sábado, 27 de agosto de 2011

A F-1 assiste a um treino com cara de Spa

Foi uma sessão classificatória com cara de Bélgica. E logo na Bélgica, onde a Fórmula-1 anualmente revive a sensação de estar visitando a si mesma, com uma corrida no interior da Europa, o circuito de Spa-Francorchamps apresentou um treino a seu modo: nervoso, molhado e... emocionante. Se havia um lugar onde a classificação poderia voltar a ser palpitante em meio ao enfadonho sistema de Q1, Q2 e Q3, esse lugar era a velha estrada belga, em parte por causa de seu traçado de natureza desafiadora, em parte pela lendária instabilidade climática da região da floresta das Ardenas. Chuva é algo que quase quebra a tentação racional da Fórmula-1 e convida o impoderável para fazer parte do circo.

[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="O cenário clássico de Spa. Tem como não amar?"][/caption]

Porém, havia mais. Nessa edição 2011 da corrida belga, a Fórmula-1 relembra os 20 anos da estreia de Michael Schumacher, o homem que reescreveu os livros de recordes da categoria. E o retorno do sobrenome Senna ao paddock também causou frisson, sobretudo após o final do treino, quando Bruno Senna se viu na sétima posição depois de um treino disputado sob condições climáticas sempre mutantes, como é característica de Spa.

Além disso, a expectativa sobre a real evolução das equipes que brigam pelo título era enorme. E a classificação belga não frustrou quem esperava um treino emocionante, apesar de o pole ter sido um já tradicional freqüentador da posição de honra.
Efeméride ao avesso

Michael Schumacher quase sempre tem boas histórias para contar quando se lembra de Spa-Francorchamps. Foi lá onde ele estreou na Fórmula-1 em 1991 e onde venceu a primeira corrida na categoria um ano depois. Como se não bastasse, voltou a vencer na Bélgica em outras quatro oportunidades e confirmou seu sétimo título por lá, em 2004. Dessa vez, porém, o heptacampeão terá de trabalhar duro no domingo se quiser sair de Spa com outra boa história. Ainda em sua volta de instalação, o Mercedes de Schumacher perdeu a roda traseira direita pouco antes da Rivage, transformando o alemão em passageiro do carro. Fora do treino antes de completar uma volta rápida, Schumi vai largar do fundo do grid, o que se não é promessa de um show, ao menos é garantia de uma corrida movimentada.

[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="A reqboque. Foi assim que o carro de Schumacher voltou aos boxes"][/caption]

Com Schumacher de fora da briga logo no começo do Q1, o normal era que o alemão fizesse companhia às três equipes pequenas nas sete últimas posições do grid de largada. Mas o mau desempenho de Paul di Resta surpreendeu, tal como o bom ritmo de Heikki Kovalainen, que andou um segundo melhor do que o escocês da Force India. O resultado: di Resta degolado no Q1 e Kovalainen levando a Lotus a uma rara participação no Q2.
O Q2 no seu devido lugar

Desde a implantação do atual sistema de classificação que o Q2 tem sido o ponto alto das sessões. Até 2009, era no fim dessa parte da classificação que todos os pilotos iam para a pista com um suspiro de gasolina para tentar ir para Superpole. Em 2010, com o fim da obrigatoriedade de terminar o treino com o tanque já abastecido com o combustível necessário para a primeira parte da corrida, havia a esperança de que o Q3 voltasse a ser o clímax dos treinos, mas a regra que limita o uso dos jogos de pneus macios frustrou a expectativa. Felizmente choveu em Spa, e o que se viu foi uma subida gradual de tom entre as três partes da classificação.

Jenson Button, que normalmente dá show em condições de pista como a desse sábado, não passou da segunda parte do treino seu 13º lugar. Já Adrian Sutil rodou na saída da Eau Rouge, felizmente sem maiores consequência além de quebrar o bico de seu Force India. Mas o que de fato marcou o Q2 foi briga entre Lewis Hamilton e Pastor Maldonado. Os dois se tocaram na saída da Bus Stop, enquanto ambos estavam em volta rápida. Logo depois, com o cronômetro já zerado, na descida posterior à La Source, ambos voltaram a se estranhar. O primeiro toque aparentemente não teve culpados, foi o que se chama de “acidente de corrida”, mas a segunda pancada motivou a direção de prova a convidar os dois pilotos para uma conversa.

