?

Eu repito: talvez nunca tenha sido tão grato aos meus amigos. Reunir-me com eles durante a tarde e o início da noite desse domingo me tirou de um estado de nervos que não se espera de um domingo pela manhã. Confesso que não teria prazer em escrever imediatamente após o GP da Alemanha. Broxei, admito. Desiludi-me, com a equipe pela qual torço, com o piloto que respeitei profundamente pela sua capacidade de evolução, por nunca se dar por vencido. Não me decepcionei com Alonso. Apesar de admirar seu grande talento, seu currículo de Schumacher já me fazia esperar por algo do gênero.

Em 12 de maio de 2002 eu tinha 13 anos. Chorei naquela manhã, no auge da minha pré-adolescência. De raiva. Dois anos antes, no dia 30 de julho de 2000, após uma corrida naquele “mesmo” Hockenheim, chorei também. Mas de alegria. Hoje não chorei, lógico. Mas talvez a lucidez de hoje, do “alto” dos meus 21 anos tenha feito com que o golpe fosse mais duro.



Não esperava que a Ferrari fosse capaz de repetir a maior burrada da história. Pelo menos não tão rapidamente. Áustria-2002 parecia ter sido uma lição suficientemente dura, mas, como descobrimos nesse domingo, não foi. Não serei hipócrita de dizer que reprovo o jogo de equipe. Acho justificável quando acontece na penúltima, última corrida, num campeonato disputado ponto a ponto. Massa já viveu isso, já entregou uma vitória em casa para Raikkonen em 2007 e já recebeu, deliberadamente, a segunda posição do finlandês, em Xangai-2008. Valia um campeonato. E ambos campeonatos decididos por um ponto.

Mas o que temos hoje? A 11ª etapa do mundial, restando oito para o fim. Alonso não é líder, nem segundo, nem terceiro, mas apenas o quinto colocado na classificação. O mundial não será decidido na próxima corrida. O que teria motivado, então, a repetição de uma história como a de oito anos atrás, quando, na sexta etapa de um mundial que contava com 17 corridas, Schumacher, com 44 pontos, um carro invencível e toda uma equipe a seu favor, venceu o GP da Áustria depois de receber a liderança de Rubens Barrichello, seis pontos, a 50 metros da linha de chegada?

Eu não sei. Não há uma resposta plausível. O presidente de uma grande patrocinadora da Ferrari estava nos boxes vermelhos assistindo a corrida. Apertou a mão de alguém do elenco do time italiano ao final da corrida, satisfeito. Eu não estava feliz. Estava decepcionado, e a metáfora do marido que se descobre traído feita pelo Hugo Becker é perfeita. Descobri que minha maior paixão me trai. Mas ao invés de ficar em casa chorando saí para me divertir com meus amigos. Eles me salvaram de passar o domingo mau humorado e decepcionado. Talvez já seja a hora de reservar mais tempo a eles. E menos à Fórmula-1.

Massa entrega vitória a Alonso no GP da Alemanha



FELIPE MACIEL


Falar da corrida em Hockenheim é comentar somente a respeito da troca de posições entre Felipe Massa e Fernando Alonso, o jogo de equipe mais mal disfarçado da história (na Áustria não houve disfarce, certo). Desde que criaram a regra que impede esse tipo de manobra, ninguém jamais foi punido e não foi por falta de oportunidade.

Vamos ao GP alemão, pois. Tudo começou quando as Ferraris pularam para a ponta após a má largada de Sebastian Vettel. Felipe assumiu a ponta seguido por Alonso. A diferença foi mantida estável no primeiro stint, completado com compostos macios. Quando efetuaram a troca para os duros, o circo começou a pegar fogo: Alonso partiu para cima de Massa e quase chegaram a se tocar.

Por alguma razão que "carece de fontes", o piloto espanhol deixou Massa se distanciar em 3s, até que resolveu fazer despencar a vantagem do líder da prova. Quando próximos, Rob Smedley emitiu a ordem de equipe para ceder passagem ao bicampeão e assim foi feito.



O que mais me surpreende não é a determinação do favorecimento ao Alonso após meio campeonato decorrido, onde a tabela classificatória sugere à Maranello a opção de escolher o primeiro piloto para a dura tarefa de disputar o título contra os 4 pilotos mais bem equipados do Mundial.

O que mais me surpreende é seu amadorismo para executar algo que deveria ser sua especialidade, se considerarmos a experiência adquirida no assunto. Será que até hoje não aprenderam a administrar um jogo de equipe diante de nossos olhos?

A tal regra da FIA inventada após os episódios de 2002 não serve para banir a inversão de posições, mas sim para evitar que o público seja enganado com um resultado manipulado. Ou seja, no fundo exige-se competência da escuderia para iludir o público ou ao menos confundi-lo com o mínimo de discrição.

O que vimos hoje, no entanto, foi uma aula de como não proceder numa marmelada. Quando Smedley perguntou ao Massa se tinha entendido a mensagem, o mundo inteiro respondeu por ele: sim, entendemos. E depois do GP, aquela patética postura de negar o jogo de equipe repetidamente, como se fôssemos telespectadores cegos, surdos e bobos. Péssima encenação feita por gente sem qualquer talento artístico.



Jogo de equipe existirá enquanto existir equipe. Não vale crucificar Massa, que fez seu trabalho respeitando a hierarquia, nem vale crucificar Alonso, que realmente quis receber o privilégio e o fez por merecer na visão da equipe. As dificuldades técnicas enfrentadas pelo Felipe são reais, e mostram que ele não está em posição de brigar pelo título este ano. O time então se achou no direito de apostar no Fernando. Se ele conquistar o tri, toda a polêmica vivida agora terá valido a pena.

Essa é a Fórmula 1. Um esporte onde se faz de tudo para ganhar. Inclusive tirar a vitória de quem a merecia. É tudo uma questão de ponto de vista. Do ponto de vista do público, isso é uma atitude anti-ética, anti-esportiva, um completo absurdo, uma vergonha para o esporte. Do ponto de vista da equipe, é uma maneira de ampliar as chances de alcançar o objetivo da temporada, em vez de dissipar os pontos e facilitar a vida dos adversários, o que consistiria numa "economia de inteligência".

