domingo, 24 de julho de 2011

Hamilton vence prova marcada pelo equilíbrio na Alemanha

Quando o fim do ano chegar e trouxer com ele o Oscar F-1, a categoria “Melhor Corrida” promete ser uma das mais disputadas. O GP da Alemanha foi mais uma ótima corrida e desafio o leitor a me dizer, de cara, de qual corrida gostou mais em 2011? Eu mesmo sou incapaz de dar essa resposta no ato, sem refletir ao menos um pouco e tentar lembrar dos lances de cada prova. Vou me render e admitir que apesar dos vários dispositivos, do regulamento que engessa a sessão classificatória e obriga os pilotos a usar os dois tipos de pneus, a atual temporada está rendendo ultrapassagens bonitas e corridas prazerosas de assistir.

Prazer. Foi evidente o prazer de Lewis Hamilton ao sair do cockpit de sua McLaren hoje em Nurburgring. De sua última vitória na China até hoje, Hamilton viveu o Purgatório de sua imagem como piloto até se redimir com a vitória maiúscula de hoje. Se envolveu em pelo menos dois toques (Felipe Massa e Pastor Maldonado) que determinaram o fim de corrida para seus oponentes em Mônaco e se retirou da corrida no Canadá após se enroscar com o companheiro Jenson Button, que venceu a corrida. Depois da saraivada de críticas que recebeu, Hamilton sai de Nurburgring com uma vitória e possivelmente com a auto-estima revigorada. Se bem que Hamilton já não deve ser aquele menino bobo que se abate com as críticas e que perdeu o campeonato em 2007.

[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Hamilton comemora a 16ª vitória na Fórmula-1"][/caption]
Movimento na frente

O grande barato da corrida em Nurburgring não foi a intensa troca de posições no meio do pelotão, como aconteceu em provas menos empolgantes como em Valência. Na Alemanha foram os líderes que se revezaram e trocaram de lugar não só em função das paradas de boxes, mas também na pista, e isso é uma excelente notícia para a Fórmula-1. Destaque para a tentativa de Mark Webber de ganhar a liderança de Hamilton na chicane, ainda no primeiro quarto da prova e para a reação do britânico, que retomou a posição na reta principal. Uma das disputadas de posição mais bonitas da temporada.

Mas nesse trio que passou toda a corrida discutindo a vitória também estava Fernando Alonso. O espanhol não teve um pulo de largada tão bom como o de Felipe Massa, por exemplo, mas se posicionou melhor na primeira curva e ganhou uma posição, enquanto o brasileiro perdeu seu quinto lugar e passou 12 voltas encaixotado atrás da Mercedes de Nico Rosberg. Já Alonso cometeu um erro na segunda volta, perdeu o terceiro lugar para Sebastian Vettel, mas recuperou o posto algumas voltas depois, se aproveitando dos problemas de freio que atrapalharam a vida do líder do campeonato em sua corrida doméstica.

[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Alonso supera Vettel na freada da reta principal. Alemão não esteve em grande dia diante de sua torcida"][/caption]
O equilíbrio das três

Depois do domínio avassalador de Vettel e da Red Bull na primeiras corridas de 2011, a décima etapa do mundial se configurou, junto com Mônaco, como a mais equilibrada do campeonato. Tanto Hamilton, como Alonso e Webber poderiam ter vencido a corrida, que esteve aberta até a última volta, com os líderes muito próximos uns dos outros. Venceu que fez a corrida mais brilhante - Hamilton - e o equilíbrio existente entre McLaren, Ferrari e Red Bull na corrida, se for mantido nas próximas corridas, pode fazer sim com que o campeonato ganhe um novo ritmo daqui até o final, sobretudo porque a Red Bull, que lidera largamente o mundial de equipes, foi a grande derrotada do dia na Alemanha.

Webber não conseguiu andar o suficiente para acompanhar Hamilton e Alonso. O australiano chegou a ser devolvido à pista em primeiro depois da primeira bateria de pit stops, mas não conseguiu o mesmo êxito na segunda parada e voltou em terceiro, posição da qual não saiu mais. Atrás da Ferrari de Alonso, Webber não chegou nem a esboçar uma reação. É um incrível contraste se lembrarmos que na Espanha, o RB7 de Vettel chegou uma volta à frente das F150 Itália.

