quinta-feira, 19 de maio de 2011

Alonso Renovado

A divulgação foi feita ao modo Ferrari: sempre próxima de alguma corrida ou data importante para um dos lados envolvidos. No caso do anúncio da extensão do contrato de Fernando Alonso por mais cinco anos, faz todo o sentido que a divulgação ocorra as vésperas do GP da Espanha, na casa do asturiano. O bicampeão fica na Ferrari até 2016.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Alonso vestirá vermelho por pelo menos mais cinco anos"][/caption]

Depois do anúncio veio a rasgação de seda pública entre a cúpula da equipe italiana e o piloto. Alonso voltou a falar que pretende encerrar a carreira na equipe italiana e sobrou espaço até para Felipe Massa ser lembrado pelo bicampeão. Aparentemente todo mundo está muito feliz, mas até que ponto os sorrisos e as palavras doces nas entrevistas e nos releases fazem sentido?


Há algo que jamais foi dito - eu pelo menos não me lembro de ter lido - mas, desde Schumacher, a Ferrari deseja a “segurança” de ter em seus quadros o melhor piloto do grid. É compreensível, porque o histórico jejum de 20 anos sem títulos (de 1979 a 1999)  maculou a equipe de uma forma profunda. O grande campeão dá uma certa segurança, soma à Maranello uma grife, representa algo de notável mesmo quando a equipe não tem um carro de ponta. Como já ficou claro em Zeltweg-2002 e Hockenheim-2010, a Ferrari trabalha para otimizar resultados até o limite e ter o grande piloto no elenco já é uma preocupação a menos em períodos de crise. É uma forma indireta de otimizar talento, dinheiro e esforço.


Outra característica que já se tornou marca do time vermelho nos últimos dez anos é a existência de um elo forte e um elo fraco entre seus volantes. Na última década cinco pilotos passaram pela Ferrari (Badoer e Fisichella não estão contabilizados): Schumacher, Barrichello, Massa, Raikkonen e Alonso. Em todos os anos, cada dupla sempre foi caracterizada pela preponderância de um sobre o outro: Schumacher, além de ter a equipe nas mãos politicamente, frequentemente superava Barrichello, como também fez com um verde Felipe Massa em 2006; o brasileiro fez um campeonato irregular em 2007 e deu a Raikkonen a condição para, no fim do ano, se destacar e ser campeão; a situação se inverteu em 2008, mas Massa não faturou o título; em 2009 os dois faziam milagres com a F60, com ligeira vantagem para Massa até o acidente que o tirou de combate em Hungaroring; no ano passado aconteceu aquela que talvez seja a maior diferença de rendimento entre os dois pilotos rubros e  Alonso aplicou uma lavada no brasileiro.




[caption id="" align="aligncenter" width="500" caption="Segura Massa! O contrato extenso de Alonso pode ser um indicativo do futuro do brasileiro"][/caption]

Com o histórico acima, quem deve ficar preocupado com a renovação de Alonso é Felipe Massa. O vice-campeão de 2008 é piloto da escuderia desde 2006, ou seja, está em sua sexta temporada no time. É nítido que a partir de determinado ponto há um desgaste natural na relação entre piloto e equipe e esse parece ser o momento que vivem Massa e Ferrari, sobretudo depois do GP da Alemanha do ano passado. A Ferrari espera lealdade máxima de seus comandados, como Massa fez, muito especialmente, no GP do Brasil de 2007, quando abriu mão da vitória em casa para permitir o título de Raikkonen. Esse e outros gestos certamente contaram muito a favor de Massa e devem ter sido lembrados nas renovações de contrato que trouxeram o brasileiro até aqui. Mas na última corrida em Hockenheim, grande parte do constrangimento vivido pela Ferrari teve origem na manobra de troca de posição em que o brasileiro não fez a menor questão de esconder que estava sendo obrigado a ceder lugar para Alonso. Não é para justificar esse tipo de pensamento, mas foi como se, no raciocínio da “família” Ferrari, Massa tivesse faltado com sua obrigação de obedecer sem contestar e não arranhar a imagem do time.


Para Alonso a renovação de contrato é um sucesso. Pelo menos é isso que a Ferrari quer transmitir. Mas a verdade é que a escuderia e a própria Fórmula-1 de hoje não são as mesmas de 10 anos atrás. O domínio do time de 2000 a 2004 tornou-se quase um ideal na equipe, mas é algo que muito dificilmente vai se repetir. Há algumas temporadas a Ferrari não aparece com um carro destacadamente melhor do que o da concorrência, no máximo consegue competir de igual para igual com as rivais. O corpo técnico da equipe não parece mais ser um ninho de excelência e inovação, tal como o comando no pit wall. Por mais que Alonso fale em paixão, a Ferrari de hoje não é a equipe perfeita que ele esperava encontrar para ganhar títulos e tornar-se definitivamente um dos nomes canônicos da F-1. Mas conhecendo o bicampeão, seu talento e sua autoconfiança, é possível que ele imagine ser o piloto certo para reconduzir a Ferrari ao posto de força máxima da categoria nos próximos cinco anos.


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1 comentários:

williams disse...

“Eu não tenho receio em relação a Williams marcar pontos. Nós estaremos lá e faremos isso. O que mais me assusta é que tínhamos planos para ganhar corridas neste ano.” - Barrichelo. É um fanfarrão heim? E o Vettel heim? Cheio de rasgação de seda com a Ferrari... falou que a renovacao do Alonso nao o impediria de ir pra la... eu sendo presidente da Ferrari pensaria 2x antes de renovar com Alonso com um fã tao declarado desse nível. Cade a ROB?