Quem pode dizer o que é certo e o que é errado, afinal?

sábado, 24 de julho de 2010

Por dois milésimos, Vettel faz a pole em Hockenheim



FÁBIO ANDRADE



Em Hockenheim finalmente parecia que alguma equipe iria por fim ao domínio do Red Bull nas classificações em 2010. E se alguém poderia fazer isso na pista alemã, esse alguém vestia vermelho e atendia pelo nome de Ferrari. A equipe italiana apresentou na Alemanha um desempenho competitivo como não se via desde o início do ano, mas ao final do treino classificatório se viu superada pela Red Bull por apenas dois milésimos de segundo.

Antes do desfecho, porém, a sessão classificatória ocorreu sob algumas incertezas. A chuva ameaçou cair sobre o autódromo de Hockenheim, mas a ameaça ficou apenas no ar. E no Q1 do gp alemão, uma bandeira vermelha atrasou em alguns minutos as atividades do treino classificatório.
Liuzzi interrompe o treino

Chovera no início do dia em Hockenheim, mas no momento do início do treino o asfalto já se encontrava completamente seco. No princípio do Q1 o italiano Vitantônio Liuzzi, da Force India, bateu forte no muro da reta principal, acionando a bandeira vermelha e interrompendo o treino por alguns minutos. O piloto, felizmente, saiu ileso da batida, apesar de uma roda de seu Force India ter se desprendido do carro e oferecido algum risco aos pilotos que passavam em velocidade. Numa época em que se relembra o aniversário de morte do piloto de Fórmula-2 Henry Surtees, o incidente foi um alerta de que o automobilismo nunca será 100% seguro.



Digno de nota no Q1, além do acidente de Liuzzi, foi a ausência de Lucas di Grassi, com problemas de câmbio. O brasileiro nem chegou a registrar tempo de volta e larga em último na corrida de amanhã.
Schumacher decepciona em casa

Que a Mercedes não é lá o melhor carro do grid já se sabe há algum tempo. Que Michael Schumacher já não apresenta o mesmo desempenho arrasador de cinco anos atrás, também não é novidade. Mas na velha Hockenheim, diante de seu público, esperava-se que o alemão pudesse fazer um agrado a sua torcida passando para a última fase do treino classificatório. Mas o heptacampeão ficou, mais uma vez, de fora do Q3, enquanto Nico Rosberg avançou para a etapa final do classificatório.

Mas ainda havia um terceiro alemão que faria as honras da casa.
Vettel, por incríveis dois milésimos

Decisões de pole apertadas não são exatamente uma novidade na Fórmula-1. O caso célebre de Jerez em 1997 é um exemplo. Mas sempre que acontecem, essas poles justificam a máxima de que cada fração de segundo é importante numa categoria competitiva como a F-1. Dois milésimos de segundo foi a diferença do dia em Hockenheim.



Foi essa parcela minúscula de um segundo que definiu Sebastian Vettel como pole position e Fernando Alonso como segundo colocado no grid do GP da Alemanha. Mas o treino teve toda pinta de Ferrari, tanto pelo bom desempenho da equipe ontem nos treinos livres, como pela volta mais veloz do Q2 feita por Felipe Massa. O brasileiro, entretanto, abre a segunda fila, fazendo companhia a Mark Webber, o quarto. A McLaren aparece na terceira fila com Button em quinto e Hamilton em sexto

Além desses, a Williams conseguiu pôr os dois pilotos no Q3. Rubens Barrichello larga em oitavo e Nico Hulkenberg em 10º.

O GP da Alemanha deste domingo acontece com chances de chuva, segundo o site Climatempo.
Grid de largada para o Grande Prêmio da Alemanha

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Enquete F-1: Race Control



FELIPE MACIEL


Nas últimas semanas, o Blog F-1 deixou a seguinte questão no ar: Como você avalia o Race Control nesta temporada?

Após 90 pitacos, fechamos uma enquete apertada:

Pode melhorar! Dá para reduzir ainda mais o número de sanções - 32,2%

Péssimo! Punem quando não se deve e absolvem quem merece punição - 28,9%

Excelente! Finalmente a FIA está punindo na medida certa - 21,1%

Pode melhorar! Estão deixando de aplicar punições equivocadamente - 17,8%




Curioso que a opção "excelente" abria vantagem no começo mas então pintaram GPs controversos, como a etapa de Valência, provocando certa perda de credibilidade na equipe de comissários da FIA.

No Canadá também presenciamos um episódio estranho, onde se perdeu a conta de quantas punições foram aplicadas, muito embora todas fossem compreensíveis. Mas tomo esses casos como exceções à regra. A FIA reformulou sua conduta neste ano, buscando minimizar as sanções, evitando adiar decisões para momentos posteriores à bandeirada e usando a experiência de grandes pilotos como auxílio ao trio de oficiais.

Estão no caminho certo, acertando na maioria das vezes. É a melhor conduta da FIA em corridas que vejo em muitos anos. De minha parte, tenho pouco a reclamar.

E de sua parte, há uma nova enquete no ar. Clica lá e opine! Dentro de poucas semanas voltamos com o resultado...

Ferrari mais forte para o GP da Alemanha



FELIPE MACIEL



A Fórmula 1 chegou a Hockenheim de maneira bem movimentada nas pistas. Se os treinos livres são um aperitivo para a corrida, é sinal de que podemos esperar um ótimo fim de semana.

As ameaças verbais da Ferrari durante os últimos dias talvez não fossem meros blefes. O time italiano, que raramente mostra tudo o que tem logo de cara, já exibiu o cartão de visitas nesta sexta-feira. Com a confiança revigorada, busca tomar o lugar da McLaren no posto de adversário principal da Red Bull neste GP.

As características do traçado tendem a reduzir a vantagem dos energéticos, o que não deve implicar na mudança de favoritismo, mas apenas em sua intensidade.



