Norberto Fontana participou de escassos 4 GPs na Fórmula 1, mas foi o bastante para vivenciar a frustrada tentativa de alterar a história de uma das mais polêmicas decisões de campeonato mundial.
Na primeira temporada em que a Sauber usava motores Ferrari, o argentino guiava pela equipe cliente, e recebeu a incumbência diretamente da boca de Jean Todt: deveria barrar Jacques Villeneuve na pista, como forma de defender Schumacher na briga pelo título do Mundial de 97.
Na volta 31, veio a temida chance. Fontana se posicionou entre os dois rivais por quatro curvas, o suficiente para aumentar a diferença de 0.822s para 3.186s, aliviando a pressão sobre o alemão, mas que por fim não resistiria ao rendimento da Williams do canadense. Nem com o tal totozinho.
Norberto esperou nove anos se passarem para contar os detalhes dos bastidores, quando o diretor da Ferrari falou a Herbert e a ele o que deveria ser feito naquela corrida.
"Nós estávamos no motorhome, faltavam duas ou três horas para a corrida, e Todt entrou e foi direto ao que interessava: 'Por estrita ordem da Ferrari, vocês têm de atrapalhar Villeneuve se chegarem a encontrá-lo na pista. Seja quem for'. E aconteceu comigo".
No auge de seus 22 anos, teve a inocência de esperar algum agradecimento por parte dos ferraristas. Em meio à derrota, é evidente que eles jamais retribuiriam.
"Primeiro, Schumacher nunca me agradeceu, e Todt, como perderam o campeonato, saiu de cabeça quente dos boxes e nunca mais falei com ele".
Quer saber? Mesmo se conquistassem o título, tenho dúvidas de que abririam mão de cinco segundos da festa para agradecer ao argentino, que disputou naquele dia sua última corrida na F-1.
5 comentários:
Felipe, esse é o "jeitinho" Ferrari de conquistar títulos.
Não fosse isso e Schumacher não teria sete títulos mundiais.
Ih... onde anda você, Fontana? Citado novamente na F-1 após doze anos!
Bruno Flávio disse:
Mas então... foi uma atitude anti-ética da Ferrari? Foi uma atitude errada? Se tivessem sido campeões naquele ano, seria um título "manchado"?
Eu não tenho as respostas para as perguntas acima... Mas gostaria de ouvir opiniões
Bruno, muito legal você levantar essa discussão.
Bem, se a Ferrari conquista o título naquele ano, não poderíamos maximizar o peso dessa defesa improvisada em míseras quatro curvinhas. Além disso, caso vencesse, talvez Fontana nunca criasse coragem para falar, e assim nunca descobriríamos.
O título seria anti-ético mesmo se o Schumacher acertasse o golpe sobre Villeneuve. Ou então se o próprio Fontana tivesse sido obrigado a arremessar a Sauber sobre a Williams.
Se, depois do Villeneuve passar o Fontana, Schumacher sustentasse a posição até o final, o título não ficaria manchado, não.
Abraços
Bruno... Eu acho que não.
Faz parte do jogo, como a mala preta...
E quer saber... Eu faria igualzinho...
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