Já Vettel fez, diante de sua torcida, sua pior corrida no ano. Rodou sozinho no início da prova e sofreu o ataque de Felipe Massa logo depois. Com problemas no freios durante boa parte da corrida, não atacou o brasileiro, até o quarto final da corrida, quando teve sua dificuldade com os freios solucionada e pôde partir para o corpo-a-corpo com o brasileiro. Com a conhecida dificuldade de se ultrapassar em Nurburgring, restou a Vettel apostar na parada de boxes restante e tentar ganhar a posição nos pits, na virada da penúltima para a última volta. Aí a Ferrari, que fez trabalhos de boxes competentes em todas os outros pits stops da corrida, falhou, e Vettel conseguiu o quarto lugar.

A ultrapassagem no fim não apaga a corrida ruim de Vettel, assim como o quarto lugar em Nurburgring não afeta de forma tão dramática a posição do líder do mundial na tabela. Vettel vai para a Hungria, próxima etapa do campeonato na semana que vem, com 216 pontos, contra 139 de Webber, 134 de Hamilton, 130 de Alonso e 109 de Button.
Grande Prêmio da Alemanha, após 60 voltas:

1º. Lewis Hamilton (GBR/McLaren-Mercedes), 60 voltas
2º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 3s9
3º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 9s7
4º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 47s9
5º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 52s2
6º. Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes), a 1min26s2
7º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 1 volta
8º. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 1 volta
9º. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), a 1 volta
10º. Vitaly Petrov (RUS/Lotus Renault), a 1 volta
11º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 1 volta
12º. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari), a 1 volta
13º. Paul di Resta (GBR/Force India-Mercedes), a 1 volta
14º. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Cosworth), a 1 volta
15º. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), a 1 volta
16º. Heikki Kovalainen (FIN/Team Lotus-Renault), a 2 voltas
17º. Timo Glock (ALE/Marussia Virgin-Cosworth), a 3 voltas
18º. Jérôme D'Ambrosio (BEL/Marussia Virgin-Cosworth), a 3 voltas
19º. Daniel Ricciardo (AUS/Hispania-Cosworth), a 3 voltas
20º. Karun Chandhok (IND/Team Lotus-Renault), a 4 voltas
21º. Vitantônio Liuzzi (ITA/Hispania-Cosworth), volta 44
22º. Jenson Button (GBR/McLaren-Mercedes), volta 42
23º. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth), volta 23
24º. Nick Heidfeld (ALE/Lotus Renault), volta 10

4 comentários:

Ron Groo disse...

Foi justo e merecido, como seria se Alonso tivesse vencido.
Estes dois pilotaram além da conta ontem... Mereciam até aquela moqueca lá...

Gustavo disse...

Nossa, essa corrida foi muito boa mesmo, até pelo fato do circuito de Nurburgring ser muito difícil de se ultrapassar, uma pena a FIA não autorizar o uso do DRS em dois pontos da pista, mas ainda que teve um bom número de ultrapassagens.
Foi incrível notar o avanço da Ferrari e da Mclaren em cima da RBR, o que me motiva muito para continuar acompanhando o restante da temporada. Hamilton não cometeu erros e fez uma largada muito boa e mereceu a vitória. Alonso fez uma corrida onde sua equipe trabalhou muito bem e confesso que quando o vi saindo dos boxes na frente de Hamilton já considerei a corrida por terminada, mas o inglês o ultrapassou por fora e os pneus frios ajudaram. Webber tinha tudo para ganhar essa corrida, mas mostrou que é um bom piloto e só isso, o 3° lugar foi lucro. Vettel fez uma corrida apagada e com problemas nos freios, um 4º lugar é justo. E Massa fez na minha opinião sua melhor corrida neste ano, com uma pilotagem agressiva e competente, uma pena ter ficado "travado" atrás de Rosberg, mas provou que ainda merece ficar na Ferrari, que surpreendeu nos pits mas por fim acabou errando.
Como destaques intermediários, Sutil que ficou na 6ª colocação, na frente das duas Mercedes e também destaque para Kobayashi, que largou no fim do grid e com uma estratégia diferente conseguiu 2 pontos para a Sauber.
Infelizmente o Gp da Hungria também não favorece às ultrapassagens, e quem larga na pole têm ampla vantagem na corrida, mas quem sabe a corrida venha a ser tão boa quanto essa.
Só esperar pra ver.

Gustavo disse...

OBS: No final o Alonso ainda teve que pegar carona com Webber para não ser penalizado, imagem sensacinal. Quem disse que o Alonso não iria andar de RBR?

marcos disse...

Corridaça do Hamilton. Pilotou como deveria, com arrojo e técnica. Alonso também pilotou o fino. Enfim, eu acredito que o campeonato já esteja decidido mas as corridas podem ser emocionantes sim.