Aliás, favoritismo se torna um termo mais perigoso do que de costume especialmente nesta etapa. Primeiro porque a Bridgestone levou para a Alemanha as especificações 1 e 4 - supermacios e duros - com intuito de dificultar a vida das equipes.

E segundo, porque o risco de queda d'água traz chances a muitas surpresas para a Alemanha. Além de boas variáveis colaborando para uma excelente corrida independente de asfalto seco ou molhado, nós ansiamos por uma briga dura pela vitória, uma vez que a McLaren optou por instalar as atualizações do difusor-exaustor que foram adiadas de Silverstone para cá.

Uma Ferrari recuperando ritmo, uma McLaren ousada e uma Red Bull que é sempre uma Red Bull... Otimismo em alta para o GP alemão.

Segue a classificação da sessão livre desta sexta:

1°. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), 1min16s265 ( 35 voltas )
2°. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 0s029 ( 26 )
3°. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 0s173 ( 37 )
4°. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 0s320 ( 40 )
5°. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 0s562 ( 32 )
6°. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 0s706 20 )
7°. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 0s739 ( 10 )
8°. Robert Kubica (POL/Renault), a 0s744 ( 37 )
9°. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth), a 0s791 ( 37 )
10°. Nico Hulkenberg (ALE/Williams-Cosworth), a 0s939 ( 44 )
11°. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), a 1s071 ( 44 )
12°. Vitaly Petrov (RUS/Renault), a 1s282 ( 35 )
13°. Pedro de la Rosa (ESP/Sauber-Ferrari), a 1s308 ( 39 )
14°. Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes), a 1s436 ( 38 )
15°. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 1s474 ( 36 )
16°. Vitantonio Liuzzi (ITA/Force India-Mercedes), a 1s606 ( 33 )
17°. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), a 1s882 ( 45 )
18°. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari), a 3s062 ( 48 )
19°. Timo Glock (ALE/Virgin-Cosworth), a 3s288 ( 30 )
20°. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Cosworth), a 3s743 ( 34 )
21°. Lucas Di Grassi (BRA/Virgin-Cosworth), a 3s841 ( 31 )
22°. Heikki Kovalainen (FIN/Lotus-Cosworth), a 4s112 ( 37 )
23°. Bruno Senna (BRA/Hispania-Cosworth), a 5s723 ( 37 )
24°. Sakon Yamamoto (JAP/Hispania-Cosworth), a 6s801 ( 37 )

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Rádio OnBoard - Edição Pré-Alemanha



FELIPE MACIEL



No ar, a edição número 88 da Rádio OnBoard!

Ron Groo e eu recebemos o parceiro Eduardo Moreira no programa onde debatemos uma série de assuntos em destaque neste período entre-GPs, e também falamos da chegada da F-1 a Hockenheim, que é a parada do circo no próximo fim de semana.


Clique para ouvirClique para baixar



Retornamos em edição gravada após o GP da Alemanha, sendo que o encontro ao vivo no próximo sábado segue de pé como sempre, no link que já é de costume. Até lá!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Memória Blog F-1: Schumacher, França, 2002



FÁBIO ANDRADE



Em 21 de julho de 2002, no GP da França, a Fórmula-1 viu cair um de seus cânones máximos. Juan Manuel Fangio descansava inalcançável no posto de pentacampeão mundial até aquele dia, e a sua quantidade de títulos, cinco, era uma barreira psicológica forte. Grandes talentos como Jackie Stewart, Niki Lauda e Ayrton Senna não conseguiram romper a marca. Alain Prost chegou muito perto, mas parou na quarta taça conquistada.

Na tarde daquele domingo em Magny-Cours, Michael Schumacher conquistou seu quinto título, seis corridas antes do final da temporada. Hoje, a Magny-Cours que consagrou o alemão já nem recebe mais corridas da categoria máxima. Muita coisa, de fato, mudou desde os tempos em que os campeonatos eram decididos no mês de julho.

É Reginaldo Leme quem conta a história daquele 21 de julho, em seu anuário:
"A Fórmula-1 esperou exatos 16422 dias para coroar um novo rei. Em Magny-Cours, 45 anos depois de a categoria forjar seu primeiro e até então único pentacampeão, Michael Schumacher tomou o cetro de Juan Manuel Fangio, argentino que na década de 50 conquistou cinco títulos mundiais. O alemão da Ferrari venceu o GP da França e chegou ao penta seis corridas antes do final da temporada.

Recordista de quase tudo, Michael sempre disse que não liga para as estatísticas. Mas o número cinco, quase cabalístico na F-1, não deu para desprezar. 'É claro que é um título especial. Só não acho justa a comparação com Fangio', falou o piloto. 'O que ele fez em seu tempo não é comparável com o que fazemos hoje em dia. Seu esforço naqueles tempos provavelmente era muito maior. Hoje um piloto tem muita gente ao redor, há um trabalho de equipe muito maior que no passado.'

(...)

Schumacher (...) teve dificuldades para vencer em Magny-Cours. Quando assumiu a liderança, que era do pole Juan Pablo Montoya, depois da primeira bateria de pit stops, recebeu um pênalti por ter cortado a linha que delimita a saída dos boxes. O 'drive-through' o jogou para o terceiro lugar, atrás dos dois surpreendentes McLaren, da David Coulthard e Kimi Raikkonen.

David cometeu o mesmo erro na saída de um pit stop e também foi punido. A 17 voltas do final, Schumacher se recolocou na luta pela liderança, mas Kimi não lhe dava chances de ultrapassagem. Até que, a cinco voltas do fim, o finlandês derrapou no óleo deixado pelo Toyota de Allan McNish, que quebrou o motor, e foi superado por Michael na curva Adelaide. Raikkonen, o 'cometa gelado', terminou em segundo, seu melhor resultado na carreira. 'O melhor resultado, mas a pior corrida, porque chegar tão perto e não ganhar é uma coisa terrível', disse o garoto.

(..)

