domingo, 11 de julho de 2010

Vettel falha na largada e Webber vence em Silverstone



FÁBIO ANDRADE



Sebastian Vettel e Mark Webber são companheiros de equipe típicos. Nunca sem amaram, nunca tentaram forjar uma amizade ou uma fraternidade cenográfica, e sempre deixaram claro que estão no jogo para competir. Em que pese o livre-arbítrio concedido pela equipe pela qual correm na Fórmula-1, ambos até demoraram para cometer uma grande trapalhada doméstica, o que só aconteceu no GP da Turquia. Mas nesse fim de semana em Silverstone a Red Bull pode ter dado o combustível que faltava para um rompimento definitivo nos boxes do touro vermelho.

Webber venceu o GP da Grã-Bretanha, mas fez questão de revelar sua insatisfação ao jogar para fora o que estava entalado na garganta na comunicação para a equipe. E a "F-1 Big Brother" finalmente serviu para alguma coisa além de revelar o péssimo inglês falado por italianos e espanhóis no circo da Fórmula-1.


“Nada mal para o segundo piloto”

Sebastian Vettel sempre foi o queridinho, não só da equipe, como também de boa parte da imprensa e de apreciadores da F-1, esse escriba incluso. O alemãozinho apareceu como aposta natural para a Red Bull depois de apresentar desempenhos excelentes pela Toro Rosso em 2008. Webber sempre foi “o outro”. Nenhum jornalista, nenhum torcedor, nenhum apostador poderia imaginar ambos disputando um título de igual para igual. Webber sempre foi o leão de treino sob o qual recaiam algumas brincadeiras jocosas, e nada mais.

Pois eis que em 2010 o australiano desperta. E faz poles, e ganha corridas de ponta a ponta, e lidera o campeonato, e escreve seu nome na lista de vencedores de Mônaco, com autoridade. Quem diria? Quem apostaria?

Nem você, nem eu. E Vettel, a grande aposta, ficou à sombra, eclipsado pelo velho canguru. Acredito que uma metáfora a respeito da juventude do alemãozinho me seja permitida: como toda criança acostumada a ser o centro das atenções, Vettel se ressentiu dos holofotes conquistados pelo companheiro. E pareceu sentir a pressão, fez algumas bobagens, mas ainda assim continua sendo o filho preferido de Christian Horner.



Numa equipe que prega a livre disputa entre seus entes, a decisão de conceder uma evolução apenas a um piloto pega mal. Fica parecendo aquele exemplo de praxe numa ocasião dessas, a Ferrari da Era Schumacher. E, usando uma justificativa conhecida por Rubens Barrichello, se há uma evolução e ela não pode ser aplicada aos dois bólidos, que se privilegie o piloto mais bem colocado. Foi o que a Red Bull fez. O difícil é convencer o outro piloto, o que ficou sem a atualização, de que isso é justo. Daí as palavras nada amistosas de Webber.

Mas Vettel não é Schumacher, Webber não é Barrichello, a Red Bull não é a Ferrari. E o pega-rabo nos boxes taurinos era a melhor notícia que podia chegar aos ouvidos de Martin Whitmarsh.
Os que descem e os que sobem

Ainda ontem Silverstone parecia um problema insolúvel para Jenson Button. Apenas parecia, o campeão recuperou-se bem do 14º lugar de ontem na classificação. Hamilton ganhou as posições de Alonso e Vettel na largada, pulou para segundo e nada mais pôde fazer frente o desempenho inalcançável da Red Bull de Webber. Segundo e quarto lugares para quem pareceu fracassado ontem na classificação reiteram a constatação de que a McLaren apresenta um poder de reação invejável mesmo entre as grandes equipes da F-1.



