terça-feira, 1 de março de 2011

O Efeito Pirelli, parte 2



FÁBIO ANDRADE


Na altura do primeiro post desse blog com o título “O Efeito Pirelli”, há pouco mais de um mês, a Fórmula-1 encontrava-se em dúvidas sobre a viabilidade e as reais consequências das mudanças anunciadas pela nova fabricante de pneus. A Pirelli prometia então reduzir a vida útil dos pneus para promover mais paradas nos boxes e corridas supostamente mais movimentadas. A ideia era aumentar o número de paradas de uma para duas e potencializar a probabilidade de ultrapassagens e brigas entre pilotos com tipos de borracha diferentes. Depois dos primeiros testes de inverno os pilotos já começaram a emitir opiniões sobre os novos pneus, e a maioria deles trata o assunto em tom de apreensão.


O desgaste que a Pirelli prometera em janeiro - que, em tese, possibilitaria completar a corrida com duas paradas - parece ser bem maior e, consequentemente, deve fazer com que as provas se desenrolem com um número ainda maior de pit stops. Segundo o campeão Sebastian Vettel, “com 16 ou 17 voltas os pneus estão completamente destruídos”. Segundo Vettel, faz pouca diferença adotar um estilo conservador na condução para poupar os calçados dos carros: “após um determinado momento o pneu está acabado e não há mais o que fazer” - afirmou. Vettel foi seguido por Adrian Sutil que prevê muitas paradas durante as corridas de 2011: “certamente teremos que trocar os pneus várias vezes por prova”.



O clima de insatisfação mais exacerbado foi percebido na fala do bicampeão Fernando Alonso. O espanhol criticou severamente os pneus Pirelli pela curta vida-útil que ficou demonstrada nos testes. Segundo Alonso, “as estratégias de corridas contarão com três, talvez quatro paradas, e não gosto disso. É como se tivéssemos um pênalti a cada meia hora de jogo”.


Em que pese um possível exagero da parte de algumas das estrelas do show, a série de reclamações dos pilotos em relação ao consumo dos pneus sugere que a opção da Pirelli por pneus de desgaste mais alto foi tomada visando o chamado “show”. O que nem sempre é ruim. Para lembrar um evento recente, o último GP do Canadá foi divertidíssimo justamente porque a borracha foi consumida de forma anormal e obrigou os pilotos a irem mais vezes aos boxes e as equipes a reformularem a estratégia. Apesar de ter sido divertido, a corrida ganhou ares de loteria, o que reforça a percepção de que quase toda medida visando o tal “show” carrega consigo uma dose de artificialidade.



Sob chuva, outro problema

Se no piso seco o alto desgaste é o problema preocupa com o asfalto molhado entra em cena outro comportamento indesejável, sobretudo do ponto de vista dos pilotos. Os testes de Barcelona há cerca de 10 dias contaram com momentos de piso molhado e as equipes puderam usar os pneus intermediários e de chuva da Pirelli.



Nessas circunstâncias o comportamento mais curioso notado pelos pilotos foi a falta de aderência e a consequente durabilidade dos compostos da Pirelli. Segundo Heikki Kovalainen, “os pneus parecem novos mesmo depois de um longo trecho, entretanto a aderência é bastante precária”. O efeito colateral dessa nova característica foi diagnosticado por Sebastian Vettel: “com os Bridgestone sabíamos claramente o momento de mudar de pneus de chuva para intermediários e assim por diante. Já com os pneus desse ano teremos que perceber esse momento durante as corridas”.

2 comentários:

Ester disse...

Não gosto dessa dose de "artifialidade". Acho que a Pirelli exagerou no desgaste dos pneus e não é à toa que agora está reformulando os compostos. Espero que desta vez dê certo.
Agora, a questão da aderência no piso molhado é perigosa. Se, como Sebastian falou, os pilotos terão dificuldade de saber a hora que os pneus estão desgatados em caso de chuva, os pilotos correm o risco de correr com os pneus desgatados e ocasionar acidentes. É polêmico, mas espero que o "show" melhore!
Abraço para todos!

marcos disse...

resumindo esse ano vai ser tenso! a pirelli acabou exagerando na dose...