terça-feira, 10 de agosto de 2010

Chances matemáticas definem direito a jogo de equipe?



FELIPE MACIEL



Está longe de haver consenso quando o tema é o jogo de equipe. Mas ao que tudo leva a crer, a maioria demonstra clara predisposição a aceitar a interferência do chefão na conduta de seus pilotos apenas quando o chamado segundo piloto não possir chances matemáticas de brigar pelo título.

Sejamos francos quanto a seu real significado... Chance matemática é uma avaliação estupidamente simples, que qualquer criança poderia fazer, consistindo num cálculo de cenário futuro que faz de todo o possível para provar que um dado piloto pode conquistar o título mundial, nem que para isso seja necessário ignorar todo o senso lógico do mundo real e provocar verdadeiras catástrofes com os adversários do piloto em questão.

Exemplo. Neste momento, Mark Webber lidera a tabela com 161 pontos, tendo quatro respeitáveis rivais ameaçando sua façanha de levar o caneco ao fim do ano. As chances matemáticas entram indicando que ainda restam 175 pontos em jogo. Portanto, se o Webber sofrer um grave acidente na Tasmânia durante as férias, o carro do Vettel quebrar em todas as corridas, Jenson Button cair em profunda depressão por ter perdido a Michibata, o Alonso operar a sobrancelha e tirar 5 meses para recuperação, Hamilton resolver voltar para a GP2, e mais uma série de fenômenos inexplicáveis que incluem o Sakon Yamamoto vencer todos os GPs... Pronto, Yamamoto campeão do mundo!

Conclusão: sim, existe chance matemática de Yamamoto conquistar o título em 2010. E daí?



Com a mega polêmica do GP da Alemanha, é possível que a FIA cogite transpor sobre o regulamento o conceito das possibilidades matemáticas de um piloto para afirmar se a equipe pode tratá-lo como escudeiro de seu companheiro ou não.

Essa suposta preocupação da FIA com o pensamento dos espectadores tem, naturalmente, seus pontos positivos e negativos. Mas já que o povão se posiciona favorável ao jogo equipe apenas quando as chances matemáticas são nulas, é de se lamentar que não disponham de recursos mais apurados para análise, nem possuam os conhecimentos do matemático Oswald de Souza, ou ainda desconheçam técnicas de previsões econômicas que podem ser perfeitamente aplicadas em campeonatos esportivos para gerar uma noção mais próxima sobre o futuro provável.

Por conta disso, só resta ao público considerar a amadora ferramenta das chances matemáticas como meio de afirmar "booleanamente" se o sujeito pode ou não pode continuar sonhando com o título da temporada.



Na etapa de Hockenheim Felipe cedeu a vitória a Fernando, mas segundo a matemática básica dos torcedores, a ordem de equipe ocorreu cedo demais. Mesmo sem verificar modelos matemáticos mais aprimorados, podemos identificar uma razão lógica que levasse a Ferrari a cumprir sua política de definir o piloto privilegiado após meia temporada de igualdade interna.

Felipe Massa, simplesmente, está sendo massacrado pelo desempenho de Fernando Alonso. A diferença fica variando entre 0,3s e 0,7s (por volta!). Ora, se para um piloto ser campeão faz-se necessário superar absolutamente todos os adversários que disputam o tal esporte naquela temporada, basta ele se provar incapaz de bater um deles que automaticamente temos uma clara evidência de que não há chance alguma de se tornar campeão. Catástrofes mirabolantes à parte.

Quem torce para Massa tem motivos para fica desapontado com o GP da Alemanha. Afinal, numa temporada tão ruim para o Felipe, a conquista de uma vitória seria um raro e merecido momento de satisfação. Mas em termos de campeonato, não é nada difícil compreender o que aconteceu.

Massa perde de lavada para o Alonso em posições de largada, posições de chegada, pontos na classificação, pódios, voltas rápidas, voltas na liderança, salário, altura, peso, torcida e o escambau. Se o Felipe estiver acima do Fernando em alguma estatística, por favor me conte qual é.



Daí as pessoas exigem que Stefano Domenicali espere as chances matemáticas do Felipe terminar antes de pensar em promover Alonso a primeiro piloto. Pois bem, coloque-se na posição de chefe de equipe. Você esperaria o Mundial se aproximar da penúltima corrida do ano para finalmente ter um surto de inteligência e descobrir que o Massa não brigará pelo título de 2010?

