segunda-feira, 21 de março de 2011

Você é a favor ou contra uma greve de pilotos na F-1?



FELIPE MACIEL


Essa não se ouve todo dia. Partiu de Sebastian Vettel o anúncio da insatisfação dos pilotos que pode desembocar numa greve em protesto ao excesso de botões no volante. É bem verdade que a Fórmula 1 vem acumulando botões nessa era moderna, mas nesta temporada, com o KERS e principalmente a asa traseira móvel, os competidores estão sendo obrigados a tirar o olho da pista por alguns décimos de segundo que seriam suficientes para sofrer eventuais acidentes.

Sebastian chegou a comparar a questão a um motorista que guia falando ao celular.
Muitos dos pilotos concordaram que é um problema de segurança. O que importa é que nós estamos unidos, e se todos concordarmos em fazer alguma coisa, nós podemos ser muito poderosos. Podemos até dizer ‘ok, então não vamos correr.

Não significa necessariamente que nós iremos fazer a greve. Antes nós tentaremos achar uma solução com a FIA primeiro.

Sebastian Vettel


Pensando cá com meus "botões" (ops, não resisti), fica difícil sentir firmeza nessa que parece uma pseudo pressão sobre os dirigentes da F-1. A declaração do Vettel lembrou aquele velho ditado - cão que ladra não morde.

Se fosse para armar um protesto, deveriam fazê-lo antes de começar a temporada, ameaçando se ausentarem da primeira corrida. Se tentarem conversar após GPs serem disputados, ficará evidente que é possível correr e lidar com este pequeno incômodo.

Falar em greve de pilotos na F-1 soa absurdo, curioso, engraçado, improvável. Eu até simpatizaria com a ideia, desde que ela fosse na raiz do problema. E o problema é a visão que a FIA e a FOM criaram da categoria. Ela não é mais vista como uma competição propriamente dita, mas como mero espetáculo a ser vendido.

Se a Fórmula 1 é encarada como circo pelos dirigentes, nós continuamos sendo a plateia, mas os pilotos são feitos de palhaço. A partir do momento em que se cria uma regra como a da asa móvel, favorecendo o piloto que busca a ultrapassagem e menosprezando o direito do adversário à frente se defender com as mesmas armas, força-se uma situação de injustiça entre dois competidores que deveriam receber tratamento igualitário do regulamento.

Volante F1


A tal asa traseira móvel é o exemplo máximo de artificialismo lançado pela FIA em todos esses anos. Os pilotos (e também o público!) deveriam expressar seu desprezo à implementação desse artifícios espetaculosos e zelarem para que as noções de esporte voltem a ditar as regras da categoria.

Mas os pilotos são incapazes de se mobilizar para contestar a essência da regrinha que acrescentou um polêmico botão em seu painel. Eles insinuam protesto por medo de desviarem o olhar da pista, fazerem uma lambança qualquer e levarem um puxão de orelha do chefe pelos danos causados ao carro da equipe.

Os pilotos da F-1 corre em circuitos de mais elevado padrão de segurança que se possa imaginar. Correm em carros que são aprovados num crash test altamente rigoroso. Numa categoria onde fatalidades não ocorrem há mais de 15 anos - tempo correspondente a um quarto de sua história.

Se botões no volante são um ponto negativo na megaestrutura de segurança que blinda a Fórmula 1? Sim, até são. Mas se esta é a única razão para pilotos falarem em greve nos dias de hoje, é algo para se lamentar. Está se iniciando um processo de neurótica busca por espetáculo a todo custo, e as características de um esporte de verdade podem se perder se ninguém combater a natureza das ideias que se tornam mais comuns a cada ano que passa. São os esportistas que devem lutar pela preservação de um esporte livre de regras esportivamente sem nexo.

Quando dois botões de booster habitam o volante de F-1, algo está muito errado. Portanto, caros pilotos, tratem de argumentar contra a causa do problema, ao invés de apenas reclamarem de suas consequências.

5 comentários:

Ron Groo disse...

A comparação do Vettel foi infeliz. Se ele se lembrar bem, há algum tempo atrás o cambio era em uma alavanca. Bem longe do volante. E ai sim... Tinham que dirigir com uma mão só.

É muito difícil esticar um dedo pra apertar um botão que está a poucos centímetros?

Sou contra. Arrumem outra desculpa para a greve. Esta não colou.

Renato Breder disse...

Acredito que há mais razões, justificáveis, para uma greve generalizada dos pilotos:

1) "monopólio" de Bernie Ecclestone;
2) redução drástica dos testes;
3) encarecimento do "esporte";
4) busca "estúpida e inexplicável" e de forma equivocada por ultrapassagens (até um grupo de trabalho foi criado para isso!) em detrimento da competição "natural";
5) eliminação por meio sutis das equipes garagistas, pequenas, folclóricas até, mas que contribuíam com "paixão" pelo esporte e serviam de trampolim para pilotos novatos (exclua desse grupo times como Hispania, Andrea Moda e outros);
6) fim da(s) "guerra(s) de pneus";
7) abandono dos Autódromos de verdade por Tilkódromos inssossos;
8) até poderiam reclamar da fuga do continente Europeu para uma orientalização da F1 (eu não concordaria. Se nunca houver uma corrida em determinado lugar, como é que haverá tradição automobilística por lá?);
9) interferência externa - race control - nos GPs EXCESSIVA!!!
10) regulamentos cada vez mais descabidos, confusos e complicados;
11) busca insana por transformar uma COMPETIÇÃO automobilística em ESPETÁCULO!!!
12) praticamente nenhuma força nas negociações, nas decisões, por parte de quem faz o "filé mignon" do espetáculo: os pilotos (GPDA ineficiente...);
13) etc, etc, etc.

Acho que dá pra começar a "avermelhar os companheiros", não?

Um volante cheio de botões? Não vale a pena.....

um abraço...

Renato Breder disse...

Ôpa a caretinha no meu comentário acima apareceu sei lá como... (é o item número 8)...

Ester disse...

Independente das críticas, eu achei muita coragem de Sebastian chegar a falar em "greve" dos pilotos, diante da mídia internacional. Acho que o alemãozinho não é mais preterido para ser genro do Bernie, rs!
Há inúmeras razões na F1 para os pilotos protestarem. Mas o mercado é "rotativo" demais para eles fazerem um protesto contra a greve. A pressão da mídia e dos promotores da Fórmula 1 é muito forte para eles fazerem esse tipo de coisa.
Há outras formas de manifestação que podem ser imaginadas. Uma delas seria a recusa a participar de entrevistas depois das corridas, por exemplo.
Eu acredito que essa questão da quantidade de botões pode interferir sim não questão da segurança. E se é um ponto que preocupa os pilotos, acho que eles devem sim protestar por ele. Quem sabe esse não é um começo, ou até mesmo um disfarce, para se lutar por questões maiores?
No mais, a F1 de hoje em dia está cheio de artificialismos para "manter o espetáculo"!
Tudo de bom para vocês!

Williams disse...

Cade o ROB pre temporada ? a parada ja começa amanha !!!