Barrichello nem correu. Quando o sinal de 15 segundos para a volta de apresentação foi dado no grid, seus mecânicos saíram desesperados. E deixaram o carro suspenso por um macaco. De novo o piloto teria de largar atrás do pelotão, ele que tinha a terceira posição no grid. Irritado, Rubens saiu do cockpit e mandou uma banana para os mecânicos. Antes de a corrida terminar, estava num avião no aeroporto de Nevers, pronto para voltar para casa. Foi quando seu empresário, Frederico Della Noce, telefonou para avisar que Schumacher seria o campeão. 'Peguei uma moto e voltei na contramão. Eu faço parte dessa família. Quando soube que Michael venceu, tinha de voltar para dar um abraço nele', disse o brasileiro.

Durante quase meio século, o lendário Fangio, que morreu em 1995, aos 84 anos, ostentou com justiça o título de melhor do mundo. Sua carreira foi curta e esplendorosa. 51 GP's em nove temporada incompletas. Um de seus cinco títulos, o de 1956, foi conquistado justamente a bordo de uma Ferrari. Em 1958, na segunda corrida do campeonato, decidiu parar. Curiosamente, a despedida aconteceu na França, em Reims. Na França de reis coroados e depostos. Em 2002, caiu Fangio e ascendeu ao trono Schumacher. Viva o novo rei.

Auto Motor Esporte 2002/2003, p. 120 - 122, Editora R. Leme


Schumacher entrava, definitivamente, para a história como o maior destruidor de recordes da F-1. E a mesma proporção com a qual reescreveu os almanaques da categoria, foi vista na quantidade de polêmicas e lances desleais que o credenciam como um dos mais contestados recordistas da história dos esportes. Além disso, a superioridade de seu equipamento na época em que faturou a maioria de suas vitórias e títulos, algo poucas vezes visto na F-1, torna o alemão uma figura cujos méritos pelos sete mundias conquistados ainda são discutidos.


Em 21 de julho de 2002, há oito anos, um dos capítulos dessa história foi escrito:



terça-feira, 20 de julho de 2010

Memória Blog F-1: Alemanha 2007



FÁBIO ANDRADE



Por causa de problemas jurídicos entre os proprietários dos circuitos de Hockenheim e Nurburgring em 2007, a corrida germânica daquele ano não pôde ser realizada sob o nome de Grande Prêmio da Alemanha. Decidiu-se então que a etapa disputada em Nurburgring seria designada de Grande Prêmio da Europa. E a despeito da briga pelo nome da corrida, esse gp foi um dos mais divertidos e confusos da temporada e, por que não, da década na Fórmula-1.

A chuva no início, o vacilo de Raikkonen ao tentar entrar no pit lane, a piscina formada na Curva 1 e as consequentes aquaplanagens, a bandeira vermelha, a liderança breve de Markus Winkelhock, os problemas de Massa no final, tudo contribuiu para que os olhos de qualquer um que gostasse ao menos um pouquinho de velocidade ficassem pregados na tv, sem piscar, pelas longas duas horas da corrida:



E depois da bandeirada, de quebra, ao vivo, a discussão entre Alonso e Massa, hoje companheiros de equipe na Ferrari:

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bernie Ecclestone ameaça GP de Mônaco



FELIPE MACIEL



Adora uma declaração polêmica, o tio Bernie. Agora ele entra em cena para mandar um recado aos países europeus, alertando para o formigueiro do calendário da Fórmula 1. É só uma questão de tempo até chegarmos ao ponto crítico de 20 GPs listados, sendo que outros países ainda clamam por espaço na categoria. E para mais circuitos entrarem, circuitos precisam sair.

Em 2010 estreia (espera-se) o GP da Coreia. India e EUA estão a caminho. Rússia e África do Sul batem à porta. E o mau velhinho vem dizer que Mônaco pode rodar porque não paga o bastante. As ruas de Monte Carlo foram tomadas como exemplo para golpear a mensagem sobre os organizadores do continente europeu em geral: Ecclestone quer sugar-lhes mais dinheiro do que já extrai.



E assim, num intervalo de mais ou menos 1 ano, ouvimos duas frases no mínimo estranhas. Primeiro foi Max Mosley alegando que a Fórmula 1 não precisa da Ferrari, já agora Bernie Ecclestone afirmando que a categoria poderia dispensar o GP de Mônaco. Sendo que Ferrari e Mônaco são os dois grandes ícones deste esporte.

O disparo tem nítida intenção de chocar e gerar polêmica. Afinal a F-1 seguiria caminhando bem sem GP de Mônaco? Ou até mesmo sem a equipe Ferrari?

Creio até que a Ferrari seja ainda mais fundamental que o GP de Monte Carlo, mas definitivamente não vale a pena arriscar a remoção de nenhum deles, desde as razões mais românticas até as motivações monetárias. O senhor supremo da F-1 sabe disso; ele não cometeria tal ato de loucura.

Não é?

domingo, 18 de julho de 2010

Kubica, 2006, 2008



FÁBIO ANDRADE



A internet tornou comum em meios automobilísticos a existência dos chamados "tributos" a determinados pilotos. Um belo dia, um fã resolver juntar um amontoado de fotos e de gravações em vídeo e misturar tudo num outro vídeo, normalmente mal editado e com uma melodia melosa como pano de fundo.

É comum encontrá-los em um giro rápido pelo Youtube. Mas fuçando daqui e dali apareceram dois vídeos-tributos ao polonês Robert Kubica que rendem um caldo. Boa qualidade de imagem, edição competente (com algumas ressalvas) e uma trilha sonora que pode ser criticada pelo tom épico que confere ao vídeo, mas pelo menos não apela para o Evanescence.

O primeiro vídeo é o resumo da primeira temporada do polaco, a de 2006. Estão lá apenas os GP's da Hungria (o da estreia) da Itália (o do primeiro e precoce pódio) e da China daquele ano.



No segundo vídeo, o resumo da temporada 2008 do polonês, penas aparecem a pole de Kubica no Bahrein e sua vitória em Montreal. O editor foi muito rigoroso ao usar a tesoura e sintetizar a história. Outros lances da melhor temporada de Kubica até aqui foram ignorados. Mas está no vídeo a legítima surpresa da Fórmula-1 ao constatar uma vitória que dava a Kubica, e não a Hamilton, Raikkonen ou Massa, a liderança daquele mundial.

sábado, 17 de julho de 2010

Consultor da Red Bull dispara contra Mark Webber



FELIPE MACIEL



Esse tal de Helmut Marko é um sujeitinho que não guarda nada na garganta. Nunca se viu um consultor tão desaforado e crítico de seus pilotos. Há umas semanas ele cutucava o Buemi, já agora sobrou para o Webber.

