quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nelsinho Piquet narra o seu GP de Cingapura



FELIPE MACIEL



A família Piquet venceu a Renault na ação movida em tribunal por conta da difamação feita pela escuderia, ao afirmar que Nelsinho havia inventado um factóide para evitar sua demissão. Para o azar da Fórmula 1, a batida premeditada era a mais pura realidade, o que forçou a Renault a pagar a devida indenização aos Piquet, e inserir seu pedido de desculpas.

Para quem esperava que Nelsinho fosse tentado a esquecer cada vez mais o fatídico domingo em Cingapura, as palavras que seguem são uma surpresa. O piloto narra com transparência a sua aflição nos instantes que antecediam a infeliz manobra e a sua condução no momento de executá-la.
Estava muito assustado, mal conseguia respirar. Gritava no rádio várias vezes, perguntando ‘em que volta estamos, em que volta estamos?'. Eles confirmaram qual era a volta e eu sabia o que tinha de fazer, embora não pudesse acreditar. Cheguei na curva 14 e pude sentir um aperto no estômago.

Estava incrivelmente assustado, foi como um sonho. Toquei a roda traseira no muro e então pisei no acelerador para bater na outra barreira. Não senti dor no impacto, mas a adrenalina estava pulsando. Me sentia no controle do carro durante a batida.

Nelsinho Piquet sobre a batida





Sem perspectiva e provavelmente sem a menor vontade de retornar à F-1, é evidente que a denúncia feita contra o antigo chefe não lhe trouxe poucos prejuízos. Dentro de poucos anos, Flavio poderá estar de volta mas Nelsinho dificilmente ressurgirá para escrever linhas melhores em sua curta história na F-1.

Mas o brasileiro não parece encarar esse cenário como um indício de que seria melhor não ter contado ao mundo o segredo obscuro de Cingapura-2008. Reconhece com sinceridade que supriu sua raiva de punir Briatore. E acrescentou que, talvez hoje, sua reação diante da ordem de Flavio fosse diferente.
Se fui honesato, acho que foi mais motivado por raiva contra o Briatore do que por um desejo de consciência limpa. Estava tentando estabilizar minha reputação na Fórmula 1 e ele sempre dizia que o destino estava nas minhas mãos. Fiz de tudo para agradá-lo, mas parecia que ele só me criticava.

Olhando para trás, parece que foi em outra vida, mas sei que nunca vou me livrar completamente dessa sombra. Sou um homem mais forte hoje, e tenho certeza de que teria força para dizer não.

Nelsinho Piquet sobre Flavio Briatore

2 comentários:

Tomás Motta disse...

Felipe;

Nelsinho infelizmente acabou com sua carreira ao aceitar a chantagem da Renault a fim de agradar Briatore e ter um lugar em 2009.

Primeiro que um cara como esses(Briatore) não merece o agrado de ninguém, mas Nelsinho caiu na dele. Se tivesse botado a boca no mundo contra ele já em 2008 antes do GP, ele saíra como herói e com a moral em alta diante dos torcedores.

Se sua carreira teria acabado? Pode ser, mas de qualquer forma acabou e de uma forma muito mais dramática. Agora está aí, prestando entrevistas sobre Cingapura 2008.

Daniel Santos Machado disse...

Um piloto que podia ter futuro, mas se deixou levar pela conversa de Briatore. Talvez ele pudesse ir para outra equipe, mas o medo fez com que ele fizesse parte de um dos maiores escandalos da Fórmula 1.