sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ordens de equipe versão Red Bull

Confesso que esse texto estava programado para sair antes, dias atrás, mas achei melhor esperar um pouco pra ver se aconteceria algum desenrolar mais interessante sobre o assunto. O GP da Inglaterra disputado no último final de semana, retomou um assunto que estava adormecido desde o GP da Alemanha do ano passado quando Felipe Massa permitiu, sob ordem de sua equipe, que Fernando Alonso o ultrapassasse e tomasse a liderança do piloto brasileiro. Em Silverstone, Mark Webber declarou que recebeu ordem para não atacar seu companheiro Sebastian Vettel nas últimas voltas da corrida e assim tentasse ganhar o segundo lugar. O assunto gerou polêmica, claro.

Primeiramente irei me atentar ao efeito que isso pode ou não ter no relacionamento profissional de Webber com a escuderia austríaca e depois a atitude da Red Bull em tomar uma decisão antidesportiva.

[caption id="" align="aligncenter" width="568" caption="Webber terminou em terceiro no GP da Inglaterra em que recebeu ordem para não disputar o segundo posto com Vettel"][/caption]

Webber está em vias de renovar seu contrato por mais um ano com a equipe taurina. Muitos talvez pensem ao contrário, mas a desobediência do piloto australiano certamente coloca em dúvida sua possível renovação na cabeça de alguns dirigentes. Webber já não é lá um piloto tão preterido assim e muitos na Red Bull prefeririam ver outro companheiro ao lado de Sebastian Vettel. Por isso, qualquer problema, mesmo que pequeno, joga contra a renovação do contrato do veterano.

Christian Horner afirmou que o acontecido não influenciará na negociação do contrato. O piloto também declarou a mesma afirmação em tom mais confiante ainda, dizendo que a possibilidade de renovação é muito grande e que o episódio do domingo não ‘vai virar seu mundo de cabeça para baixo’.

De qualquer forma, a renovação do contrato de Webber se dá mais pela falta de pilotos disponíveis no mercado do que qualquer outra coisa.

Quanto a decisão antidesportiva de pedir ao seu piloto resguardar-se de uma disputa leal e justa dentro da pista com o seu próprio companheiro de equipe, a Red Bull prova que não é tão diferente das demais escuderias como muitos pensavam, inclusive eu.

[caption id="" align="aligncenter" width="610" caption="No GP da Alemanha do ano passado, a Ferrari ordenou que Felipe cedesse a sua posição para Alonso"][/caption]

No final do ano passado, Christian Horner e companhia defendiam com convicção que as disputas entre pilotos de uma mesma equipe deveriam acontecer sem interferência de dirigentes. Pegaram o exemplo do GP da Turquia, onde Vettel e Webber se colidiram quando disputavam posição dentro da pista e usaram como principal prova do que estavam afirmando. Utilizaram o GP da Alemanha como ponto alto para demonstrar que a Red Bull era sim uma equipe séria e que valorizava o esporte acima de qualquer interesse.

Mas pelo que se vê mais disfarçadamente é que os taurinos preferem promover seus interesses da mesma maneira que as demais em detrimento do esporte. Protegem seu pupilo mesmo que isso custe atitudes antidesportivas e antiéticas. Claro que como todo o time, eles tem direito de fazerem o que bem quiserem com seus carros e pilotos, ainda mais quando um deles está a cada vez mais perto de se tornar bicampeão antecipadamente. O problema é que ao contrário da Ferrari, por exemplo, eles tentam promover uma imagem diferente, uma ‘personalidade’ de bom moço. Mas como vemos aí, isso não passa de mais uma mentira bem velada e mascarada.

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2 comentários:

Welington Veiga disse...

Não vejo esse episódio como um jogo de equipe.

A equipe evitou que os pilotos brigassem por posição há poucas voltas do fim com a intenção demanter os pontos da equipe, lembrando que formula 1 é mais um espeorte de times que individual, quantas pessoas não trabalham pra uma disputa de egos na pista perder todo esse trabalho? (Ainda mais com a FIA tentando discaradamente atrapalhar a Red Bull com essas mudanças malucas, eu traria meus pontos pra casa.)

Seria absuurdo se fosse uma 'inversão' de posições.

Welington Veiga disse...

Só complementando, é mais ou menos como ciclismo, há equipes de ciclistas com várias funções, e um deles tem a função de vencer, os outros trabalham para que ele vença e ciclismo não é 'anti-desportivo'.
Se houvesse alguma preferencia quanto ao Vettel em relação ao Webber, como há em ao Alonso em relação ao Massa seria inteligível, e não é por que ele é loiro, alemão, jovem ou bonito, é por que ele é melhor que o Webber e vem mostrando isso insistentemente, esportivamente.