O comportamento hostil do australiano após o GP da Inglaterra - insinuando ser tratado como 2° piloto e se dizendo arrependido por renovar contrato - rendeu respostas à altura por parte do consultor da equipe. Veja aí os disparos de Marko ao Mark:


Não sei o que Webber quer. O piloto que teve a nova asa dianteira instalada no carro era quem estava na frente no campeonato. Nada mais lógico.

Se Mark imagina que existe uma conspiração entre nós e Vettel contra ele, então está totalmente errado. Acho que, se fôssemos pensar em conspiração, seria o oposto. Seria contra Vettel. Afinal, qual carro constantemente tem problemas? Será que Mark teve uma roda solta, um freio quebrado, um chassi com defeito, um problema na caixa de câmbio e um bico danificado?

Mark está tendo uma grande temporada e melhorou muito, mas não deve esquecer que deve tudo isso ao time. Onde ele estava há dois anos? Nem poderia sonhar em ganhar corridas. Para nós, realmente não importa quem será o campeão, o importante é que ele esteja dentro de um cockpit da Red Bull.

Helmut Marko



O progredir dos fatos cada vez mais se assemelha à McLaren de 2007. A preferência do time por um dos pilotos não necessariamente se revertia a privilégios ao mesmo. Até que o outro piloto, estressadinho e impaciente, deu um empurrãozinho à equipe para por em prática sua preferência.

Dizem que foi Flavio Briatore quem induziu Webber a explodir publicamente. Não sei se passa de mera especulação... O Briatore's way of life já deixou de ser suportável na F-1. Fica e evidente que a briga comprada pelo Webber tem seus riscos, e o principal deles é a perda de credibilidade com a equipe.

O primeiro piti passa. Mas casos de reincidência podem ser determinantes para a escolha de Vettel como primeiro piloto. Afinal, um piloto que se rebela contra a escuderia não pode exigir dela seu apoio.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Há algo inusitado no reino de Hispania



FÁBIO ANDRADE



De alguns anos para cá desapareceram da Fórmula-1 as figuras dos pilotos-pagantes. Eles foram muito presentes na categoria até os anos 90, começaram a rarear na virada da década e quase desapareceram por completo em algum momento nos últimos cinco anos. A adoção das equipes novatas era a senha para que esse tipo particular, e normalmente desprezado, de piloto voltasse a povoar o grid. Curiosamente as equipes recém-chegadas apreciaram o uso desse mecanismo de sobrevivência com moderação, sem a falta de critério de outrora, mas o caso Hispania-Yamamoto começa a chamar atenção.



Pouco antes do GP da Grã-Bretanha a Hispania anunciou, repentinamente, que Bruno Senna seria substituído pelo japonês Sakon Yamamoto. Pipocaram notícias de que o brasileiro não estaria conseguindo os patrocínios prometidos ao time. Em seguida essa versão foi trocada por outra, na qual um e-mail teria causado o afasatamento do sobrinho de Ayrton. De acordo com essa segunda versão, Bruno teria redigido uma mensagem reclamando da administração do chefe de equipe Colin Kolles e, acidentalmente, enviou o conteúdo ao patrão. A retirada de Senna do gp britânico teria sido uma espécie de represália.

Ainda durante o último fim de semana a Hispania garantiu que Bruno não fora dispensado definitivamente, e que o brasileiro voltaria a guiar como titular na corrida seguinte, o GP da Alemanha. Só que a surpresa agora fica por conta da dispensa do outro piloto titular do time, Karun Chandhok. O indiano será substituído por Yamamoto na corrida germânica.
Após Sakon Yamamoto ter uma performance muito positiva em Silverstone, a equipe decidiu dar ao piloto japonês a oportunidade de correr ao lado de Bruno Senna. Karun Chandhok é ainda parte da família Hispania e deve estar no time para mais corridas durante a temporada.

Comunicado da equipe Hispania


Os rumores da vez dão conta que Yamamoto estaria pagando cerca de 2,5 milhões de dólares por corrida à Hispania. Como a prioridade do time é se sustentar no grid, estaria explicado o motivo da continuidade do japonês em detrimento de um dos pilotos titulares.


Mas ainda assim, persiste o inusitado: José Ramon Carabante vai cozinhando seus três pilotos em banho-maria, enquanto a Hispania vai se segurando no fim do grid.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Memória Blog F-1: Rubinho em Hockenheim



FELIPE MACIEL


Uma semana após o Grande Prêmio da Alemanha de 2000, a Globo fez uma seleção das imagens que registravam as ultrapassagens on board de Rubens Barrichello, que partiu de 18° no grid rumo à vitória épica no circuito de Hockenheim.



Ao final, a conversa de rádio com Ross Brawn, quem confiou em seu piloto quando Rubinho dispensou a troca de pneus para pular para a ponta e faturar seu primeiro triunfo na Fórmula 1.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rádio OnBoard - Edição de Silverstone



FELIPE MACIEL


No ar a edição número 87 da Rádio OnBoard!

Ron Groo e eu recebemos aquele blogueiro famoso, o Fábio Andrade, em nossa edição. Falamos dos acontecimentos de corrida, da polêmica da Red Bull, levamos ao ar o quadro de Temas Polêmicos com direito até a tema extra-F1.


Clique para ouvirClique para baixar



Na próxima semana, voltamos com o programa Pré-Alemanha e as notícias relevantes de momento. Até lá.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Ferrari foi avisada sobre devolução de posição



FÁBIO ANDRADE



Repercutiu nessa terça a revelação do diretor de prova Charlie Whiting de que a Ferrari foi alertada sobre irregularidades na manobra de Fernando Alonso sobre Robert Kubica por três vezes durante o GP da Grã-Bretanha. Segundo Whiting, a direção de prova comunicou aos boxes italianos que Alonso deveria devolver a posição que, aos olhos dos comissários, foi conquistada de maneira irregular.