A recuperação de Vettel também merece menção. Depois de cair para último, vítima de um furo de pneu, o sétimo lugar minimiza os prejuízos. Vettel foi sim muito ajudado pelo Safety Car, mas não fugiu de brigas renhidas na pista. E enquanto a transmissão falava do legado deixado por Michael Schumacher para a atual geração alemã, o alemãozinho jogou o carro pra cima de Sutil tentando uma ultrapassagem na marra. Sim, Schumi, os pupilos aprenderam a lição.
Os que apenas descem

“Não acredito no ano que nós estamos tendo”. Foram palavras de um dos mecânicos da Ferrari depois do furo do pneu traseiro direito de Felipe Massa ainda na primeira volta, revelou a repórter Mariana Becker. O que o mecânico não podia imaginar, na verdade, era que os infortúnios de Maranello na terra da rainha apenas estavam começando.

Massa caiu para último. Nada vem dando certo para o brasileiro em 2010. O vice de 2008 continua se queixando de problemas com os pneus e é incrível como em quase toda corrida algo acontece e empurra Felipe para o fundo do pelotão. Brigará pelo título apenas se um muitíssimo improvável cataclismo acontecer com os pilotos da ponta.



Fernando Alonso chegou a dizer ontem, entusiasmado, que a Ferrari voltara a brigar entre as grandes. Não foi o que demonstrou sua largada vacilante. Em quarto durante o primeiro terço da corrida, suou para conseguir ultrapassar Robert Kubica. Quando finalmente conseguiu preocupou-se com uma possível punição, que veio, voltas depois.

A punição aplicada ao bicampeão reabre a discussão: se os circuitos são projetados com áreas de escape que permitem uma saída de pista sem prejuízo ao piloto e ao carro e se construções desse tipo são incentivadas pela FIA, por que puni-los quando acontece um incidente como o de hoje? As imagens deixaram claro que Alonso espalhou para não bater. O espanhol levou, sim, vantagem ao voltar ao traçado a frente de Kubica, mas o precedente foi aberto justamente por quem devia deixar mais claras as regras desse jogo chamado Fórmula-1.

Mas justiça não tem muito a ver com esporte, na maioria da vezes. E como desgraça pouca é bobagem em Maranello, ao mesmo tempo em que a punição de Alonso era anunciada, o Safety Car entrava na pista. O espanhol foi pro fim do grid e ainda teve que fazer uma parada não programada no fim da prova, a exemplo de Massa.



Da próxima vez, recomenda-se que os integrantes da Ferrari só se manifestem depois do final da corrida.
Grande Prêmio da Grã-Bretanha, resultado após 52 voltas:

6 comentários:

Ron Groo disse...

A corrida foi morna, mas acho que esta declaração do Webber foi desnecessária. Agora corre o risco de ter um tratamento diferente por conta disto.

joao disse...

nada mal para o piloto 1b da RedBull, e o Massa está cada vez mais decepcionante, e o Barrichello foi muito bem colocando a \willians em 5º.

marcelonso disse...

Realmente a corrida não foi aquela maravilha,ainda assim teve boas ultrapassagens.
Vettel mostra o quanto precisa amadurer,precisa aprender a usar a cabeça!
Poderia ter seguido atrás de Webber para tentar supera-lo mais a frente,ainda que não conseguisse chegaria em segundo mole,mole.Acabou em sétimo.

abraço

Luiz Sergio disse...

Eu sempre espero, que pilotos considerados fora de serie, não errem, mais o que vem acontecendo com esses pilotos atualmente que são considerados os supra sumos da F1, é errarem, perderem a noção das consequências em certas disputas.
Também ficou imaginando quantos pilotos que estão em equipes médias e pequenas se tivessem uma oportunidade com um grande carro poderiam mostrar seus valores, digo isso, tendo exemplos do Button e do Webber, os dois até 2008 eram considerados pilotos regulares.

Pinheirinho - Brasília/DF., Brasil disse...

Australiano vence no GP da Grã-Bretanha, mas mesmo assim Hamilton é o líder. Com terceira vitória na temporada, Mark Webber subiu para terceiro lugar no campeonato.
Pinheirinho é divulgador cultural é maranhense, a partir de Brasília. - E-mail: pinheirinhoma@hotmail.com

Após conflito, Mark Webber sela paz interna na Red Bull. Mas a guerra continua… disse...

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