quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Protestos no Bahrein ameaçam abertura do mundial



FÁBIO ANDRADE


Já existem os que se apressam em chamar os levantes que eclodem desde janeiro no norte da África e no Oriente Médio de Primavera Árabe. Infelizmente, derrubar ditaduras ou regimes monárquicos absolutistas não é sinônimo de construir democracias e o grande momento de preocupação na Tunísia e no Egito - onde os governos autoritários já caíram pela vontade da população - é agora. A transição é infinitamente mais delicada e complexa do que a simples derrubada de um ditador.


Os protestos pioneiros na Tunísia em janeiro se espalharam por outros países da região onde a população há décadas vive numa insatisfação não-aparente.  A onda de protestos chegou até o Oriente Médio. Jordânia, Kuwait e Bahrein seguem assistindo a protestos inspirados nos que aconteceram no norte africano. Em Manama, capital barenita, os manifestantes rebatizaram a praça que é palco dos protestos de Tahrir de Manama, numa alusão à praça-símbolo dos protestos no Egito.


Protesto na "Tahrir de Manama" ontem, dia 15

Mas o que é o Bahrein? Um arquipélago situado no Golfo Pérsico, que tem de um lado a Arábia Saudita e do outro o Irã. Durante quase todo o século XX foi um protetorado britânico, condição da qual se livrou em 1971, quando transformou-se num emirado. Instalou-se então uma monarquia absolutista em que todo o ministério é indicado pelo rei. O país vive basicamente de suas reservas de petróleo e usa a Fórmula-1 como um modo caro e extravagante de publicidade desde 2004.


Como era de se esperar, as reações aos distúrbios em Manama já foram registradas no mundo da F-1. Bernie Ecclestone, que em 2002 abençoou a construção do suntuoso autódromo do Sakhir, já revelou sua preocupação com as manifestações. Um dos diretores do GP do Bahrein afirmou que a segurança de todos os envolvidos com a corrida, que abre a temporada de 2011 no próximo dia 13 de março, será uma prioridade. No entanto, se os protestos tiverem fôlego para resistir até lá, é bastante provável que os manifestantes enxerguem na corrida a mesma possibilidade de publicidade que motivou o governo barenita a custear um gp de F-1 anos atrás.

5 comentários:

Renato Breder disse...

Piada infame e de humor negro (ou quase)...

Em 2000, na Alemanha, um ex-funcionário da Mercedes-Benz invadiu a pista de Hockenheim em protesto contra a montadora alemã. No final do GP, Rubens Barrichello vencia sua primeira corrida na F1.

Em 2003, na Inglaterra, durante o GP britânico, aquele padre (ou similar) maluco irlandês - o mesmo que agarraria Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona das Olimpíadas de Atenas, em 2004 - invade a pista para proclamar o fim do mundo, o surgimento da besta apocalíptica ou sei lá o quê. No final do GP, Rubens Barrichello vence a corrida.

Será que, se houver alguma invasão de pista, no GP do Bahrein deste ano, Rubens Barrichello vencerá o GP?


um abraço.

Fábio Andrade disse...

Hahaha.

Mas acontece que eu acho que o temor desse momento é de outra ordem, Renato. A não ser que o evento "Grande Prêmio do Bahrein" seja altamente blindado, acho que já tem gente do circo se perguntado se a corrida é viável.

Mas isso depende muito de os protestos persistirem até lá. Ainda faltam mais de 20 dias até a corrida e pelo menos mais 15 até os treinos coletivos por lá.

Marcelonso disse...

Fábio,


A situação anda complicada por lá,tenho minhas dúvidas de que a solução seja rápida, ainda mais depois da morte de dois manifestantes em confronto com a policia.

Torço para que encontrem uma solução pacifica, mas não ficaria nem um pouco chateado com essa corrida fora do calendário, a pista é uma m....

abs

Fábio Andrade disse...

Esse ponto é quase uma unanimidade entre todos nós, Marcelonso: ninguém vai sentir falta do GP do Bahrein.

Ron Groo disse...

Eu sabia que aquele video do Alonso em Portugal dando piti um dia ainda dava em merda...
Ai... Os bahrenitas souberam que ele vai pra ela e já começaram a quebrar tudo...