domingo, 28 de março de 2010

Button surpreende e vence na Austrália



FÁBIO ANDRADE



Nem mesmo Jenson Button, o vencedor da corrida, poderia imaginar a vitória conquistada no GP da Austrália. A prova foi tão cheia de alternativas que é até difícil escolher por onde começar.



Pelo começo, então, façamos um acordo: o campeonato começou pra valer hoje, na Austrália, que é onde ele sempre começa.

Não entendo porque começar a temporada fora de Melbourne. O início de ano no Albert Park, com suas áreas verdes, seus cursos d’água, seu ambiente mais interessado e sua pista traiçoeira me parecem infinitamente mais apropriados do que o cenário desértico do Bahrein. O tilkódromo árido do oriente médio é desértico em todas as suas concepções. É um deserto tradicional, de areia, óbvio, mas também é um deserto no que diz respeito ao público e à própria competição motorizada, que fica enjoada de si mesma num lugar tão calculadamente planejado. O Bahrein não parece um bom cartão de visitas. É frio por ser metódico. A Austrália sim é convidativa, causa boa impressão a qualquer convidado, talvez porque seja uma pista de rua veloz, onde o imponderável está ali, numa mera escapada de pista.

Jenson Button que o diga. Quem poderia imaginar que aquele McLaren que foi aos boxes prematuramente e saiu do pit lane com zero de aderência venceria a corrida? Foi a vitória do risco, de quem se atreveu a fazer uma parada só e ir em frente, numa corrida que calou com lições simples os que alegavam falta de pulsação na F-1. Bastou retirar a exagerada capacidade de frenagem dos carros no início da prova, com o piso escorregadio, e as ultrapassagens aconteceram. Bastou conceder liberdade para que pilotos e equipes escolhessem parar mais uma vez ou ir até o final e a corrida prendeu a atenção do público até o fim.
A chuva, uma aliada

Quase a totalidade das corridas consideradas “emocionantes” pela maioria do público tiveram o auxílio da chuva para atingir tal feito nos últimos tempos. Talvez sem a chuva a largada não tivesse sido tão inusitada, com Felipe Massa, piloto com (injustificada) fama de “bundão” sob piso úmido, disparando como um jato, da 5ª para a 2ª posição e com Button, Fernando Alonso e Michael Schumacher se enrolando logo na primeira curva. Nessa primeira curva ninguém apostaria um centavo na vitória de Button, nem na recuperação de Alonso, que caiu para último.



A movimentação e a rotatividade de favoritos à vitória foi imensa. A corrida esteve nas mãos da Red Bull, pareceu caminhar para uma dobradinha da McLaren e terminou com um piloto Renault e um piloto Ferrari no pódio.

Menções honrosas a Robert Kubica, que além do talento natural, parece ter especial afeição pelo circuito australiano. O polonês terminaria a corrida do ano passado em 3º, não tivesse se envolvido num acidente infantil com Sebastian Vettel a 3 voltas do final. Mas hoje tudo deu certo para o polaco, que se aproveitou bem das confusões e pulou da 9ª para a 2ª posição e não se intimidou com os avanços da Ferrari de Felipe Massa.

O brasileiro também foi um bravo. Rompeu, finalmente, com os maus desempenhos em Melbourne ao conseguir seu primeiro pódio na pista australiana. Não parece ter sido fácil, pois durante toda a corrida ficou a impressão de que Massa tinha em mãos um carro desequilibrado. Em determinado momento sua corrida pareceu prejudicada pela equipe, mas o saldo final é amplamente positivo: Massa é o único piloto a ir ao pódio nas duas corridas realizadas até aqui e segue Alonso de perto na classificação do mundial de pilotos.

Alonso foi o nome da corrida. Tocado no início do grande prêmio, pareceu ter seu final de semana arruinado ao cair para último. Mas o espanhol se livrou rapidamente dos carros mais fracos e logo retornou aos lugares pontuáveis. No fim da corrida resistiu bravamente às investidas de Hamilton, mesmo estando com os pneus mais desgastados. E ainda deu uma aula sobre como defender uma posição de maneira limpa: vendeu caro a ultrapassagem ao inglês ao fechar a porta, mas de forma limpa. Sobrou para Lewis e para Mark Webber.

E se Webber frustrou a torcida local, a Red Bull, outra vez, é a grande nota triste, outra vez. A dobradinha fulminante do treino classificatório pareceu ser o anúncio de uma vitória fácil, mas restou ao time comemorar os magros dois pontos conquistados por Webber. Vettel, outra vez vítima de problemas em seu carro, dessa vez nos freios, cai para um indigesto 7º lugar na classificação do mundial, o que é obviamente pouco para o time que é apontado como o melhor do início de temporada.



Mas o toque de melancolia mais marcante do dia é de outro alemão, esse consagrado como o maior piloto da F-1 pelas estatísticas. Relegado ao fim do pelotão pelo incidente da largada, Michael Schumacher sofreu para recuperar posições, passando diversas e diversas voltas negociando uma ultrapassagem com o modesto Toro Rosso de Jaime Alguersuari. É difícil lembrar de Schumacher em situação tão vexatória, mas talvez o mundial demore mais algum tempo para começar de verdade para o heptacampeão.
Grande Prêmio da Austrália, após 58 voltas:

10 comentários:

Anderson Nascimento disse...