Se a Ferrari estivesse bem encaminhada na tabela, talvez pudesse se dar ao luxo de adiar a decisão - seria o caso em 2002, aquela sim uma manipulação absurda. Mas com Fernando em 5°, ou você investe todas as forças nele agora para emplacar uma desafiadora recuperação, ou trate de depositar esforços no carro do ano que vem e desistir de 2010. Maranello escolheu a primeira.



De todo modo, caso a federação insira o mecanismo das chances matemáticas nas regras de 2011 para julgar se a inversão de posições é legal ou ilegal, haverá um benefício interessante para a Fórmula 1, que não é acabar com o jogo de equipe em meio de temporada, mas sim fazer com que equipes como a Ferrari tenham mais respeito pelas considerações do público.

O ajuste de posições poderá seguir ocorrendo, porém de maneira sempre discreta, de preferência nos boxes. A inversão escancarada é o que provoca repulsa dos espectadores, por isso a falha verdadeira do time em Hockenheim foi ter movimentado as peças na pista, ao invés de decidir trocar Massa com Alonso nos pits, manobra que poderia ter sido executada de forma relativamente fácil, dificultando bastante o reconhecimento da manipulação orquestrada, bem como sua comprovação.

No final das contas, a adaptação da regra só serviria para fazê-la ser levada mais a sério do que é, mas não tão a sério quanto sugere o que está escrito. Seria uma mudança de efeito reduzido, com intuito de valorizar um exercício de disfarce. No confronto entre verdade estampada e hipocrisia, está sendo combinado que a última é mais saudável ao esporte.

E de fato só existem essa duas opções. Não se decretará o fim do jogo de equipe até o dia em que cada time possuir somente um piloto guiando por ela. O que inclusive explica parcialmente a ânsia da Ferrari ao pedir três carros para sua equipe. Se tem algo bom que podemos tirar do episódio da Alemanha é a perda de moral da escuderia para propor uma ideia estapafúrdia como essa.

6 comentários:

Pinheirinho - Brasília/DF., Brasil. disse...

Massa não joga toalha: "Mundial não acabou". Brasileiro está a 64 pontos do líder Webber, mas não desiste.
Pinheirinho é divulgador cultural é maranhense, a partir de Brasília. - E-mail: pinheirinhoma@hotmail.com

acp disse...

É Felipe no fim das coisas tudo se resume a pergunta sobre de quem voce é fã. Eu acho que a Ferrari fez besteira, perdeu fãs e não vai ser campeã (duvido). O Massa queria homenagear o tio, fazia um ano do acidente e no fim das contas o Alonso ganhou mais 7 pontos...
Eu te digo mais uma estatística que o Alonso tá em primeiro: O de burrices, alguns exemplos:
Australia - Roda na primeira volta com chuva.
Malasia - Por causa de erros na estratégia da classificação o Alonso largou em 19 e o Massa 21. O Massa chegou na frente do Choronso.
China - Fez uma falsa largada.
Monaco - Bate nos treinos livres e destroi o carro, não podendo participar na classificação.
Inglaterra - Faz uma ultrapassagem por fora da pista é penalisado com uma ida aos boxes.

Nem vou falar nas duas vezes que ele jogou o Massa para fora da pista, nem que se o Choronso se é tão melhor assim porque não ultrapassou na pista como o Massa fez?

É ser fã do chorão está a ser complicado este ano....

Javi disse...

E isso ahi Felipe,muito bem explicado parabemns. E falar uma coisa para o ACP..concordo com voce em tudas as burrices que o Alonso tem feito este ano..mas se fazendo isso tudo ainda esta na frente do Felipe um monte de pontos imagina so como tem sido a temporada do Felipe...

Ron Groo disse...

Acho uma linha muito tênue, nada justificaria uma ordem de mudança de posição, porém tivemos casos já, que ficaram perfeitos e limpos.

Marcelonso disse...

Felipe Massa está nessa condição por sua incapacidade em lidar com o equipamento,principalmente os pneus.
Além disso ele não marcou território quando deveria.


abraço

Felipe Maciel disse...

Se está insinuando que sou fã do Alonso, lamento desapontá-lo mas não torço por ele. A verdade é simples: o Massa está fazendo uma de suas piores temporadas na Fórmula 1. Torço sim é para que no ano que vem o Felipe consiga voltar a se desempenhar no nível que se espera dele. O Massa de 2010 mal consegue sonhar com o 5° lugar na tabela, que dirá com o título.

Abs