Whiting tentou isentar-se de culpa no fracasso da corrida do espanhol, que terminou a prova em 14º. Segundo ele a reclamação de que a punição demorou muito a ser expedida não procede: "avisamos sobre a necessidade de devolução de posição imediatamente após a ultrapassagem".

O problema veio a seguir. A Ferrari não acatou a sugestão dos comissários e Alonso não devolveu a posição ao polonês. Na altura do terceiro aviso feito pela direção de prova o time italiano alegou que o bicampeão já estava muito a frente de Kubica, o que tornaria inviável a devolução da posição. Pouco depois o polaco abandou a corrida por problemas em seu Renault.

A despeito de tudo isso há uma incômoda situação ocorrendo na Fórmula-1. Há pelo menos duas corridas não são os pilotos que decidem em que posição irão terminar a prova, e sim agente externos que apenas deveriam aparecer em casos excepecionais. O posicionamento dos carros anda sendo acaloradamente discutido via diálogos extensos entre equipes e comissários. Esse tipo de interferência não é recente, se intensificou há alguns anos, mas no início da atual temporada dava sinais de ter sido abrandado. Os recentes acontecimentos de Valência e Silverstone mostram que ainda cabem argumentos na discussão sobre como a FIA se enxerga enquanto entidade reguladora da Fórmula-1 e sobre como ela de fato atua por meio de seu braço mais ativo, a direção de prova.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Valendo um Buemi!



FELIPE MACIEL



Para quem vê de fora, chega a surpreender esta manifestação pró-Buemi, em que diretores de equipe exaltam o desempenho do piloto já pensando nas futuras movimentações contratuais.

Até o Helmut Mark, consultor da Red Bull que lhe havia disparado críticas há alguns meses, despejou elogios ao jovem de 21 anos, destacando sobretudo sua performance em Montreal.

Curioso que essa empolgação com Sebastien toma forma justamente agora, no momento em que esquenta a briga entre Webber e Vettel dentro da equipe A. Sendo que o contrato do australiano com a RBR se encerra junto com o de Buemi com a STR - final de 2011 -, tornando-o supostamente o substituto direto de Mark caso seu contrato não seja prolongado (ou caso seja rasgado antes do tempo).



Mas a história não parou aí. Eis que surge Eric Boullier para se posicionar como concorrente na briga pelo suíço. Abre o olho, Petrov!
Sebastien está na nossa lista de potenciais pilotos para 2011. Ele tem um lugar especial na lista porque o conheço bem e gosto muito de sua pessoa.

Eric Boullier



Lembrando que Kubica já assinou até 2012, portanto o chefão da Renault declarou abertamente que a única vaga disponível tem chances de receber novo dono. Apesar de que seja um tanto difícil tirar algum piloto "nascido" na Red Bull que ela não queira ceder...

domingo, 11 de julho de 2010

Dupla de Equipe: GP da Inglaterra

Sebastian Vettel


Deu um certo mole na largada, mas é coisa que acontece. Até agora não consegui definir exatamente em que ponto da largada seu pneu furou ou foi furado, mas isso também acontece. E de último para sétimo o aprendiz de Schumacher nem pode dizer que terminou no prejuízo.

O SC ajudou, mas Vettel não fugiu de disputas duras na pista. Minha única ressalva é em relação ao modo como conquistou o sétimo lugar. A meu ver o alemãozinho exagerou pra cima do Sutil, mas conseguiu dois pontos a mais e no fim das contas é isso que interessa.

Fábio Andrade



Estranhamente, o Vettel é o favorito que não está dando certo. Quando não é quebra, é batida. Quando não é batida, é furo de pneu. As coisas parecem não querer funcionar a seu favor, nem com a equipe dona do melhor carro do grid fazendo muita força só para ele. Se for analisar quantos pontos escaparam do Sebastian até aqui, fica impossível esconder o quanto este quarto lugar no campeonato é decepcionante após meia temporada corrida.

Mas hoje valeu sua corrida de recuperação. Muito brigada, agressiva, com direito a totozinho na penúltima volta para subir uma posição mais. Protagonizou os melhores momentos do GP.

Felipe Maciel



Ferrari


Algo me diz que essa dupla latina em Maranello quebrou alguns paradigmas, mesmo que de forma silenciosa. Já é, na menos pretensa das hipóteses, a segunda vez (a primeira teria sido na entrada dos boxes em Xangai) que os dois disputam uma posição como se não houvesse amanhã. Pior para o Felipe nas duas ocasiões. Hoje teve o pneu furado na primeira volta.

No mais, o cavalinho só andou de marcha ré hoje. Para quem estava tão segura de si no início do ano, alardeando um favoritismo gigante, é interessante ver como o tom de euforia foi trocado pelas reclamações. Ainda que eu não concorde com a sanção aplicada a Alonso, o choro é livre.

E atenção, Domenicali. Reza a lenda que banho de sal grosso opera verdadeiros milagres.

Fábio Andrade



Curiosa foi a frase repetida pela Mariana Becker no ar. Algum membro da equipe do Massa teria dito: "Não consigo acreditar no que está acontecendo conosco nesta temporada". Além das dificuldades técnicas, o Felipe ultimamente mal consegue iniciar uma corrida. Que zica braba...

O Alonso também não vive demonstrando toda aquela sorte de seus bons tempos de Renault. O desenrolar do GP da Inglaterra foi extremamente infeliz para a Ferrari. O lance mais interessante da equipe foi justamente o choque entre seus pilotos. Ao menos serviu para mostrar que a situação interna segue aberta - mas se deixar de ser, será perfeitamente compreensível, apesar de que a situação do Alonso lhe exige um otimismo surreal para sonhar com título neste ano.

Felipe Maciel



Penalty de Alonso


Acho que é uma daquelas situações criadas pela contradição presente na própria FIA. Os circuitos precisam ser seguros, logo, precisam de áreas de escape asfaltadas. Mas se um piloto faz uso de todo esse aparato de segurança, é punido.

