quinta-feira, 10 de março de 2011

Memória Blog F-1: Austrália 1996



FÁBIO ANDRADE



Quando a Fórmula-1 saiu de Adelaide para Melborune houve quem ficasse sentido. Afinal, o traçado já era tradicional para a categoria, sobretudo porque tinha um caráter especial por encerrar as temporadas de 1985 a 1995. A pista já havia se tornado um marco e a mudança da sede do GP da Austrália de Adelaide para Melbourne também implicou na alteração da posição da corrida australiana no calendário. De última, a prova passou a ser a primeira e durante anos outra tradição se fez: as temporadas da F-1 não necessariamente começam na mais simples das pistas: o Albert Park está longe de ser um traçado trivial.


O circuito tem características de pista de rua, tal como Adelaide. Muros próximos, ondulações na pista e sujeira, muita sujeira. O Albert Park, como o nome sugere, é um parque e não um autódromo. Não sedia atividades automobilísticas durante o ano. Portanto não há trilho, não há área emborrachada e a pista normalmente se encontra cheia de detritos nas primeiras atividades. Leva tempo até que as condições de aderência sejam boas.


Mas quando o circo desembarcou por lá para a primeira corrida, realizada em 10 de março de 1996, os assuntos predominantes eram outros. O grande destaque do grid naquela altura, com dois títulos pela Benetton, cometera a loucura de trocar um time vencedor por uma lenda que se arrastava nas pistas. Michael Schumacher iria estrear pela Ferrari, numa das contratações mais caras da história do esporte até então. Na Williams o burburinho era por conta do retorno de um sobrenome mítico para a F-1: era a primeira corrida de Jacques Villeneuve, filho do lendário Gilles, na categoria. O canadense fora campeão da CART em 1995 e chegava para provar que é possível sim ser campeão dos dois lados do Atlântico.


Na classificação o impensável aconteceu. Villeneuve, estreando na F-1, cravou a pole position. A Williams comandou a primeira fila com Damon Hill em segundo. A segunda fila era vermelha, com Eddie Irvine em terceiro e Schumahcer em quarto.



Na corrida o canadense manteve a grande forma. Largou e manteve a ponta, enquanto Hill perdeu posições para as duas Ferraris. Mas logo a corrida foi interrompida pelo incrível acidente de Martin Brundle na terceira curva, ainda na primeira volta. Apesar de plasticamente impressionante, a batida não fez vítimas, mas causou a interrupção da corrida. De acordo com o regulamento da época, foi convocada uma nova largada com as posições originais do grid.


Na nova partida Villeneuve novamente segurou a primeira posição, enquanto Hill tomou mais cuidado com as Ferraris. Os dois carros da Williams logo dominaram a corrida e sumiram a frente das rossas.


Pouco depois da 30ª volta Schumacher abandonou com problemas nos freios. Mas isso em nada repercutiu na briga pela vitória, já que eram os carros da Williams que lideravam. Na primeira bateria de pit stops, Hill ganhou a posição de Villeneuve, mas por pouquíssimo tempo. Numa sequência de tirar o fôlego, os dois pilotos de Mr. Frank disputaram a primeira posição de forma aberta. Villeneuve, com uma volta a mais de aquecimento de pneus, recuperou a liderança, deixando incrédulos os espectadores da corrida e até mesmo o narrador da tv inglesa, o inoxidável Murray Walker.


Na 34ª volta, porém, a sorte de Villeneuve começou a mudar. A escapada na primeira curva do circuito possivelmente danificou o carro, que começou a apresentar um vazamento de óleo poucas voltas depois. Sem condições de guiar na condição máxima, Villeneuve esteve muito perto de vencer em sua primeira corrida de F-1, mas teve de abrir passagem para a vitória do companheiro de equipe. Hill venceu, mas esteve à sombra - coisa que, venhamos e convenhamos, foi quase uma marca da carreira do filho de Graham Hill - de Villeneuve naquele fim de semana do primeiro GP da Austrália em Melbourne.

2 comentários:

marcos disse...

ah as Williams na ponta...temum canal na justin.tv que passa corridas de F1 antigas e há poucos dias passou essa. nossa fiquei tão saudoso vendo essas imagens...rs

Renato Breder disse...

Lembro-me muito bem dessa corrida... assisti ao vivo...

Muita gente - inclusive eu - achou que fosse uma 'ordem de equipe' dada a Villeneuve para deixar o primeiro piloto do time vencer o GP da Austrália. Mas bastou ver as imagens - em vídeo ou foto - do final da prova para entender o que havia acontecido. O Williams de Villeneuve continuava branco e azul. Já o de Damon Hill estava mais para o beje e azul (ou amarronzado e azul, se preferir), completamente sujo do óleo que escapou do carro de Villeneuve nas voltas em que ele esteve atrás do canadense. A ordem dada a Villeneuve, na ocasião, era pra diminuir os giros do motor a fim de salvá-lo e assim chegar ao final da corrida. Funcionou.

Além da pole position, a melhor volta da prova também foi de Jacques Villeneuve. Villeneuve já havia "assombrado" o mundo automobilístico ao vencer, no ano anterior, as 500 milhas de Indianapolis e o campeonato da CART.

um abraço!