[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Apesar da confusão com Maldonado, Hamilton conquistou o 2º lugar no grid em Spa"][/caption]

Para a BBC, Hamilton e Maldonado deram versões parecidas para o incidente. Evitando afirmar que o piloto da Williams premeditou a segunda colisão, Hamilton culpou o venezuelano pelo toque: “perdi muito tempo na Curva 1 e vi Maldonado se aproximando rápido. Mantive o traçado e ele tentou me cortar. Não sei se foi de propósito, mas com a sessão terminada não havia necessidade de disputa, muito menos de um toque”. Questionado pela mesma BBC, Maldonado deu praticamente a mesma resposta que Hamilton, e garantiu que não agiu de forma intencional: “não estava chovendo e temos que entender o que aconteceu. Depois da bandeirada não havia necessidade de disputarmos”.
Vettel arrasa a concorrência

O entrevero com Maldonado deixou Hamilton com um carro avariado nas mãos. Asa dianteira e suspensão do MP4/26 foram danificadas no choque com Maldonado, mas foram rapidamente remendadas pelos mecânicos da McLaren e é notável que o britânico tenha voltado para a pista no Q3 e disputado a pole palmo a palmo com Vettel. Só que em sua última volta, o alemãozinho se aproveitou da condição de pista, que secava a cada minuto, e impôs uma vantagem de quatro décimos sobre o piloto da McLaren, conquistando a pole com sobras em Spa.

[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Vettel conquistou a 24ª pole de sua carreira em Spa"][/caption]

Webber, que deu a impressão de brigar pela pole no início do Q3, ficou com o terceiro posto. Felipe Massa ficou com o quarto lugar, e largará pela segunda vez consecutiva a frente de Fernando Alonso, que decepcionou conquistando apenas o oitavo lugar.

Mas as grandes surpresas do Q3 estavam por vir. Jaime Alguersuari levou a Toro Rosso ao sexto lugar. Bruno Senna, em sua estreia na Renault, terminou a classificação num sétimo lugar em que ele mesmo não acreditava: “não imaginava estar entre os 10 primeiros” - disse o estreante da Renault. Vitaly Petrov, o companheiro de Senna na Renault, também chegou ao Q3, mas ficou com o 10º lugar, mais de um segundo acima do tempo do brasileiro.

Às 9 da manhã desse domingo a Tv Globo transmite a largada e as 44 voltas do GP da Bélgica. Para a hora da corrida em Spa, a previsão é de tempo nublado com temperatura em torno dos 14ºC e 20% de chance de chuva.
Grid de largada para o Grande Prêmio da Bélgica:

1º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), 1min48s298
2º. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), 1min48s730
3º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), 1min49s376
4º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), 1min50s256
5º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), 1min50s552
6º. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari), 1min50s773
7º. Bruno Senna (BRA/Renault), 1min51s121
8º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), 1min51s251
9º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), 1min51s374
10º. Vitaly Petrov (RUS/Renault), 1min52s303
11º. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), 2min04s692
12º. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), 2min04s757
13º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), 2min05s150
14º. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth), 2min07s349
15º. Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes), 2min07s777
16º. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Cosworth), 2min08s106
17º. Heikki Kovalainen (FIN/Lotus-Renault), 2min08s354
18º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), 2min07s758
19º. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Renault), 2min08s773
20º. Timo Glock (ALE/Virgin-Cosworth), 2min09s566
21º. Jérôme D'Ambrosio (BEL/Virgin-Cosworth), 2min11s601
22º. Vitantonio Liuzzi (ITA/Hispania-Cosworth), 2min11s616
23º. Daniel Ricciardo (AUS/Hispania-Cosworth), 2min13s077
24º. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), sem tempo

4 comentários:

Ron Groo disse...

Não esperava menos de Spa, aquilo é pra quem manja...

Me surpreenderam para o bem: Perez, BSenna e Alguersuari. Este ultimo foi além de todas as espectativas.

Fizeram seu papel: Vettel, Webber e Hamilton.
Se bem que Hamilton merecia punição, não abro mão disto.

Decepcionaram Alonso e Schumacher. Um por errar e o outro por ter a roda frouxa...

Williams disse...

E o que será do Massa e Rubinho ano que vem heim? que papelão esses 2 tão fazendo... na carreira como um todo.

Williams disse...

Schumacher decepcionou Groo? tá doido? corridassa! só não chegou ao podium porque não choveu... nem garoa.

Alguersuari realmente mandou muito bem, mas o destaque pra mim foi o Bruno com a melhor classificacao da Renault do ano (?) ou uma das melhores... logo em sua estréia. Uma pena a batida logo com os 2 destaques do final de semana.

Esse campeonato a única coisa interessante pra mim é acompanhar do 5 pra traz... porque la na frente é sempre mais do mesmo.

abs

Fábio Andrade disse...

Wlliams, acho que o Groo estava se referindo ao treino classificatório e não à corrida.