É chato. Em todo Dupla de Equipe aparece um assunto desses pra comentar. Chatinho.

Fábio Andrade



Por que será que Alonso não reclamou? Tudo bem que ele sabia do risco que correu quando não devolveu a ultrapassagem, mas baixar a cabeça para a FIA dessa vez é muito estranho, visto que a razão para reivindicar era a mesma de duas semanas atrás. Desconfio que a federação entrou em acordo para não puni-lo depois das duras críticas em Valência. E o preço a ser pago deve ter sido justamente não repetir o chilique pelo restante do ano.

Mas o fato é que a FIA deveria agir de imediato e ordenar que a posição fosse devolvida ao Kubica. Há poucos anos ela fazia isso, difícil é entender como ela contraiu essa incompetência por demorar a decidir o que deve ser feito. Ora, se não pode ultrapassar pelo lado de fora da pista, basta contatar o chefe da Ferrari e informar que se as posições não forem invertidas, pintará punição. Diante da lerdeza da FIA, porém, deu tempo até do polonês abandonar a prova até que Fernando fosse penalizado. E olha que o espanhol pediu ao time, logo de imediato, que checasse com a FIA se a ultrapassagem havia sido reconhecida. Adiantou alguma coisa?...

Felipe Maciel



Nova Arena


Vá, não fedeu, mas também não cheirou. Se me forçarem a dar uma opinião eu vou dizer que gostei porque eliminou uma curva lenta do antigo traçado e adicionou uma de média velocidade, mas o ganho para o espetáculo me pareceu muito próximo de zero. Mas eu também tô pouco ligando para esse "espetáculo". Trocaria essa pretensa obsessão da FIA pela não obrigatoriedade de parar nos boxes, por exemplo.

Fábio Andrade



As curvas que antecedem a entrada da nova reta são copiadas descaradamente do circuito de Xangai. A nova Arena ficou com cara de tilkódromo, mas nesse sentido eles poderiam ter feito um trabalho bem pior, enchendo de cotovelos e coisas do tipo.

Tenho pra mim que o que é bom não deve ser mexido. Preferia que Silverstone continuasse como era antes. Mas até que essas novidades estão num nível aceitável, proporcionando os necessários duelos de pista. Nem muito bom, nem muito ruim, portanto. Apenas ok.

Felipe Maciel



Webber X Red Bull


Faz muito tempo que não vejo um piloto usar palavras tão duras em entrevistas, muito menos ao comemorar uma vitória. A não ser que o canguru se garanta muito daqui em diante e fique o tempo todo a frente de Vettel, sua situação vai ficar feia. Uma corrida em que o alemão o ultrapasse na classificação, e Webber vai ficar pra segundão.

Talvez estejamos pra ver um piloto correr contra sua própria equipe, como aconteceu com Alonso na McLaren. Todo mundo quer ver o circo pegar fogo dentro dos times, mas uma situação como essa seria um desagradável extremo.

Fábio Andrade



Interessante tentar entender como a parceria Webber-RBR está resistindo bem com o passar do tempo. A equipe não o quer para brigar pelo título mas o mantém mesmo sabendo que oferece bastante resistência a Vettel. Já Webber sempre soube da preferência do time pelo Vettel mas renovou porque gosta da ideia de pilotar o melhor carro da F-1 atual e acha que o risco vale a pena. Vamos ver até onde os dois lados se suportam. GP a GP, o clima vai só esquentando...

Felipe Maciel

Vettel falha na largada e Webber vence em Silverstone



FÁBIO ANDRADE



Sebastian Vettel e Mark Webber são companheiros de equipe típicos. Nunca sem amaram, nunca tentaram forjar uma amizade ou uma fraternidade cenográfica, e sempre deixaram claro que estão no jogo para competir. Em que pese o livre-arbítrio concedido pela equipe pela qual correm na Fórmula-1, ambos até demoraram para cometer uma grande trapalhada doméstica, o que só aconteceu no GP da Turquia. Mas nesse fim de semana em Silverstone a Red Bull pode ter dado o combustível que faltava para um rompimento definitivo nos boxes do touro vermelho.

Webber venceu o GP da Grã-Bretanha, mas fez questão de revelar sua insatisfação ao jogar para fora o que estava entalado na garganta na comunicação para a equipe. E a "F-1 Big Brother" finalmente serviu para alguma coisa além de revelar o péssimo inglês falado por italianos e espanhóis no circo da Fórmula-1.


“Nada mal para o segundo piloto”

Sebastian Vettel sempre foi o queridinho, não só da equipe, como também de boa parte da imprensa e de apreciadores da F-1, esse escriba incluso. O alemãozinho apareceu como aposta natural para a Red Bull depois de apresentar desempenhos excelentes pela Toro Rosso em 2008. Webber sempre foi “o outro”. Nenhum jornalista, nenhum torcedor, nenhum apostador poderia imaginar ambos disputando um título de igual para igual. Webber sempre foi o leão de treino sob o qual recaiam algumas brincadeiras jocosas, e nada mais.

Pois eis que em 2010 o australiano desperta. E faz poles, e ganha corridas de ponta a ponta, e lidera o campeonato, e escreve seu nome na lista de vencedores de Mônaco, com autoridade. Quem diria? Quem apostaria?

Nem você, nem eu. E Vettel, a grande aposta, ficou à sombra, eclipsado pelo velho canguru. Acredito que uma metáfora a respeito da juventude do alemãozinho me seja permitida: como toda criança acostumada a ser o centro das atenções, Vettel se ressentiu dos holofotes conquistados pelo companheiro. E pareceu sentir a pressão, fez algumas bobagens, mas ainda assim continua sendo o filho preferido de Christian Horner.



Numa equipe que prega a livre disputa entre seus entes, a decisão de conceder uma evolução apenas a um piloto pega mal. Fica parecendo aquele exemplo de praxe numa ocasião dessas, a Ferrari da Era Schumacher. E, usando uma justificativa conhecida por Rubens Barrichello, se há uma evolução e ela não pode ser aplicada aos dois bólidos, que se privilegie o piloto mais bem colocado. Foi o que a Red Bull fez. O difícil é convencer o outro piloto, o que ficou sem a atualização, de que isso é justo. Daí as palavras nada amistosas de Webber.