Que corrida incrível. Valeu muito, mas muito a pena ficar acordado na madrugada. Alonso mostrou ser um gênio e Vettel que não tem sorte, apesar da indiscutível aptidão e do enorme talento. Mas deu Button e muita gente queimou a língua ao falar desse inglês.

Aderson Pereira disse...

Sinceramente acho meio dificil a Ferrari disputar o titulo mundial.
O carro parece ser frágil, a qualquer momento vai ter problemas de motor ou pneus.
Massa e Alonso vão precisar de muita sorte pra disputar as corridas restantes.

Aderson Pereira disse...

Tá todo mundo falando da corrida cheia de nuances e ultrapassagens por causa da pista molhada.
Então o problema de monotonia da F1 atual poderia ser resolvido da seguinte maneira: A qualquer momento da corrida a direção da prova botaria um caminhão pipa pra molhar a pista e toda corrida vai ser emocionante. :)

Bruno Flávio disse...

Sem dúvida, muito boa a corrida. Mas a transmissão... continua com a mesma "qualidade"... Fiquei com a impressão que o Galvão Bueno bateou o recorde mundial de galvanadas por minuto. Será que só eu tive essa impressão? Em tempo: o recorde anterior pertencia a ele mesmo...

Luiz Sergio disse...

Hoje é um dia para dar parabéns, se eu reclamar vai ser muito pouco, vejamos os presentes que nós torcedores recebemos:
Button, nota dez para a tática, para a coragem, pela categoria, honrou seu título de campeão.
Kubica, sem um carro competitivo como Red Bull, Ferrari, Mclaren e Mercedes, sua segunda colocação é algo que somente os grandes pilotos consegue esse feito.
Massa, nos treinos de classificação já mostrou que ele tinha um carro deficiente em termos de pneus, na corrida foi outro que conseguiu mostrar que é um piloto sempre em evolução, sem deixar de lado a sua maior qualidade, que é a raça, pura raça, quem olhasse para sua pilotagem parecia que estava escrito, dou tudo de mim e o que vier é lucro, o terceiro lugar, na frente dos carros que estavam bem mais regulados do que o dele, mostra que ele conseguiu superar seu equipamento.
Alonso, foi uma obra prima na pista, mostra a cada dia para quem não é fanático que é um piloto completo, tem velocidade, concentração, técnica e vontade.
Rosberg, tem mostrado na pista, que a Mercedes fez uma ótima contratação.
Lewis, o ingresso pago, ficar acordado na madrugada, já valeu pelo homem show que é esse piloto.
Rubinho, esse jovem piloto, cada dia nos surpreende, é um presente para os olhos sua pilotagem, sua maior qualidade, são tantas que fica difícil saber qual é a melhor.
Webber, já mostrou que é um ótimo piloto, falta só algum pequeno detalhe nesse piloto.
Shumi, já voltou a ser uma realidade, sua última ultrapassagem mostrou que não voltou só para participar, voltou para ser o grande Shumi, hoje a F1 é uma categoria que tem mais de dez pilotos fantásticos.
Vettel, pura categoria, um piloto fora de série e com um carro veloz e frágil.
Nota dez com louvor para essa corrida e para a chuva, ficara marcada na nossas memórias.
Sem a chuva, mostrou que é uma pista, onde carros com dois segundos mais rápidos,que hoje é uma eternidade,os pilotos não conseguem uma ultrapassagem sem arriscar tudo, que o diga o Shumi na última volta.

Ron Groo disse...

Foi um misto de sorte e competência.
Sorte por ter herdado a posição quando Vettel se foi e competência por ter escolhido a hora correta de por pneus para seco.
E teve nego na transmissão oficial que disse que ele tinha sido precipitado.
Vai entender...

Kimi_Cris disse...

De corridas destas é que a F1 precisa, nao como a do Shakir em que ia tudo em fila indiana e ninguem atacava ninguem.

Grande Abraço!

Kimi_Cris

Aderson Pereira disse...

Rapaz, fiquei sabendo agora que a Ferrari já fez uso do seu terceiro motor no ano.
Caracas, de 8 motores agora só restam 5 pra uma temporada que ainda tem 17 corridas pela frente.
Posso estar errado, mas a coisa vai ficar apertada pra Ferrari no final do campeonato.

marcelonso disse...

Felipe,

A corrida foi sem duvida sensacional,são provas como essa que gostamos de assistir.
As casa londrinas de apostas devem ter pago um bela grana para quem apostou em Button,acho que nem ele nos seus melhores sonhos imaginou que poderia vencer essa.

abraço

Pinheirinho - Brasília/DF., Brasil. disse...

Ainda dentro do carro, Jenson Button comemora a vitória inédita com a equipe inglesa. Corrida emocionante. Muitos pegas e trocas de posição animaram a vitória de Jenson Button.
E como melhorou. Depois de uma primeira etapa chata, pilotos deram um verdadeiro show em Melbourne.
O atual campeão, Jenson Button, dividiu o pódio com Kubica e Massa.
Pinheirinho é divulgador cultural é maranhense, a partir de Brasília. - E-mail: pinheirinhoma@hotmail.com