Discretamente subversivo

O momento vivido por Raikkonen é tão ruim que chega a ser inevitável o pensamento de que o próprio finlandês está dando de ombros para o atual campeonato.

Quando bateu a duas voltas do encerramento da etapa de Spa, Kimi afirmou que havia partido para o tudo ou nada. Restou-lhe o nada. Daí em diante, a situação piorou de vez. A cada dia, crescem as suspeitas sobre seu verdadeiro interesse nas disputas dos últimos GPs.

De acordo com a matéria publicada no site Grande Prêmio, a desconfiança já contagiou a própria equipe Ferrari.

Consta que, em Cingapura, o ferrarista aproveitou tão bem a noite de sábado (após o qualifying) que retornou ao hotel somente no domingo, às 7h. Mal sabia ele que no quarto ao lado se encontrava um tal de Jean Todt.

A questão não é atribuir a batida de Raikkonen à noite mal dormida, mas sim especular as intenções do campeão na temporada 2008. Assim como os espectadores, alguns funcionários da escuderia também acreditam que ele esteja relaxando dentro da pista para se recusar a trabalhar a favor do Massa e, consequentemente, da equipe. A alfinetada de Montezemolo pode ser um pequeno reflexo do descontentamento.

Parece claro que o nórdico não está aceitando bem a função de segundo piloto. Porém, estamos falando de um empregado da Ferrari. Ou seja, esta manda e aquele obedece, caso tenha juízo.

O comportamento de Kimi acaba sendo agravado pelo fato de ter vencido um Mundial graças à ajuda do companheiro, que abriu mão da vitória na terra natal para lhe garantir o título. Exige-se dele apenas que retribua a gentileza e, sobretudo, satisfaça o grupo que paga o seu salário.

Não quero desmerecer o Kubica, mas é vergonhoso encontrar uma Ferrari abaixo da BMW do polonês na tabela de classificação a essa altura do campeonato. Está na hora de alguém voltar a acelerar, antes que perca a moral dentro do time pelo qual conquistou o único título que possui.