Mas Vettel não é Schumacher, Webber não é Barrichello, a Red Bull não é a Ferrari. E o pega-rabo nos boxes taurinos era a melhor notícia que podia chegar aos ouvidos de Martin Whitmarsh.
Os que descem e os que sobem

Ainda ontem Silverstone parecia um problema insolúvel para Jenson Button. Apenas parecia, o campeão recuperou-se bem do 14º lugar de ontem na classificação. Hamilton ganhou as posições de Alonso e Vettel na largada, pulou para segundo e nada mais pôde fazer frente o desempenho inalcançável da Red Bull de Webber. Segundo e quarto lugares para quem pareceu fracassado ontem na classificação reiteram a constatação de que a McLaren apresenta um poder de reação invejável mesmo entre as grandes equipes da F-1.



A recuperação de Vettel também merece menção. Depois de cair para último, vítima de um furo de pneu, o sétimo lugar minimiza os prejuízos. Vettel foi sim muito ajudado pelo Safety Car, mas não fugiu de brigas renhidas na pista. E enquanto a transmissão falava do legado deixado por Michael Schumacher para a atual geração alemã, o alemãozinho jogou o carro pra cima de Sutil tentando uma ultrapassagem na marra. Sim, Schumi, os pupilos aprenderam a lição.
Os que apenas descem

“Não acredito no ano que nós estamos tendo”. Foram palavras de um dos mecânicos da Ferrari depois do furo do pneu traseiro direito de Felipe Massa ainda na primeira volta, revelou a repórter Mariana Becker. O que o mecânico não podia imaginar, na verdade, era que os infortúnios de Maranello na terra da rainha apenas estavam começando.

Massa caiu para último. Nada vem dando certo para o brasileiro em 2010. O vice de 2008 continua se queixando de problemas com os pneus e é incrível como em quase toda corrida algo acontece e empurra Felipe para o fundo do pelotão. Brigará pelo título apenas se um muitíssimo improvável cataclismo acontecer com os pilotos da ponta.



Fernando Alonso chegou a dizer ontem, entusiasmado, que a Ferrari voltara a brigar entre as grandes. Não foi o que demonstrou sua largada vacilante. Em quarto durante o primeiro terço da corrida, suou para conseguir ultrapassar Robert Kubica. Quando finalmente conseguiu preocupou-se com uma possível punição, que veio, voltas depois.

A punição aplicada ao bicampeão reabre a discussão: se os circuitos são projetados com áreas de escape que permitem uma saída de pista sem prejuízo ao piloto e ao carro e se construções desse tipo são incentivadas pela FIA, por que puni-los quando acontece um incidente como o de hoje? As imagens deixaram claro que Alonso espalhou para não bater. O espanhol levou, sim, vantagem ao voltar ao traçado a frente de Kubica, mas o precedente foi aberto justamente por quem devia deixar mais claras as regras desse jogo chamado Fórmula-1.

Mas justiça não tem muito a ver com esporte, na maioria da vezes. E como desgraça pouca é bobagem em Maranello, ao mesmo tempo em que a punição de Alonso era anunciada, o Safety Car entrava na pista. O espanhol foi pro fim do grid e ainda teve que fazer uma parada não programada no fim da prova, a exemplo de Massa.



Da próxima vez, recomenda-se que os integrantes da Ferrari só se manifestem depois do final da corrida.
Grande Prêmio da Grã-Bretanha, resultado após 52 voltas:

sábado, 10 de julho de 2010

Red Bull massacra concorrência em Silverstone



FÁBIO ANDRADE



Em final de semana de decisão na Copa do Mundo de Futebol, a Fórmula-1 desembarca em seu palco mais tradicional. No circuito que é considerado a casa da categoria, onde foi disputada a primeira corrida de F-1 da história em 1950, pilotos e equipes disputaram uma classificação com poucas surpresas no qualifying para o GP da Grã-Bretanha.

A Red Bull mais uma vez massacrou a concorrência. Sebastian Vettel cravou a pole position e obteve vantagem na guerra psicológica interna contra Mark Webber. Mas o australiano larga junto com o alemão na primeira fila, demonstrando, mais uma vez, a força do RB6 de Adrian Newey em classificações.


Silverstone, problema de Button

Foi em Silverstone que o conto de fadas de Jenson Button “terminou” em 2009. “Terminou” entre aspas porque Button foi campeão ao fim das contas, mas do GP da Grã-Bretanha em diante, o britânico não conseguiu mais nadar de braçada e não venceu mais uma corrida sequer no ano passado. Silverstone foi o divisor de águas que apontou a Red Bull como força desafiante em 2009. Em 2010, ao contrário, o velho aeroporto só confirma a superioridade da equipe austríaca, mas mantém Button na mesma situação de um ano atrás: à distância.



O atual campeão do mundo sofreu na classificação britânica e foi a grande decepção do treino. Sem conseguir o acerto ideal para a pista, Button ficou apenas com o 14º tempo e largará do meio do pelotão na corrida de amanhã.
Sim, te dá asas

Quem não tem problemas em classificações, como sempre, são os dois pilotos de Red Bull. A cada sessão ambos transformam suas performances em provas incontestáveis do slogan da famosa marca de energéticos proprietária da equipe. Red Bull, é verdade, dá asas para que Vettel e Webber voem sem concorrências sábado após sábado.

Entre o pior RBR e o melhor carro do “resto” do grid, a Ferrari de Fernando Alonso, há uma lacuna de oito décimos. Ou seja, os pilotos da equipe austríaca disputaram uma classificação em particular.

A Red Bull foi a única equipe a quebrar a barreira psicológica de 1min30s. Foi mais banho na concorrência, e o importante é manter o domínio amanhã. A expectativa é de que a corrida seja disputada sem chuva e com vento (que é constante em Silverstone) de intensidade leve a moderada, na casa dos 21km/h.
Grid de largada para o Grande Prêmio da Grã-Bretanha: